domingo, 15 de setembro de 2024

Tomar a Cruz

 



Por que caminhos temos de andar para que a nossa vida seja plenamente realizada? A liturgia do 24.º Domingo do Tempo Comum responde: a realização plena do homem passa pela obediência aos projetos de Deus e pelo dom total da vida aos irmãos. Quem quiser salvar a sua tranquilidade, o seu bem-estar, os seus interesses, os seus bens materiais, destruirá a sua vida para sempre; quem aceitar servir de forma simples e humilde, cuidar dos mais frágeis e necessitados, lutar por um mundo mais justo e humano, alcançará a plenitude da existência, pois a sua vida alimenta-se de amor.

A primeira leitura
traz-nos a palavra e o drama de um profeta anónimo, que no cumprimento da sua missão, enfrenta a incompreensão, a prisão, a tortura, a condenação. Apesar de tudo isso, o profeta não sente que a sua vida tenha sido um fracasso. Está absolutamente convicto de que Deus virá em seu auxílio e fá-lo-á triunfar sobre a perseguição e a morte. Os primeiros cristãos viram neste “servo de Deus” a figura de Jesus.Temos consciência que a nossa missão profética passa por sermos Palavra viva de Deus que ecoa no mundo dos homens? Nas nossas palavras, nos nossos gestos, no nosso testemunho, a proposta libertadora de Deus alcança o mundo e o coração dos homens?
O profeta/servo da nossa leitura garante-nos que nunca desistirá da missão que lhe foi confiada porque confia em Deus: sabe que Deus estará sempre com ele e que nunca o desiludirá. Que fantástica expressão de confiança e de fé! Seremos capazes de dizer, com convicção, a mesma coisa? Acreditamos que Deus nunca nos desiludirá?

O Evangelho
apresenta Jesus como o Messias de Deus, enviado pelo Pai para indicar aos homens o caminho que conduz à Vida verdadeira. Ora, segundo Jesus, o caminho da Vida plena e definitiva é o caminho da cruz, do dom da própria vida, do amor até ao extremo. Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo, tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.“E vós, quem dizeis que Eu sou?” – perguntou Jesus diretamente aos seus discípulos nos arredores de Cesareia de Filipe. É uma pergunta decisiva, que deve ecoar, de forma constante, nos ouvidos e no coração dos discípulos de Jesus de todas as épocas. A nossa resposta a esta questão não pode ficar-se pela repetição papagueada de velhas fórmulas que aprendemos na catequese, ou pela reprodução impessoal de uma definição tirada de um qualquer tratado de teologia. A questão vai dirigida ao âmago do nosso ser e exige uma tomada de posição pessoal, um pronunciamento sincero, sobre a forma como Jesus toca a nossa vida. A resposta a esta questão é o passo mais importante e decisivo na vida de cada crente. Quem é Jesus para nós? Que lugar ocupa Ele na nossa existência? Que valor damos às suas propostas? Que importância assumem os seus valores nas nossas opções de vida? Jesus é, para nós, a grande referência, o vetor à volta do qual o nosso mundo se constrói? Ele é para nós, de facto, “caminho, verdade e vida”?
Evangelho do vigésimo quarto domingo comum coloca frente a frente a lógica dos homens (Pedro) e a lógica de Deus (Jesus). A lógica dos homens aposta no poder, no domínio, no triunfo, no êxito; garante-nos que a vida só tem sentido se estivermos do lado dos vencedores, se tivermos dinheiro em abundância, se formos reconhecidos e incensados pelas multidões, se pudermos cercar-nos de bem-estar e garantir que os nossos dias decorram tranquilos e confortáveis, se assegurarmos a nossa quota de poder e influência… A lógica de Deus aposta na entrega da vida a Deus e aos irmãos; garante-nos que a vida só faz sentido se assumirmos os valores do Reino e vivermos no amor, na partilha, no serviço, na solidariedade, na humildade, na simplicidade… Na nossa vida de cada dia estas duas perspetivas confrontam-se, a par e passo e exigem de nós um posicionamento claro. Qual é a nossa escolha? Na nossa perspetiva, qual destas duas propostas apresenta um caminho de felicidade seguro e duradouro?

Na segunda leitura
, um “mestre” cristão lembra aos seus irmãos na fé que o seguimento de Jesus não se concretiza com belas palavras ou com teorias muito bem elaboradas, mas com gestos concretos de amor, de partilha, de serviço, de solidariedade para com os irmãos.O que é ser cristão? O nosso compromisso cristão é algo que se vive a nível da teoria, ou do compromisso vital? O que caracteriza um cristão não é o conhecimento de belas fórmulas que expressam uma determinada ideologia, nem o cumprimento exato de ritos vazios e estéreis, nem uma assinatura feita no livro de registos de batismo da paróquia, mas é a adesão a Cristo. Ora, aderir a Cristo (fé), significa conformar, a cada instante, a própria vida com os valores de Cristo, seguir Cristo a par e passo no caminho do amor a Deus e da entrega total aos irmãos. Não se pode fugir a isto: a nossa caminhada cristã não é um processo teórico e abstrato concretizado num reino de belas palavras; mas é um compromisso efetivo com Cristo que tem de se traduzir, a cada instante, em gestos concretos em favor dos irmãos. A nossa fé em Jesus e na Vida que Ele nos propõe traduz-se em obras concretas em favor dos nossos irmãos, especialmente dos mais necessitados?
O que é ser cristão? O nosso compromisso cristão é algo que se vive a nível da teoria, ou do compromisso vital? O que caracteriza um cristão não é o conhecimento de belas fórmulas que expressam uma determinada ideologia, nem o cumprimento exato de ritos vazios e estéreis, nem uma assinatura feita no livro de registos de batismo da paróquia, mas é a adesão a Cristo. Ora, aderir a Cristo (fé), significa conformar, a cada instante, a própria vida com os valores de Cristo, seguir Cristo a par e passo no caminho do amor a Deus e da entrega total aos irmãos. Não se pode fugir a isto: a nossa caminhada cristã não é um processo teórico e abstrato concretizado num reino de belas palavras; mas é um compromisso efetivo com Cristo que tem de se traduzir, a cada instante, em gestos concretos em favor dos irmãos. A nossa fé em Jesus e na Vida que Ele nos propõe traduz-se em obras concretas em favor dos nossos irmãos, especialmente dos mais necessitados?


https://www.dehonianos.org/

sábado, 14 de setembro de 2024

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O PREÇO DA NOSSA LIBERDADE ESTÁ NA CRUZ!...



O mundo ainda não entendeu, é certo! Não quer entender! A cruz continua a ser loucura para uns e escândalo para outros. No entanto, inúmeros zelosos pelo aniquilamento de outros, continuam a levantar cruzes sem conta. Cristo continua a ser crucificado, todos os dias e da forma mais triste e revoltante, mais cruel e mais ignominiosa, na pessoa dos frágeis e inocentes, dos pobres e marginalizados, dos perseguidos e presos, dos torturados e mortos, de tantos famintos e sem abrigo, de quem sofre violência e desprezo, só porque sim. Há quem não queira entender e se julgue dono dos outros e disto tudo, sentindo-se no direito de usar da sua prepotência e da sua ambição, esmagando, destruindo, matando. Da cruz, porém, continua a brotar a mensagem mais revolucionária e transformadora de todos os tempos. A arma usada na ‘guerra’ provocada por essa feliz revolução é só uma. É a arma do amor, uma arma que não faz barulho nem destrói a partir de fora, mas revoluciona e transforma a partir de dentro, do coração. Uma arma sempre atual e atuante, à mão de todos os de boa vontade e sem preconceitos. Cristo enfrentou a morte na cruz como possibilidade de amar. Não foi a cruz que tornou grande Jesus, mas foi a vida de Jesus que deu sentido à cruz, gastando-a a amar, a dar a vida, a fazer justiça, a reconhecer e a ir ao encontro do outro nas suas necessidades, vivendo na liberdade e no amor, na fidelidade a Deus e na solidariedade com os homens.

“Verdadeiramente grande e preciosa realidade é a santa cruz! - afirmava Santo André de Creta, do século VIII. Grande, porque é a origem de bens inumeráveis, tanto mais excelentes quanto maior é o mérito que lhes advém dos milagres e dos sofrimentos de Cristo. Preciosa, porque a cruz é simultaneamente o patíbulo e o troféu de Deus: o patíbulo, porque nela sofreu a morte voluntariamente; o troféu, porque nela foi mortalmente ferido o demónio, e com ele foi vencida a morte. E deste modo, destruídas as portas do inferno, a cruz converteu-se em fonte de salvação para todo o mundo”.

Ao vivermos liturgicamente a Festa da Exaltação da Santa Cruz, torno presente os hinos da sua Liturgia das Horas:

O estandarte da cruz proclama ao mundo
A morte de Jesus e a sua glória,
Porque o Autor de todo o universo
Contemplamos suspenso no madeiro
Ó Árvore fecunda e refulgente,
Ornada com a túnica real,
Sois tálamo, sois trono e sois altar
Para o Corpo chagado e glorioso.
Ó Cruz bendita, só tu nos abriste
Os braços de Jesus, o Redentor,
Balança do resgate que arrancaste
Nossas almas das mãos do inimigo
Cruz do Senhor, és a única esperança
No tempo desta vida peregrina.
Aumenta nos cristãos a luz da fé,
Sê para os homens o sinal da paz.
++++

Cruz fiel e redentora,
Árvore nobre, gloriosa!
Nenhuma outra nos deu
Tal ramagem, flor e fruto,
Doces cravos, doce lenho,
Doce fruto sustentais
Porto feliz preparastes
Para o mundo naufragado
E pagastes por inteiro
O preço da redenção,
Pois o sangue do Cordeiro
Resgatou as nossas culpas.
Deus quis vencer o inimigo
Com as suas próprias armas.
A sabedoria aceitou
O tremendo desafio
E onde nascera a morte
Brotou a fonte da vida
Elevemos jubilosos
À santíssima Trindade
O louvor que Lhe devemos
Pela nossa salvação,
Ao eterno Pai e ao Filho
E ao Espírito de amor.
+++

Insígnia triunfal, honrosa e santa,
Chave do céu, penhor de eterna glória,
Que com Jesus da terra nos levanta!
Sacrário em que ficou viva a memória
Do imenso amor divino onde se alcança
De inimigos domésticos vitória!
Sinal que após dilúvio traz bonança,
Por quem o mundo novo é reformado
E se converte o espanto em esperança!
Ó Cruz, minha saudade e meu cuidado,
Que sustentar pudeste o doce peso
Da nossa redenção tão desejado!
++++

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 13-09-2024.

Memórias...



Hoje, quando estava a enrolar os individuais depois do pequeno almoço, a minha memória voou até à infância.

Lembrei-me das vezes que ia jantar, religiosamente, todas as sextas-feiras, a casa dos meus vizinhos do 2°andar. Um prédio pequeno, só de famílias.

Eram, sem dúvida, sextas-feiras "santas" ao longo de todo o ano. Podia brincar horas com as minhas amigas "vizinhas".

Conto esta memória, porque o meu coração e a minha alma brilharam quando me recordei de todas as experiências de amor, cuidado, atenção, carinho que estes momentos representaram e representam na minha vida. Essas marcas continuam em mim, fazem parte do meu ADN como pessoa.

Todos temos memórias... umas que nos fazem sorrir e preencher o coração, outras que preferimos,por vezes, não falar, ficam guardadas numa gaveta mais ou menos (des)arrumada.

Mas a verdade, é que todas fazem parte da nossa história e vão surgindo ao longo da vida pelas experiências do dia a dia, pelas sensações, pelos cheiros, até pelas relações que vamos estabelecendo com outras pessoas.

Honrar o que somos hoje, passa por honrar todas essas vivências. As memórias são a nossa história. A nossa coragem pelos desafios que enfrentámos, o nosso sorriso pelas alegrias que sentimos, a esperança pelos sonhos que concretizámos e a fé, pelas provas de amor que vivemos.

Assim, deixo um desafio: Viaja pela tua história, pelas memórias mais marcantes e assinala em cada uma delas a experiência de Deus na tua vida.

Eu, agarro-me a essas memórias e sei, que há um amor que vive e palpita no meu coração eternamente.

Vive a tua história! Constrói as tuas memórias!


Boa semana!


Carla Correia

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Amigo é quem chora e sorri comigo




Quando sentimos alegria e não temos com quem a partilhar, ela transforma-se em tristeza. Assim também com uma tristeza que, quando temos alguém com quem a partilhar, nos pesa um pouco menos. A amizade é compaixão, quer no sentido de paixão enquanto um grande atração e contentamento, como paixão no sentido oposto, de um grande sofrimento que se tem de suportar.

Se a felicidade do teu amigo não te encanta, talvez a amizade não seja profunda! É por isso que cada vez menos pessoas partilham as razões das suas alegrias mais profundas, pois muitas vezes a amizade revela-se apenas superficial.

Um amigo é alguém que decidiu, com consciência e vontade, cuidar de mim, mesmo quando isso significar prejuízo para ele. Cabe a cada um de nós manter ou não uma amizade, porque ninguém é obrigado a ser amigo da melhor pessoa do mundo, nem a não o ser da pior pessoa do mundo.

Ser amigo implica trocar, muitas vezes, a minha paz por dores que só são minhas se eu as quiser, e um amigo quer, quer sempre… ser amigo é deixar de ter só a minha vida para passar a estar presente em várias!

Ninguém pode ter muitos amigos, porque isso equivale a não ter nenhum. A amizade exige uma enorme dedicação e tempo, o que torna impossível manter muitas relações profundas. Ser amigo implica uma escolha que se faz sem grande lógica, mas com certeza.

Os meus amigos desejam tanto a minha felicidade como eu, mas a sua mais nobre missão é a de me ampararem nos períodos mais difíceis.

Para alguns amigos, a ausência de notícias é um bom sinal, indicando que está tudo bem.

O amor faz-se de muitas lágrimas. Como não há outra forma de ser feliz senão amando, chorar é a prova clara de uma felicidade que não se tem, mas que se quer.


José Luís Nunes Martins


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

«Efatá!»




Senhor, Bom Pai,

quando o meu coração estiver perturbado…

quando a minha coragem faltar…

quando o deserto do meu viver me envolver com a tristeza…

ajuda-me a escutar: “Efatá!”


Senhor, Bom Jesus

quando os meus olhos fizerem aceção de pessoas…

quando amar os órfãos, as viúvas, os peregrinos, os enfermos for árduo…

quando partilhar o Pão Eucarístico,

que liberta os cativos, trouxer desalento…

ajuda-me a escutar: “Efatá!”


Senhor, Santo Espírito de Deus

quando a minha Alma não for capaz de louvar o Pai, sempre…

quando os meus lábios

não pregarem a Boa Nova dO Cristo, com a minha própria Vida…

quando os meus ouvidos não forem capazes de ouvir o grito de quem sofre…

ajuda-me a escutar: “Efatá!”


Que eu abra a minha vida à missão que me confias.


Senhor…

Hoje, dou-Te graças pela Fé que fazes desabrochar em mim,

a cada amanhecer, a cada anoitecer, a cada hora que respiro…

a cada passo que caminho ao Teu lado com alegria e entusiasmo,

a cada palavra de Esperança que sai do meu coração,

a cada sorriso que partilho com carinho e verdade…


Louvo-Te pela oportunidade que me dás

de levar Jesus a todos e todos a Jesus!


Liliana Dinis,