segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

São João Bosco, o grande apóstolo da juventude, nasceu perto de Turim, na Itália, em 1815.



Muito cedo conheceu o que significava a palavra sofrimento, pois perdeu o pai tendo apenas 2 anos. Dom Bosco quis ser sacerdote, mas sua mãe o alertava: “Se você quer ser padre para ser rico, eu não vou visitá-lo, porque nasci na pobreza e quero morrer nela”.
Dom Bosco cresceu tendo como modelo de vida sua mãe Margarida, uma mulher de oração e grande virtude. Com 26 anos de idade, ele recebeu a graça da ordenação sacerdotal.
Muito bondoso e preocupado com a formação da juventude, ele se fez tudo para todos. Um sacerdote corajoso, mas muito incompreendido.
Fundou o Oratório, obra destinada a preservar os jovens da ignorância religiosa e da corrupção moral, especialmente os de famílias mais simples. Ao Oratório juntou uma escola profissional, depois um ginásio, um internato, etc. Foi chamado de louco por muitos devido à sua ousadia e à sua docilidade ao Divino Espírito Santo.
Grande devoto da Santíssima Virgem Auxiliadora, foi um homem de trabalho e oração. Exemplo para os jovens, foi pai e mestre. Fundou a Congregação dos Salesianos dedicada à proteção de São Francisco de Sales, que foi o santo da mansidão.
Em 31 de Janeiro de 1888, rodeado da família religiosa, o venerável Padre, o pai de uma infinidade de orfãozinhos, consolado pelos sacramentos da Igreja, docemente, entregou sua alma a Deus.



Arautos do Evangelho


domingo, 30 de janeiro de 2022

Hino Oficial | JMJ Lisboa 2023-

 

https://www.youtube.com/watch?v=H1x2t2EstlI




Peregrinação dos Simbolos Portalegre/ Igreja de S. Lourenço/ Pastoral de Arronches

 


Hino ao Amor

 

https://www.youtube.com/watch?v=zqMZXQ8l6HU

O tema da liturgia deste domingo convida a reflectir sobre o “caminho do profeta”: caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está. A liturgia de hoje assegura ao “profeta” que a última palavra será sempre de Deus: “não temas, porque Eu estou contigo para te salvar”.
A primeira leitura apresenta a figura do profeta Jeremias. Escolhido, consagrado e constituído profeta por Jahwéh, Jeremias vai arrostar com todo o tipo de dificuldades; mas não desistirá de concretizar a sua missão e de tornar uma realidade viva no meio dos homens a Palavra de Deus.
O Evangelho apresenta-nos o profeta Jesus, desprezado pelos habitantes de Nazaré (eles esperavam um Messias espectacular e não entenderam a proposta profética de Jesus). O episódio anuncia a rejeição de Jesus pelos judeus e o anúncio da Boa Nova a todos os que estiverem dispostos a acolhê-la – sejam pagãos ou judeus.
A segunda leitura parece um tanto desenquadrada desta temática: fala do amor – o amor desinteressado e gratuito – apresentando-o como a essência da vida cristã. Pode, no entanto, ser entendido como um aviso ao “profeta” no sentido de se deixar guiar pelo amor e nunca pelo próprio interesse… Só assim a sua missão fará sentido.

O amor cristão – isto é, o amor desinteressado que leva, por pura gratuidade, a procurar o bem do outro – é, de acordo com Paulo, a essência da experiência cristã. É esse o amor que me move? Quando faço algo, partilho algo, presto algum serviço, é com essa atitude desinteressada, de puro dom?

Desse amor partilhado nasce a comunidade de irmãos a que chamamos Igreja. O amor que une os vários membros da nossa comunidade cristã é esse amor generoso e desinteressado de que Paulo fala? Quando a comunidade cristã é palco de lutas de interesses, de ciúmes, de rivalidades egoístas, que testemunho de amor está a dar?

https://www.dehonianos.org/


sábado, 29 de janeiro de 2022

Sou culpado do bem que não faço




Não culpar os outros é um excelente princípio de vida, mesmo nos momentos em que nos sentimos inocentes dos males que se abatem sobre nós. Nunca temos o direito de culpar quem quer que seja. Talvez nem a nós mesmos.

Devemos aperfeiçoar-nos tanto quanto possível, buscando superar as nossas falhas, mas sem nos fixarmos nelas, sem perdermos tempo a escavar o que já é um buraco. Faz-se o caminho andando para diante, não ficando a pisar e repisar o mesmo sítio.

Se nenhum de nós é perfeito, será culpado disso mesmo? E quando erro fruto de alguma fragilidade minha, será que fui eu ou a fraqueza que também sou?

Não negues as tuas culpas, assume-as. O mundo está cheio de gente que quer parecer perfeita aos olhos dos outros. Seria tão bom vivermos onde todos mostrassem quem são, sem se sentirem menores nem maiores que ninguém, apenas autênticos e, por isso mesmo, únicos e valiosos.

Sou culpado do mal que escolho fazer, ainda que não seja responsável pelas tentações que me seduzem a fazê-lo.

Sou culpado do bem que não faço, porque é meu dever ser bom, mesmo quando isso não me é agradável.

Ainda que sinta culpa, nunca ela é um destino final. O início da minha redenção está no reconhecimento das minhas culpas, ou, pelo menos, das que sou capaz de reconhecer. Quanto às outras, o melhor mesmo é não nos perdermos a tentar encontrá-las em nós e muito menos nos outros.


José Luís Nunes Martins


sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

JÁ SABE A MÚSICA?... NÃO?!... OH!...


Vamos a isso! Sente-se lá ao piano ou puxe pela guitarra, pelo adufe, pelo pífaro, pelo instrumento que tiver mais à mão. Perfile-se, respire fundo. O maestro já está com a batuta na mão. Está junto ao metrónomo e a saltar de bolso em bolso à procura do lamiré ou diapasão. Se o leitor não tem qualquer instrumento nem unhas para tocar viola, mesmo assim, salte do sofá e aceite o convite para o ensaio. Aprender o Hino da Jornada Mundial em Lisboa é uma necessidade urgente.
Não há ensaio?!... Quem é que disse?... Mas como pode não haver ensaio?!... Se, na sua terra, as pessoas, embora muito respeitáveis e sabidas, vivem assim tão distraídas; se vivem debruçadas à janela a ver passar os zabumbas, a banda e a procissão; se apenas olham para dentro e vivem de costas voltadas para o mundo e sobretudo para o mundo juvenil; se não entendem estas dinâmicas para ajudar a viver e a cimentar a vida em valores estruturantes; se são incapazes de sonhar e de fazerem sonhar, ligue-se à net, amigo leitor, investigue, procure. O “Há Pressa no Ar” está lá. Ouça uma vez, duas, três, as vezes que for preciso. Por fim, ao ouvirem-no cantar muito melhor que um rouxinol, até os seus vizinhos lhe vão pedir que os ensine a cantar tão bela e sonora melodia. Como sabe, os símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude estão aí, à porta, e todos precisamos de si e dos outros, para ajudar, animar, estimular, cantar e rezar com os jovens e pelos jovens. Será que pensa que não há pressa no ar? Pois há mesmo. “Há pressa no ar, há pressa de viver bem, há pressa de viver, há pressa de viver este amor de Deus, há pressa de continuar a caminhar”. Não para fazer tudo de uma vez, angustiadamente. Mas para crescer com alegria, animar, estimular e não passar pela triste figura de ser apanhado pelo carro vassoura. Sacuda-se, venha daí, a juventude jovem e idosa agradece.
Já falei do Tema da Jornada, da Cruz dos Jovens e do ícone Salus Populi Romani que acompanha a Cruz. Hoje vou tornar presente outros dois elementos de cada Jornada Mundial. Trata-se do Hino e do logótipo ou logotipo, conforme queiram acentuar, ambas as formas são corretas. O logotipo e o hino são considerados de muito interesse pelo que envolvem de participação, reflexão, sentimento, imaginação e fé. Também eles, pela sua beleza e arte, têm de fazer com que, em consonância com o tema geral, os objetivos da Jornada Mundial comecem a ser atingidos pela empatia que eles são capazes de gerar. Em Portugal, a sua seleção passou por concursos muito alargados. Para o Hino, fez-se um concurso nacional, aberto à participação de portugueses maiores de idade no qual participaram mais de uma centena de candidaturas. A letra e a música tinham de se desenvolver à volta do ‘sim’ de Maria e da sua pressa para ir ao encontro da prima Isabel. O ‘sim’ desta Jovem revolucionou o mundo. Por causa desse ‘sim’, Jesus revolucionou a História, elevou o homem à sua mais alta dignidade, desafiou-o a metas que transcendem o tempo.
O Hino selecionado tem música de Pedro Ferreira, de 41 anos, professor e músico, da Diocese de Coimbra. A música é agora “de todo o mundo”. E o desejo do autor é que seja tocada por todos, mas “principalmente por cada guitarra que esteja parada em casa”, por “cada teclado a que é preciso tirar o pó”. Disse ele que a sua caminhada de vida está muito ligada às JMJ. Participou em várias, viveu-as intensamente. E confessa: “Quando compus o tema foi mesmo a pensar de como é que eu o interpretaria, de como é que, no meio de tantas pessoas ao meu lado, gostaria de festejar, gostaria de aplaudir, gostaria de repetir vezes sem conta o refrão que creio e temos fé que aconteça em todo o mundo”. E assim, sentado ao piano, sozinho, em finais de 2019, tudo foi surgindo com naturalidade, disse ele. Depois partilhou a música com uns amigos, os da ‘Banda da Paróquia’, da qual faz parte.
A letra do Hino, ao qual deram o título de “Há pressa no Ar”, é do Padre João Paulo Vaz, de 51 anos, Pároco de Pombal, também Diocese de Coimbra. Segundo conta João Paulo Vaz, a letra também tem a sua história. “Tinha um tema ao qual me tinha de cingir, com uma ou outra indicação também que fosse algo leve, jovem, ligeiro. Lembrei-me naturalmente que seria muito importante não só pegar no tema da jornada mas fazer o caminho. É uma ideia que me agradou de início fazer o caminho desde o Panamá até Lisboa passando também pelas jornadas intermédias em cada ano”. Com estes propósitos, “não alterando em nada a melodia, e com a guitarra na mão, fui escrevendo, como costumo fazer”, disse ele. Quando lhe telefonaram a comunicar a canção selecionada, ele estava fora do país. “As jornadas mundiais da juventude são um marco na minha vida. Perceber que a letra que fiz ia ser cantada pelo undo inteiro foi uma enorme alegria”, referiu ele.
Os arranjos musicais do Hino são da autoria do músico Carlos Garcia, de Lisboa. O autor da melodia disse que o Carlos Garcia, ao ouvir o tema, “acaba por se apropriar da melodia e, num trabalho notável, não lhe mexe na estrutura, na forma, enriquece-a de uma forma única”. Finalmente, o Hino foi gravado em várias línguas, como se desejava: em jeito popular, alegre, juvenil, fácil de aprender e de fácil tradução e adaptação. Esta gravação final envolveu jovens de todo o país, sobretudo aqueles que participaram no concurso nacional mas não foram selecionados. Letra e Música constituem um convite aos jovens de todo o mundo para se identificarem com Maria, saindo, sem demora, ao encontro de todos, dispondo-se ao serviço, à missão e à transformação do mundo, evocando a festa da Jornada Mundial e a alegria centrada na relação com Deus.
Por sua vez, o logótipo da Jornada Mundial de Lisboa foi encontrado através dum concurso internacional promovido pelo Comité Organizador Local, no qual participaram 30 países dos cinco continentes. A primeira triagem foi feita por uma equipa de académicos da Universidade Católica Portuguesa que selecionou 21 das melhores propostas. Estas foram depois avaliadas por profissionais da área do marketing e da comunicação, provenientes de agências de comunicação presentes em Portugal, que elegeram três finalistas. Destas três propostas finalistas, foi a Congregação Romana para os Leigos, Família e Vida, que selecionou a vencedora. A proposta da jovem portuguesa Beatriz Roque Antunes, de 24 anos, de Lisboa, diretora de Arte e Design, foi a selecionada. A autora explica como, juntando todos os elementos que foi pensando, chegou ao resultado final, e cuja mensagem principal é apelar aos jovens “que não se acomodem, que se levantem, que façam acontecer, que construam, e que não deixem o destino do mundo na mão dos outros”.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 28-01-2022.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

«No silêncio, o que fica? Para onde ou para quem vamos?» – Perguntas de Marta Arrais para uma vida simples

Autora desafia leitores a vida mais agradecida e a mudanças de olhar e atitudes




Lisboa, 25 jan 2022 (Ecclesia) – A escritora Marta Arrais publicou o livro ‘Guia para uma vida simples’, no qual pretende “dialogar” com o leitor e provocá-lo para mudanças geradoras de “paz e tranquilidade”.

“Há uma imagem, da qual gosto muito, e que tem estado muito presente: quando apagamos as luzes, quando há silêncio, o que fica? Qual o nosso pensamento? Para onde vamos ou para quem? Quando fazemos estas perguntas, o que é mais importante torna-se óbvio. Essa é uma reflexão que me tem norteado e penso ser importante cada um fazer”, explica a autora à Agência ECCLESIA.

Escrever é para Marta Arrais tão essencial como respirar, mas a escrita, “sendo um processo solitário” pretende sempre dialogar com alguém, “só faz sentido se a puder dar aos outros” e quer que os leitores sintam que escreve para eles.

Através de ‘desafios de simplificação’, pontuados em cada capítulo do livro, a autora propõe “momentos de pausa, para pensar no que se leu, e como cada uma das reflexões marcou”.

“Não quero que seja um livro corrido, mas que antes possa acompanhar as pessoas e que elas possam revisitar quando lhes fizer sentido”, explica a entrevistada de hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).



‘Guia para uma vida simples’ (Ed. Planeta) nasceu de uma “reflexão pessoal” de Marta Arrais, que foi sentindo que as pessoas “escapam de pensar na vida”.

“O problema é irmos realizando compromissos, cumprindo várias coisas, mas guardamos o sentir e o impacto que as experiências têm em nós e na vida. Todos vivemos com muita pressa para ir a algum lado, fazer alguma coisa, realizar várias tarefas. Sobra-nos pouco tempo para o essencial, para perceber de facto a direção que seguimos. É ai que nos encontramos”, reconhece.

Através de verbos que convidam à mudança, Marta Arrais coloca-se num «nós», para desencadear um “contacto com o leitor”.

“Só faz sentido caminhar se percebermos que não vamos sozinhos. Isso tem faltado nos nossos dias: vivemos centrados em nós, no que queremos e precisamos, e temos esquecido das necessidades alheias e da forma como podemos melhorar a vida dos outros”, indica.


"Não queria que as pessoas achassem, enquanto lerem, que eu estava a mandar ou a indicar caminhos, mas antes a abrir portas para que cada um entenda, à sua maneira, de acordo com as suas vivências, e encontrar forma de refletir na sua vida”.

Marta Arrais termina o livro com a certeza de que é pelo amor que “cada um será julgado”.

“Não a ideia de que se não amarmos algo de mau nos vai acontecer, mas se amarmos muito então tudo fará sentido”, indica.

A autora deixa o desafio de se olhar os pássaros a voar: “Quando olhamos um pássaro percebemos que nos preocupamos demasiado. A sua forma de voar, e procurar comida ou abrigo, mostra-nos que se confiarmos um pouco mais, teremos o que é necessário para sermos mais felizes”.

LS

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Clero da diocese viveu jornada de estudo sobre sinodalidade

Participantes sublinharam necessidade de promover um «dinamismo permanente» de escuta e participação


(Ecclesia) – Os padres e diáconos da Diocese de Portalegre-Castelo Branco estiveram, esta segunda-feira, numa jornada de formação, realizada em formato online, a aprofundar o tema “Sinodalidade da Igreja”.

A jornada, que contou também com a presença do bispo diocesano, D. Antonino Dias, teve como orientador o padre João Eleutério, sacerdote do Patriarcado de Lisboa e professor de Teologia na Universidade Católica Portuguesa.

“A urgência de uma Igreja cada vez mais sinodal não é apenas uma questão pontual, um episódio de uma epopeia ou um conjunto de conclusões teóricas a escrever” porque “a sinodalidade é existência e experiência e, por isso, um dinamismo permanente da vida da Igreja”, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA

O padre João Eleutério sublinhou a natureza de “uma Igreja fiel à sua identidade; uma Igreja consciente do imperativo do anúncio da fé pascal; uma Igreja sujeito onde todos, pelo batismo, são sujeitos; uma Igreja estruturada pela ministerialidade onde um ou alguns são constituídos para o serviço de todos; uma Igreja que celebra e encontra na estrutura dialógica da liturgia o paradigma da estrutura comunitária; uma Igreja que se realiza também através de estruturas, processos e eventos onde o Ministério de Pedro é testemunha da fé de todos os cristãos; uma Igreja em permanente conversão pastoral já que o diálogo pressupõe a escuta e ajuda a ultrapassar divergências que não construam comunhão”.

No segundo tema, o orador refletiu sobre a “Sinodalidade e Catolicidade: dez tarefas para fazer uma Igreja diferente”.

LFS

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Ainda há tanto para aprender!



Vamos caminhando pelos dias que a vida nos dá ligeiramente arrogantes. Vamos como quem nunca terá de se despedir. Como quem nunca precisará de sair da zona de conforto. Como quem tem tudo como certo. Como quem nunca terá de fazer as malas do que é seguro para abrir as malas do que não se conhece.

Avançamos pela vida com a arrogância e a ignorância de quem julga já ter aprendido tudo. De quem não precisa dos outros para ser mais feliz. De quem prioriza o umbigo e as necessidades próprias acima de toda e qualquer outra coisa.

Temos sido colocados à prova de muitas formas. E somos colocados em causa, a cada dia, a cada instante. Mas ignoramos. Fechamos os olhos e avançamos. De vaidade e certeza em riste, como quem não tem de prestar contas a ninguém.

Lamento escrever esta ligeira desilusão, mas, a verdade, é que ninguém sabe bem para onde caminha. Ninguém sabe quando a vida guina o volante e nos atira para o lugar mais desconhecido. Ninguém sabe a que horas terá de viver o maior desafio ou a maior prova da sua existência.

Por isso, vale a pena cultivar a humildade suficiente para compreender que estamos cá para aprender. Para receber o que vier e para ter como certa a verdade de não fazermos a mínima ideia de como se revelará o dia de amanhã.

Enquanto não sabemos o que virá, que saibamos ir vivendo sem fazer mal a ninguém. Semeando gestos de paz e de amor como quem não sabe nunca quando é o último dia por aqui.

Talvez assim possamos ser um pouco melhores. Mais felizes. Mais unidos. E mais irmãos.


Marta Arrais


segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

«Pensa por ti próprio, não te deixes enrolar», diz o Cardeal Tolentino

 


 



O cardeal Tolentino Mendonça é o protagonista do primeiro vídeo da campanha 'Não Te Deixes Enrolar', uma iniciativa da Direcção Regional da Saúde, através da Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (UCAD), que pretende sensibilizar para os efeitos da canábis.

"Pensa por ti próprio, não te deixes enrolar", foi apelo deixado pelo cardeal madeirense aos mais jovens.

A apresentação oficial da campanha aconteceu, estar tarde, no Colégio dos Jesuítas, no Funchal, pela mão do director da Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências, Nelson Carvalho, numa cerimónia que contou também com a presença do secretário regional de Saúde e Protecção Civil, Pedro Ramos.

O evento foi precedido da conferência 'Cannabis. Uma viagem sem retorno?', proferida pelo professor Félix Carvalho, Catedrático da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.


Dnotícias]


domingo, 23 de janeiro de 2022

Domingo da Palavra

 

https://www.youtube.com/watch?v=RfE9iz6KGt8

A liturgia deste domingo coloca no centro da nossa reflexão a Palavra de Deus: ela é, verdadeiramente, o centro à volta do qual se constrói a experiência cristã. Essa Palavra não é uma doutrina abstracta, para deleite dos intelectuais; mas é, primordialmente, um anúncio libertador que Deus dirige a todos os homens e que incarna em Jesus e nos cristãos.
Na primeira leitura, exemplifica-se como a Palavra deve estar no centro da vida comunitária e como ela, uma vez proclamada, é geradora de alegria e de festa.
Que lugar ocupa a Palavra de Deus na vida de cada um de nós e na vida das nossas comunidades? A Palavra é o centro à volta do qual tudo se articula? Encontramos espaço para ler, para reflectir, para partilhar a Palavra?

No Evangelho, apresenta-se Cristo como a Palavra que se faz pessoa no meio dos homens, a fim de levar a libertação e a esperança às vítimas da opressão, do sofrimento e da miséria. Sugere-se, também, que a comunidade de Jesus é a comunidade que anuncia ao mundo essa Palavra libertadora.

A segunda leitura apresenta a comunidade gerada e alimentada pela Palavra libertadora de Deus: é uma família de irmãos, onde os dons de Deus são repartidos e postos ao serviço do bem comum, numa verdadeira comunhão e solidariedade.
A Igreja é o corpo de Cristo onde se manifesta, na diversidade de membros e de funções, a unidade, a partilha, a solidariedade, o amor, que são inerentes à proposta salvadora que Cristo nos apresentou. A nossa comunidade cristã é, para nós, uma família de irmãos, que vivem em comunhão, que se respeitam e que se amam, ou é o campo onde se enfrentam as invejas e os interesses egoístas e mesquinhos?
Usamos os “carismas” que Deus nos confia para o serviço dos irmãos e para o crescimento do corpo, ou para a nossa promoção pessoal e social?


No final da celebração, “comemos” verdadeiramente as palavras do salmista? Neste domingo da Palavra de Deus, antes de retomar o caminho para as nossas casas, escutemos ainda como o salmista canta Deus que fala ao seu povo: «A lei do Senhor é perfeita, ela reconforta a alma; as ordens do Senhor são firmes, dão sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são rectos e alegram o coração; os mandamentos do Senhor são claros e iluminam os olhos». A Palavra que recebemos é uma palavra que alegra e que ilumina. É uma canção, uma lâmpada. Que ela nos acompanhe em cada instante ao longo da semana…
• Descobrir o outro… nesta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Ao longo desta semana, reservar tempo para melhor conhecer o outro, aquele que é diferente de mim na fé: ler um artigo de imprensa, ouvir uma conferência, escutar um programa de rádio, participar num encontro organizado localmente; enfim, procurar fazer o esforço em descobrir a fé e o pensamento de um cristão de outra confissão.


https://www.dehonianos.org/

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

A PALAVRA QUE VALORIZA AS PALAVRAS

 

Por estes dias, não há trancas que fechem as portas de casa à força de tanta falação política, e bem. É que, se alguns são mais que conhecidos, outros têm de se mostrar, provar o que valem e dizer ao que vêm. Blablás, arengadas, meias-verdades e verdades inteiras a par com euforias, sorrisos, slogans, saudações calorosas, música, dança folclórica, estandartes e gritarias megafónicas também passam por essas ruas, praças e auditórios com ruído de fazer mossa. Certezas e incertezas, esperanças e dúvidas sobre promessas muitas, até lhe chegar com o dedo, pairam pelos ares, reiteradas muitas vezes e muito alto a dilatar as carótidas. Mentiras, acho que não, mesmo que alguém diga que eles só falam verdade quando dizem mal uns dos outros! Se nessas ocasiões falam verdade, isso não sei, mas que dizem mal uns dos outros lá isso é clarinho, e acho que não é bonito, nem político! Desculpando tais irritações menos felizes, parabéns para todos eles e que não desistam, discordemos ou concordemos com o que dizem ou defendem! Eles todos fazem sacudir o pó da vida e forçar o povo a saltar do sofá que entorpece para abraçar causas que o dignifiquem, o promovam e comprometam na construção do bem comum. É bonito de se ver e ouvir como tudo isso alimenta belos sonhos, projetos imensos a atiçar a vontade de arregaçar as mangas, meter a mão e o braço pela boca do mundo abaixo bem lá até ao fundo, pegar-lhe no rabo e virar o mundo do avesso! Mas..., que desencanto!... Que dor tão atroz!... Todo esse mar de sonhos e projetos se desmorona e vai ribanceira abaixo ao abrir as urnas da inumação dos votos. Grande perda para a humanidade! Dali, com infeliz surpresa, salta o odor da ingratidão do povo cuja generosidade não se fez contabilizar, mesmo quando todos pediam contas certas! No entanto, qual fénix renascida das cinzas, a todos resta a possibilidade heroica de virem manifestar grande força na fraqueza. Tendo perdido, virem dizer que, afinal, não perderam, ganharam, e por muito!... Por isso, caro leitor, mesmo que o seu voto seja um eterno perdedor, mantenha a esperança e não deixe de ir votar, participe.
Ora, no meio de tantas e tantas palavras, vamos celebrar o Dia da Palavra, este ano no dia 23 de janeiro. É o Dia da Palavra, duma Palavra que reclama silêncio interior e refinação dos ouvidos do coração. Da Palavra que veio para todos, mesmo para quem, por estes dias, tem de alimentar imensa verborreia a convencer os indecisos. No Dia da Palavra, é Deus que fala. E se fala para todos também fala aos homens do poder para lhes dizer que o poder que assumem é um poder delegado (cf. Jo 10-11). Um poder para servir e não para serem servidos (Mc 10, 35-45). Um poder cujo exercício requer conhecimento e capacidade de ouvir, ver e julgar bem, de saber discernir o melhor possível entre o bem e o mal para agir e governar o povo com a sabedoria de boa governança (cf. 1Rs 3, 5-15). A Palavra diz que é preciso dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César (cf. Mt 22, 21). Ora, se Deus também dá a César e ao povo o que precisam para cumprirem bem o seu dever e serem felizes, desde que lho peçam com humildade e confiança, também César, que não está acima, nem ao lado, nem fora, deve dar a Deus o que é de Deus e ao povo o que é do povo. Isto acontece tanto mais quanto mais se escutar a Palavra, o Verbo.
Esta Palavra “é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes”. Ela penetra, sonda os sentimentos e as intenções do coração (cf. Hb 4, 12). São Paulo, reconhecendo o valor da Palavra, pedia a Timóteo que se dedicasse à leitura, que se vigiasse a si próprio e ao seu ensinamento, que não descuidasse o dom da graça que estava em si e fosse perseverante (cf. 1Tim 4, 13-16). E mais lhe disse: “proclama a Palavra, insiste no tempo oportuno e inoportuno, advertindo, reprovando e aconselhando com toda a paciência e doutrina. Pois vai chegar o tempo em que já não se suportará a doutrina; pelo contrário, desejosos de ouvir novidades, os homens rodear-se-ão de mestres a seu bel-prazer. Desviarão os ouvidos da verdade orientando-os para as fábulas” (2Tim 4, 2-4). Dv13
O projeto de liberdade e vida que Deus tinha para tudo e todos, foi revelado aos homens através da Palavra. A sua Palavra acontece e faz acontecer, gera acontecimentos, concretiza esse grandioso projeto. Por isso, ouvir a sua Palavra e tornar-se seu aliado em favor da liberdade e vida para todos, manifesta inteligência e sabedoria da parte do homem. Assim lemos na Escritura: “Da mesma forma que a chuva e a neve, que caem do céu e não voltam para lá sem antes molharem a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, a fim de produzir semente para o semeador e alimento para quem precisa de comer, assim acontece com a Palavra que sai da minha boca: ela não volta para Mim sem ter produzido o seu efeito, sem ter realizado o que Eu quero e sem ter cumprido com sucesso a missão para a qual Eu a mandei” (Is 55, 10-11).
E Santo Isidoro no século VII escreveu assim: “Quem deseja estar sempre com Deus, deve orar e ler frequentemente. Quando oramos, falamos nós com Deus; quando lemos, fala Deus connosco. Todo o nosso progresso vem da leitura e da meditação. O que ignoramos, aprendemo-lo com a leitura: o que aprendemos, conservamo-lo com a meditação. É dupla a vantagem que tiramos da leitura da Sagrada Escritura: ilumina-nos a inteligência e, subtraindo-nos às vaidades do mundo, leva-nos ao amor de Deus. Dupla deve ser também a preocupação com que devemos ler: primeiro, procurar compreender a Escritura; segundo, explicá-la para proveito do próximo com a devida dignidade. Naturalmente, só quem procura compreender o que leu estará apto para explicar o que aprendeu. O leitor diligente pensa mais em pôr em prática o que lê do que em adquirir a ciência. É menor desgraça desconhecer um ideal do que, tendo-o conhecido, não o atingir. Lemos para compreender o que é reto, e compreendemos para o pôr em prática. Ninguém pode descobrir o sentido da Escritura Sagrada se não a lê assiduamente, como está escrito: tem-na em grande estima e ela te exaltará; se a recebes, ela será a tua glória. Quanto mais assíduos formos na leitura da palavra divina, tanto melhor a compreenderemos, como a terra que tanto mais frutifica quanto melhor é cultivada. Há alguns que têm boa inteligência; mas são negligentes em ler os textos sagrados; o seu desinteresse mostra o desprezo por aquilo que a leitura lhes poderia ensinar. Há outros, porém, que desejam saber, mas têm pouca inteligência. Estes, com uma leitura assídua, conseguem aprender aquilo que os mais inteligentes, pela sua preguiça, nunca aprenderão. Assim como o menos inteligente consegue, pela sua aplicação, recolher o fruto do seu estudo diligente, assim também aquele que menospreza a inteligência que Deus lhe deu, se torna réu de condenação, porque despreza um dom recebido e o deixa sem fruto” (LH, 4 abril).
Estando a viver a Semana de Oração pela Unidas dos Cristãos, é o Verbo, é a Palavra de Deus que une os crentes na fé e faz deles um só povo. Por isso, todas as Igrejas cristãs, todas as paróquias, comunidades religiosas, grupos de jovens, famílias e fiéis estão convidados a participar nesta iniciativa, rezando, agindo e refletindo na experiência dos Magos que vieram do Oriente para honrar o Verbo Encarnado, Jesus Cristo, o Senhor. Hoje celebramos Santa Inês, uma mártir do século III-IV, que deu a vida pela Palavra de Deus. Hoje, para além daqueles que testemunham diariamente o seu amor à Palavra e a procuram pôr em prática, continuamos a ter o testemunho de muitos mártires da fé.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 21-01-2022.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Os anos passam. E o que fica?




Os anos passam.

Que saibas olhar bem para ti. Para dentro de ti. Que saibas percorrer cada pedaço do teu coração, onde guardas (só) o que importa. O que importa de verdade.

Que saibas morar em cada abraço.

Que saibas abraçar cada mão dada.

Que saibas entregar-te em cada olhar.

Que saibas sentir cada sorriso.

Que saibas curar em cada beijo.

Que saibas amar as pessoas. As tuas pessoas. As que ficam. Sempre. Para sempre.

Que saibas tatuar corações com a tua vida.

Que saibas deixar que outras vidas te tatuem o coração.

Que saibas agradecer cada milagre.

Que saibas encontrar força para cada tempestade.

Que saibas viver e ser, sempre, com o coração.

Que saibas viver e ser, sempre, com amor.

Todos os dias.

Porque, enquanto os anos passam, é só isto que fica. E que te salva.

Sempre. Para sempre.

Que o saibas, também.



Daniela Barreira


quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Vaticano desafia comunidades católicas a promover caminho sinodal com atenção ao ecumenismo

«Rezar pela unidade, rezar pelo sínodo» é o mote lançado por organismos da Santa Sé



(Ecclesia) – O Vaticano desafiou as comunidades católicas a rezar pela unidade dos cristãos e a valorizar o ecumenismo no processo do Sínodo 2021-2023, lançado pelo Papa em outubro.

“De facto, tanto a sinodalidade como o ecumenismo são processos de caminhar juntos”, referem os cardeais Mario Grech e Kurt Koch, respetivamente secretário-geral do Sínodo dos Bispos e presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA pela sala de imprensa da Santa Sé.

Os responsáveis assinam uma carta conjunta que foi enviada, a 28 de outubro de 2021 a todos os bispos responsáveis pelo diálogo com as outras comunidades cristãs, apresentando sugestões para implementar a dimensão ecuménica do processo sinodal nas igrejas locais.

“Sempre que possível, na contribuição diocesana poderia ser inserida uma síntese das respostas dos responsáveis cristãos e dos delegados ecuménicos”, pode ler-se.

É sugerido que o bispo responsável pelo ecumenismo em cada Conferência Episcopal faça parte da equipa encarregada do processo sinodal e que “envie uma carta aos representantes das outras comunidades cristãs e dos Conselhos nacionais das Igrejas, convidando-os a participar”.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2022 (18-25 de janeiro), preparada pelo Conselho das Igrejas do Médio Oriente, com o tema ‘Vimos a sua estrela no Oriente e viemos prestar-Lhe homenagem’ (Mt 2,2), oferece “uma boa oportunidade para rezar com todos os cristãos para que o Sínodo promova o espírito ecuménico”, indica o comunicado divulgado pelo Vaticano.

“Como os Reis Magos, também os cristãos caminham juntos (synodos) guiados pela mesma luz celestial e enfrentando a escuridão do mundo. Também eles são chamados a adorar juntos a Jesus e a abrir os seus tesouros. Conscientes da nossa necessidade de sermos acompanhados pelos nossos irmãos e irmãs em Cristo e pelos seus muitos dons, pedimos-lhe que caminhem connosco durante estes dois anos e rogamos sinceramente que Cristo nos aproxime dele e que assim nos aproximemos uns dos outros”, referem os dois cardeais.

A carta conclui-se com uma proposta de oração para todas as comunidades católicas.

OC



Pai Celestial,

como os Reis Magos foram a Belém conduzidos pela estrela, que a tua luz celestial guie também a Igreja Católica durante este tempo sinodal, para que caminhe junto de todos os cristãos.

Como os Reis Magos estavam unidos na sua adoração a Cristo, aproxima-nos do Teu Filho, para que, mais próximos uns dos outros, sejamos um sinal da unidade que desejas para a Tua Igreja e para toda a criação. Pedimo-lo através de Cristo Nosso Senhor.

Amen.


terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Papa vai instituir leigos e leigas nos ministérios de leitor e acólito

Francisco vai presidir à celebração na Basílica no «Domingo da Palavra» 2022

Foto Vatican News



 (Ecclesia) – O Papa Francisco vai instituir leigos e leigas, de diferentes regiões do mundo, nos ministérios de leitor e acólito, na celebração do III Domingo da Palavra, dia 23 de janeiro, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (Santa Sé) assinala que, “pela primeira vez”, os ministérios de Leitor e de Acólito vão ser instituídos a leigos, homens e mulheres, através de um rito próprio, preparado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

O Papa estabeleceu que as mulheres tenham acesso aos ministérios de Leitor e Acólito com o motu proprio ‘Spiritus Domini’ que foi publicado a 11 de janeiro de 2021, e modifica o primeiro parágrafo do cânone 230 do Código de Direito Canónico.

Nesse documento e na carta para o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Francisco estabeleceu que os ministérios do Leitorado e do Acólito são abertos a leigos e leigos, “de forma estável e institucionalizada com mandato específico”, que nesta celebração se vai realizar e concretizar através de “um ato litúrgico”.

Na celebração deste domingo, presidida pelo Papa na Basílica de São Pedro, os candidatos vão ser chamados pelo nome e apresentados à Igreja, antes da homilia.

Depois da reflexão, a quem vai ser instituído no ministério de leitor recebe uma Bíblia, e aos catequistas é entregue uma cruz, reprodução da cruz pastoral usada por São Paulo VI e São João Paulo II, para “recordar o caráter missionário do serviço que se preparam para administrar”.

O Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização informa que vão receber o ministério de leitor, “em representação do Povo de Deus”, pessoas da Coreia do Sul, Paquistão, Gana, e de várias regiões da Itália.

No ministério de catequista vão ser instituídos dois leigos do Vicariato Apostólico de Yurimaguas (Peru), na Amazónia, dois fiéis do Brasil, uma mulher de Kumasi, no Gana, o presidente do Centro de Oratórios Romanos, fundado pelo catequista Arnaldo Canepa, e um leigo e uma leiga de Łódź (Polónia) e Madrid (Espanha), respetivamente.

O comunicado refere ainda a ausência de dois fiéis da República Democrática do Congo e do Uganda, por causa das restrições sanitárias da pandemia Covid-19, que afetam as viagens.

A celebração vai realizar-se no Domingo da Palavra de Deus, que o Papa instituiu no terceiro Domingo do Tempo Comum, quando a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerónimo, com a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio ‘Aperuit illis’, a 30 setembro 2019.

O Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização adianta também que Francisco vai oferecer aos presentes, a celebração está limitada a duas mil pessoas, um livro com um comentário dos Padres da Igreja sobre capítulos 4 e 5 do Evangelho de Lucas, publicado pela Edições San Paolo.

CB

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Sabermo-nos caminhantes





O caminhar pela vida traz, em todos os momentos, um arriscar perante o mistério do que nos espera, bem como do mistério daquilo que somos.

Quando nos arriscamos a caminhar verdadeiramente pela vida apercebemo-nos que ela não se realiza no centro dos nossos desejos, mas na partilha e na comunhão daqueles que, como nós, também caminham perante as suas incertezas. Numa convivência que ganha sentido quando despida de superioridades, julgamentos ou ambições.

Sabermo-nos caminhantes não nos diminui, mas coloca-nos, antes de mais, na certeza de que nos igualamos na diferença. E que a beleza se revela exatamente nesta possibilidade de nos intercetarmos com todas as nossas idiossincrasias.

Viver isto no dia-a-dia é desafiante e pode, inclusive, levar-nos a um sério questionamento sobre o que queremos, o que fazemos e o que procuramos. Mas arriscar nesta vivência de dirigir o nosso olhar para um todo e não somente para o nosso umbigo cheio de certezas ou de moralismos dar-nos-á a oportunidade de podermos ser mais. Mais humanos. Mais empáticos. Mais sensíveis. Mais presentes.

Sabermo-nos caminhantes. Todos e todas. E, desta forma, fazermos caminho que nos liberta, que nos cura e que nos renova. Sabermo-nos caminhantes para que ninguém fique para trás.

Hoje, antes de seguires solitariamente o caminho da tua vida, pergunta-te: quantos é que deixaste para trás? Quantos?


Emanuel António Dias

domingo, 16 de janeiro de 2022

AS BODAS DE CANÁ

 

https://www.youtube.com/watch?v=eTLSega7uRg

A liturgia de hoje apresenta a imagem do casamento como imagem que exprime de forma privilegiada a relação de amor que Deus (o marido) estabeleceu com o seu Povo (a esposa). A questão fundamental é, portanto, a revelação do amor de Deus.
A primeira leitura define o amor de Deus como um amor inquebrável e eterno, que continuamente renova a relação e transforma a esposa, sejam quais forem as suas falhas passadas. Nesse amor nunca desmentido, reside a alegria de Deus.
Viver em relação com o Deus-amor implica também dar testemunho, ser “profeta do amor”. Somos sinais vivos de Deus, com o amor que transparece nos nossos gestos? As nossas famílias são um reflexo do amor de Deus? As nossas comunidades anunciam ao mundo, de forma concreta, o amor que Deus tem pelos homens?
O Evangelho apresenta, no contexto de um casamento (cenário da “aliança”), um “sinal” que aponta para o essencial do “programa” de Jesus: apresentar aos homens o Pai que os ama, e que com o seu amor os convoca para a alegria e a felicidade plenas.
O que é que os nossos olhos e os nossos lábios revelam aos outros: a alegria que brota de um coração cheio de amor, ou o medo e a tristeza que brotam de uma religião de pesadelo, de leis e de medo?
A segunda leitura fala dos “carismas” – dons, através dos quais continua a manifestar-se o amor de Deus. Como sinais do amor de Deus, eles destinam-se ao bem de todos; não podem servir para uso exclusivo de alguns, mas têm de ser postos ao serviço de todos com simplicidade. É essencial que na comunidade cristã se manifeste, apesar da diversidade de membros e de carismas, o amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Como cristãos, somos todos membros de um único corpo, com diversidade de funções e de ministérios. A diversidade de “dons” não pode ser um factor de divisão ou de conflito, mas de riqueza para todos. Os “dons” que Deus nos concede são sempre postos ao serviço do bem comum, ou servem para nos auto-promover, para ganharmos prestígio aos olhos dos outros?
 Como consideramos “os outros” – aqueles que têm “dons” diferentes ou, até, aqueles que se apresentam de forma discreta, sem se imporem, sem “darem nas vistas”? Eles são vistos como membros legítimos do mesmo corpo que é a comunidade, ou como cristãos de segunda, massa amorfa a que não damos muita importância?

https://www.dehonianos.org/

sábado, 15 de janeiro de 2022

Tu só és tu quando ninguém está a olhar




Precisamos dos outros para desenvolvermos os nossos talentos. Precisamos dos outros para não estarmos, nem nos sentirmos, sós. Precisamos dos outros para, em conjunto com eles, encontrarmos respostas para os problemas, mistérios e adversidades da vida.

Se os outros são essenciais para chegarmos a ser quem podemos ser, é também verdade que só podemos admirar quem somos quando ninguém estiver a olhar-nos.

Quantas pessoas só fazem o bem porque buscam o aplauso interior de quem as vê?

É nos momentos em que estamos sós e ninguém pode saber o que estamos a fazer que somos realmente livres e a verdade do que somos se manifesta de forma quase assustadora.

Não te preocupes com o que pensam os outros, até porque só raras vezes eles são quem julgam ser. Nem de si sabem a verdade!

Um problema da opinião dos outros sobre nós é que pode influenciar a nossa opinião sobre quem somos. Mas não podemos dar muito crédito às palavras de quem não nos conhece bem nem, na verdade, se preocupa connosco.

Pouco importa o que pensam de ti. Importa o que és. Assim, também, cada um de nós deve assumir a responsabilidade de julgar por si mesmo, evitando ao máximo opiniões, ou pensamentos sequer, sobre o que não sabe.

Os santos são heróis que escolhem fazer o bem sem buscarem a admiração de alguém. Querem ser apenas quem podem ser de melhor, mesmo quando isso implica que percam a sua popularidade neste mundo. Os santos e os heróis não têm poderes especiais, apenas liberdade e coragem para definirem o seu caminho, por si mesmos, não pelo olhar dos outros.

Quando estiveres a ser demasiado parecido com os outros, preocupa-te, porque isso não é bom. A verdade é que és único e assim deves permanecer!

Pensa nos outros, mas pensa por ti próprio. Com humildade e sabedoria. Faz o bem que puderes, por quem possa precisar de ti. Mas se puderes fazê-lo sem que ninguém o saiba, melhor.

José Luís Nunes Martins



sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

E TANTOS O FAZEM POR ESSAS ESTRADAS FORA!...





A Cruz das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) caminha de braço dado com o ícone Salus Populi Romani, Salvação do povo romano. Um ícone bizantino que, com história milenar, retrata Maria com o Menino Jesus ao colo em gesto de quem está a abençoar. O original está em Roma, na Basílica de Santa Maria Maior, a primeira igreja do Ocidente dedicada à Virgem Maria. Foi mandada construir logo após o Concílio de Éfeso, no qual, em 431, Maria foi proclamada Mãe de Deus. Em Portugal, o santuário mariano mais antigo terá sido o de Nossa Senhora da Abadia, na freguesia de Santa Maria do Bouro, Amares, perto do Santuário de São Bento da Porta Aberta, em Rio Caldo, Terras de Bouro, no Gerês. Seria construído nos séculos VII e VIII, mas sobre o qual se levantou o atual santuário no século XVII, com cruzeiro no largo e os respetivos quartéis, hoje Museu de Arte Sacra e Etnográfico da Confraria de Nossa Senhora da Abadia.
O ícone Salus Populi Romani chama-se assim devido à devoção que o povo romano lhe presta. Muitas vezes tem sido levado em procissão pelas ruas de Roma a pedir a intercessão de Maria para afastar epidemias, perigos e desgraças. Como um dos símbolos mariológicos mais importantes da Igreja, sempre foi muito querido dos Papas.
Mais perto de nós, em 1953, o ícone foi levado em procissão através de Roma para festejar o primeiro ano mariano na história da Igreja Católica. No ano seguinte, em 1954, Pio XII instituiu a festa da Rainha dos Céus e teve um gesto simbólico de coroação do ícone, como, aliás, já Clemente III, nos finais de século XVI, havia tido essa iniciativa. Bento XVI venerou o Salus Populi Romani em diferentes ocasiões, pedindo à Virgem a sua intercessão para a Igreja e para o mundo. O Papa Francisco tem por ele uma devoção muito especial. Logo após a sua eleição à cátedra de Pedro, antes e depois de cada Viagem Apostólica ao estrangeiro, Francisco dirige-se à Basílica para um momento de oração, ajoelha-se diante desta imagem, não raro coloca flores no altar e lá vai noutras vezes em visita privada ou pública. Mas foi o Papa João Paulo II quem mais o divulgou. Ele mandara colocar e manter acesa dia e noite uma lâmpada de azeite sob a Virgem Salus Populi Romani. Na passagem do milénio, no ano 2000, o ícone esteve, pela primeira vez, na JMJ em Tor Vergata. No dia 13 de abril de 2003, Domingo de Ramos, celebrava-se o Dia Mundial da Juventude a nível diocesano. Nesse dia, um grupo de jovens da Alemanha estava em Roma para receber, dos Jovens de Toronto onde se tinha realizado a Jornada anterior, a Cruz peregrina para a preparação da JMJ2005, em Colónia. João Paulo II, depois da Missa na Praça de São Pedro, confiou publicamente a este grupo de jovens alemães não só a Cruz Peregrina, mas também o ícone da Virgem, dizendo: “Entrego também à delegação vinda da Alemanha o Ícone de Maria. Daqui em diante, juntamente com a Cruz, ele acompanhará as Jornadas Mundiais da Juventude. Eis a tua Mãe! Será sinal da presença materna de Maria ao lado dos jovens, chamados, como o apóstolo João, a acolhê-la na sua vida”.
A entrega da Mãe ao Apóstolo João tem, para São João Paulo II, um caráter solene e constitui como que o testamento espiritual de Jesus: "Eis a tua Mãe!" (Jo 19, 27). Foi sobre este pano de fundo que ele desenvolveu a Mensagem para o Dia Mundial da Juventude desse ano, dentro do Ano do Rosário, bem como o tema da homilia desse Domingo de Ramos. Se Jesus apresentou João a Maria como seu filho: “Mulher, eis aí o teu filho”, também apresentou Maria a João como sua Mãe: "Eis aí a tua Mãe!” E dessa hora em diante, o discípulo recebeu-a em sua casa, diz o Evangelista.
E João Paulo II reafirmou: “Prezados jovens, vós tendes mais ou menos a mesma idade de João, e o mesmo desejo de estar com Jesus. Hoje, é a vós que Cristo pede expressamente que recebais Maria "em vossa casa", que a acolhais "no meio dos vossos bens" ... É por este motivo que vos repito, também no dia de hoje, o lema do meu serviço episcopal e pontifical: "Totus tuus". Experimentei constantemente, durante a minha vida, a presença amorosa e eficaz da Mãe do Senhor; Maria acompanha-me em cada dia, no cumprimento da missão de Sucessor de Pedro.... Confiai-vos a ela com plena confiança! ... Na escola de Maria, haveis de descobrir o compromisso concreto que Cristo espera de vós, aprendereis a colocá-lo no primeiro lugar na vossa vida, orientando para Ele os vossos pensamentos e as vossas ações”.
Esclarecendo que o cristianismo não é uma opinião nem consiste em palavras vãs, mas que o cristianismo é Cristo, é uma Pessoa, é Aquele que vive, afirmou-lhes que a vocação cristã consiste em amá-lo e fazer com que Ele seja amado, contando com Maria que sempre ajuda a entrar numa relação mais forte e pessoal com Jesus.
Com profunda devoção a Maria, ele apontou aos jovens a sua oração preferida, aquela que sempre o acompanhou nos momentos de alegria e nas provações, em que sempre confiou e encontrou conforto, recordando-lhes: “no dia 16 de Outubro de 2002, proclamei o ‘Ano do Rosário’ e convidei todos os filhos da Igreja a fazer desta antiga oração mariana um exercício simples e profundo de contemplação do rosto de Cristo ... Hoje, entrego-vos espiritualmente, também a vós, queridos jovens, a coroa do Rosário. Através da oração e da meditação dos mistérios, Maria orienta-vos com segurança para o seu Filho! Não tenhais vergonha de recitar o Rosário sozinhos, ao irdes para a escola, a universidade ou o trabalho, ao longo do caminho e nos meios de transporte público; habituai-vos a recitá-lo entre vós, nos vossos grupos, movimentos e associações, porque ele anima e revigora os vínculos entre os membros da família. Esta oração ajudar-vos-á a ser fortes na fé, constantes na caridade, alegres e perseverantes na esperança”.
Sabemos que muitos jovens o rezam e tanta gente o faz em família, em comunidade e por essas estradas de Portugal e do mundo enquanto viaja. Esta certeza constitui também um apelo para quem, dizendo-se muito devoto de Fátima e tendo o terço pendurado no espelho do carro, o pôs de parte, esquecendo o pedido da Senhora: ‘Rezem o terço todos os dias”...
A Cruz das Jornadas Mundiais da Juventude e o ícone da Virgem Maria Salus Populi Romani, símbolos mundiais tão importantes pelo que significam e interpelam, chegarão à nossa Diocese no dia 30 de janeiro. Não vivas distraído, num desses lugares por onde vão passar a provocar momentos de oração, procura estar, é uma oportunidade única ...
Totus tuus Salus Populi Romani!...


D. Antonino Dias-  Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 14-01-2022.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Que eu aprenda a corrigir-me




Todos erramos. Mais ainda quando queremos julgar os outros.

É-nos mais fácil apontar erros aos outros do que encontrar e assumir os nossos. Como se o meu contributo para o mundo fosse o de ser juíz da vida dos outros e, com isso, ganhasse o direito de ter os defeitos todos, sem ter de os corrigir. Mas julgar alguém assim é fazer-lhe mal.

Como consegues tu saber tanto da vida dos outros para os julgares com tamanhas certezas?

É bem possível que estejas a ver mal e a pensar pior… é melhor apostares primeiro em ti, procurares os teus erros e vícios, encontrares estratégias para os vencer e, através do teu exemplo, e só do exemplo, inspirares os outros a fazer o mesmo nas suas vidas.

Aprenderás a perdoar-te e a perdoar. Isso é mesmo muito bom, até porque te dará uma perspetiva melhor da verdade das pessoas. Ninguém erra por querer, pois mesmo quando está a fazer o mal, pensa sempre estar a fazer o melhor. Talvez a maldade seja apenas uma espécie de ingenuidade, ou uma ignorância ou o fruto de uma espécie de complexo de superioridade, sem sentido nem fundamento.

Quem julga os outros como se fosse um tribunal ambulante, supondo que lhes vê os erros e que conhece os caminhos que os levam de onde estão para o bem, está, na verdade, a condenar-se a ser um mau juiz…

É comum que julguemos as nossas ações pelas intenções com que as pomos em marcha, mas julgamos as ações dos outros apenas pelo que eles fazem, sem procurar saber o porquê nem o para quê…

Há muitos que por terem sido injustiçados na sua vida, passam o tempo a fazer o mesmo aos outros… como se lhes tivesse sido agradável e proveitosa a maldade de que foram vítimas.

A mim, por vezes, basta-me pensar que não sou diferente daqueles que sinto vontade de condenar…

Há uma paz infinita em viver sem julgar ninguém, que poucos aproveitam!

Que eu aprenda a olhar para o que sou e para o que tenho feito e encontre formas de me corrigir e de me perdoar. Que eu aprenda a ser justo e bom comigo mesmo. A ter e a ser paz, na minha vida e na vida dos outros.


José Luís Nunes Martins


quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Para quando um tempo para ter tempo?



Ontem, como habitual, fui à missa da semana. É uma missa, como aqui já partilhei, da qual gosto muito. É perto do final da semana. Tem pouca gente e a simplicidade da celebração ajuda-me sempre a um maior encontro com Deus (mesmo quando ando desencontrado, de mim mesmo e d'Ele).

No entanto, ontem foi diferente. Era missa em celebração de um defunto com as cinzas e os familiares presentes. E todo aquele panorama mexeu muito comigo. Já há algum tempo que não estava em contacto com a morte.

Fui obrigado a desligar por completo. Coisa que ultimamente toda a correria do quotidiano, todas as preocupações e afazares não me têm permitido. Estava ali confrontado, novamente, com a finitude. Com o que de mais certo há em cada um de nós.

Pensava no quão rápido têm sido os meus dias. No quão fugazes têm sido as minhas presenças junto daqueles que amo. No quão acelerados têm sido os meus pensamentos.

"São outros tempos...". Pensava eu de alguma forma para justificar toda esta minha falta de tempo para ter tempo.

E, por isso, durante toda a missa fui rezando toda uma série de questões: porquê tanta corrida? Para quê tantos afazeres? Como é que nos deixamos envolver nesta rotina que nos retira o olhar de nós mesmos e dos outros? Será realmente preciso tudo isto? E no final de contas, o que é que conta?

Não vos quero deixar com falsas esperanças, por isso confesso que não obtive respostas. No entanto, acredito que todo aquele momento me foi oferecido por Ele. Para de certa forma encontrar de novo algum descanso. Algum silêncio. E, acima de tudo, para não me deixar de lembrar do Seu amor e do propósito que tem o dom da minha vida.

Por isso, hoje dirijo a mim e a ti a seguinte pergunta: para quando um tempo para teres tempo?


Emanuel António Dias

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Devemos agradecer tudo?


Ter uma atitude de gratidão perante aquilo que nos vai acontecendo é um desafio tremendo. É profundamente mais fácil agradecer as coisas boas que temos, os momentos de grande alegria, as conquistas, o concretizar de um sonho, o erguer de um projeto que se revela bem-sucedido e profícuo. Mesmo assim, temos tendência para não agradecer quando vivemos o bom. Quase como se não tivéssemos tempo para isso. Como se fosse obrigação da vida dar-nos tudo o que há de melhor. E logo a nós que somos tão bons e que fazemos tudo tão bem feito.

Mas adiante. Difícil mesmo é agradecer ou ter uma atitude de maior respeito por aquilo que nos acontece de mau. Pela doença. Pela perda. Pelo sonho que ficou só no pensamento porque ninguém acreditou nele. Pelo trabalho que deixou de ser o que imaginávamos. Pelos inúmeros desafios a que somos chamados, diária e repetidamente.

Como é que podemos agradecer o que é mau? Que sentido é que isso tem?

Pode ter algum. Se quisermos olhar para os desafios como etapas, como degraus, como um momento que terá algo para nos ensinar, estamos a receber a oportunidade de viver um momento difícil. Estamos a agradecer, de antemão, o que não sabemos ainda que nos trará mais sabedoria, mais experiência, mais vida.

Se, depois do choque inicial, olharmos para o que nos acontece com a coragem de quem diz: o que é que eu tenho para aprender com isto? Como é que eu posso ser melhor depois disto? Como é que eu posso fazer melhor quando isto passar? … Talvez nos seja possível suportar melhor a dor do que nos acontece, as pedras que nos ferem os pés quando caminhamos.

Agradecer nem sempre é simples. Nem sempre é óbvio. Nem sempre é possível. Enquanto mergulhamos na espiral da alegria, parece desnecessário dar graças. E enquanto somos arrastados no ciclone da nossa mágoa, parece impossível ver um dia sem tempestade.

No entanto, e sempre que nos for possível, vale a pena colar este post-it pequenino no coração, do lado de dentro do peito:

Ter uma atitude de gratidão perante aquilo que nos vai acontecendo é um desafio tremendo. É profundamente mais fácil agradecer as coisas boas que temos, os momentos de grande alegria, as conquistas, o concretizar de um sonho, o erguer de um projeto que se revela bem-sucedido e profícuo. Mesmo assim, temos tendência para não agradecer quando vivemos o bom. Quase como se não tivéssemos tempo para isso. Como se fosse obrigação da vida dar-nos tudo o que há de melhor. E logo a nós que somos tão bons e que fazemos tudo tão bem feito.

Mas adiante. Difícil mesmo é agradecer ou ter uma atitude de maior respeito por aquilo que nos acontece de mau. Pela doença. Pela perda. Pelo sonho que ficou só no pensamento porque ninguém acreditou nele. Pelo trabalho que deixou de ser o que imaginávamos. Pelos inúmeros desafios a que somos chamados, diária e repetidamente.

Como é que podemos agradecer o que é mau? Que sentido é que isso tem?

Pode ter algum. Se quisermos olhar para os desafios como etapas, como degraus, como um momento que terá algo para nos ensinar, estamos a receber a oportunidade de viver um momento difícil. Estamos a agradecer, de antemão, o que não sabemos ainda que nos trará mais sabedoria, mais experiência, mais vida.

Se, depois do choque inicial, olharmos para o que nos acontece com a coragem de quem diz: o que é que eu tenho para aprender com isto? Como é que eu posso ser melhor depois disto? Como é que eu posso fazer melhor quando isto passar? … Talvez nos seja possível suportar melhor a dor do que nos acontece, as pedras que nos ferem os pés quando caminhamos.

Agradecer nem sempre é simples. Nem sempre é óbvio. Nem sempre é possível. Enquanto mergulhamos na espiral da alegria, parece desnecessário dar graças. E enquanto somos arrastados no ciclone da nossa mágoa, parece impossível ver um dia sem tempestade.

No entanto, e sempre que nos for possível, vale a pena colar este post-it pequenino no coração, do lado de dentro do peito:

Sempre que puderes, agradece.

Quando não puderes, fecha os olhos e tenta outra vez amanhã.



Marta Arrais


domingo, 9 de janeiro de 2022

Festa do Baptismo do Senhor

 

https://www.youtube.com/watch?v=EadoCarhHmw

A liturgia deste domingo tem como cenário de fundo o projecto salvador de Deus. No Baptismo de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projecto do Pai, Jesus fez-Se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado, empenhou-Se em promover-nos para que pudéssemos chegar à vida plena.
A primeira leitura anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim… Animado pelo Espírito de Deus, Ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus. Tenho consciência de que cada baptizado é um instrumento de Deus na renovação e transformação do mundo? Estou disposto a corresponder ao chamamento de Deus e a assumir os meus compromissos quanto a esta questão, ou prefiro fechar-me no meu canto e demitir-me da minha responsabilidade profética? Os pobres, os oprimidos, todos os que “jazem nas trevas e nas sobras da morte” podem contar com o meu apoio e empenho?
• Convém não esquecer que a missão profética só faz sentido à luz de Deus e que tudo parte da iniciativa de Deus: é Ele que escolhe, que chama, que envia e que capacita para a missão… Aquilo que eu faço, por mais válido que seja, não é obra minha, mas sim de Deus; o meu êxito na missão não resulta das minhas qualidades, mas da iniciativa de Deus que age em mim e através de mim.

No Evangelho, aparece-nos a concretização da promessa profética veiculada pela primeira leitura: Jesus é o Filho/”Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito, e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude.
No Baptismo, Jesus tomou consciência da sua missão (essa missão que o Pai Lhe confiou), recebeu o Espírito e partiu em viagem pelos caminhos poeirentos da Palestina, a testemunhar o projecto libertador do Pai. Eu, que no Baptismo aderi a Jesus e recebi o Espírito que me capacitou para a missão, tenho sido uma testemunha séria e comprometida desse programa em que Jesus Se empenhou e pelo qual Ele deu a vida?

A segunda leitura reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projecto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra.
Jesus de Nazaré “passou pelo mundo fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio”. Nos seus gestos de bondade, de misericórdia, de perdão, de solidariedade, de amor, os homens encontraram o projecto libertador de Deus em acção… Esse projecto continua, hoje, em acção no mundo? Nós, cristãos, comprometidos com Cristo e com a sua missão desde o nosso Baptismo, testemunhamos, em gestos concretos, a bondade, a misericórdia, o perdão e o amor de Deus pelos homens? Empenhamo-nos em libertar todos os que são oprimidos pelo demónio do egoísmo, da injustiça, da exploração, da solidão, da doença, do analfabetismo, do sofrimento?

https://www.dehonianos.org/

sábado, 8 de janeiro de 2022

JOVEM, EIS A ESCADA QUE LEVA À PORTA ESTREITA....

 


A ampulheta do tempo para a Jornada Mundial da Juventude vai-se esvaziando muito mais rápido que aquelas que, pelo menos outrora, as instituições de ensino usavam nos exames orais, lembram-se?!... Bene dixisti!, dizia um dos jurados com olhos ensonados e sem ter ouvido nada...
Se agora não são os professores a causarem nervoso miudinho e a fazer com que os jovens apanhem a raposa, é a pandemia que faz os seus estragos. Os jovens do mundo inteiro viram adiado esse encontro mundial em Lisboa de 2022 para 2023. E mesmo agora ainda pairam algumas incertezas no entusiasmo crescente duma juventude jovem. Sim, e digo juventude jovem porque há por aí jovens muito envelhecidos, deixaram de sonhar sendo o sonho que comanda a vida! Mas tudo vai estando a postos, em movimento, com sensibilização e caminhada de preparação, com alegria e esperança. O Comité Organizador Local, de Lisboa, organiza e coordena a Jornada Mundial a nível nacional e internacional, com centenas de voluntários nacionais e estrangeiros. Cada Diocese tem o seu Comité Organizador Diocesano para sensibilizar, preparar e coordenar a caminhada a fazer. As obras para a logística, em Lisboa, já fazem o seu caminho sob a responsabilidade dos autarcas de Lisboa e de Loures. O trabalho pastoral entre os jovens do país já começou em cada Diocese. O desafio do Papa Francisco aquando da entrega dos símbolos a Portugal foi claro: “Queridos jovens, gritai com a vossa vida que Cristo vive, que Cristo reina, que Cristo é o Senhor! Se vos calardes, garanto-vos que gritarão as pedras!” (cf. Lc19,40).
O símbolo mais emblemático que, desde o princípio, tem acompanhado as Jornadas Mundiais da Juventude é a Cruz, também conhecida por Cruz dos Jovens, Cruz Peregrina, Cruz do Ano Santo, Cruz do Jubileu, Cruz das Jornadas. Posteriormente falarei do outro símbolo que é o ícone da Virgem Maria “Salus Populi Romani”, bem como falarei do logótipo e do Hino da Jornada em Lisboa. Se esta Cruz já carrega consigo uma rica história de evangelização, ela também torna presente a saudade do promotor de tais Jornadas Mundiais, São João Paulo II. No Ano Santo da Redenção em que se celebravam mil novecentos e cinquenta anos da Ressurreição de Jesus, ano que decorreu de 1983 a 1984, João Paulo II pediu a presença de uma grande Cruz próxima do altar principal da Basílica de São Pedro. Uma Cruz que, mesmo ao longe, pudesse ser vista por todos. E eis que lá foi colocada uma Cruz com 3,8 metros de altura, 175 cm na largura dos braços e com 31 kg de peso.
Após o encerramento da Porta Santa, em 1984, no Domingo de Ramos, ele confiou essa Cruz aos jovens de todo o mundo, ali representados pelos jovens do Centro Juvenil de São Lourenço, com sede ao lado da Praça de São Pedro, em Roma, dizendo: “Meus queridos jovens, ao concluir este Ano Santo, eu confio-vos o símbolo deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo fora como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciai a todos que só na morte e ressurreição de Cristo é que poderemos encontrar salvação e redenção”. Os jovens levaram a Cruz para o Centro Juvenil de São Lourenço, continuando a ser o lugar permanente da Cruz quando não está em peregrinação pelo mundo. De quando em vez e com o mesmo entusiasmo, São João Paulo II lembrava aos jovens a Cruz e a missão que lhes confiara nessa altura. E, de facto, carregada por mãos e corações generosos de jovens entusiastas, a Cruz tem realizado uma longa e ininterrupta peregrinação pelos continentes, para assim demonstrar que a Cruz caminha com os jovens e os jovens caminham com a Cruz. Ao longo destes anos, tem passado por muitíssimas partes do mundo, incluindo lugares muito sensíveis e problemáticos, devido às suas circunstâncias de guerra ou de outras causas de sofrimento e dor. A Cruz apresenta-se aí como sinal de fé, de esperança e comunhão. Transportada por terra, mar e ar, por jovens a pé ou pelos mais diferentes meios de transporte, tem passado por igrejas, comunidades cristãs, lugares públicos, centros de detenção juvenis, prisões, escolas, universidades, hospitais, monumentos, centros comerciais, por tudo quanto é sítio e se consegue levar como sinal evangelizador e de paz, interpelando e acompanhando os jovens e as comunidades nas suas mais diversas realidades, conforme o tempo e o espaço. Desde novembro de 2021 a Julho de 2023, a Cruz está entre nós a percorrer as dioceses portuguesas, ficando um mês em cada uma. Pelo meio, fará uma pausa, para estar na Peregrinação Europeia de Jovens, em Santiago de Compostela, nos dias 4 e 7 de agosto 2022.
A passagem desta Cruz pelas nossas dioceses significa também um caloroso convite dos jovens a todos os jovens e pessoas de boa vontade para que se unam em verdadeira comunhão nesta causa de viver e dar a conhecer o amor de Cristo por toda a humanidade. Quando falamos sobre a importância da Cruz, não falamos sobre o objeto em si, mas sobre o que nela aconteceu, tornando-se a escada e a porta por onde se sobe e entra no Paraíso. “Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida” (Mt 7, 14). E Santa Rosa de Lima dizia que “fora da cruz, não há outra escada por onde se suba ao céu”. Ela representa o amor de Jesus por nós, o preço que pagou para nos salvar. “Ele, que era de condição divina, não se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte, e morte de cruz” (cf. Fil 2, 1-11). A Cruz é a síntese de tudo quanto Jesus sofreu por nós, mesmo que continue a ser escândalo para uns e loucura para outros. O que o mundo considera vil e desprezível, aquilo que há de mais frágil e louco aos olhos do mundo, o que é tido como loucura e fraqueza de Deus, é o que Deus escolheu para confundir os sábios e os fortes e destruir tudo quanto, neste mundo, se pensa que é muito mais importante do que isso, sem prejuízo de dar importância às coisas da vida, boas ou menos boas. Quem se gloria, que se glorie no Senhor. Deus exaltou Jesus e deu-lhe “um nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (cf.1Cor, 19-31). Na Cruz está a plenitude da nossa salvação, por ela regressamos à dignidade original. E Jesus desafiou-nos: “se alguém quiser segui-Me, renuncie a si mesmo, pegue na sua cruz de cada dia e siga-Me” (Lc 9,23).
A Cruz da Jornada Mundial da Juventude e o ícone da Virgem Maria “Salus Populi Romani” são entregues à nossa Diocese, em Évora, no dia 30 de janeiro corrente. Chegam a Portalegre nesse mesmo dia à noite, mesmo sendo a noite que alimenta muitas esperanças eleitorais. Durante o mês de fevereiro, percorrerão a Diocese por lugares já determinados pelo Comité Organizador Diocesano, lugares mais acessíveis ao povo de Deus. A Diocese da Guarda vem recebê-los em 5 de março, em Castelo Branco, com concentração jovem e celebração a condizer. A todos os jovens e adultos com espírito jovem, o Senhor lhes diz pela boca da juventude jovem da nossa Diocese: se queres vir, ver, rezar e animar, pega na tua cruz e vem, é uma oportunidade única de, num desses lugares por onde vão passar, estares junto destes símbolos mundiais tão amados pelo que significam e interpelam ...

D. Antonino Dias . Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 07-01-2022.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Sonhar para recomeçar!



A viragem do ano enche-nos sempre de alegria e de esperança. Saber que chegamos ao fim de mais um ano e que um novo virá cria em nós a sede de podermos ser mais. De podermos recomeçar.

E esta também deveria ser a nossa postura no dia a dia. A de querermos sempre recomeçar. Nunca estamos inteiramente terminados para que não possamos recomeçar.

E esta forma de estar na vida é plenamente cristã. A fé em Jesus Cristo dá-nos a certeza de que não há nada na nossa vida ou na nossa história que esteja efetivamente morto. Tudo em nós pode renascer. Tudo em nós pode ganhar vida e cor tal como no momento em que nos preparamos para abrir as garrafas de champanhe e para bater com os tachos e as panelas (acredito que no Céu Jesus Cristo faça o mesmo todas as vezes decidimos dar uma nova oportunidade à vida, a nós e ao amor).

Recomeçar é esta tremenda coragem de permitirmos que a nossa vida seja preenchida por sonhos. E não há nada mais dinamizador que os sonhos. São eles que nos elevam para a autenticidade e para a plenitude da vivência.

São os sonhos que nos ajudam a travessar as nossas noites dando-nos a certeza de que haverá sempre um novo amanhã. Mesmo que às vezes surja no meio de um intenso nevoeiro (ou até com alguma ressaca como aquelas que às vezes temos na passagem de ano).

A viragem do ano é uma metáfora nas nossas vidas e para as nossas vidas. E termos consciência disso poderá dar-nos a motivação suficiente para durante todo o ano conseguirmos caminhar com o mesmo vigor.

Precisamos de recomeçar e de sonhar para que surja em nós uma vida esperançada.

Ainda dá para recomeçar e ainda há muito para se sonhar, por isso pergunto-te: que medos não farão parte deste teu novo ano? Que caminhos se abrirão neste teu recomeçar?


Emanuel António Dias


quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Francisco afirma que discriminação e perseguição religiosa «é inaceitável, é uma loucura»

«Ou somos irmãos, ou todos perdemos», alerta o Papa que apela a escolher o «caminho da fraternidade»



Cidade do Vaticano, 04 jan 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco convida a rezar por quem sofre “discriminação e perseguição religiosa”, num vídeo divulgado hoje, com a sua intenção de oração para o mês de janeiro, onde apela à fraternidade.

“Rezemos para que as pessoas que sofrem discriminação e perseguição religiosa encontrem nas sociedades que vivem o reconhecimento e a dignidade que nasce de ser irmãos e irmãs”, pede Francisco, no primeiro ‘Vídeo do Papa’ de 2022, enviado à Agência ECCLESIA, pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

No vídeo com a intenção de oração para o mês de janeiro, o Papa começa a questionar como é possível que hoje “muitas minorias religiosas sofram discriminação ou perseguição”.

“Como permitimos que nesta sociedade altamente civilizada existam pessoas que são perseguidas simplesmente por professar publicamente sua fé?”, pergunta ainda.

“Isso não só é inaceitável, é desumano, é uma loucura”, acrescenta o Papa.

Francisco explica que a liberdade religiosa “não se limita à liberdade de culto”, a que se possa participar num culto “no dia prescrito pelos seus livros sagrados”, mas faz valorizar os outros nas suas diferenças e “reconhecê-los como verdadeiros irmãos”.

O Papa pede que uma pequena diferença, “ou uma diferença substancial como a religiosa”, não obscureça a grande unidade de ser irmãos.

“Vamos escolher o caminho da fraternidade. Porque ou somos irmãos, ou todos perdemos”, alerta Francisco no final do vídeo com a intenção de oração para o mês de janeiro.


                                                             
No final de 2021, num balanço do ano, o presidente da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre realçou que a necessidade de “defender o direito à liberdade religiosa”, alertando que o terrorismo e a violência impedem “a Igreja de realizar o seu trabalho pastoral e social”.

Thomas Heine-Geldern, em declarações enviadas à Agência ECCLESIA, indicou que a situação “continua a ser bastante dramática” nos países da região Africana do Sahel, em Moçambique, Nigéria, no Iraque, Síria, Líbano, e na Índia.

A fundação pontifícia AIS no ‘Relatório sobre Liberdade Religiosa no Mundo’, publicado em abril de 2021, contabiliza que a liberdade religiosa “é violada num terço dos países do mundo, onde vivem cerca de 5,2 bilhões de pessoas”, e que mais de 646 milhões de cristãos vivem em países onde a liberdade religiosa não é respeitada.

Todos os meses é divulgada uma intenção de oração do Papa e ao longo de 2022, Francisco vai rezar, por exemplo, pela resposta cristã aos desafios da bioética, pelos profissionais de saúde, pela fé dos jovens, pelos pequenos e médios empreendedores, a abolição da pena de morte, e pelas crianças que sofrem.

CB/PR

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

É sempre tempo de fazer Natal




O Natal que celebramos por estes dias remete-nos para o momento em que Deus se fez homem, tendo vindo viver a nossa vida e morrer da nossa morte, e morte de cruz. Mas, só isso? Não. Este homem que é Deus trouxe-nos uma mensagem simples:

Que o amor é uma condição essencial à felicidade, que ninguém se cumpre em pleno sem amor, que só é rico quem dá tudo, que amar é dar-se. Mais, veio dizer-nos que esta vida faz parte de outra, maior, que começou muito antes de nós e que existe para lá dos fins desta. Que somos eternos e amados, assim tenhamos a humildade de nos reconhecer como tal, e encontremos nos outros aquilo que em cada um deles é sublime e os amemos. Mais ainda aos que costumam ser esquecidos pela maior parte de nós.

Ora, ninguém deve esperar pelo Natal para cuidar e se reconciliar com a sua família.

Porque será que ainda há pessoas que se deixam levar pelo calendário ao ponto de só fazerem o que este lhes manda? Quem não for capaz de escolher o que julga ser o melhor a qualquer momento, ainda que com erros, muitos, não tem o discernimento mínimo para apontar a sua vida para a felicidade. Talvez nem seja digno dela.

Viver é sonhar e realizar a sua história, não é ser uma espécie de marioneta que só faz o que outros querem.

Por vezes é tempo de abrir as portas e… sair do conforto e de nos fazermos próximos de quem está distante… à espera de alguém como nós.

És tão necessário em tua casa como em muitos lugares bem longe dela.

Sempre que alguém vai ao encontro de outro, para lhe estender a mão, cumprindo a esperança do amor, nasce entre nós mais luz, e… faz-se Natal. E jamais deixará de o ser enquanto num qualquer canto escondido do mundo, o egoísmo de muitos for vencido por um gesto de amor de um só.

O amor é eterno e está aqui. Sempre.

Precisa de ti e de mim para chegar aos outros.



José Luís Nunes Martins