quarta-feira, 13 de março de 2013

FRANCISCO, O PRIMEIRO PAPA JESUÍTA

Francisco, o primeiro Papa jesuíta


Filho de emigrantes italianos, o cardeal que acabou escolhido para novo pontífice, começou por estudar química. Foi ordenado sacerdote em 1969 e é descrito como um homem humilde.
Nascido em Buenos Aires, em 1936, o novo Papa, Jorge Mario Bergoglio é filho de um ferroviário italiano que emigrou para a Argentina, onde teve cinco filhos.
Jesuíta - o primeiro a ser eleito Papa - formou-se em engenharia química, mas acabou por seguir o sacerdócio, tendo começado a sua preparação no seminário de Vila Devoto. Em 1958 passou para o noviciado da Companhia de Jesus.
Completou os estudos humanistas no Chile e em 1963, de regresso a Buenos Aires, formou-se em Filosofia. Bergoglio foi ordenado em dezembro de 1969 e foi o provincial dos jesuítas para a Argentina, a partir de 1973.
Reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, entre 1980 e 1986, depois de completar a tese de doutoramento na Alemanha foi confessor e diretor espiritual em Córdoba.
João Paulo II tornou-o cardeal em 2001, atribuindo-lhe a igreja romana em homenagem ao lendário jesuíta São Roberto Bellarmino.
Mais recentemente, no período entre novembro de 2005 e 8 de novembro de 2011 desempenhou funções como presidente da Conferência Episcopal da Argentina.

Um homem humilde

Segundo o seu biógrafo, Sérgio Rubin, um dos traços da personalidade de Bergoglio é ser humilde. "É uma coisa muito curiosa: Quando os bispos se encontram, ele prefere sempre sentar-se nas filas", disse Rubin à agência AP, acrescentando: "Este sentimento de humildade é muito bem visto em Roma".
Não sendo um dos nomes mais citados como provável sucessor de Bento XVI, o facto de o cardeal Bergoglio ter sido considerado o "vice-campeão" no conclave anterior justificou alguma atenção por parte dos mais atentos. Em 2005, houve mesmo quem garantisse que na terceira ronda ele conquistou 40 votos, exactamente antes da votação que elegeu o cardeal Ratzinger como Papa.
Bem visto aos olhos dos conservadores por ser encarado como um forte opositor das correntes mais liberais entre os jesuítas, e avaliado positivamente pelos moderados por representar da melhor forma o compromisso da Igreja com um mundo em desenvolvimento, como escreveu o vaticanista John Allen no perfil que lhe dedicou há poucos dias, Bergoglio conquistou simpatias também pela simplicidade assumida.
Estamos, afinal, a falar de um representante da Igreja que preferiu viver num modesto apartamento em vez de um faustoso palacete inerente à função de arcebispo, de alguém que tem fama de cozinhar as suas próprias refeições e de preferir os autocarros públicos ao privilégio de ser conduzido por um motorista.
Sendo São Francisco de Assis o símbolo da humildade, do despojamento e a marca de uma Igreja posta ao serviço dos mais pobres, o nome que escolheu não terá sido certamente por acaso. E pode dar pistas sobre o rumo que o novo Papa escolherá para liderar os fiéis de todo o mundo.
Porque se é verdade que lhe são atribuídas posições firmes contra o aborto e o casamento homossexual, também é certo que no seu percurso constam atitudes de grande firmeza contra, por exemplo, os sacerdotes que recusam batizar as crianças nascidas fora do casamento e de solidariedade com os judeus, particularmente quando em 1994, em Buenos Aires, se registaram os piores ataques anti-semitas de sempre na América Latina.
"Somente alguém que encontrou misericórdia, que foi acariciada pela ternura de misericórdia, é feliz e confortável com o Senhor", disse Bergoglio em 2001. Trará o novo Papa o conforto que os católicos precisam, numa altura particularmente difícil para a Igreja? Depois do fumo branco, os católicos esperam que do Vaticano venha uma luz.
 

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