quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O que estás a fazer com o teu tempo?



Vivemos os nossos dias como se a vida não estivesse (sempre) para acabar. Vivemos como se nos sentíssemos heróis. Heróis invencíveis que são senhores de tudo e de todos.

Ainda não conseguimos desligar o botão da nossa arrogância, da nossa prepotência, da nossa síndrome de seres inabaláveis.

O outro interruptor que também ainda não desligámos é o que nos permite ter tempo para pensar no que estamos a fazer, na forma como estamos a viver a nossa vida, na maneira de gastar os dias e as horas que vamos tempo. Não conseguimos apagar a luz para descansar. É como se o nosso corpo e a nossa cabeça estivessem sempre alerta para trabalhar mais um par de horas, para ser produtivos durante mais um par de dias, para dar provas da invencibilidade e do ritmo do nunca-parar.

Muitas vezes, não temos noção do círculo viciado em que estamos mergulhados. Outras vezes temos, mas não sabemos como saltar do carrossel em andamento, como mergulhar noutras águas, como abandonar a turbulência que nos domina.

Talvez valha a pena cortar o círculo. Pôr uma pedra forte na engrenagem do carrossel. Avistar o azul claro de águas novas.

Precisamos de nos dar conta do que à nossa volta para fazer, para além do que fazemos sempre.

Precisamos de nos deixar abrandar. De deixar fatias do nosso tempo por preencher, por usar, por estrear.

Não fazer nada também é usar bem o tempo que se tem, sabias?



Marta Arrais

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