quinta-feira, 2 de abril de 2015

Páscoa – O Senhor nos convida a servir




A cada ano, como Igreja somos convocados a reavivar o mistério Pascal em nossas vidas. Mistério pelo qual recompomos nossas forças espirituais, reavivamos nossas expectativas mais íntimas e reafirmamos nosso propósito de cooperar na construção de uma sociedade mais fraterna e acolhedora, onde os princípios evangélicos possam nortear nossas acções nos direccionando a uma verdadeira abertura ao próximo.


Abertura essa, que evidencie a disposição de assumirmos um projecto, não qualquer projecto, mas um projecto que dê sentido pleno a nossa vida, revigore nossas energias para transformação e favoreça nossas relações interpessoais nos encaminhando a uma verdadeira comunhão; que nos é traduzido por Reino de Deus.

Deste modo, o ciclo pascal, nesse tempo quaresmal que acabamos de vivenciar, muito possibilitou essa ação, ao nos trazer a pertinente reflexão da CF deste ano de 2015, Fraternidade: Igreja e Sociedade, com o lema: “Eu vim para servir (cf. Mc 10,45)”. Uma Igreja em constante saída que se coloca à serviço da vida com o intuito de levar a paz por meio de sua acção solidária e participativa. Muito pertinente, pois nos propõe atitudes concretas de um intenso agir missionário em contramão com atitudes de fechamento e intolerância marcam nossa sociedade.

A experiência da Páscoa que a partir de hoje iremos vivenciar com maior intensidade em nossos actos litúrgicos, devem nos levar a uma verdadeira acção regeneradora em nosso modo de pensar, conduzindo-nos a uma postura mais agregadora e serviçal, como mostra em sua vida nosso Mestre e Senhor, Jesus Cristo. Não devemos apenas viver como expectadores de seu projecto o qual, certamente, admiramos, mas que, por ocasiões, podemos não assumimo-lo plenamente como nosso. Devemos sim participar de seu projecto, de seu Reino, celebrado e iniciado nos cultos de nossas inúmeras comunidades, e expandi-lo para as realidades mais necessitadas da Palavra que salva e da acção fraterna que liberta.

Certamente não é fácil em nosso tempo, superarmos esquemas utilitaristas que se convergem em acções mesquinhas e individualistas denotando um ambiente de profunda insegurança, incerteza e fechamento. Num momento de desconfiança e pessimismo, evidenciemos nossa fé a partir de um testemunho concreto da caridade cristã que se acentua no cuidado e comprometimento com aqueles que mais sofrem e são injustiçados.

A alegria pascal vivenciada concretamente em nossas celebrações litúrgicas a cada semana devem nos fazer convergir para um comprometimento verdadeiro, destemido e amoroso em nossas realidades, em uma atitude de constante abertura e saída para além de nós mesmos descobrindo outros campos de missão como nos aponta nosso querido papa Francisco.

Hoje, a partir consagração dos óleos que servirão para ungir um povo caminheiro, fatigado, mas alegre pois é sempre esperançoso na acção divina, reafirmamos nosso compromisso ao Deus que estabelece connosco uma única e eterna Aliança (Cf. Is 61, 8b), trazendo conforto, alívio e determinação para a superação das dificuldades e conflitos nos estimulando a uma prática solidária.

Não nos desencorajamos com as atitudes de intolerância e descrédito na bondade humana, que por vezes tem ecos maiores que a mensagem evangélica. Mas, testemunhemos a partir de uma práxis servidora por meio de nossas acções pastorais a alegria de Igreja inquieta por salvaguardar a dignidade reanimando-nos sempre para a missão e seus novos desafios.

Celebrar a Páscoa é assumir a abundância da vida nos dada por Deus, na alegria de expressar nossa fé em comunhão com todos! Participemos com amor e dedicação desses grandes momentos que manifestam a núcleo na nossa fé: Paixão-Morte-Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deixemo-nos, na celebração desses sagrados mistérios, nos fecundar pela graça divina para que frutifiquemos nossas comunidades com amor concreto convertido em serviço ao mais necessitado.

Vamos proclamar a alegria da Ressurreição do senhor neste domingo de Páscoa: aclamaremos “Cristo ressurgiu! Não está morto, mas é o Vivente”. Ao chegar este grande dia veremos que Ele é a novidade, e N’Ele tudo se renova, pois eis que Cristo nossa Páscoa foi imolado.

Assim, a maior festa de toda a cristandade é a ressurreição de Jesus Cristo, pois se trata de um acontecimento que está no centro da experiência religiosa que Jesus Cristo fez de Deus, é o cume do caminho feito por Ele. Com sua ressurreição os seguidores de Jesus descobrem quem Ele é, qual sua missão e qual é seu futuro.

Autor: Dom Vilson Dias de Oliveira

Bispo de Limeira (SP)

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