terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

A origem da festa de Nossa Senhora da Luz



No dia 2 de Fevereiro, celebramos a festa de Nossa Senhora da Luz e também de Nossa Senhora da Candelária e de Nossa Senhora das Candeias. Estas coincidem com a festa da Apresentação do Senhor Jesus Cristo e a da Purificação da Santíssima Virgem Maria, justamente por causa da íntima ligação existente entre elas. Além dessas, no mesmo dia celebramos Nossa Senhora dos Navegantes e Nossa Senhora da Boa Viagem. Estes dois títulos tem sua origem na invocação da Virgem Maria como “Estrela do Mar”. A devoção a Senhora dos Navegantes e a da Boa Viagem cresceram de modo especial no tempo das Cruzadas e posteriormente com as grandes navegações dos portugueses e espanhóis pelo mundo.

A princípio, pode parecer que não há ligação entre todas essas festas. No entanto, há um tema que é recorrente em todas, com o qual podemos ligá-las entre si. Trata-se do tema da “luz”, que aparece por diversas vezes nas Sagradas Escrituras, especialmente no livro do profeta Isaías, no Evangelho segundo Lucas e no Evangelho segundo São João. Neste último, o tema é tratado de modo profundíssimo. À luz da Palavra de Deus, compreenderemos a importância dessas festas não somente na vida da Igreja, mas também na vida de cada um de nós. Pois, o tema da luz diz respeito não somente a Jesus Cristo e a Virgem Maria, mas também a cada um de nós, que devemos ser “filhos da luz”1.

A origem da festa de Nossa Senhora da Luz

A festa de Nossa Senhora da Luz, que historicamente tem início da Idade Média, tem sua origem teológica na Palavra de Deus. Pois, a Virgem Maria deu à luz o Filho de Deus, que foi profetizado como “luz das nações”2: “Não basta que sejas meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel; vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo”3. No dia da Apresentação de Jesus no Templo, na qual também aconteceu a Purificação de Nossa Senhora, o velho Simeão, inspirado pelo Espírito Santo, reconheceu naquele Menino esta “luz das nações”, que esperava ardentemente: “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel”4.

Na sua vida pública, o próprio Jesus reconhece esta vocação, quando diz de si mesmo: “Eu sou a luz do mundo; [em seguida, o divino Mestre diz também a nossa respeito:] aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”5. Em outra ocasião, o Mestre também disse: “enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”6. Noutra passagem, Cristo diz dessa vocação não a respeito de si mesmo, mas em relação a todos nós: “Vós sois a luz do mundo”7. Nos Atos dos Apóstolos, Paulo e Barnabé assumem esta vocação, quando dizem: “Pois assim nos ordenou o Senhor: Eu te estabeleci como luz das nações, para que sejas portador de salvação até os confins da terra”8.

Ora, se todos nós, filhos de Deus, somos chamados a ser luz para as nações, muito mais devemos considerar Maria, a Mãe de Jesus, como Virgem da Luz, pois ela deu a vida Àquele que é a “Luz do mundo” por excelência, o Salvador da humanidade. Por este motivo, com muita razão veneramos a Mãe de Jesus com os títulos de Nossa Senhora da Luz, das Candeias, da Candelária, pois todos estes nomes remetem ao tema da “luz”, que em última instância é o próprio Cristo, tão importante em tempos de trevas como os nossos. Dessa forma, Nossa Senhora se apresenta a nós como luz, que nos conduz a Jesus Cristo, Àquele que é “Luz das nações”. Pois, foi Ele quem disse: “Ninguém acende uma lâmpada e a põe em lugar oculto ou debaixo da amassadeira, mas sobre um candeeiro, para alumiar os que entram”9. A Virgem Maria é essa luz, acesa pelo próprio Cristo na Igreja e no mundo, para iluminar as trevas do pecado e da ignorância e nos conduzir a Ele.

Nossa Senhora: Mãe da Luz do mundo


O “Pai das misericórdias”12 quis a livre aceitação de Nossa Senhora do mistério da Encarnação13, para que, do mesmo modo que uma mulher contribuiu para a morte, outra mulher contribuísse para a vida; da mesma forma que pela Virgem Eva entraram as trevas na Terra, pela Virgem Maria entrasse Jesus Cristo, a Luz do mundo. “É o que se verifica de modo sublime na Mãe de Jesus, dando à luz do mundo a própria Vida, que tudo renova”14. Por isso, podemos chamar Maria de Mãe da Luz, de Jesus Cristo, que veio iluminar as nossas trevas e as trevas do mundo.

Como vimos anteriormente, esta vocação de ser luz para o mundo não se limita a Jesus Cristo e a Virgem Maria, mas diz respeito a todos nós cristãos. Se somos chamados, à semelhança de seu Filho, a ser luz do mundo, consequentemente temos que reconhecer a maternidade de Nossa Senhora como um vínculo necessário. Pois, a Mãe de Deus gerou Jesus Cristo, a luz do mundo, a luz das nações, e deve gerar-nos também, se queremos ser “filhos da luz”15.

Como filhos de Maria, filhos da luz, temos uma alta vocação, à qual somos chamados a corresponder com fidelidade: “Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais. Mas vigiemos e sejamos sóbrios. Porque os que dormem, dormem de noite; e os que se embriagam, embriagam-se de noite. Nós, ao contrário, que somos do dia, sejamos sóbrios. Tomemos por couraça a fé e a caridade, e por capacete a esperança da salvação. Porquanto não nos destinou Deus para a ira, mas para alcançar a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo”

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