quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Se tu manténs o silêncio, faz isso por amor



A era da internet, do whatsapp, das redes sociais permitiu-nos aproximar-nos dos nossos que estão mais distantes; permitiu-nos divulgar os nossos dons na escrita, na pintura, na fotografia, no vídeo; permitiu-nos dar a conhecer os nossos atributos e qualidades, bem como as nossas opiniões… O que é fabuloso!

No entanto e ao mesmo tempo, predispôs-nos para o pior que há no ser humano: conhecedores multifacetados de tudo o que é ciência, sabedoria e conhecimento; peritos na interpretação do que o outro pensa ou da circunstância que vive; juízes das ideias ou escolhas que os outros fazem, ou no mínimo, advogados de acusação e raramente de defesa quando pensa o meu contrário.

Dói ouvir as mesmas noticias acerca da pandemia. Repetitivas ou em diferentes texturas consoante o especialista na matéria. Nunca, como nos nossos dias, se viu tanta gente que percebe de vírus e do seu combate; de confinamentos e de vacinas; de culpa e de culpados… Se saltarmos para as redes sociais, a variedade destes espertos excedem a nossa imaginação.

Precisamos de Silêncio. Silêncio que não significa dizer nada. Precisamos daquele silêncio que é a inexpressividade do que se está a viver, pois nem sempre as palavras explicam. Aquele silêncio que não é a ausência de palavras, mas a riqueza de uma presença que dá plenitude à vida, um sentimento que envolve toda a pessoa e sintetiza cada palavra humana. Tal como na oração mais intima com Deus. Silêncio habitado por Deus.

Este silêncio, preenchido pelo Espírito Santo, permite-nos sair de nós próprios, sem dispersão e ajuda-nos a entrar em relação com os nossos irmãos e falar palavras que dão e geram vida. É o silêncio da empatia, da proximidade, da solidariedade, da unidade…

Sem este silêncio, muitas vezes, as nossas palavras são palavras vazias, estéreis ou pior, como diz o Papa Francisco, «mortais, fruto de uma interioridade dissipada e despedaçada, incapaz de escutar a vida, os irmãos, as irmãs, Deus. Neste caso as nossas palavras podem tornar-se semelhantes a facas que ferem e criam conflitos. Quantas vezes já passamos por isso!»



Termino citando Santo Agostinho:


«Ama e faz o que quiseres.

De uma vez por todas, uma pequena regra é exigida de ti: ama e faz o que desejas.


Se tu manténs o silêncio, faz isso por amor;


Se gritas, fá-lo por amor;

Se corrigires, corrigirás com amor;

Se perdoares, perdoarás com amor;

Se evitas punir, faz isso por amor.



Cultiva em ti a planta do amor, pois dela só poderá vir o que é verdadeiramente bom.

Por amor.


Quem ama nunca faz o mal, e é para o bem que nascemos.»

Paulo J. A. Victória

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