domingo, 16 de agosto de 2020

Misericórdia de Deus




A liturgia do 20º Domingo do Tempo Comum reflecte sobre a universalidade da salvação. Deus ama cada um dos seus filhos e a todos convida para o banquete do Reino.
Na primeira leitura, Jahwéh garante ao seu Povo a chegada de uma nova era, na qual se vai revelar plenamente a salvação de Deus. No entanto, essa salvação não se destina apenas a Israel: destina-se a todos os homens e mulheres que aceitarem o convite para integrar a comunidade do Povo de Deus.
A Igreja é a comunidade do Povo de Deus. Todos os seus membros são filhos do mesmo Deus e irmãos em Jesus, embora pertençam a raças diferentes, a culturas diferentes e a extractos sociais diferentes. No entanto: todos são lá acolhidos da mesma forma? O rico e o pobre são sempre tratados da mesma forma nas recepções das nossas igrejas? Aqueles que têm comportamentos considerados social ou religiosamente incorrectos são sempre tratados com amor e acolhidos com respeito nas nossas comunidades cristãs, ou são tratados como cristãos de segunda?
O Evangelho apresenta a realização da profecia do Trito-Isaías, apresentada na primeira leitura deste domingo. Jesus, depois de constatar como os fariseus e os doutores da Lei recusam a sua proposta do Reino, entra numa região pagã e demonstra como os pagãos são dignos de acolher o dom de Deus. Face à grandeza da fé da mulher cananeia, Jesus oferece-lhe essa salvação que Deus prometeu derramar sobre todos os homens e mulheres, sem excepção.
Se Deus não discrimina ninguém, mas aceita acolher à sua mesa todos os homens e mulheres, sem distinção, porque não havemos de proceder da mesma forma? Particular cuidado e atenção devem merecer-nos os imigrantes que não falam a nossa língua, que não têm casa, que não têm trabalho, que sentem a ausência da família e dos amigos, que são perseguidos pelas redes que exploram o trabalho escravo... O convite que Deus nos faz é que vejamos em cada pessoa um irmão, independentemente das diferenças de cor da pele, de nacionalidade, de língua ou de valores.
A segunda leitura sugere que a misericórdia de Deus se derrama sobre todos os seus filhos, mesmo sobre aqueles que, como Israel, rejeitam as suas propostas. Deus respeita sempre as opções dos homens; mas não desiste de propor, em todos os momentos e a todos os seus filhos, oportunidades novas de acolher essa salvação que Ele quer oferecer.
Este texto convida-nos - implicitamente - a não nos arvorarmos em juízes dos nossos irmãos. Por um lado, porque o comportamento tolerante de Deus nos convida a uma tolerância semelhante; por outro, porque aquilo que nos parece estranho e reprovável pode fazer parte, em última análise, dos projectos de Deus.


https://www.dehonianos.org/


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