domingo, 25 de agosto de 2013

Deus precisa de testemunhas

Ao partir de Taizé, depois de uma semana onde cada um procurou ir às fontes da fé, pode interrogar-nos uma palavra, que Cristo dirigiu aos seus discípulos: «Vós seres minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (Act. 1,8).
É curioso: Deus precisa de testemunhas. Ele próprio não impõe a sua verdade a todos os seres humanos. Cristo diz a cada um de nós: «Eu preciso de ti para que no mundo se possa acreditar que a minha palavra é verdadeira».
Ao partir de Taizé, cada um pode dizer a si próprio: ser cristão não é apenas ter a atitude moral de ser bom para com os outros, mas é, em primeiro lugar, ser testemunha da história e das palavras de Cristo.

O grande testemunho dos primeiros cristãos era que Cristo tinha ressuscitado dos mortos. Testemunho inaudito, jamais eles teriam ousado inventar uma tal mensagem. Isso queria dizer para eles que a presença de Deus se tinha desde logo introduzido na história, que a violência e a morte já não tinham a última palavra.
A primeira personagem a proclamar isto foi uma mulher, Maria Madalena. Ela disse aos outros discípulos que tinha visto Jesus ressuscitado.
A ressurreição escapa ao nosso entendimento; é uma realidade que está para lá do nosso pensamento. Acreditar na ressurreição não nos adormece, mas, pelo contrário, é daí que retiramos a força para lutar contra o mal, uma vez que acreditamos que este tem uma duração limitada.
Jesus não descreveu a vida depois da morte. Falou sobre isso de maneira sóbria, com imagens mito simples, como a de uma mesa de festa onde o próprio Deus serve a refeição, uma mesa para a qual todos são convidados, «do nascente ao poente», como diz Jesus.

É uma imagem muito bela, que pode inspirar a nossa vida. Na realidade, é mais do que imagem. Podemos antecipá-la e vivê-la já na terra. Gostaria de dar alguns exemplos.
A mesa significa a hospitalidade. Acolher os que chegam, escutá-los, dar-lhes tempo, partilhar a comida. Sermos testemunhas da ressurreição de Cristo quer dizer alargarmos a nossa amizade a muitos, e também aos que são diferentes de nós. Através do acolhimento, antecipamos e vivemos já alguma coisa da vida de eternidade com Deus.
Nós, os irmãos, gostaríamos de vos convidar a todos para a mesa da nossa comunidade. Mas são tantos… Nestes últimos dias têm vindo os que estão aqui várias semanas e que ajudam, com os voluntários, nos trabalhos dos encontros. Mesmo com muito pouco, à volta de uma taça de chocolate quente, pudemos ter momentos bastante festivos.
Quando regressarem a casa, podem ajudar as vossas paróquias a ser ainda e antes de mais lugares de hospitalidade e de acolhimento. As nossas sociedades têm uma grande necessidade destes lugares. Pela peregrinação de confiança que prosseguimos gostaríamos de vos apoiar neste compromisso,
Frequentemente, fico maravilhado com a capacidade de tantos Africanos têm, através todo o continente, de atravessar provações com perseverança, sem perderem a coragem, mas tendo sempre, mesmo nas situações difíceis, momentos de alegria e de festa.
A propósito de África, por vezes ficamos demasiado a pensar nos problemas e esquecemos que há em África tantos homens e mulheres que fizeram avançar a Igreja e os povos para uma maior unidade e para a paz.
Escutar uma palavra é mais do que acolher uma mensagem; é acolher também a pessoa que nos fala. Escutemos Cristo, a sua palavra, que podemos ler nos Evangelhos. Mesmo se compreendemos pouco, com isso já estamos a acolher Cristo. Um pouco como um bebé que precisa de ouvir a voz da mãe, mesmo se não compreende ainda o sentido das palavras que ela pronuncia.
Cristo também nos convida para a mesa da Eucaristia. Na noite antes da sua morte, Jesus reuniu os discípulos, tomou o pão, repartiu-o entre eles e disse-lhes: «Este é o meu Corpo». Nunca ninguém tinha falado daquele modo, e nunca mais ninguém dirá tais palavras.
Ele ama-nos de tal modo que quer dar-se a nós sem reserva. Ele quer tornar-se a nossa força, a nossa cura; ele une-se a nós. Através da Eucaristia, ele permite que vivamos já uma antecipação da vida que não tem fim. Meditemos antes de mais neste mistério da nossa fé.

No mundo, vemos muita violência. Esta noite, quando a nossa oração se prolongar, rezaremos muito particularmente pelos que sofrem a violência no mundo.
Cristo envia-nos como testemunhas para que, pela nossa vida, transmitamos a paz. Cada um de nós pode fazê-lo, no sítio onde vive, mesmo se nos sentimos por vezes pobres e sem meios. Sermos testemunhas da paz de Cristo dará um novo dinamismo à nossa vida.
Sim, Cristo diz-nos: «Eu preciso de ti para que no mundo se possa acreditar que a minha palavra é verdadeira».
(MEDITAÇÃO DO IRMÃO ALOIS)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Este é um espaço moderado, o que poderá atrasar a publicação dos seus comentários. Obrigado