terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Ser «página» do Evangelho



A vivência da fé é indissolúvel daquilo que nos define como pessoas. Os cristãos não dão testemunho apenas nas suas comunidades paroquiais ou junto daqueles que partilham a mesma fé. Ser-se cristão é ser rosto de Deus para todos e todas, sejam crentes, ateus ou agnósticos. E, claro, para um cristão todos os que se cruzam na sua vida são também oportunidade de vislumbrar o rosto de Deus, no entanto sabemos que a vivência da fé nos encarrega de sermos as “páginas” do Seu Evangelho.

E que Evangelho apresento eu ao mundo? Dou a conhecer um Deus que é capaz de abraçar e de acolher a vivência e a história de cada um? Dou testemunho de um Deus que não descansa enquanto não coloca no centro todos os que se encontram nas periferias? Sou reflexo de um Deus que transforma a vida no amor, pelo amor e com amor?

Sermos “página” do Seu Evangelho é termos consciência de que seremos, para tantos e tantas, a única revelação de Deus nas suas vidas. Sermos “página” do Seu Evangelho é vivermos obcecados por permitirmos que todos possam sentir o Seu amor. Sermos “página” do Seu Evangelho é conseguirmos aliviar a angústia, a dor e as dúvidas dos que nos procuram. Sermos “página” do Seu Evangelho é fazer da nossa fé uma forma de olhar. E, nesta escrita pessoal, não podemos apagar os capítulos onde recitamos as nossas dúvidas, as nossas dores e as nossas angústias. Elas também fazem parte da “página” que somos para os outros.

E, felizmente, ainda há tantos e tantas que são verdadeiras “páginas” do Seu Evangelho. As suas presenças são reflexo de uma união intimista, onde não há espaço para que a dúvida derrube as certezas vividas. São gente que leva tão a sério a existência de Deus que fazem da sua fé uma forma de olhar. Olham com a esperança de um amor que possibilita o eterno. Olham com a misericórdia de quem se sabe erguido. Olham com a ternura de quem se sabe inteiramente amado. São o reflexo do Evangelho que inquieta e que ecoa na vida de tantos e tantas.

Hoje, antes de falares de Deus aos outros, pergunta-te: que Evangelho apresento eu ao mundo?


Emanuel António Dias

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