quarta-feira, 31 de julho de 2019

0:59 Hoje celebramos: Santo Inácio de Loyola, fundador do jesuítas, a ordem religiosa do Papa Francisco

Quem me traz uma vida nova?!


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Tragam-me a honestidade de quem não tem medo de dizer o que pensa.

Tragam-me a transparência de quem diz sempre o que pensa da mesma maneira, à frente de quem for.

Tragam-me a capacidade de preferir dizer tudo em voz baixa. Principalmente as verdades mais difíceis ou as palavras-pedras que, às vezes, teimam em trepar pela garganta.

Tragam-me água fresca para apagar todas as raivas que o mundo quis acender e atear dentro das minhas veias.

Tragam-me a força para não me conformar. Para não fazer como dizem os livros. As notícias. Ou os outros.

Tragam-me a coragem para olhar dentro dos olhos de quem fala comigo.

Tragam-me a destreza para escapar das guerras que existem à minha volta e não façam do meu coração uma trincheira.

Tragam-me a paciência para esperar pelo que há-de ser novo.

Tragam-me vontade de ser página inaugurada.

Tragam-me desse brilho que vi nos olhos das crianças que não tinham nada e, ainda assim, tinham tudo.

Tragam-me a força que têm as ondas quando nos fazem estremecer as pernas e a vida.

Tragam-me só o que eu precisar para ser melhor e para fazer mais.

Preciso tanto do que ainda não tenho.

Tragam-me uma vida nova. Ou duas. Para eu poder escolher com qual quero ficar.

Tragam-me tudo ao mesmo tempo. Eu depois logo vivo. Devagarinho. Como quem ainda tem tudo para aprender.



Marta Arrais

terça-feira, 30 de julho de 2019

Falta-nos ser leves!



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Parece-me que a leveza está, como tantas outras coisas, em vias de extinção. Falta-nos a capacidade de deixar cair o que nos pesa. O que nos deixa de sobrolho franzido e o que nos faz engelhar a testa. Temos a tendência para ir procurar a pior versão de cada um, de cada acontecimento, de cada dia.

Falta-nos a leveza de não querer saber para onde vamos a seguir. Falta-nos a humildade do sorriso que não tem medo do que pode estar guardado atrás desta ou daquela porta. Falta-nos a coragem para não estar à defesa e para não estar, permanentemente, em estado de guerra eminente.

Parece-me que a leveza está magra de não se usar. Estamos todos gordos de pessimismo, de corrupção, de maledicência e de notícias tenebrosas. Deixamos a leveza de lado e esquecemo-nos de lhe dar de comer e de beber. Fomos, e somos, cada vez mais ingratos. Pedimos que os dias sejam mais leves, mas damos-lhes o peso da última vez. Pedimos que as pessoas sejam brandas, mas não abrandamos na forma como teimamos em passar por cima seja de quem for. Pedimos que seja Verão, mas há lama de chuvas antigas a fazer-nos envelhecer por dentro.

Falta-nos ser leves. Leves como quem quer ser feito de voos e não de aterragens.

Leves como quem é feito de nuvens brancas que nunca ficam.

Leves como quem se deixa atravessar pela brisa que o mar quer trazer.

Leves como a espuma que fica depois das ondas.

Leves como quem não tem medo do que já passou, do que há e do que há-de vir.



Marta Arrais

segunda-feira, 29 de julho de 2019

DESPORTO: UM SINAL DOS TEMPOS COM VALOR DE FESTA


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A vida é um jogo! Um jogo muito mal jogado logo por Adão e Eva. Se vivessem hoje, não sabemos se eles usariam o sistema tático 4-4-2 ou o 3-5-2 ou qualquer outro dos reconhecidos pela FIFA. Não sabemos de que club é que eles seriam; se iriam sentir-se pressionados por alguma claque ou injustiçados por algum árbitro; se contestariam o vídeo-árbitro e se gostariam de tanta fartura de futebol em debates tão inflamados nas televisões. O que sabemos é que não cumpriram as regras do jogo e nenhum quis assumir as responsabilidades. Por isso, embora com a promessa de novos tempos e sem assaltos à academia, foram expulsos do relvado – um relvado belo como um jardim! -, que passou a ser guardado por querubins e espada flamejante (cf. Gn 3).
Se a vida é um jogo, o jogo é desporto e desporto “é uma atividade física em movimento, individual ou em grupo, de caráter lúdico e competitivo, codificada mediante um sistema de regras, que gera uma prestação confortável com outras em condições de iguais oportunidades”. Existe desde o alvorecer da história. É um fenómeno civilizacional, permeia os estilos e as opções de vida de muita gente. Faz parte da sociedade e participa nas suas dinâmicas. Ultrapassa as fronteiras nacionais e a diversidade das culturas. É global, tem alcance planetário, está no coração de toda a humanidade e também no coração de toda a Igreja.
O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, publicou um documento interessante sobre a perspetiva cristã do desporto e da pessoa humana. Tem por título “Dar o melhor de si”. Pretende falar “a todos aqueles que amam e promovem o desporto, quer sejam atletas, professores, treinadores, pais ou pessoas para quem o desporto é uma profissão ou uma vocação”. Aborda “quer as grandes oportunidades e possibilidades que o desporto oferece, quer os riscos, as ameaças e os desafios que ele nos apresenta”. O Papa Francisco, a propósito do Documento, enviou uma mensagem em que realça o desporto como lugar de encontro, veículo de formação e meio de missão e santificação: “Numa cultura dominada pelo individualismo e pelo descarte das gerações mais jovens e dos mais idosos, o desporto é um âmbito privilegiado em torno do qual as pessoas se encontram sem distinção de raça, sexo, religião ou ideologia e onde podemos experimentar a alegria de competir para juntos alcançar uma meta”.
A Igreja, com a sua presença organizada e institucional no sistema desportivo, segue o desporto e procura ajudar a promovê-lo do ponto de vista institucional, pastoral e cultural. Em vários países, existem, há mais de um século, associações e sociedades desportivas eclesiais, plenamente envolvidas nos eventos desportivos de caráter local e nacional. Várias Conferências Episcopais colaboram de perto com associações desportivas nacionais e internacionais. A par da ação de muitos leigos neste campo, há numerosos sacerdotes que estão empenhados em grupos desportivos paroquiais e associações desportivas amadoras ou que prestam serviço como capelães em sociedades desportivas profissionais ou nos Jogos Olímpicos. São belos sinais de uma Igreja em saída!...
São Paulo usava metáforas desportivas para explicar a vida dos cristãos aos gentios. Pensadores cristãos dos primeiros tempos, também pensaram na vida cristã como um desafio competitivo e opunham-se, com determinação, a certas ideologias que desvalorizavam o corpo em nome de uma mal-entendida exaltação do espírito. São Tomás de Aquino escreveu sobre o valor dos jogos e a importância de as pessoas dedicarem tempo ao recreio e aos jogos. Os humanistas do Renascimento e os primeiros jesuítas, no seguimento de São Tomás, acentuaram a importância de haver tempo para o jogo e o recreio no percurso escolar, e assim se foi incluindo nas instituições escolares do ocidente. A revolução industrial, as suas mudanças sociais, políticas e económicas ofereceram condições para favorecer a origem, difusão e afirmação do desporto moderno a nível global. Os meios de comunicação social sempre foram incansáveis na sua difusão. A luta constante pela sua autonomia com a redescoberta das ideias pedagógicas da antiga Grécia, fizeram com que as atividades físicas fossem ganhando cada vez mais estatuto nos percursos da educação, também para promover o reconhecimento da igualdade entre as pessoas e formar para a democracia. Fazer um programa pedagógico global para educar os jovens de todo o mundo, educando para a paz, a democracia, a cultura do encontro e a busca da perfeição humana foi o sonho de Pierre de Coubertin, no fim do século XIX. Foi ele que, sob o lema “citius, altius, fortius” (mais veloz, mais alto, mais forte), levou a cabo a primeira edição das Olimpíadas, a primeira com êxito e reconhecimento internacional, não só com intuito desportivo e competitivo, mas também para celebrar a nobreza e a beleza da humanidade.
Em 1904, São Pio X, fazendo abrir a boca ao mundo mais puritano, acolheu um espetáculo juvenil de ginástica no Vaticano. Tal iniciativa parece que foi areia demais para a cabeça de alguns membros da Cúria romana que, mostrando-se escandalizados, logo um casquinou: “Onde é que nós vamos parar?”. Ao que o Papa terá respondido: “Ao paraíso, meu caro, ao paraíso!”.
Pio XII abriu fortemente o diálogo entre a Igreja e o mundo desportivo. Paulo VI, na mesma linha, reconhecendo a universalidade da experiência do desporto, a sua força comunicativa e simbólica e as suas grandes potencialidades educativas e formativas, interrogava: “Como poderia a Igreja desinteressar-se dele?”
São João Paulo II via o desporto como “um dos fenómenos típicos da modernidade, quase um ‘sinal dos tempos’ capaz de interpretar novas exigências e novas expectativas da humanidade”. Apoiou sempre o desporto e abriu, na Santa Sé, um departamento dedicado ao desporto. Ele acreditava que a Igreja “deve estar na linha da frente para elaborar uma pastoral do desporto adequada às necessidades dos desportistas e, sobretudo, para promover um desporto que crie as condições necessárias a uma vida rica de esperança”. Bento XVI olhou para o desporto como um moderno pátio dos gentios e um areópago onde anunciar o Evangelho, um ginásio de vida em que as virtudes podem ser interiorizadas e feitas próprias, em que é possível encontrar-se com o que é belo, bom e verdadeiro, em que é possível testemunhar a alegria de viver e conferir plenitude à experiência desportiva.
Porque vai começar uma nova época desportiva, e atendendo à importância deste Documento do Dicastério, voltarei a ele, desejando que todo o desporto fomente a sua dimensão de festa e descubra os valores e a moral que o possam ajudar a enfrentar as problemáticas que o afligem, nomeadamente “o doping, a corrupção, a violência dos adeptos e a comercialização desenfreada que avilta a alma do desporto”.

D.Antonino Dias  . Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 26-07-2019.

domingo, 28 de julho de 2019

Quando Vos invoco, sempre me atendeis, Senhor.


https://www.youtube.com/watch?v=Xeqsv74RyS4
O tema fundamental que a liturgia nos convida a reflectir, neste domingo, é o tema da oração. Ao colocar diante dos nossos olhos os exemplos de Abraão e de Jesus, a Palavra de Deus mostra-nos a importância da oração e ensina-nos a atitude que os crentes devem assumir no seu diálogo com Deus.
A primeira leitura sugere que a verdadeira oração é um diálogo “face a face”, no qual o homem – com humildade, reverência, respeito, mas também com ousadia e confiança – apresenta a Deus as suas inquietações, as suas dúvidas, os seus anseios e tenta perceber os projectos de Deus para o mundo e para os homens.
O Evangelho senta-nos no banco da “escola de oração” de Jesus. Ensina que a oração do crente deve ser um diálogo confiante de uma criança com o seu “papá”. Com Jesus, o crente é convidado a descobrir em Deus “o Pai” e a dialogar frequentemente com Ele acerca desse mundo novo que o Pai/Deus quer oferecer aos homens.
A segunda leitura, sem aludir directamente ao tema da oração, convida a fazer de Cristo a referência fundamental (neste contexto de reflexão sobre a oração, podemos dizer que Cristo tem de ser a referência e o modelo do crente que reza: quer na frequência com que se dirige ao Pai, quer na forma como dialoga com o Pai).
É necessário ter consciência de que o Baptismo, identificando-nos com Jesus, constitui um ponto de partida para uma vida vivida ao jeito de Jesus, na doação, no serviço, na entrega da vida por amor. É este “caminho” que temos vindo a percorrer? A minha vida caminha, decisivamente, em direcção ao Homem Novo, ou mantém-me fossilizado no homem velho do egoísmo, do orgulho e do pecado?
A minha oração é uma oração egoísta, de “pedinchice” ou é, antes de mais, um encontro, um diálogo, no qual me esforço para escutar Deus, por estar em comunhão com Ele, por perceber os seus projectos e acolhê-los?
A minha oração é uma “negociata” entre dois parceiros comerciais (“dou-te isto, se me deres aquilo”) ou é um encontro com um amigo de quem preciso, a quem amo e com quem partilho as preocupações, os sonhos e as esperanças?

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sábado, 27 de julho de 2019

A vida continua?

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A vida oferece-nos momentos de travagem a fundo, de vez em quando. Mergulhados nos afazeres de todos os dias, somos dotados de uma fé em que o único deus somos nós. Podemos tudo, sabemos tudo, controlamos tudo. Enquanto navegamos nestas certezas ridículas, nem nos apercebemos dos sinais de alerta que a vida nos levanta. Das bandeiras enormes e de mil cores.
Mas tu nunca paras?! Diz a vida enquanto segura sinais luminosos, semáforos gigantes e luzes fluorescentes. Ignoramos tudo. Contornamos todos os obstáculos. Somos os mestres da gincana. Não olhamos. Não queremos olhar. Não podemos olhar.
E, de vez em quando, quase sem percebermos de onde apareceu o subtil alarme, acordamos.
Eu acordei, ontem. Estava atordoada pela mesmice da minha vida quando acordei. Ouvi a história de uma bailarina que, agora, já não podia dançar como antes. Ainda assim, dançavam luzes dentro dos seus olhos. Luzes boas. Dessas que água para quem tem sede. A vida interrompeu-lhe a dança com uma doença que a quer terminar. Com uma doença que dizem que vai pôr fim a tudo. A bailarina não acreditou nisso. Diz, com a voz dos olhos, que não vai parar de viver só porque a vida quer. Diz, com a voz dos olhos, que a vida não acaba quando se acaba. A vida só acaba para quem não quis viver. Diz, com a voz dos olhos, que é feliz. Que a vida é boa, apesar de estar, agora, a dançar num fiozinho estreito.
Eu acordei, ontem. Percebi que a vida não acaba quando já não estamos cá. A marca que podemos deixar é a vida que fica, mesmo depois de nós. Mesmo depois da nossa vida.
Eu acordei, ontem. Percebi que a vida acaba todos os dias um bocadinho mais quando não esperamos nada dela. Ou de quem anda por cá a viver também.
Eu acordei, ontem. Percebi que a vida continua sempre, apesar do que somos e apesar do que nos acontece.
Eu acordei, ontem. E repito, para os meus olhos, o que ouvi dos olhos da bailarina:
A vida só acaba para quem não quis viver. Diz, com a voz dos olhos, que é feliz. Que a vida é boa, apesar de estar, agora, a dançar num fiozinho estreito.

Marta Arrais

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Falar de Amor…


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Uma reflexão sobre o Amor ou a ausência dele. Da paixão desenfreada ao calculismo histérico.

Tenho reparado que uma das coisas mais difíceis dos nossos dias é falar de Amor. Não só com e entre os jovens, mas acima de tudo no mundo dos adultos. É destes que os mais novos aprendem, não é? Ou, deveria ser…

O tema é muito recorrente na música. Porém, até nelas ouvimos uma descrição dorida, exasperada ou mesmo distorcida. Confunde-se tantas vezes a solidão com a necessidade de se ser acolhido…

Li em tempos que hoje dissecamos o Amor. Tal como numa autópsia, queremos perceber pormenor a pormenor de que amor padecemos. Se bem me lembro, dividimos e separamos o Amor em câmaras hiperbáricas.

Antigamente ao falarmos do Amor, era tudo complexo, animado, fervoroso, cheio de paixão e sofrimento. Hoje é algo desmembrado e asséptico. Temos etiquetas para tudo: paixão, flirt, sentimento, andar, afeição, sexo. Isto sem enveredarmos pela psicanálise, onde quase tudo é racionável e “rastreável”…

E acabamos por transmitir isto aos nossos jovens: o desejo de amar, de nos deixar ir onde o coração nos levar, e ao mesmo tempo, o aviso de "Não queiras amar se estás muito frágil”. “Não te iludas com o amor". "Não esperes demasiado do amor"… Demasiadas recomendações de uma humanidade frágil e doente.

Infelizmente, ensinamos um amor que é físico demais, corpóreo demais, porque somos os primeiros a fazer do corpo a nossa primeira preocupação. Não estamos prontos para envelhecer. A senilidade e a morte aterrorizam-nos…

Mergulhamos as novas gerações na precariedade dos nossos amores, pondo fim aos casamentos com violência e amargura. Enterrando a confiança e a esperança do outro junto com nossos fracassos. Acreditámos que poderíamos escapar das sufocantes e às vezes letais “rasteiras” do Amor, através do desvio pelo sexo, cometendo um grande erro e secando ainda mais nossas consciências.

Contudo, nos nossos adolescentes e jovens, o desejo de amor permaneceu, e acima de tudo, o desejo de ser amado...

Creio que temos de recuperar as palavras dos poetas e das histórias antigas, como nos contos de fadas, para voltar a sentir de forma intensa e até desesperada o desejo de amar e ser amado, mesmo que isso implique o sofrimento e a frustração.

Acima de tudo, no caso do fim de um amor, seria necessário aprender a não humilhá-lo e privá-lo de sua dignidade, conservando a sua beleza e o seu ensinamento como memória e aprendizagem.

O encontro com o outro deixa-nos sempre uma mensagem no coração. Cabe a nós valorizá-lo.



Paulo J. A. Victória

quarta-feira, 24 de julho de 2019

A magia acontece


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Procuramos a magia lá fora no sol que nasce, no pôr-do-sol, na tempestade que passa, na chuva que termina e no arco-íris que se forma depois de uma tempestade anunciando dias de sol. Procuramos magia na natureza. No vento que sopra fazendo as árvores dançar as mais delicadas e suaves melodias. Procuramos magia na brisa que nos beija quando observamos sentados o ondular do mar que explode e logo se acalma. Procuramos magia fora de nós. Quando a maior magia está em nós, dentro de nós. A maior magia está em cada ser humano, está na sua capacidade de se restabelecer depois de chegar ao fundo do poço.
A maior magia está na nossa capacidade em beijarmos as nossas feridas, uma a uma. Está na nossa capacidade de nos cuidarmos mesmo quando não queremos muito, mesmo quando nos achamos a pior pessoa do mundo. Magia é o amor entre duas pessoas seja amizade ou romance. Magia é a capacidade de um abraço curar tudo. Magia é como chorar nos traz claridade, transparência e nos possibilita ver a luz mais de perto. Magia é como depois de tantas caídas, de tantos erros e de tanto cansaço ainda encontras na missão o teu verdadeiro amor.
Magia é um amor usado, com anos de idade, com vivências, com separações, com promessas de nem mais um dia. Magia é gritar aos sete ventos nunca mais, não quero mais, não aguento mais. Magia é depois da maior tempestade interior voltar a casa e ter a lareira acesa e descobrires que Deus ainda te ama e que está tudo bem. Magia é compaixão.
Magia é redescobrir a paixão, uma e outra vez pela mesma coisa. Magia é redescobrir o amor uma e outra vez pela mesma pessoa. Magia não é uma pessoa à prova de balas, nem um amor novo a estrear. Magia é um amor, com vida, com passado, com feridas, cicatrizes, com dores, com erros. Magia é um amor antigo e usado. Magia é um amor em segunda mão, talvez em terceira. Magia é tentar não uma vez, mas vezes infinitas. Magia é tentar até conseguir, tentar até dar certo, tentar até evoluir e crescer.
Assim é na vida e na missão. Talvez ontem tenha adormecido cansada e esgota em tempestade e em crise. Mas hoje. Hoje é um novo dia, o sol brilha e senti-me renascida quando me cruzei com esta frase:“Ide, sem medo, para servir. Ide, sem medo, para servir. Seguindo estas três palavras, vocês experimentarão que quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe mais alegria.”(Papa Francisco)A magia aconteceu, o amor voltou a amanhecer e eu soube-me outra vez apaixonada. Não por algo diferente, não por alguém novo. Pelo mesmo de sempre: a missão. A vida não é fácil. A missão não é fácil. Nunca ninguém me prometeu facilidades. Mas digo-vos é sempre a primeira vez. É sempre como um regresso a casa. Quando me apaixono outra vez. Me cruzo outra vez com esta certeza de que seja como flor é pelo amor que vou. É pelo amor que vamos.


Paula Ascenção

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Senhor, tirei férias!

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"...sobre mim colocas a Tua mão..."



Senhor, tirei férias!


Mas, por favor, não tires os Teus olhos de mim.

Sabes que, se me descuido da Tua presença, eu sou capaz de tudo…

Por isso, Senhor, faz com que eu sinta sempre a Tua presença,

a Tua mão sustentando-me,

o Teu amor envolvendo-me,

para não sair da Tua presença e graça.

Senhor, tirei férias!

Ajuda-me com a Tua Misericórdia, para que eu não me esqueça de Ti.

Sei Quem És! Sei do Teu Amor, do Teu Poder e da Tua Salvação!

Sei que És capaz de ver a minha inclinação para o mal.

Sabes que um passo em falso pode significar a perda da minha alma.

Senhor, tirei férias!

Cobre-me, agora, com a Tua Luz e abençoa aqueles que estão comigo!

Que aprendamos sobre a alegria sem exageros.

Que experimentemos a diversão com pureza

e nos conheçamos a ponto de zelarmos pela alma uns dos outros!

Senhor, tirei férias!

Dá-me sabedoria e força para que eu não deixe de rezar

e para que o domingo continue a ser o Teu dia.

Ajuda-me, Senhor, a estar sempre ao Teu serviço,

levando-Te a todos com o meu testemunho.


Margarida Figueiredo

domingo, 21 de julho de 2019

Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?


https://www.youtube.com/watch?v=LaNuHnyTxsM

As leituras deste domingo convidam-nos a reflectir o tema da hospitalidade e do acolhimento. Sugerem, sobretudo, que a existência cristã é o acolhimento de Deus e das suas propostas; e que a acção (ainda que em favor dos irmãos) tem de partir de um verdadeiro encontro com Jesus e da escuta da Palavra de Jesus. É isso que permite encontrar o sentido da nossa acção e da nossa missão.
A primeira leitura propõe-nos a figura patriarcal de Abraão. Nessa figura apresenta-se o modelo do homem que está atento a quem passa, que partilha tudo o que tem com o irmão que se atravessa no seu caminho e que encontra no hóspede que entra na sua tenda a figura do próprio Deus. Sugere-se, em consequência, que Deus não pode deixar de recompensar quem assim procede.
No Evangelho, apresenta-se um outro quadro de hospitalidade e de acolhimento de Deus. Mas sugere-se que, para o cristão, acolher Deus na sua casa não é tanto embarcar num activismo desenfreado, mas sentar-se aos pés de Jesus, escutar as propostas que, n’Ele, o Pai nos faz e acolher a sua Palavra.
A segunda leitura apresenta-nos a figura de um apóstolo (Paulo), para quem Cristo, as suas palavras e as suas propostas são a referência fundamental, o universo à volta do qual se constrói toda a vida. Para Paulo, o que é necessário é “acolher Cristo” e construir toda a vida à volta dos seus valores. É isso que é preponderante na experiência cristã.
É com atenção, com bondade, com respeito, que as pessoas são acolhidas na nossa família, na nossa comunidade cristã, nas nossas repartições públicas, nas urgências dos nossos hospitais, nas recepções das nossas igrejas, nas portarias das nossas comunidades religiosas?
O acolhimento de Maria ou o de Maria? Qual será o nosso acolhimento nesta semana, para aqueles que vamos encontrar e que são Cristo no nosso caminho? Deixarmo-nos absorver, como Marta, por tudo aquilo que vamos fazer para eles? Ou antes, ao jeito de Maria, procurar partilhar um tempo gratuito com eles, sentarmo-nos, parar um pouco para os escutar?…
https://www.dehonianos.org/portal

sexta-feira, 19 de julho de 2019

DE MÃOS DADAS SEM APERTAR NEM MAGOAR

DE MÃOS DADAS SEM APERTAR NEM MAGOAR

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O Direito Canónico tem um fundo teológico e, cada norma, tem atrás de si uma longa história de experiências e práticas vividas, boas e menos boas, que o senso comum foi regulando. Não sendo Palavra de Deus, ele nasce a partir da doutrina da Igreja e esta provém do Evangelho, da Palavra e dos gestos de Jesus. Fiel à sua doutrina, a Igreja procura transmitir essa Boa Nova em linguagem mais pastoral que jurídica, mais à maneira de Jesus, pois há sempre situações de vida que saltam fora dos cânones. O Direito Canónico, porém, tem uma função de serviço, de apoio à pastoral, tem função educativa e organizativa. O seu objetivo é guiar os cristãos quanto aos direitos e deveres de uns para com os outros, para com a comunidade cristã e as instituições católicas. Ajuda a promover uma cultura ajustada aos ensinamentos e à missão espiritual da Igreja. Embora o principal papel pertença à Palavra e aos Sacramentos, a norma jurídica desempenha um papel importante na evangelização, não para usar apenas quando interessa ou em jeito de pedrada ou de força para matar e vencer, mas para usar como serviço à caridade e em destreza pedagógica. Direito e Pastoral andam de mãos dadas, sem se apertarem nem magoarem, amorosamente. Como afirma Bento XVI, “Uma sociedade sem Direito seria uma sociedade desprovida de direitos. O Direito é condição do amor” (18/10/2010).
Dentro deste entendimento e sem decretos, como alguns gostariam, volto a falar dos Padrinhos do Batismo. Não raro, a sua escolha continua a provocar momentos desconfortáveis, dando até a impressão, em reuniões faiscantes, que esse assunto é o único importante ou que a atividade e a preocupação pastoral se resumem a isso. Mas que causa mossa, lá isso causa, é verdade. Há sempre gente que se julga superior e digna de exceção. E há sempre gente que entende que o acolhimento, a bondade e o bom trabalho pastoral é viver à margem da comunhão eclesial e dizer sim a tudo!...
O Batismo não é uma formalidade ou um simples acontecimento social. É um sacramento, o fundamento de toda a vida cristã. Não é a mesma coisa ser-se batizado ou não se ser batizado. Tendo em conta o que é e significa, atendendo aos seus efeitos e consequências, o Batismo não deve ser negado nem adiado por razões sem razão, mas deve ser convenientemente evangelizado e preparado. E se toda a comunidade eclesial tem uma parte de responsabilidade no anúncio, salvaguarda e crescimento da graça recebida no Batismo; se os pais têm o primeiro e principal dever de ajudar a integrar na comunidade e fazer crescer a fé dos filhos; os padrinhos, atendendo ao múnus que assumem, devem ser pessoas de fé sólida, capazes e preparados para ajudar quem é batizado no seu caminho de vida cristã, assim o pede a Igreja. Eles são padrinhos em nome da comunidade eclesial, em nome da Igreja, devem ter a consciência de pertença à Igreja e vida em conformidade. 
Resumindo, de novo, os cânones 872 a 875 do Código de Direito Canónico, lembro que: não é obrigatório haver padrinhos; o pai ou a mãe não podem ser padrinhos do próprio filho; pode haver um só padrinho ou uma só madrinha; se forem dois, seja um padrinho e uma madrinha e, em princípio, haja completado 16 anos de idade; tenha celebrado os sacramentos da iniciação cristã – Batismo, Confirmação e Eucaristia -; leve uma vida consentânea com a fé e com o múnus que vai desempenhar; possua capacidade e intenção de o fazer. Uma pessoa pertencente a uma outra igreja cristã, será admitida juntamente com um padrinho católico e assinará apenas como testemunha do Batismo. Num batizado em que não haja padrinhos, alguém assinará, não porque é ou vá assumir o múnus de padrinho, mas apenas assinará como testemunha de que o Batismo se realizou. Fora destes casos, ninguém deve assinar como testemunha: gera confusão, é ludibriar.
Quem, por exemplo, vive em união de facto, por opção consciente, livre e determinada, sabe que não recolhe as necessárias condições, bem como há outras situações assumidas conscientemente e em total liberdade que são objetivamente passíveis de não virem a ser aceites, mesmo que “estas situações devam ser abordadas de modo construtivo, tentando transformá-las em oportunidades” para que se comece a fazer caminho (cf. Francisco, A Alegria do Amor, nºs 292 e 297). 
Algumas pessoas mais afastadas da prática eclesial e menos conhecedoras dos princípios que nos orientam, muitas vezes têm dificuldade em aceitar este diálogo pastoral. Embora reconhecendo que a sua união ou a sua situação individual contradiz o normal da vivência cristã, logo invocam a autoridade do Papa Francisco, como se ele tivesse dito o que eles querem ou a gente ignorasse o que Francisco, e bem, pede aos agentes da pastoral. Acham sempre que é um capricho do pároco, até mesmo quando querem ser padrinhos sem terem sido batizados: já aconteceu!... Quando, com verdadeiro acolhimento e verdadeira solicitude pastoral, se fala, atendendo às circunstâncias, que esta ou aquela pessoa não reúne as condições normais para vir a ser padrinho ou madrinha do Batismo, não se está a querer julgar, condenar, discriminar ou a faltar ao respeito a quem quer que seja. Está-se apenas a ter em conta os mais elementares princípios que têm de existir e a Igreja nos aponta e pede.
Também sabemos que há outras situações existenciais que podem não estar de harmonia com a doutrina da Igreja por circunstâncias difíceis da vida e para onde as pessoas, com sofrimento e sem outra solução plausível, foram arrastadas, até com muita dor. Mas elas sabem reconhecer a situação em que se encontram, nunca se afastaram da Igreja, participam naquilo a que a Igreja os aconselha e convida, estão integradas, colaboram. É perante estas situações que os pastores e agentes da pastoral têm a obrigação de, com todo o acolhimento e solicitude pastoral, ajudar a discernir a melhor opção, tendo também em conta, se, sendo essa pessoa aceite como padrinho ou madrinha, não irá criar escândalo ou mal-estar na comunidade cristã. Cada caso é cada caso e as situações, embora aparentemente iguais, podem não o ser, muitas vezes não são. Em situações similares, ninguém se deve comparar com alguém para fazer valer o que pretende. De facto, as situações, embora aparentemente iguais, podem não ser iguais.
O verdadeiro acolhimento implica, por respeito a todos, sentir e manifestar a alegria do encontro sem fingimentos; encetar e facilitar o diálogo pessoal e amigo como partilha do que vai na alma; saber escutar até ao fim sem condenar nem cortar a palavra; afirmar a verdade com humildade e amor; transmitir a beleza da Novidade cristã em linguagem positiva na alegria da fé em Cristo Senhor; gerar empatia e gosto para que amanhã, e depois de amanhã, se possa continuar este diálogo pastoral a transmitir coragem, inspiração, estímulo...

D. Antonino Dias — Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 19-07-2019.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

A chave é a compaixão


https://www.youtube.com/watch?v=AmMdDlrkwVE

No Angelus de 14 de julho, o Papa Francisco fez uma advertência aos fiéis quanto à insensibilidade: Se diante de uma pessoa necessitada você não sente compaixão, o seu coração não se comove, significa que algo não funciona. Ser capazes de sentir compaixão: esta é a chave. Esta é a nossa chave.

domingo, 14 de julho de 2019

Vai e faz o mesmo


https://www.youtube.com/watch?v=WPW2Z8zQ-uM

A liturgia deste domingo procura definir o caminho para encontrar a vida eterna. É no amor a Deus e aos outros – dizem os textos que nos são propostos – que encontramos a vida em plenitude.
O Evangelho sugere que essa vida plena não está no cumprimento de determinados ritos, mas no amor (a Deus e aos irmãos). Como exemplo, apresenta-se a figura de um samaritano – um herege, um infiel, segundo os padrões judaicos, mas que é capaz de deixar tudo para estender a mão a um irmão caído na berma da estrada. “Vai e faz o mesmo” – diz Jesus a cada um dos que o querem seguir no caminho da vida plena.
A primeira leitura reflecte, sobretudo, sobre a questão do amor a Deus. Convida os crentes a fazer de Deus o centro da sua vida e a amá-lo de todo o coração. Como? Escutando a sua voz no íntimo do coração e percorrendo o caminho dos seus mandamentos.
Na segunda leitura, Paulo apresenta-nos um hino que propõe Cristo como a referência fundamental, como o centro à volta do qual se constrói a história e a vida de cada crente. O texto foge, um tanto, à temática geral das outras duas leituras; no entanto, a catequese sobre a centralidade de Cristo leva-nos a pensar na importância do que Ele nos diz no Evangelho de hoje. Se Cristo é o centro a partir do qual tudo se constrói, convém escutá-l’O atentamente e fazer do amor a Deus e aos outros uma exigência fundamental da nossa caminhada.
O caminho que Deus propõe não é um caminho escondido, misterioso, revelado só aos iniciados ou iluminados; mas é um caminho que está claramente inscrito no coração e na consciência de cada homem (vers. 14).
A mensagem aqui apresentada pelos catequistas deuteronomistas diz-nos, portanto, o seguinte: para perceber o projecto de salvação, de liberdade e de felicidade que Deus tem para os homens, basta olhar para o nosso coração e para a nossa consciência; é aí que Deus nos fala e é aí que nós escutamos as suas propostas e as suas indicações. Resta-nos estar disponíveis para escutar e para perceber – no meio das contra-indicações que as nossas paixões nos apresentam – as sugestões, os apelos, os desafios de Deus.

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sexta-feira, 12 de julho de 2019

UM BELO SERVIÇO À COMUNIDADE HUMANA


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O Diácono André Beato, de Nisa, Alto Alentejo, vai ser Ordenado Presbítero para esta Diocese de Portalegre-Castelo Branco. É amanhã, na Catedral de Portalegre. Este amanhã é um HOJE feliz para toda a Igreja, para ele, para a sua família, para toda a comunidade diocesana, para o Seminário do Patriarcado de Lisboa, onde ele se formou e a quem estamos imensamente gratos. É um grande Dia de Ação de Graças!...
Parabéns André! Partilhamos a tua alegria e auguramos-te, com muita esperança, um futuro feliz nesta “comunidade do tornar-se pequenino” no seguimento do Senhor que lavou os pés aos discípulos. Ele serviu com amor e dedicação total, até ao fim, na Cruz, fazendo o bem e perdoando, usando de misericórdia para com todos! E disse-nos: assim como Eu fiz, fazeis vós também...
No mês passado, falando à Ordem Trinitária, o Papa Francisco alertava para um erro no qual facilmente se pode cair. O erro de se pensar, devido à cultura do vazio, do pensamento débil e do relativismo, que as novas gerações não abrem espaço para uma proposta vocacional na fé. Pois, dizia ele, “também hoje há jovens que procuram fervorosamente o sentido pleno da própria vida; jovens que são capazes de dedicação incondicional às grandes causas; jovens que amam apaixonadamente Jesus e demonstram uma enorme compaixão pela humanidade. Há jovens que talvez não falem de significado nem de sentido da vida, mas o que é que pretendem quando procuram com ansiedade a felicidade, o amor, o sucesso, a realização pessoal? Tudo isto faz parte do mundo das aspirações dos nossos jovens, as quais têm necessidade de ser ordenadas, como fez o Criador no início dos tempos, passando do caos para a ordem do cosmo (cf. Gn 1, 1-31)”.
Sabendo que os jovens não suportam outros métodos que não sejam o de serem protagonistas e “protagonistas em movimento”, é precisamente aqui onde se pode “intervir a fim de ajudar os jovens a harmonizar as suas aspirações, a pô-las em ordem”, referiu o Papa. É o espaço da pastoral juvenil e vocacional, nada fácil, é verdade, mas tão importante quão necessária, sem proselitismos. O mundo dos jovens é o seu mundo, um mundo bonito e cheio de esperança, mas sempre a reclamar nova linguagem e novos métodos para despertar atenção e interesse. A juventude é “um dom que podemos desbaratar inutilmente, ou então que podemos receber agradecidos e vivê-lo em plenitude” (CV134).
Francisco apontou algumas pistas a ter em conta neste trabalho pastoral, pistas que passo a sintetizar e também se encontram na Exortação Apostólica Cristo Vive, a Exortação final do Sínodo dos Jovens:


1-- A pastoral juvenil e vocacional exige acompanhamento, proximidade. Os jovens querem companheiros de caminho, para procurarem juntos os “poços de água viva” nos quais podem saciar a sede de plenitude que muitos deles sentem. É importante que eles se sintam amados pelo que são, pelo modo como são. Quem trabalha nesta pastoral tem de ser para os jovens como um irmão mais velho com o qual possam falar, no qual possam confiar, que os escute, dialogue com eles, façam discernimento juntos. Alguém que os faça sentir verdadeiramente amados para que lhes possa propor a medida alta do amor: a santidade, um caminho contra a corrente.

2—A pastoral juvenil e vocacional é uma pastoral em saída. É preciso ir ao encontro dos jovens, não só dos próximos, também dos distantes. Não se pode acolher apenas os que vêm ter connosco. Deve-se ir ao encontro dos que se afastaram, acolhê-los tal como são, nunca desprezar os seus limites, apoiá-los e ajudá-los na medida do possível. Encontrando-se com eles, é preciso ouvi-los, chamá-los, despertar o desejo de ir além dos confortos em que descansam. É preciso ter «a coragem, o afeto e a delicadeza necessários para ajudar o outro a reconhecer a verdade e os enganos ou as desculpas».

3—A pastoral juvenil não funciona com esquemas pré-fabricados. Francisco encoraja a caminhar com os jovens, saindo dos esquemas pré-fabricados. Com os jovens é necessário ser perseverante, semear e esperar com paciência que a semente cresça e um dia, quando o Senhor quiser, dê frutos. A nossa tarefa é semear, Deus fará com que cresça e talvez outros colham os frutos. A pastoral juvenil deve ser dinâmica, participativa, alegre, rica de esperança, capaz de arriscar, confiante. E sempre cheia de Deus, que é aquilo de que os jovens mais precisam para preencher os seus anseios de plenitude. Uma pastoral cheia de Jesus, que é o único Caminho que os leva ao Pai, a única Verdade que sacia a sua sede, a única Vida pela qual vale a pena deixar tudo.

4-- E tudo isto para que sejam santos. Esta é a motivação, a força de toda a nossa vida e da nossa ação com os jovens: levá-los a Deus. Diante da tentação da resignação, à pastoral juvenil e vocacional é exigida audácia evangélica para lançar as redes, mesmo que pareça não ser o tempo nem o momento mais oportuno. Face a uma vida sonolenta, adormecida e cansada, é preciso permanecer acordado para poder despertar. É preciso ser profetas de esperança e de novidade, profetas da alegria com a própria vida, sabendo que a melhor pastoral juvenil e vocacional consiste em viver a alegria da própria vocação (cf. Francisco, 15/06/2019).

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 12-07-2019.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Portugal tem um novo santo

Leitura solene do decreto de canonização de Frei Bartolomeu dos Mártires tem lugar no dia 10 de novembro




(Ecclesia) – O Papa promulgou dia6, o decreto relativo à canonização de D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), arcebispo de Braga, arquidiocese que incluía na altura os territórios das dioceses de Braga, Viana do Castelo, de Bragança-Miranda e de Vila Real.

No texto publicado hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé pode ler-se que, durante audiência ao cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o Papa “aprovou os votos favoráveis dos membros da congregação e estendeu o culto litúrgico em honra ao Beato Bartolomeu dos Mártires à Igreja Universal”, “inscrevendo-o no livro dos santos” por “canonização equipolente”.

Em janeiro de 2016, o Papa Francisco já tinha autorizado a canonização de Frei Bartolomeu dos Mártires sem a necessidade de um novo milagre atribuído à intercessão do futuro santo português, num processo que é denominado como canonização equipolente.

Frei Bartolomeu dos Mártires, de seu nome Bartolomeu Fernandes, nasceu em Lisboa a 3 de maio de 1514, e é recordado como um modelo de benevolência e uma figura ímpar na dedicação à Igreja Católica.

O bispo português, que se afirmou como uma das vozes de referência no Concílio de Trento (1543 – 1563), um momento decisivo na história da Igreja Católica na altura confrontada com a Reforma Protestante; destacou-se também pela sua missão pastoral à frente das comunidades católicas do Minho e de Trás-os-Montes, com especial relevo para o seu gosto pelas visitas pastorais às populações, a que dedicava grande parte do seu seu tempo.

Ao longo do seu percurso, D. Frei Bartolomeu dos Martires ficou também célebre pela sua preocupação com a estruturação da Igreja Católica local, do clero às comunidades católicas, e pelo seu empenho nas causas sociais, de modo particular junto dos mais pobres e doentes,

Depois de resignar em 1582, por motivos de idade, Frei Bartolomeu dos Mártires viria a falecer em 1590, no Convento de Santa Cruz, em Viana do Castelo.

O bispo português foi declarado venerável a 23 de março de 1845, pelo Papa Gregório XVI, e beatificado a 4 de novembro de 2001, pelo Papa João Paulo II.

Segundo apurou a Agência ECCLESIA, na sequência da decisão do Papa não haverá uma cerimónia de canonização, mas a leitura do Decreto que inscreve Frei Bartolomeu dos Mártires no Livro dos Santos.

A cerimónia deverá ter lugar na Arquidiocese de Braga, no dia 10 de novembro, data em que começa a Semana dos Seminários.

A ‘canonização equipolente’, a que o Papa Francisco tem recorridos em diversas ocasiões, é um processo instituído no século XVIII por Bento XIV, através do qual o Papa “vincula a Igreja como um todo para que observe a veneração de um Servo de Deus ainda não canonizado pela inserção de sua festividade no calendário litúrgico da Igreja universal, com Missa e Ofício Divino”.

Dois desses processos levaram à canonização de figuras ligadas à missionação portuguesa: o padre José Vaz, nascido em Goa, então território português, a 21 de abril de 1651, que foi declarado santo no Sri Lanka; e José de Anchieta(1534-1597), religioso espanhol que passou por Portugal e se empenhou na evangelização do Brasil.

JCP

terça-feira, 9 de julho de 2019

O que te trouxe até aqui?



Ao admirarmos o caminho que já percorremos, compreendemos melhor a nossa vida. Basta uma análise simples aos inúmeros obstáculos que tivemos de enfrentar para que possamos, sem dúvida, aprender algo mais sobre nós mesmos.

O que nos moveu? O que fez com que o nosso ânimo não se desvanecesse? O que nos atraiu? Ou será que algo do passado nos empurrou? Andámos em busca ou em fuga?

Quem construiu o nosso caminho? Percorremos um já feito ou criámos um novo e original? Andámos pelas estradas da multidão ou arriscámo-nos sozinhos, inaugurando novos trilhos que podem ter sido menos confortáveis mas que foram os nossos?

Olharmos o passado é compreendermo-nos. Somos o que escolhemos fazer com aquilo que nos foi dado. Para julgar alguém é essencial saber o que fez e porque o fez. Somos o que fomos e, também, o que não conseguimos ser.

Não podemos mudar os factos do passado, mas devemos olhá-los de forma cada vez mais sábia. Por vezes, o seu valor inverte-se, ao ponto do que fora julgado desastroso aparecer depois como uma bênção, tal como o que uma vez foi visto como um dom ser agora lido como uma tragédia.

Os erros do passado tendem a repetir-se vezes sem conta enquanto teimarmos em olhar apenas para diante. Culpar ou desculpar o passado também não é solução. Não é bom sinal tropeçar sete vezes na mesma pedra.

Cometemos erros, muitos erros. Mas nenhum será maior do seguir a nossa vida como se nunca tivéssemos errado.

Não devemos virar costas ao nosso passado, porque ninguém chega onde quer se não souber de onde vem.

O passado não passou, será sempre uma parte de nós, cada vez maior.

Virar as costas ao futuro é uma forma simples de aprender com o que fomos e com o que somos.

José Luís Nunes Martins

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Papa Francisco: o mundo é cada dia mais cruel com os excluídos




Mensagem em vídeo divulgada pelo Papa Francisco pelo Dia Mundial do Migrante e do Refugiado que será celebrado em 29 de setembro com o tema “Não se trata apenas de migrantes”. A campanha de comunicação é da seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

"As guerras abatem-se apenas sobre algumas regiões do mundo, enquanto as armas para as fazer são produzidas e vendidas noutras regiões, que depois não querem ocupar-se dos refugiados causados por tais conflitos. Muitas vezes se fala de paz, mas se vendem armas. Podemos falar de hipocrisia nesta linguagem? Quem sofre as consequências são sempre os pequenos, os pobres, os mais vulneráveis, a quem se impede de sentar-se à mesa deixando-lhe as «migalhas» do banquete."


domingo, 7 de julho de 2019

A Missão



https://www.youtube.com/watch?v=AlkV1L3rleU


Embora as leituras de hoje nos projectem em sentidos diversos, domina a temática do “envio”: na figura dos 72 discípulos do Evangelho, na figura do profeta anónimo que fala aos habitantes de Jerusalém do Deus que os ama, ou na figura do apóstolo Paulo que anuncia a glória da cruz, somos convidados a tomar consciência de que Deus nos envia a testemunhar o seu Reino.
É, sobretudo, no Evangelho que a temática do “envio” aparece mais desenvolvida. Os discípulos de Jesus são enviados ao mundo para continuar a obra libertadora que Jesus começou e para propor a Boa Nova do Reino aos homens de toda a terra, sem excepção; devem fazê-lo com urgência, com simplicidade e com amor. Na acção dos discípulos, torna-se realidade a vitória do Reino sobre tudo o que oprime e escraviza o homem.
Na primeira leitura, apresenta-se a palavra de um profeta anónimo, enviado a proclamar o amor de pai e de mãe que Deus tem pelo seu Povo. O profeta é sempre um enviado que, em nome de Deus, consola os homens, liberta-os do medo e acena-lhes com a esperança do mundo novo que está para chegar.
Na segunda leitura, o apóstolo Paulo deixa claro qual o caminho que o apóstolo deve percorrer: não o podem mover interesses de orgulho e de glória, mas apenas o testemunho da cruz – isto é, o testemunho desse Jesus, que amou radicalmente e fez da sua vida um dom a todos. Mesmo no sofrimento, o apóstolo tem de testemunhar, com a própria vida, o amor radical; é daí que nasce a vida nova do Homem Novo.

Existe, por vezes, alguma perplexidade acerca da identidade fundamental do cristão. Qual é, verdadeiramente, a essência da nossa experiência cristã? O discípulo de Cristo é alguém que se distingue pelo uniforme que veste, pela cruz que traz ao pescoço, pelo papel que alguém assinou por ele no dia do baptismo, pelos ritos que cumpre, pela observância de certas leis, ou é alguém que se distingue pela sua identificação com Cristo – com o Cristo do amor, da entrega, do dom da vida?

• Quais são, verdadeiramente os nossos títulos de glória: a conta bancária, os diplomas universitários, o estatuto social, o êxito profissional, a visibilidade nas festas do “jet-set”, os “fans” incondicionais que circulam à nossa volta? Ou são os gestos de amor, de partilha, de doação, de entrega e as feridas recebidas a lutar pela justiça, pela verdade e pela paz?


(portal dos dehonianos)

sábado, 6 de julho de 2019

Movimento dos Cursilhos de Cristandade Ultreia Diocesana em Proença-a-Nova



No passado dia 30 de junho, mais de 180 cursilhistas dos 4 cantos da nossa Diocese reuniram-se em Ultreia Diocesana do Movimento dos Cursilhos de Cristandade-MCC, no Auditório Municipal de Proença-a-Nova, gentilmente cedido pela Câmara Municipal.

Durante a manhã, depois da oração e da saudação inicial feita pela presidente do secretariado diocesano, foi tempo de Clara Zagalo, da Comissão Permanente do Secretariado Nacional do MCC, apresentar o tema “Cristo Conta Contigo - Para quê?”.

A entrega e o entusiasmo com que Clara Zangalo falou de «como Cristo conta connosco e para quê», levou-nos a (re)pensar no nosso Tripé cursilhista: «Oração-Estudo-Acção», como é que ele está equilibrado, porque só com o tripé bem equilibrado compreenderemos os caminhos de Jesus para cada um de nós. A coragem de arriscar, de dar a Deus o primeiro lugar e pormo-nos a caminho como Maria, despojando-nos das nossas certezas, é este o grande desafio que Deus coloca a cada um de nós em especial, e por isso é necessário parar um pouco, com a consciência de que “O Evangelho é para todos e não apenas para alguns” (Papa Francisco). Houve depois espaço para um breve plenário com algumas ressonâncias.

Às 11h30 os cursilhistas participaram na Eucaristia dominical com a comunidade local na Igreja Matriz. Os cânticos litúrgicos da celebração foram brilhantemente entoados pelo Grupo Coral de Proença-a-Nova.

Após o almoço no Seminário do Preciosíssimo Sangue, regressámos ao Auditório Municipal. A abrir as atividades da tarde actuou o Grupo Coral de Proença-a-Nova em belíssimo momento musical de cerca de meia hora. Apresentou um reportório de genuínos temas populares e peças de craveira com arranjos do maestro Carlos Gama.

A Ultreia foi enriquecida com o testemunho caloroso do casal Artur e Milú dos Vales de Cardigos que partilharam a sua vivência cristã em casal. Posteriormente houve um pequeno espaço para alguns cursistas dos vários núcleos da diocese partilharem a vivência do seu quarto dia. A ultreia terminou com o balanço das atividades do ano pastoral 2018-2019 e com a apresentação das atividades propostas para o próximo ano pastoral.

Este foi mais um dia em que os participantes puderam avivar atitudes do ser cristão e da sua fidelidade a Cristo nos caminhos do 4.º dia, na premissa de que «Seguir Jesus quer dizer dar-Lhe o primeiro lugar, despojando-nos das muitas coisas que sufocam o nosso coração» (Papa Francisco).

O secretariado diocesano do M.C.C. e os responsáveis pela organização da Ultreia Diocesana agradecem a todos os que de alguma forma contribuíram para o sucesso desta, e expressam especial gratidão aos responsáveis da Câmara Municipal pelo apoio dado.

Decolores

Sandra Ribeiro


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Mcc - Diocese de Portalegre-Castelo Branco