Texto completo da vídeo-mensagem do Papa Francisco aos participantes do Congresso internacional "Juntos pela Europa"
"Caros amigos de Juntos pela Europa
Sei que muitos Movimentos e Grupos estão reunidos em Munique, na Baviera, provenientes de várias Igrejas e Comunidades, para um encontro intitulado: “Encontro - Reconciliação - Futuro”.
Vocês têm razão. É hora de unir-se para enfrentar as problemáticas do nosso tempo com verdadeiro espírito europeu. Além de alguns muros visíveis, reforçam-se também aqueles invisíveis, que procuram dividir este continente. Muros que se erguem nos corações das pessoas. Muros feitos de medo e de agressividade, de falta de compreensão pelas pessoas de diferentes origens ou convicções religiosas. Muros de egoísmo político e econômico, sem respeito pela vida e a dignidade de cada pessoa.
A Europa encontra-se num mundo complexo e fortemente em movimento, sempre mais globalizado e, portanto, cada vez menos eurocêntrico.
Se reconhecemos estas problemáticas epocais, devemos ter a coragem de dizer: precisamos de uma mudança! A Europa é chamada a refletir e a questionar-se se o seu imenso patrimônio, permeado de cristianismo, faz parte de um museu, ou se ainda é capaz de inspirar a cultura e de doar os seus tesouros à humanidade inteira.
Vocês estão reunidos para examinarem juntos estes desafios abertos na Europa e para apresentar os testemunhos da sociedade civil que trabalha em rede para o acolhimento e a solidariedade para com os mais fracos e desfavorecidos, para construir pontes, para superar os conflitos declarados ou latentes.
A história da Europa é um encontro constante entre Céu e Terra, que sempre caracterizou o homem europeu: o Céu indica abertura ao Transcendente, a Deus; e a Terra representa a sua capacidade prática e concreta de enfrentar situações e problemas.
Também vocês, Comunidades e Movimentos cristãos nascidos na Europa, são portadores de multíplice carismas, dons de Deus a serem colocados à disposição. “Juntos pela Europa” é uma força de coesão com o objectivo claro de traduzir os valores básicos do cristianismo como resposta concreta aos desafios de um continente em crise.
O estilo de vida de vocês se fundamenta no amor mútuo, vivido com radicalismo evangélico. Uma cultura da reciprocidade significa examinar-se, estimar-se, acolher-se, ajudar-se reciprocamente. Significa valorizar as variedades dos carismas, de modo a convergir para a unidade e enriquecê-la. A presença transparente e tangível de Cristo entre vocês, é o testemunho que leva a crer.
Toda unidade autêntica vive da riqueza das diversidades que a compõe — como uma família, que é sempre mais unida à medida que cada um de seus membros não tem medo de ser completamente ele mesmo. Se a Europa inteira quer ser uma família de povos, que coloque no centro a pessoa humana, que seja um continente aberto e acolhedor, que continue realizando formas de cooperação não só económica mas inclusive social e cultural.
Deus traz sempre novidades. Quantas vezes vocês já experimentaram isso em suas vidas! Estamos também hoje abertos às suas surpresas? Vocês, que responderam com coragem ao chamado de Deus, são chamados a mostrar a sua novidade na vida, fazendo florescer os frutos do Evangelho, frutos que brotaram das raízes cristãs que, há 2000 anos, nutrem a Europa. E trarão frutos ainda maiores! Mantenham o frescor dos seus carismas; mantenham vivo este “Juntos” de vocês, dilatando-o! Façam com que as suas casas, as suas comunidades e cidades sejam laboratórios de comunhão, de amizade e de fraternidade, capazes de integrar, abertos ao mundo inteiro.
Juntos pela Europa? Hoje isso é mais necessário do que nunca. Na Europa de tantas nações, vocês testemunham que somos filhos do único Pai e irmãos e irmãs entre nós. Sejam uma semente preciosa de esperança para que a Europa redescubra a sua vocação de colaborar para a unidade de todos."
[Imissio com Rádio Vaticano - Programa Brasileiro]
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