segunda-feira, 17 de agosto de 2020

O que é que sentimos?



O que é que sentimos? O que é que sentimos quando bem longe de nós o mundo parece estar a desabar? Catástrofes destroem a vida de tantos e tantas. Explosões e guerras retiram o lar de quem grita por uma liberdade plena. Interesses mundanos roubam a possibilidade de muitos virem a ter uma refeição durante o seu dia.

O que é que sentimos? O que é que sentimos quando a miséria e o desastre não é connosco? É que as partilhas e os likes ainda não instauram a paz, nem mudam as mentalidades tantas vezes embebidas no ódio e na vingança. É que a nossa falta de interesse não atenua, nem elimina os problemas daqueles que são obrigados a fugir para pelo menos sobreviverem.

O que é que sentimos? O que é que sentimos quando nos chegam imagens de crianças esquecidas por todos nós? Continua a ser roubada a infância a muitas delas. Continua a ser eliminada a possibilidade de poderem vir a sonhar com o seu futuro. De poderem rir e brincar sem se preocuparem com as suas vidas e com as vidas daqueles que amam.

O que é que sentimos? O que é que sentimos quando um sem abrigo nos aborda? Saímos de peito cheio a reclamar pelas suas opções de vida ou entramos verdadeiramente nas suas vidas? É sempre muito mais fácil ficar do lado de fora. Ficar do lado em que não se tem de sentir o cheiro. Ficar do lado em que as nossas entranhas não têm de se contorcer por tantas histórias de vida desalinhadas por tantos acontecimentos.

O que é que sentimos? O que é que sentimos quando Lhe levamos tudo isto em oração? Como é que Lhe falamos dos outros? Como é que Lhe pedimos pelos outros? É verdade que muitos de nós têm os seus problemas, as suas dificuldades e as suas dores que também merecem ser escutadas e olhadas, mas encontremos nas nossas feridas a capacidade de sabermos pedir pelo outro.

O que é que sentimos quando as palavras não nos chegam e a nossa humanidade nos confronta com tamanha fragilidade? Espero que sintamos tudo isto com empatia e compaixão e lhes deixemos falar ao nosso coração!


Emanuel António Dias

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