quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Estar vivo



Ás vezes, tenho a sensação de que estamos de pé mas estamos mortos na vida. E isto, leva-me a pensar que nós somos e estamos mais vivos, quando estamos mais conscientes, quando estamos presentes onde devemos estar e nem sempre é assim. Ás vezes, estamos mas não estamos. Estamos repartindo tantos afazeres que no fundo estamos em tudo e em nada ao mesmo tempo. A nossa ansiedade reparte-nos, impede-nos de estarmos num todo, na verdadeira essência, naquilo que a vida está a convidar para viver. É muito comum nos dias de hoje que a nossa ansiedade nos posicione no passado ou no futuro, mas nunca no presente. É somente no presente que a vida é real. Viver no presente é um benefício, é estar onde se está, com quem se está, fazendo o que precisa ser feito. A nossa ressurreição está na nossa vida interior. A vida pública que levamos, muitas vezes mata, cansa, esgota. A vida particular restaura, devolve-nos ao útero da nossa mãe, gera-nos de novo. E o que eu gosto de fazer nessa vida interior? Gosto de ler, estudar, ouvir música, comer de forma consciente, e procuro ter uma actividade física. Eu descobri que preciso ser amigo do meu corpo e, sendo amigo do meu corpo, eu favoreço o meu espírito. Enquanto Deus permitir, eu vou cuidar do espírito no meu corpo. As pessoas sentem-se cada vez mais vítimas, o dia todo. Todas as vezes que a dor bate á porta, a nossa primeira reação é acreditar que nós não merecemos isto. Mas quem disse isso? Todas as pessoas sofrem. Porquê que eu também não vou sofrer? Todas as pessoas perdem. Porquê que eu não vou perder? Todas as pessoas em algum momento da vida sofrem. Sejamos mais realistas. Em vez de trabalharmos a vitimizaçao, trabalhemos o corpo e o espírito para enfrentar a dor com consciência, fortaleza, e se preciso mesmo enfrentar a dor com a dor.

RicardoEsteves.padre

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