quarta-feira, 31 de maio de 2023

Dai-me paciência, porque se me dás força…



Frequentemente dou por mim a perder uma das maiores virtudes do ser humano: a paciência! Sou um pouco intolerante- não à lactose- mas às fraquezas humanas.

Espera e respira um pouco antes de começares a pensar mal de mim.

Eu sei que não sou perfeita mas gostava de me sentir melhor e mais realizada na proporção da passagem do tempo, mas já percebi que nem sempre é assim. Quando parece que melhoramos uma capacidade, outro remendo velho rebenta e lá meto mão na cabeça e suspiro: estraguei tudo outra vez.

É que, por mais que diga para mim mesma: hoje vais estar calada! Hoje apenas ouves! Acabo sempre por não segurar a minha impaciência de partilhar com os outros o que penso sobre os assuntos, o que nem sempre corre bem. Outras, crio expectativas de que a minha opinião vá ser interpretada de uma determinada maneira e na verdade caí por terra toda a teoria da compreensão.

Depois assisto com alguma atenção a duas atitudes muito interessantes: os atos e omissões. Sim, porque se por vezes condenamos os que falam, os que dizem e os que fazem, também devemos aceitar que a omissão também é grave. É grave quando não respondemos a mensagens, quando não damos a nossa opinião no sítio certo, quando encolhemos os ombros à espera que alguém fale ou quando paramos no momento em que devemos intervir.

Já me disseram que eu tenho de ter mais tolerância, exigir menos, levar com calma…vou continuar a trabalhar nisso porque se não o fizer, dou por mim cheia de força a dizer o que penso, da maneira menos adequada. Ora bolas!

Não somos todos iguais, não nos esforçamos todos da mesma maneira, e muitos estão tão focados no seu umbigo que desvalorizam os umbigos dos outros, para esses eu também tento ter paciência, até porque, como sabes, não sou perfeita e também não gosto de ser julgada.

Até lá, tem paciência comigo!

E tu amiga, costumas ter paciência?


Raquel Rodrigues

terça-feira, 30 de maio de 2023

Não está sempre tudo bem!


Nem sempre está tudo bem. No entanto, é essa a resposta que continuamos a dar na maioria das vezes em que a pergunta “como estás?” nos é feita.

Mas, então, será que gostamos de mentir?

Julgo que não. Mas gostamos de nos proteger. De nos reservar. De fingir uma versão nossa que, às vezes, só existe mesmo para dar de comer às idealizações dos outros. Não conseguimos dizer a verdade sobre como nos sentimos também por outra razão. Ninguém nos ensinou. Ninguém nos autorizou. Ninguém nos disse que não somos menos por não estar sempre bem.

O problema é que ainda precisamos de aprender que não há nada de mal em ser como somos. Ou em estar como estamos.

Ainda assim, parece-nos mais fácil criar rugas de expressão regadas pelos sorrisos forçados que, tantas vezes, temos de atirar aos outros. Jogamos, todos os dias, uma espécie de jogo do mundo ao contrário:

Estamos mal e fingimos estar bem.

Estamos bem e teimamos em acreditar que, por isso, alguma coisa tem de estar mal.

Queremos seguir a nossa vocação, mas decidimos que vamos continuar reféns do pagamento das mesmas contas.

Brilham-nos os olhos pelos sonhos que trazemos dentro, mas apagamo-nos nas expectativas dos outros, no julgamento dos que passam por nós, nas mentiras que nos contam como verdades.

Entramos no carro, mas o que queríamos era apanhar um avião.

Somos pessoas tranquilas, mas, sem perceber como, os dentes lá nos vão arregaçando as mangas da raiva que nem sabíamos que tínhamos.

Ouvimos podcasts de motivação e empoderamento, mas rendemo-nos ao piloto automático.

Vivemos como podemos. Fazemos o melhor que sabemos. Dizemos o que temos de dizer para sobreviver numa sociedade em que estamos todos a fazer teatro. Vamos caminhando como quem quer acreditar que há de dar tudo certo. Mesmo que uns dias dê. E outros não.

Marta Arrais

segunda-feira, 29 de maio de 2023

O Amor: o antibiótico para a tristeza



Sabes amiga, quando ficamos tristes e nem conseguimos explicar muito bem a razão mas ficamos estranhos e a sentir-nos miseráveis? É mau!E se o sentimos é porque temos as nossas razões mesmo que as não consigamos explicar. Temos todo o direito a sentir isso, mas se ficarmos muito tempo nesse estado letárgico corremos o risco de começar a olhar para os outros com tamanha mágoa que nos tolda todos os gestos e palavras que nos são dirigidos.

Se alguém te fala, sentes que te agride!

Se alguém não te fala, sentes que te ignora!

Interpretamos tudo e todos com uma bitola muito má, como se o mundo estivesse contra nós e ninguém gostasse de ti. Na verdade, às vezes nem nós gostamos muito da versão que apresentamos.

Nem sempre sei como virar a página e deixar cair essa tristeza, resta-me confiar, não só em mim, mas também no bom que o outro pode fazer.

Estar disponível para olhar para o outro com Amor, sem julgamentos e sem defesas?. Não, não é fácil! É nessas alturas que peço a Deus que me dê a capacidade para olhar para o outro com mais amor do que nunca, e não tanto para a falta de amor que sinto. E sabes? Acho que Ele me escuta! Prescreve-me um antibiótico e alerta: ”o efeito não é imediato, tens de ser persistente e rigorosa na toma”. A receita? É o AMOR, revestido numa cápsula preciosa que é a caridade!

Devagar
, devagarinho começo a olhar para as palavras e os silêncios do outro com mais amor e tolerância.

Devagar, devagarinho começo e a relevar com caridade as falhas de quem sinto que me falhou (porque nem sempre o outro falha apenas eu sinto que sim).

Devagar, devagarinho começo a sentir o amor dos outros por discretos que sejam os seus gestos e palavras.

Devagar, devagarinho começo a abrir o coração ao bom que o outro me tem para dar sem juízos de valor ou preconceito

Devagar, devagarinho… volto a sorrir! E sabe tão bem!

E tu amiga, tens tomado o antibiótico?


Raquel Rodrigues

domingo, 28 de maio de 2023

Peregrinação Diocesana a Fátima

 

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Bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco afirma que a “verdadeira força da Igreja está no Espírito Santo” que gera “harmonia e unidade”

D. Antonino Dias presidiu em Fátima à Solenidade de Pentecostes, na qual participou a 40º Peregrinação Diocesana de Portalegre- Castelo Branco

O bispo da diocese de Portalegre-Castelo Branco apelou esta manhã em Fátima à “unidade e harmonia” da Igreja, que deve deixar-se conduzir pelo Espírito Santo, “companheiro inseparável, o hóspede discreto, o consolador perfeito, o conselheiro admirável”, “que faz despertar o homem novo”.

“A força e a vitalidade da Igreja não está nos exércitos, nos carros, cavalos ou cavaleiros, nem na sabedoria ou estratégia ou organização humana por mais perfeita e hábil que possa ser, ainda que isso seja preciso e até indispensável para a sua missão. A sua verdadeira força está em Deus e o evangelho que proclamamos não são palavras mas o verdadeiro espírito de Deus “ disse D. Antonino Dias na homilia que proferiu na Missa dominical, no Recinto de Oração.

No domingo que encerra o Tempo Pascal no calendário católico, 50 dias depois da Páscoa, e se evoca a efusão do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade, o bispo da diocese de Portalegre-Castelo Branco apresentou uma reflexão sobre a ação do Espírito Santo na “criação”, fazendo passar as realidades criadas da desordem à ordem, da dispersão à coesão, da confusão à harmonia.

“O vento fala hoje da mesma forma que falava no principio do mundo: não é possível travá-lo ou prender; assim o Espírito Santo não se pode prender ou encerrar em definições , tratados ou instituições; Ele cria e anima as instituições mas não se deixa institucionalizar, canalizar ou manipular. Tal como o vento o Espírito Santo sopra onde quer, como e quando quer”, disse D. Antonino Dias.

O bispo, que acompanhou e presidiu à 40ª peregrinação diocesana desta diocese portuguesa à Cova da Iria, que habitualmente acontece sempre no último domingo de maio, sublinhou que é a presença do Espírito que confere harmonia à Igreja tornando-a uma comunidade à imagem do “projecto amoroso de Deus” onde “todos se respeitam e são indispensáveis” mesmo nos “momentos mais difíceis”.

“Numa comunidade ao jeito de Jesus ninguém é mais importante, ninguém pode humilhar os outros, ninguém pode ser autoritário ou atuar como dono e senhor prejudicando a comunidade. Não há cristãos de primeira ou de segunda” disse o prelado albicastrense.

Numa comunidade cristã, enfatizou, “não pode haver ciúmes entre os seus membros, nenhum diz mal do outro, nenhum se pode dispensar ou dispensar o outro...”.

“Numa comunidade cristã, que se deixa conduzir pelo Espírito, todos estão bem e tudo é harmonia”, concluiu.

“Todos somos povo de Deus alimentados pelo Espírito, não para proveito próprio mas para proveito de toda a comunidade”, disse ainda.

D. Antonino Dias ressalvou a importância desta festa e, sobretudo dela ser celebrada em Fátima.

“Aqui sentimo-nos bem. Ao colo da mãe percebemos melhor a presença e as primeiras palavras de Jesus Ressuscitado aos seus amigos: A Paz esteja convosco... aqui, com esta certeza de que Jesus está no meio de nós como há pouco professámos, sentimos aquela serenidade e confiança que nos faz superar medos e inseguranças”, disse o bispo da diocese de Portalegre-Castelo Branco.

“Fátima dá-nos tranquilidade, mas não só: Fátima apela ao recolhimento, à ternura, ao silêncio, à conversão , à alegria interior, à paz, à paz do coração e no mundo, como consequência desta paz de Jesus em nós” sublinhou apontando a “falta de paz interior” como “origem do pecado”.

“O Santuário, como altar do mundo, é um exemplo do acolhimento de uma enorme comunidade oriunda de várias latitudes que sabe conviver aqui debaixo do olhar da mãe que nos conduz para o filho”, concluiu.

A homilia terminou com uma referência ao centenário dos Corpo Nacional de Escutas, que se celebra este fim-de-semana e aos jovens que se preparam para participar na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.

“Que o Divino Espírito Santo dinamize a coesão, o amor e a fraternidade entre as nossas comunidades e entre todas as famílias e a todos ajude a serem fortes e firmes na fé para ultrapassarem as situações de desânimo ou cansaço”.

https://www.fatima.pt/



Novos cursilhistas reencontram-se

Mcc - Diocese de Portalegre-Castelo Branco



Novos cursilhistas reencontram-se

Após a vivência do cursilho 91º e 92º de homens e 78º de senhoras, cerca de 37 novoscursilhistas e seus dirigentes reencontraram-se, no passado dia 21 de maio, a partir das 15h, no  Santuário de Nossa Senhora da Graça, em Nisa.

As Boas Vindas foram dadas pelo diretor espiritual do Movimento na nossa diocese, Padre Adelino Cardoso e pela presidente do Secretariado diocesano Lucília Miguéns.

O rolhista, David Esteves, reitor dos dois cursilhos de homens na apresentação do Rolho "O cursilhista para além do cursilho", deu ênfase à continuidade da vivência dos três dias, num quarto dia que é a vida.

A presidente do secretariado e reitora do cursilho de senhoras, realçou ainda a alegria do reencontro e a amizade que “nos une a todos em volta de um mesmo ideal, na experiência do 
grande AMOR DE DEUS por cada um de nós.”

Após as habituais ressonâncias ao rolho e da partilha dos novos e novas cursilhistas, sobre como tem sido o seu, ainda pequeno, 4º dia, chegou o momento do convívio. Partilharam-se alegrias.emoções e a merenda trazida por todos, de cada canto da nossa diocese.

Dia inesquecível a que não faltou a oferta de uma flor a cada nova cursilhista, enviada e oferecida com amizade por quem não pôde estar presente.

Louvámos o Senhor por mais esta Graça que nos concedeu.









SOLENIDADE DO PENTECOSTES

 


O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.
Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos "sinais" que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os "sinais" do amor de Jesus?

Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
Nunca será demais realçar o papel do Espírito na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja... Antes do Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho; depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Temos consciência de que é o Espírito que nos renova, que nos orienta e que nos anima? Damos suficiente espaço à acção do Espírito, em nós e nas nossas comunidades?

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.

Os "dons" que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas devem servir para o bem comum e para reforçar a vivência comunitária. As nossas comunidades são espaços de partilha fraterna, ou são campos de batalha onde se digladiam interesses próprios, atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal?

É preciso ter consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as comunidades na sua marcha pela história. Ele foi distribuído a todos os crentes e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença do Espírito e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos consciência de que, pelo facto de desempenharmos esta ou aquela função, não somos as únicas vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?


https://www.dehonianos.org   

sábado, 27 de maio de 2023

O INTERIOR RECLAMA MAIS EQUIDADE


O desenvolvimento sustentável não se confunde com o progresso, é muito mais do que isso, acho. Se o progresso da ciência, da técnica, e de tudo o mais, não conduz ao desenvolvimento social, bolas para o progresso! Se o desenvolvimento pensa que pode dispensar o progresso, que sempre lhe rasga horizontes e caminhos sem fim, bolas para o desenvolvimento! Se a economia está a crescer mas não melhora a vida das pessoas, bolas para a economia! Se o lucro é tido como motor essencial de qualquer negócio ou empresa, mas cria ricos mais ricos e pobres mais pobres, bolas para o lucro! Se a concorrência é a lei suprema da economia mas sem qualquer espécie de obrigações sociais, bolas para a concorrência! Se há quem não goste desta minha generosa distribuição de bolas, sentindo-se discriminado, bolas para ele! Com tantas bolas, não se deveria chutar ao lado ou por cima da barra. No entanto, aconteça o golo ou não aconteça o golo, não falta quem diga: bolas para o árbitro! Como é evidente, os governos e as oposições não são uns meros apanha bolas destes jogadores. Se o fossem, bolas para eles! Se estou a ver mal, bolas para mim!
O desenvolvimento procura o crescimento sustentável e a sua expansão, tem os olhos no futuro, na qualidade e na quantidade, é abrangente, procura o bem comum, o bem-estar de todas as pessoas, de todo o país. Sem ir mais para trás no que a Igreja foi dizendo sobre a evolução social - aliás, um património de princípios e valores tão grande quão ignorado por preconceitos e desapreço -, em maio de 1961, João XXIII chamava a atenção para os desiguais desenvolvimentos e oportunidades dentro de cada país, para a desproporção existente entre território e população e introduzia novos conceitos como o bem comum, a socialização, a justa distribuição do produto social, etc...
Escrevia ele: “Não é raro que, entre cidadãos do mesmo país, haja desigualdades económicas e sociais pronunciadas. Isso deve-se principalmente a viverem e trabalharem uns em zonas economicamente desenvolvidas e outros em zonas atrasadas. A justiça e a equidade exigem que os poderes públicos se empenhem em eliminar ou diminuir essas desigualdades. Para isso, deve procurar-se que, nas zonas menos desenvolvidas, sejam garantidos os serviços públicos essenciais segundo as formas e os graus sugeridos ou reclamados pelo meio e correspondentes, em princípio, ao padrão de vida médio, vigente no país. Mas não se requer menos uma política económica e social adequada, principalmente quanto à oferta de trabalho, às migrações da população, aos salários, aos impostos, ao crédito, aos investimentos, atendendo de modo particular às indústrias de caráter propulsivo: política capaz de promover a absorção e o emprego remunerador da mão-de-obra, de estimular o espírito empreendedor e de aproveitar os recursos locais”.
Defendia que a ação dos poderes públicos em prol do bem comum se devia exercer num plano de conjunto para todo o país, com a preocupação constante de contribuir para o progresso gradual, simultâneo e proporcionado da agricultura, da indústria e dos serviços, procurando que os cidadãos das zonas menos desenvolvidas se sentissem e fossem, na medida do possível, os responsáveis e os realizadores do crescimento económico. Lembrava que por força do princípio de subsidiariedade, o poder deveria favorecer e ajudar a iniciativa privada, confiando-lhe a continuação do desenvolvimento económico (cf. MM149-151).
Quanto à saída das populações para os meios urbanos, dizia João XXIII: “é incontestável que se dá um êxodo das populações rurais em direção aos centros urbanos. É um facto que se verifica em quase todos os países e algumas vezes atinge proporções enormes e cria problemas humanos complexos, difíceis de resolver. Sabemos que, à medida que uma economia progride, diminui a mão de obra empregada na agricultura, aumenta a percentagem dos que trabalham na indústria e nos vários serviços. Pensamos, contudo, que o êxodo da população, do setor agrícola para outros setores produtivos, não é provocado somente pelo progresso económico. Deve-se a múltiplas outras razões, como a vontade de fugir de um ambiente considerado fechado e sem futuro; à sede de novidades e aventuras, que domina a geração presente; à esperança de enriquecimento rápido; à miragem de uma vida mais livre, com os meios e facilidades que oferecem os aglomerados urbanos. Mas julgamos que não se pode duvidar de que este êxodo é também provocado pelo fato de ser o setor agrícola, quase em toda a parte, um setor deprimido, tanto no que diz respeito ao índice de produtividade da mão-de-obra, como pelo que se refere ao nível de vida das populações rurais. Daí um problema de fundo, que se apresenta a quase todos os Estados: como reduzir o desequilíbrio da produtividade entre o setor agrícola, por um lado, e o setor industrial e os vários serviços, pelo outro? Isto, para o nível de vida da população rural se distanciar o menos possível do nível de vida dos que trabalham na indústria e nos serviços; para os agricultores não sofrerem um complexo de inferioridade, antes, pelo contrário, se persuadirem de que, também no meio rural, podem afirmar e aperfeiçoar a sua personalidade pelo trabalho, e olhar confiados para o futuro (Id. 123-124).
Que bom seria se as pessoas pudessem encontrar no trabalho da terra, com o seu progresso e desenvolvimento, um estímulo para se afirmarem, se realizarem, se enriquecerem material e espiritualmente, concebendo-o como uma vocação ao serviço do plano de Deus através da História e em prol do bem comum!

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 26-05-2023.

Informação Paroquial

 DIA 28 . FESTA DO PENTECOSTES

PEREGRINAÇÃO DIOCESANA  A  FÁTIMA  


Horário das Partidas:

Degolados: 06h00

ARRONCHES: 06h20

Mosteiros: 06h45

Vale de Cavalos: 07h00

Alegrete: 07h10

Reguengo: 07h20

Portalegre: 7h30

OBS: Levar almoço e água, chapéu e banco para a celebração no recinto.

O regresso de Fátima será depois da Assembleia Diocesana, por volta das 17h00

NÃO HAVERÁ MISSAS NAS PARÓQUIAS ESTE DOMINGO.


Também na próxima terça- feira não será celebrada a Eucaristia como habitualmente, tendo sido adiada para 4ª feira às 21h00 seguida do terço.

E se formos muito mais?



Nos dias de hoje, enquanto cristãos e sociedade, parece faltar-nos algum equilíbrio. Vivemos sedentos de razão. Não existe o meio termo, não existe o colocar-se no lugar do outro. Parece somente existir um binómio para toda a nossa existência. No entanto, a realidade humana e a complexidade do nosso quotidiano revelam-nos que somos um espectro, isto é, a nossa vivência, as nossas inquietações e as nossas problemáticas não se encaixam numa visão monocromática, mas sim numa diversidade de tonalidades que representam a história, o contexto e os sistemas a que pertencemos.

No entanto, se isto é o que efetivamente vivenciamos, porque sentimos a necessidade de nos encaixarmos numa única posição? Sentimo-nos pressionados pelo contexto? Sentimos que se assim não o for vivemos sem identidade, sem valores? O que nos leva a optar por este caminho de total certeza sobre tudo e todos?

Naquilo que me tenho apercebido, acredito que existem várias variáveis que podem explicar este nosso posicionamento. Em primeiro lugar, é verdade que o contexto, os sistemas em que estamos inseridos e a nossa história definem a nossa visão do mundo. Influenciamos e somos influenciados e somos, acima de tudo, desenhados por um conjunto de acontecimentos, de escolhas e de várias histórias que se cruzam na nossa própria existência. Uma segunda variável, é a nossa sede em acreditarmos que sabemos de tudo e sobre a vida de todos. Continuamos a achar que tudo pode ser clarificado segundo as minhas tonalidades e a minha realidade esquecendo que os outros são sempre muito mais. E, por último, acredito que viver tendo por base a capacidade de nos situarmos na vivência de cada um e não apenas num único registo, leva-nos a uma maior entrega e, por isso mesmo, a uma maior complexidade que nos leva a reestruturar os nossos valores, aquilo em que acreditamos e defendemos. Este descentrar faz-nos olhar para além do que somos e vivenciamos e obriga-nos a colocar o olhar no outro. Leva-nos a trazer o outro para o centro.

Viver aceitando que não é tudo tão claro, faz-nos perder o horizonte? Viver aceitando que muito do que acredito pode ser questionável, faz-me perder identidade? Viver aceitando que nem sempre nos podemos posicionar de igual forma, traz incoerência?

Acredito que, enquanto cristãos, mas também enquanto cidadãos, precisamos que a nossa leitura da realidade seja tonificada pelo amor. E, para isso, precisamos de abandonar as totais certezas, precisamos de entrar, verdadeiramente, na realidade de cada um para depois conseguirmos encontrar o caminho, a verdade e a vida. É o caminho mais difícil e desgastante, mas acredito que pode ser aquele que nos ajudará a reerguer uns aos outros.

Hoje, antes de te posicionares sobre algo ou sobre a vida de alguém, questiona-te: como se sente aquele e aquela que se encontra à minha frente? Qual é a sua realidade? O que é que efetivamente conta? O que está em causa?


Emanuel António Dias

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Mantém-te em paz no olho do furacão






Tudo à nossa volta está em constante mudança. Também nós evoluímos a cada dia.

Importa que vivas em paz com as instabilidades que acontecem em torno de ti. Aceita que as coisas mudem, porque nada permanece e pouco podes fazer quanto a isso. O que está ao teu alcance é estar atento ao que muda, em particular naqueles que vivem também a tua vida. Escuta-os e observa-os, porque, naqueles que amamos, é mais importante o pouco que muda do que o muito que se mantém.

É quando voltamos a algum sítio no qual nada se modificou que nos apercebemos do quanto transformámos nós!

Por entre todo o barulho e as pressas, procura a calma de saber que o sentido da vida é… vivê-la. Estás aqui para viver. Trata, pois, de combater pela felicidade como batalham pelo pão os homens famintos, mas sem impaciências, porque terás de te alimentar todos e em cada um dos dias que te forem dados viver!

Aceita o que tiver de suceder, mas não deixes de responder a cada acontecimento. Não desistas de nada importante quando estás baixo, nem te disponhas a grandes projetos quando tudo te está a correr bem. Mais vale esperar por tempos calmos nos quais o discernimento é mais ponderado.

A vida poucas vezes nos dá o que esperamos, apenas teremos o que lhe conseguirmos arrancar com a nossa coragem, trabalho e persistência.

Não procures nunca caminhos fáceis, porque esses não te permitem testar a tua verdadeira vontade. Só um caminho duro pode ajudar-te a compreender se estás mesmo decidido a chegar ao destino para o qual te diriges.

A verdade é que por mais que te possa acontecer ao longo da existência, tu nunca deixas de ser quem és. Não podes mudar de corpo, de mente, de coração ou de espírito. Mais do que tudo, mantem-te em paz com quem és. Adapta-te, melhora-te e cresce, e toma por certo que só permanece feliz quem evoluiu a cada dia, sem nunca se deixar ficar o mesmo.


José Luís Nunes Martins

quinta-feira, 25 de maio de 2023

O ESpírito Santo



O Espírito Santo vem até nós como laboratório da criatividade, da invenção de Deus no nosso coração.

Porque o alfabeto com que Deus Se escreve é sempre novo, em cada pessoa, em cada crente, em cada tempo, em cada dia, em cada instante. O Espírito Santo é essa criatividade em ato que nos estimula a sermos diferentes, a sermos originais. E conspira para, na nossa diferença, na nossa singularidade irredutível, nós nos conseguirmos entender, conseguirmos criar laços de fraternidade, conseguirmos ser um único pão partido e distribuído para a fome do mundo. Por isso, nós somos consequência do Espírito Santo.

| Cardeal D. José Tolentino Mendonça

Pode ser uma ilustração de texto que diz "Espírito Santo essa criatividade em ato que nos estimula a sermos diferentes, a sermos originais."

quarta-feira, 24 de maio de 2023

Sabes o valor infinito que tem abraçar alguém?



Nem todos os dias são em forma de sorriso. Às vezes, também há dias cinzentos. Que te pesam na alma. Que te apertam o coração. Há dias assim.

E depois, um abraço. Um abraço que te abraça além do abraço. Um abraço que te chama, que te acolhe e que te deixa ficar. E tu, que te deixas ficar e (de)morar, como quem não conhece lugar mais bonito do que este. Para ser. Para estar. Para existir.

Um abraço que te abriga. Um abraço onde te deixas (re)pousar. E todo o peso do mundo e todo o aperto da vida, que guardaste em ti, começam a desatar-se de ti. Desatam-se, pouco a pouco, e devolvem-te a respiração, enquanto te percorrem a alma, o coração, o sorriso, o olhar.

Desatam-se de ti porque há um novo laço a envolver-te. Mais forte do que todos os pesos do mundo. Mais forte do que todos os apertos da vida. Mais forte do que todos os dias cinzentos.

Há aquele abraço. Que te envolve bem e que se enlaça a ti. Enlaça-se mesmo a ti. Por fora e por dentro. Como quem não conhece definição de amor mais bonita do que esta: um abraço que te chama, que te acolhe e que te deixa ficar. Um abraço a ser-te tudo. Um abraço a salvar-te.

Um abraço a provar-te que os milagres acontecem: que até uma alma pesada e um coração apertado podem ser salvos. Que até os dias que não são em forma de sorriso podem ser em forma de amor. E que não há forma mais bonita do que esta. Para ser. Para estar. Para existir.

Sabes o valor infinito que tem abraçar alguém?


Daniela Barreira

terça-feira, 23 de maio de 2023

Gentileza gera gentileza… Indiferença gera indiferença




Tenho o hábito de usar esta expressão para explicar o poder que temos ao fazer o bem e o poder que temos quando não o fazemos. Não quer dizer que façamos mal, apenas nos omitimos a fazer o bem e isso é totalmente diferente, mas se calhar, produz resultados semelhantes.

Parece que caiu em desuso a gentileza, pois aparenta alguma fraqueza, dado que alguém abdica de algo seu de direito para dar aos outros (dar um lugar na cadeira, ceder passagem no trânsito, segurar uma porta.). No entanto, o poder da gentileza é GIGANTE e todos sabemos isso, apenas às vezes fingimos não ver justificando com mil e um argumentos. Certo? É válido! Mas diz-me amiga, quando foi a última vez que alguém foi gentil contigo? Como te sentiste? Bem?

E quando nos sentimos bem, temos a capacidade de ser luz no caminho dos outros. Não é a gentileza que resolve tudo, mas pode fazer a diferença entre um dia bom e um dia menos bom. Pelo menos, quando alguém é gentil comigo, sinto a necessidade de devolver ao universo o gesto que gratuitamente me foi dado. Que poderoso!

O mesmo se aplica para a indiferença, basta pensares na quantidade de mensagens que ignoras, na quantidade de oportunidades que tens para dizer algo simpático, para fazer algo que pode transformar o dia de alguém, e por consequência o teu. E não raras vezes justificamos a nossa omissão de atos, com a expressão: “ela nem liga a isso”.

Outras tantas temos medo de criar expectativas, ser gentil e receber um silêncio, ou a mera indiferença. Sim, isso também acontece! Desanimamos, quando cheios de boas intenções, esboçamos o nosso maior sorriso e recebemos o silêncio ou até umas palavras amargas. Mas até aí se testa a nossa persistência e a nossa capacidade de nos mantermos fiéis aos valores da gentileza. Será tão óbvio que os outros vão acabar por olhar para nós e dizer: “olha que bem!”. Se não o fizerem e devolverem ao mundo os atos que gentileza que recebem, ficam, pelo menos a pensar nisso e tu ficas com a certeza que fizeste a tua parte da missão.

A gentileza é um rasgo de luz num mundo em que a indiferença te coloca num aparente lugar seguro pois não incomodas nem és incomodado, simplesmente porque não vês nada nem ninguém, ou finges. Talvez seja reflexo daquilo que fazemos nas redes sociais, pois nunca tivemos tantos estímulos para mostrar a nossa opinião com likes, emojis e coisas giras, mas nunca fizemos tanto “passar à frente”, como agora. Espero que nesse processo, não ignoremos nada importante que nos passou à frente dos olhos e não usemos uma expressão célebre da minha amiga: ”fui ignorada com sucesso.”

E tu amiga, já foste gentil hoje?



Raquel Rodrigues

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Semana da Vida 2023

 

A Semana da Vida de 2023 decorreu de 14 a 21 de maio sob o tema “Levanta-te! A tua vida é um dom.” tendo como inspiração a mensagem das Jornadas Mundiais da Juventude, conjugada com a valorização da vida em toda a sua plenitude como um dom de Deus.


A grande transformação do Pentecostes é, assim, a oferta de um surpreendente horizonte de compreensão, uma abertura do olhar, uma reviravolta, uma nova chave de interpretação de nós mesmos e da história. Sem o Espírito Santo vemo-nos apenas pó, apenas barro, somos apenas o que se vê daqui, o que morre aqui, todos os dias, a todas as horas. É o Espírito que nos torna maiores do que somos.
Somos também espírito. E é esta associação de planos que faz o milagre espantoso que é a vida. Ora, o sopro vital não é apenas o oxigênio de que precisamos para existir neste instante. O sopro vital é o Espírito Santo.

| Cardeal D. José Tolentino Mendonça

Quantas loucuras cometeste por amor nos últimos tempos?


Quem não cometeu nenhuma loucura por amor nos tempos mais recentes, por mais que julgue o contrário, está parado no caminho da vida. Está em modo de sobrevivência.

Amar é uma loucura, porque qualquer gesto de amor envolve algo mais do que lógica. Amar é exceder o normal, ir mais além, sair de si e entregar-se, de forma tão bela quanto destemida.

Que nome têm aqueles que andam por aqui, indiferentes a tudo o que importa, assistindo apenas ao passar dos dias, preocupados com os seus hábitos e as suas insignificâncias?

Os burros são sérios, julgam-se certos e defendem as suas ideias até ao limite. Os loucos são tão livres que, se for preciso, duvidam até de si mesmos!

A criação é um gesto de amor, uma insensatez brilhante. As mais belas obras que existem no mundo são resultado de uma certa dose de loucura. Nem muita, nem pouca. Apenas a que é necessária ao compromisso de amar, dando de si ao mundo o que têm de melhor!

Os loucos são honestos e puros? Ou será que é a honestidade e a pureza que são verdadeiras loucuras?

O amor exige-nos que abandonemos seguranças e certezas. Só um grande espírito é capaz de fazer tudo quanto o amor lhe pede!


José Luís Nunes Martins

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domingo, 21 de maio de 2023

Papa assinala Dia Mundial das Comunicações Sociais

Francisco pede aplauso para jornalistas, convidando a trabalhar «ao serviço da verdade e do bem comum»



Cidade do Vaticano, 21 mai 2023 (Ecclesia) – O Papa assinalou hoje no Vaticano a celebração anual do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que em 2023 tem como tema “Falar com o coração”, agradecendo pelo trabalho dos jornalistas.

“É o coração que nos move a uma comunicação aberta, acolhedora. Saúdo os jornalistas, os profissionais da Comunicação aqui presentes, e agradeço-lhes pelo seu trabalho, desejando que esteja sempre ao serviço da verdade e do bem comum”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ‘Regina Coeli’.

A mensagem que Francisco escreveu para esta data intitula-se “Falar com o coração: testemunhando a verdade no amor”, inspirada numa passagem da carta de São Paulo aos Efésios (Ef 4,15).

O Papa pediu aos peregrinos presentes na Praça de São Pedro um “aplauso para todos os jornalistas”, gesto a que ele próprio se associou.
Na sua reflexão dominical, o Papa aludiu à celebração da solenidade da Ascensão, 40 dias após a ressurreição, destacando que Jesus “levou” a humanidade para o Céu.

“Com a Ascensão aconteceu algo novo e belo: Jesus levou a nossa humanidade, a nossa carne para o céu – é a primeira vez – isto é, levou-a para diante de Deus. Aquela humanidade, que tinha tomado na terra, não ficou aqui: Jesus, depois de ressuscitado não era um espírito, não, tinha corpo humano, carne, ossos, tudo”, declarou.

Francisco sublinhou que esta presença de Jesus junto do seu Pai é de “intercessão” pela humanidade, oferecendo-lhe “esperança” nos momentos de sofrimento.

“Podemos dizer que, a partir do dia da Ascensão, o próprio Deus mudou: desde então. já não é só espírito, mas por causa do tanto que nos ama traz em si a nossa própria carne, a nossa humanidade”, acrescentou.


A mensagem para o 57.º Dia Mundial das Comunicações Sociais convidava os profissionais dos media a promover uma comunicação “não hostil”, que ajude a contrariar a “retórica belicista” a nível global.

“Há que rejeitar toda a retórica belicista, assim como toda a forma de propaganda que manipula a verdade, deturpando-a com finalidades ideológicas. Em vez disso seja promovida, a todos os níveis, uma comunicação que ajude a criar as condições para se resolverem as controvérsias entre os povos”, escreve Francisco.

O texto alerta para a “psicose bélica” da sociedade contemporânea, pedindo comunicadores “prontos a dialogar, ocupados na promoção dum desarmamento integral”.

“No dramático contexto de conflito global que estamos a viver, urge assegurar uma comunicação não hostil”, acrescenta o Papa.

Francisco propõe uma linguagem e cultura de paz, para que a comunicação “não fomente uma aversão que exaspere, gere ódio e conduza ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir calmamente, a decifrar com espírito crítico e sempre respeitoso a realidade onde vivem”.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes – 21 de maio, em 2023.

O texto do Papa propõe uma escuta “sem preconceitos”, que permita “falar com o coração no processo sinodal”, em curso na Igreja Católica.

“Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs”, indica.

Francisco acrescenta que a comunicação eclesial tem de colocar no seu centro “a relação com Deus e com o próximo, especialmente o mais necessitado” e esteja “mais preocupada em acender o fogo da fé do que em preservar as cinzas duma identidade autorreferencial”.

A mensagem para a celebração é tradicionalmente publicada a 24 de janeiro, dia da memória litúrgica de São Francisco de Sales (1567-1622), padroeiro dos jornalistas.

O Papa apresenta o bispo e doutor da Igreja – a quem dedicou a 28 de dezembro de 2022 a Carta Apostólica Totum amoris est, nos 400 anos da sua morte – como “um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste falar com o coração”.

“Para ele, a comunicação nunca deveria reduzir-se a um artifício, a uma estratégia de marketing – diríamos nós hoje –, mas era o reflexo do íntimo, a superfície visível dum núcleo de amor invisível aos olhos”, pode ler-se.

Em 2023 celebra-se o centenário da proclamação de São Francisco de Sales como padroeiro dos jornalistas católicos, feita por Pio XI com a Encíclica ‘Rerum omnium perturbationem’.

OC




SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

 




A Festa da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
O Evangelho apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-O como o seu Senhor, adora-O e recebe d'Ele a missão de continuar no mundo o testemunho do "Reino".
A missão que Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculos para a presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Tenho consciência de que a missão confiada aos discípulos é uma missão universal? Tenho consciência de que Jesus me envia a todos os homens - sem distinção de raças, de etnias, de diferenças religiosas, sociais ou económicas - a anunciar-lhes a libertação, a salvação, a vida definitiva? Tenho consciência de que sou responsável pela vida, pela felicidade e pela liberdade de todos os meus irmãos - mesmo que eles habitem no outro lado do mundo?
Tornar-se discípulo é, em primeiro lugar, aprender os ensinamentos de Jesus - a partir das suas palavras, dos seus gestos, da sua vida oferecida por amor. É claro que o mundo do século XXI apresenta, todos os dias, desafios novos; mas os discípulos, formados na escola de Jesus, são convidados a ler os desafios que hoje o mundo coloca, à luz dos ensinamentos de Jesus. Preocupo-me em conhecer bem os ensinamentos de Jesus e em aplicá-los à vida de todos os dias?
No dia em que fui baptizado, comprometi-me com Jesus e vinculei-me com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente com esse compromisso?

Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus - a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo "caminho" que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projecto de Jesus.
O nosso testemunho tem transformado e libertado a realidade que nos rodeia? Qual o real impacto desse testemunho na nossa família, no local onde desenvolvemos a nossa actividade profissional, na nossa comunidade cristã ou religiosa? É relativamente frequente ouvirmos dizer que os seguidores de Jesus gostam mais de olhar para o céu do que comprometerem-se na transformação da terra. Estamos, efectivamente, atentos aos problemas e às angústias dos homens, ou vivemos de olhos postos no céu, num espiritualismo alienado? Sentimo-nos questionados pelas inquietações, pelas misérias, pelos sofrimentos, pelos sonhos, pelas esperanças que enchem o coração dos que nos rodeiam? Sentimo-nos solidários com todos os homens, particularmente com aqueles que sofrem?

A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa "esperança" de mãos dadas com os irmãos - membros do mesmo "corpo" - e em comunhão com Cristo, a "cabeça" desse "corpo". Cristo reside no seu "corpo" que é a Igreja; e é nela que Se torna, hoje, presente no meio dos homens.
Dizer que fazemos parte do "corpo de Cristo" significa que devemos viver numa comunhão total com Ele e que nessa comunhão recebemos, a cada instante, a vida que nos alimenta. Significa, também, viver em comunhão, em solidariedade total com todos os nossos irmãos, membros do mesmo "corpo", alimentados pela mesma vida. Estas duas coordenadas estão presentes na nossa existência?

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sábado, 20 de maio de 2023

DE CONCELHOS A UNIÃO DE FREGUESIAS



Isto é que está cá uma moenga!... Sintomas de persistente desequilíbrio levam gente a dizer que Portugal pode afogar-se, não fosse ele um jardim à beira-mar plantado! Toda a malta sabe disso, mas os que têm o dever de ajudar a resolver o problema entretêm-se a picar os miolos uns dos outros lá pelos Passos Perdidos. É uma espécie de morrinha. A morrinha é como o vício. O vício, mesmo que se saiba que pode matar, não há maneira de se acabar com ele. É quase sempre mais forte que a vontade. Vencê-lo exige determinação, coragem e bom senso.
No caso do território pátrio, mesmo que possa haver uma visão estratégica, um plano global que resulte e a todos corresponsabilize, mesmo que isso exista, parece mesmo que o não há. Será que se gerou o vício de o não haver mesmo? Obrigo-me a crer que o há, e, de quando em vez, vou incutindo esperança nos mais pessimistas. No entanto, estou convencido que, se o há, não basta que o haja, é preciso que também pareça que o há, o coração das pessoas precisa de alguma alegria e de esperança. Por razões que o coração não entende, esta gente está convencida que há muitas razões sem razão a influenciar os olhares e os interesses de quem tem mais poder e força, o que torna cada vez mais difícil virar o bico ao prego. De facto, o despovoamento deste interior assusta quem entra por essas aldeias adentro. O desabafo ouve-se constantemente: se não se achar um rumo bem determinado, corajoso e urgente, daqui a mais um breve tempo nem gente haverá que se possa assustar, já morreu toda. A demasiada inclinação para o mar faz pensar que a lusa gente do litoral vive a trabalhar para o bronze, na sua aprazível praia, enquanto que a deste lado só apanha água pela barba. O peso está todo pró lado do mar e o declive é grande. Segundo o Censo de 2021, 50% da população residente em Portugal está concentrada em apenas 31 dos 308 municípios.
Se já foi escorreito e saudável ao seu jeito - embora nunca obeso de riqueza e bem-estar! -, agora, este querido interior sente-se confuso por ter parado no tempo e por conservar as maleitas do costume que o tornam cada vez mais sofrido e a lamentar-se. É verdade que alguns dizem que não são maleitas, que a riqueza e a qualidade de vida está nos bons ares, na bela paisagem e nos comes e bebes à altura. É verdade que outros, falando ao gosto de cada auditório que os escuta, ora dizem que sim, ora dizem que não. Outros, ainda, dizem que muito já se fez e continua a fazer-se, que só diz que não se faz nada quem não sabe nem vê! Eu, sem querer dizer mal, sem negar o esforço que porventura se está a fazer e deixando-me interpelar pelo arengar de quem ouço, não sei se sei, não sei se vejo, o que vejo e sei é a realidade concreta que é superior ao sonho, à ideia, ao blablá.
O que sei e vejo bem é o esforço dos autarcas concelhios e locais, o dedicado e inteligente trabalho dos responsáveis pelas instituições de ensino superior, o saber e a criatividade de alguns serviços que amam a camisola e o povo, as ideias e o empenho de mais uns quantos, poucos, que, teimando, com o seu empreendorismo nos vão alimentando a esperança de melhores dias, de uma viragem de direção nas vontades e nos investimentos, de uma coesão territorial mais sustentável e qualificada, de uma verdadeira conversão ao interior. No entanto, muito desejamos que a quaresma para essa conversão ao interior não continue a ser vivida apenas por quem por cá se vai mexendo, com parcos recursos e enfadonha burocracia. O desequilíbrio do território até se nota no número de deputados que representam e batalham por este interior. O número de deputados não pesa nada. Se não pesa o número, cada um deles também pesará pouco, por mais batalhador e brilhante que seja! Acabam mas é, também eles, por ajudar os que formigam, tenaz e continuamente, em levar a água a desaguar no mar de outros interesses e proximidades!
O problema já vem de longe, já deu muitos sinais e tempo para que fosse entendido e travado. Há municípios, pequenos e a minguar cada vez mais, que englobam em si vários concelhos de outrora. Estes também eram pequenos demais, é verdade, mas eram concelhos com gente, vida e garbo. Deles, como sinal da sua orgulhosa existência durante séculos, restam as Misericórdias, ainda hoje com atividade social de capital importância no terreno. Lembra-se o leitor de algum desses concelhos? Nisa, por exemplo. Sem deixar de ser um dos maiores do Alto Alentejo, é hoje um pequeno concelho com menos de seis mil habitantes. Além de mais algumas freguesias, ele engloba em si os antigos concelhos de Nisa, Alpalhão, Montalvão, Amieira do Tejo, Arez e Tolosa, pelo menos. Mais: dentro deste concelho de Nisa, já há freguesias que foram concelhos e hoje nem freguesias são, são União de Freguesias, cada uma com a sua Misericórdia.
Por terras da Beira Baixa e em cumprimento do meu ofício, algumas vezes sou pretexto para se visitar lugares sem ninguém, mas onde a capela do lugar continua a ser ponto de referência e devoção. Sabendo disso, os filhos do lugar, vindos de longe e de diversas partes, ali se juntam para se encontrarem e se reverem. As saudades são as memórias do coração: leem-se, releem-se e voltam-se a ler e a reler. A capelinha do lugar, é hoje o único lugar destes encontros esporádicos, mantem-se de pé e estimada. Foi sempre o maior pretexto para as principais reuniões e festas de família e de convívio com a gente das vizinhanças que ali acorria. Com os olhos humedecidos a rodar por todo aquele casario abandonado, que entusiasmo naquela gente a recordar os tempos por ali vividos e festejados! Quantas recordações, quanta vida por ali nasceu, cresceu e viveu!...
D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 19-05-2023.

JMJ: uma oportunidade para reerguer!


As JMJ podem ser uma oportunidade enorme para que o Espírito Santo atue na Igreja, principalmente na Igreja portuguesa. No entanto, para que isso aconteça é necessário que aceitemos que o Espírito Santo se manifesta de várias formas e, acima de tudo, é fundamental que os jovens sejam escutados, acolhidos, integrados e envolvidos.

Não podemos continuar a pregar que Jesus é eternamente jovem e belo, se depois insistimos no mesmo, sem qualquer tipo de novidade. Não podemos dizer que a Igreja é de todos e para todos, se depois existe quem não se sinta acolhido e chamado a viver em comunidade. Não podemos criar dinamismo se continuarmos presos à ideia de que a tradição sustenta para sempre a Igreja. A tradição deve relembrar o património, o passado e a riqueza e deve ser mantido para sabermos de onde vimos e para onde queremos caminhar, no entanto há sempre espaço para se fazer mais e de um outro jeito.

A Igreja, mais do que nunca, necessita de todos. No entanto, necessita ainda mais dos jovens. Precisa dos jovens para descobrir as necessidades do mundo de hoje. Precisava dos jovens para evangelizar de forma arejada e desinibida. Precisa dos jovens para descobrir quem vive nas periferias. Precisa dos jovens para se revestir de alegria. Precisa dos jovens para abanar com as estruturas e o mofo. Precisa dos jovens para saber comunicar com proximidade e empatia. Precisa dos jovens para que, tal como na ressurreição, do nada possa surgir o tudo.

As JMJ poderão espoletar uma nova Igreja, mas só se tornará uma realidade se dermos oportunidade de descobrir Deus para além do que já conhecemos. A Igreja pode ganhar uma nova vida se permitirmos que o Espírito Santo se manifeste de um outro jeito. A Igreja pode ganhar uma nova vida se conseguirmos congregar todos no mesmo sonho de Jesus e descobrirmos a beleza do serviço.

Esperemos que as JMJ não sejam apenas uns dias de união, de festa e de congregação. Esperemos, isso sim, que das JMJ a oração ganhe vida e que o Espírito Santo crie em todos o dinamismo de um novo caminhar. Não podemos desperdiçar esta oportunidade. E desenganem-se aqueles que acham que o objetivo de tudo isto é voltar a encher as Igrejas de pessoas. O objetivo das JMJ é reerguer a Igreja e, para isso, precisamos que o sopro divino atue diretamente nas suas cinzas.

Emanuel António Dias
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sexta-feira, 19 de maio de 2023

Vai devagar



Vive por amor.

Para fazer cada dia valer a pena.

Vai devagar e não acendas lumes que não te deixem arder.

Toca a vida dos outros com cuidado.

Fala da vida dos outros com atenção.

Não julgues. Não sabes o dia de amanhã.

Vive para chegar mais longe partindo sempre de dentro de ti.

As viagens interiores vão doer, mas vão ser as mais importantes.

Guarda-te de dar opiniões sobre tudo e todos.

Cala-te mais. Observa. Aprende com o que vires.

Devolve um sorriso se vierem para cima de ti com guerras e lutas que não valem a pena.

Decide por ti. Ouve os outros, mas decide tu. Que a última escolha dependa só do que pensares, quiseres e amares. Ninguém te conhece como tu.

Pensa menos. Arrisca mais. Faz menos contas e mais planos.

Cuida do teu corpo. Da tua alma. Do teu coração. Das tuas feridas.

Não olhes para o lado. Olha para dentro.

Quando não souberes o que fazer, deixa-te estar. A luz aparece sempre quando não estamos a reparar nela.

Vai devagar. Mas não descalces os sapatos.

Enquanto houver vida há caminho.

Aquilo que for para ti vai acabar por ser teu.

Agradece tudo. Aprende. Fica triste. Fica zangado. Fica feliz. Fica calmo. Fica tranquilo. Fica como precisares de ficar.

Não vás em conversas.

A única pessoa que saberá como viver a tua vida és tu.


Marta Arrais

quinta-feira, 18 de maio de 2023

As 15 dicas do Papa Francisco para ser feliz



1. “Leia dentro de si mesmo”

O Papa Francisco explica que “a nossa vida é o livro mais precioso que nos foi dado” e é precisamente dentro dessas páginas que podemos encontrar a verdade e a felicidade que desejamos e buscamos. O Pontífice cita Santo Agostinho que disse “volte para dentro de si mesmo; a verdade habita no homem interior”. Ele convida todos, inclusive a si mesmo, a ler sua própria vida e trajetória “com serenidade”.

2. “Lembre-se de que é único”

“Cada um de nós é, e está no mundo para se sentir amado em nossa singularidade e para amar os outros como ninguém mais pode fazer em nosso lugar”, exorta o Chefe da Igreja Católica, acrescentando que não devemos sentar no banco, esperando para ser chamados. “É através de nossa singularidade que aprendemos a amar”. “Cada pessoa é única aos olhos de Deus”, e lembre-se “estamos no mundo para viver uma história de amor, uma história de amor com Deus, para abraçar a ousadia de escolhas fortes, para nos aventurarmos no maravilhoso risco de amar”, explica o Pontífice.

3. “Traga à tona sua beleza”

O Bispo de Roma afirma que “a beleza é uma das formas privilegiadas de alcançar” Deus, que é “inseparavelmente bom, verdadeiro e belo”. Esta beleza não é “de acordo com a moda mundana”, nem “voltada para si mesma”. Ele cita Narciso e Dorian Gray, como exemplos daqueles que procuraram os tipos errados de beleza. “Falo da beleza que nunca se desvanece porque é um reflexo da beleza divina”, explica Francisco.

4. “Aprenda a rir de si mesmo”

Em um mundo que nos pressiona constantemente para sermos perfeitos, o Papa Francisco recomenda “de vez em quando se olhar no espelho e rir de si mesmo”! “Isso lhe fará bem”, acrescenta ele.

5. “Viva uma inquietude saudável”

O Pontífice adverte contra tornar-se “um Peter Pan que não quer crescer” e permanece trancado em seu quarto. Ele nos encoraja a viver uma inquietação saudável em nossos “desejos e intenções”. “Aquela inquietação que sempre nos impulsiona a mudar, a nunca nos sentirmos como se tivéssemos ‘chegado'”, explica ele.

6. “Aprenda a pedir desculpas

Estamos todos conscientes de que em nossas funções como mães, pais, amigos, filhos, filhas, etc., às vezes falhamos em corresponder às nossas expectativas ou aspirações e às de outros. “Estamos todos ‘em déficit’ na vida”, explica o Pontífice. Entretanto, ele acrescenta que “todos nós precisamos de misericórdia” e de fato nos lembra que “Deus vai sempre diante de você e perdoa você primeiro”.

7. “Aprenda a ler sua tristeza”

Em um mundo onde a tristeza é vista como “um mal do qual fugir a qualquer custo”, o Papa Francisco oferece uma visão diferente. Ele vê a tristeza como um “indispensável despertar”. “Às vezes a tristeza funciona como um semáforo, nos dizendo: está vermelha, pare”, explica ele, nos chamando para abraçar esta emoção essencial.

8. “Tenha grandes sonhos”

“O Senhor não quer que estreitemos nossos horizontes, Ele não nos quer estacionados, mas correndo em direção a objetivos elevados com alegria e audácia”, exorta o Papa. Além disso, a realização dos sonhos de Deus para nós precisa ocorrer em nossa vida cotidiana, não apenas nos fins de semana ou nas férias, sublinha o Pontífice. Sonhar é como podemos abraçar a beleza da vida, diz ele.

9. “Não dê ouvidos aos que vendem ilusões”

O Papa Francisco adverte contra aqueles que “falam de sonhos e vendem ilusões”, pois são “manipuladores da felicidade”.

10. “Sejam revolucionários, vão contra a maré”

Em uma sociedade onde a norma é aproveitar o momento e não se preocupar em tomar decisões concretas e definitivas, o Chefe da Igreja Católica nos pede para sermos “revolucionários, para nos rebelarmos contra esta cultura que basicamente acredita que você é incapaz de assumir responsabilidades”. “Tenham a coragem de ser felizes”, ele exorta.

11. “Corra riscos, mesmo que você acabe se enganando”

Para sermos felizes, o Pontífice diz que devemos ser ativos em nossas vidas e não observá-la “da varanda” ou ser como “um carro estacionado”. “Não confundir felicidade com sofá”, diz ele, encorajando-nos a assumir riscos e a superar nossos medos para não viver com uma “alma anestesiada”.

12. “Caminhe com os outros”

O Papa Francisco sublinha a importância de ter uma comunidade e relações estreitas para nos permitir ser felizes. “Caminhe em comunidade, com amigos, com aqueles que o amam: isto o ajuda a chegar ao seu objetivo”. E se você cair, levante”, afirma ele, dizendo que o importante é não “permanecer caído”.

13. “Viver a gratuidade”

O Papa Francisco nos encoraja a aprender de Deus que “dá livremente, ao ponto de até mesmo ajudar aqueles que não são fiéis”. Ele nos exorta a não estarmos constantemente medindo o que damos e recebemos em troca. “Recebemos a vida de graça; não pagamos por ela”. Portanto, todos podemos dar sem esperar nada”, explica o Pontífice.

14. “Olhe para além da escuridão”

“Não deixe de procurar a luz no meio da escuridão que tantas vezes carregamos em nossos corações e vemos ao nosso redor”, encoraja Francisco. Ele nos convida a “olhar para cima” a fim de “superar a tentação de permanecer deitados no chão de nossos medos”.

15. “Lembre-se de que você está destinado ao melhor”

Finalmente, para a última dica, o Papa Francisco nos lembra novamente que “Deus quer o melhor para nós: ele nos quer felizes”. Deus não nos pede nada, mas simplesmente deixa em nossos corações uma alegria que é “plena e altruísta” e “nunca diluída”.



[Livro publicado em novembro de 2022, o Papa Francisco fala sobre como alcançar a felicidade e nos lembra que Deus, como nosso criador, quer o melhor para nossas vidas. O livro está disponível apenas em italiano por enquanto e tem o título “Ti voglio felice. Il centuplo in questa vita” (Pienogiorno). No primeiro capítulo, o Papa oferece 15 “passos em direção à felicidade”.]

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domingo, 14 de maio de 2023

Não fiqueis tristes!

 



A liturgia do 6º Domingo da Páscoa convida-nos a descobrir a presença - discreta, mas eficaz e tranquilizadora - de Deus na caminhada histórica da Igreja. A promessa de Jesus - "não vos deixarei órfãos" - pode ser uma boa síntese do tema.
O Evangelho apresenta-nos parte do "testamento" de Jesus, na ceia de despedida, em Quinta-feira Santa. Aos discípulos, inquietos e assustados, Jesus promete o "Paráclito": Ele conduzirá a comunidade cristã em direcção à verdade; e levá-la-á a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai. Dessa forma, a comunidade será a "morada de Deus" no mundo e dará testemunho da salvação que Deus quer oferecer aos homens.
A primeira leitura mostra exactamente a comunidade cristã a dar testemunho da Boa Nova de Jesus e a ser uma presença libertadora e salvadora na vida dos homens. Avisa, no entanto, que o Espírito só se manifestará e só actuará quando a comunidade aceitar viver a sua fé integrada numa família universal de irmãos, reunidos à volta do Pai e de Jesus.
A segunda leitura exorta os crentes - confrontados com a hostilidade do mundo - a terem confiança, a darem um testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo aos perseguidores. Cristo, que fez da sua vida um dom de amor a todos, deve ser o modelo que os cristãos têm sempre diante dos olhos.


Diante das dificuldades, das propostas contrárias aos valores cristãos, é em Cristo - o Senhor da vida, do mundo e da história - que colocamos a nossa confiança e a nossa esperança? Ou é noutros esquemas mais materiais, mais imediatos, mais lógicos, do ponto de vista humano?

Diante dos ataques - às vezes incoerentes e irracionais - daqueles que não concordam com os valores de Jesus, como nos comportamos? Com a mesma agressividade com que nos tratam? Com a mesma intolerância dos nossos adversários? Tratando-os com a lógica do "olho por olho, dente por dente"? Como é que Jesus tratou aqueles que o condenaram e mataram?

O tempo libertado será sempre tempo livre? Por esta época do ano, temos alguns dias de tempo libertado, feriados... Podemos estar libertos, mas seremos mais livres? Livres para fazer o que dizemos não ter tempo para fazer: ler, visitar, rezar, reflectir, escrever... A nossa liberdade exerce-se nas escolhas que fizermos. Então, não apenas o tempo será libertado, mas também nós seremos libertados dos constrangimentos de que nem sempre somos mestres e também daqueles que nos são impostos por conveniência, por hábito, por ambição... Quase a iniciar o mês de Maio, em que a tradição nos convida particularmente a rezar a Maria, olhemo-la na sua plena liberdade, da manhã da Anunciação à manhã do Pentecostes, sem esquecer a tarde passada junto à cruz: sempre um "sim" dado a Deus, precisamente porque Deus queria libertar a humanidade.

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sábado, 13 de maio de 2023

Uma fé peregrina



Maio é um mês muito significativo, principalmente para nós, portugueses, que festejamos o dia da Mãe e que presenciamos, nos vários cantos do país, uma fé peregrina. São muitos os que, saindo de suas casas, dão testemunho de uma fé e oração caminhante. Independentemente das razões que o façam e até do sacrifício a que se sujeitam (que para muitos é discutível no campo da fé) não deixa de ser encantador que tantos e tantas se entreguem, numa total confiança, toda a sua fé num verdadeiro caminhar.

Os peregrinos que se dirigem por estes dias até o Santuário de Nossa Senhora de Fátima vão dando a conhecer ao mundo o significado maior da fé: uma entrega desmesurada, inexcedível, onde só a total confiança permite um arriscar permanente de busca. Esta é a grande beleza que nos chega de todos os que se põem a caminho. Arriscar numa eterna busca desejando, por breves instantes, saciar um pouco da sede de Deus. Desejando, por breves momentos, que lhes seja revelado um pouco mais do rosto de Deus.

No entanto, também não é menos verdade que muitos dos que procuram e se dirigem ao Santuário vão com a convicção de que têm de pagar uma dívida, ou, eventualmente, que se fizerem esta caminhada receberão em troca aquilo que foram lá pedir. E a minha reflexão não se quer prender de juízos de valor, mas sim aprofundar ainda mais este tema. No entanto, antes de a aprofundar, gostaria de afirmar que compreendo que as situações de desespero e de aflição levem a decisões inexcedíveis. Compreendo que acreditando em Deus tudo Lhe é possível e que, por isso, tudo Lhe pode ser pedido. E compreendo ainda que para muitos pode ser um sinal concreto de amor e de verdadeiro caminhar pelo sofrimento de tantos. Mas voltando à reflexão, as questões que sempre me vêm ao pensamento quando tenho contacto com estas pessoas é: e se não acontecer? E se aquilo que pediram a Nossa Senhora e ao Seu amado filho não se concretizar? Perderão a sua fé? Deixará Deus de ser Deus? Será que Deus deixará de se manifestar nos momentos difíceis das suas vidas? E se se concretizar apenas para alguns? Fará com que Deus tenha preferidos?

Não tenho respostas para as minhas próprias questões, no entanto talvez as próximas questões possam ajudar a mim e a quem lê a fazer caminho, a deixar que a fé molde as nossas vidas e o nosso pensar: se Deus é Aquele que está, não estará connosco independentemente da situação? Se Deus é de todos e para todos não seria descabido o mesmo fazer aceção de pessoas? Se Deus conhece a nossa realidade não sofrerá também Ele com as nossas dores, aflições e inquietações? Se Deus servir unicamente para responder aos meus pedidos, será que acredito assim tanto na Sua presença? Se Deus é amor como poderia aceitar que a dor fosse paga com maior dor e sacrifício?

Acreditar em Deus é, como dizia no princípio, uma busca permanente, mas acima de tudo um arriscar, porque não teremos todas as respostas. Porque não compreenderemos tudo o que nos acontece. Porque, mesmo acreditando n’Ele, não deixaremos de experimentar as tribulações. Acreditar em Deus é confiar e sentir que Ele se revela, tantas e tantas vezes, de um outro jeito e em tantos que se cruzam connosco, principalmente nos momentos em que parece que Ele já não está, ou que parece ter-se esquecido de nós.

Aproveitemos o mês de maio para sermos peregrinos. Na nossa fé, na nossa vida e na vida dos outros. Deixemos que Deus se revele para além daquilo que já sabemos e vivenciamos!


Emanuel António Dias

Procissão das velas



Realizou-se na noite de 12 de Maio em Arronches a procissão das Velas em honra de Nossa Senhora de Fátima.

Teve início pelas 20h30m com celebracão da Eucaristia pelo padre Rui, seguindo-se a procissão que percorreu o centro histórico da vila, com a população a acompanhar o percurso feito pela imagem da Virgem Maria , numa demonstração
 de fé.


vídeo de Emílio Moitas

sexta-feira, 12 de maio de 2023

UM DIA 15 COM A FAMÍLIA AO COLO



O Dia Internacional da Família é celebrado, desde 1994, a 15 de maio. Esta data, escolhida pela Assembleia Geral das Nações Unidas, tem como objetivos, entre outros, destacar e chamar a atenção para a importância da família. De facto, é bom que todas as instâncias locais, nacionais, supranacionais e toda a sociedade civil se interessem cada vez mais pela família, pela sua verdade, pela sua solidez, pela sua estabilidade, pelos seus direitos, pela sua qualidade de vida com tudo o que isso implica. Tudo quanto se possa fazer - de bem -, pela família é sempre muito pouco, pouquíssimo em relação ao que ela merece e precisa. De promessas, blablá e de quem a agrida é que ela não precisa mesmo.
A família é o fundamento da vida das pessoas, o protótipo de todo o ordenamento social, a primeira e fundamental estrutura a favor da ‘ecologia humana’. É no seio da família que a pessoa recebe as primeiras e mais importantes noções acerca da verdade e do bem, aprende o que significa amar e ser amado, o que quer dizer 'ser pessoa'. É o primeiro espaço onde se fomenta a cultura do diálogo, do acolhimento, da tolerância, da partilha, do respeito mútuo, da afetividade, da atenção ao outro, do cuidar do diferente, da corresponsabilidade e da alegria do encontro, do saber ser e estar. É o primeiro espaço que também educa e fortalece para saber ultrapassar as dificuldades, as tensões e as contrariedades da vida, ou, quando isso é de todo impossível, devido à doença, ao sofrimento, à fragilidade humana e à própria morte, mesmo que custe, aí se aprende que a vida engloba tudo isso. Não é como desejaríamos que fosse, é o que é, “um caminho dinâmico de crescimento e realização” percorrido na humildade da sua realidade concreta, com realismo.
Sujeito titular de direitos próprios e originários, é a mais pequenina e a primeira sociedade humana, tem a sua legitimação na natureza humana, não no reconhecimento do Estado. É anterior à sociedade e ao Estado e não é para a sociedade nem para o Estado, o Estado e a sociedade é que são para a família (DSI214). Reconhecidas e responsabilizadas na sua integridade, as pessoas têm aí, na família, com os seus defeitos e as suas virtudes, a primeira e insubstituível escola de humanização, de sociabilidade, de cidadania. Nela se faz a experiência de comunhão e participação, inspirada e guiada pela lei da gratuidade. Aí se guardam, vivem, defendem e transmitem virtudes e valores (FC42). E a família, tanto mais contribuirá, de modo único e insubstituível, para o bem da sociedade e do Estado quanto mais a sociedade e o Estado a defender, apoiar e promover. Sem famílias fortes e estáveis no compromisso, sem famílias saudáveis e felizes, os povos banalizam-se, degradam-se, destroem-se.
Sabemos que a evolução das relações familiares e da sua ordenação jurídica foram sempre influenciadas pelas transformações sociais, políticas, económicas, culturais e religiosas. A família vive no espaço e no tempo. Tem sido aí, apesar de todas as dificuldades que enfrenta, que ela tem mostrado a sua força e a sua grandeza. E quão grande foi o contributo do cristianismo para a concretização da dignidade da pessoa humana no contexto da família. Foi e continua a ser esse o projeto ou modelo de família que anunciamos e propomos, isto é, a família fundada no casamento entre um homem e uma mulher, monogâmico, aberto aos filhos, verdadeira comunidade de vida e de amor. Uma comunidade fundada no reconhecimento da igualdade e das diferenças entre homem e mulher, em verdadeira comunhão e colaboração ativa, sem relação de poder ou de domínio. Mais do que um contrato, a família é uma aliança.
Há outros modelos de família, sim, há, e não temos dificuldade em considerar os valores que, porventura, em alguns deles possam existir ou existam mesmo. Estes novos cenários familiares, porém, fruto de escolhas pessoais e muitas vezes provisórias, às quais, à falta de outra palavra se continua a chamar família, enfraquece a união matrimonial e enfraquece a família como instituição, chegando-se a afirmar que não é a família que está em crise, mas que em crise está sim o modelo de família estável e harmoniosa, de homem/mulher e filhos.
Alguns desses modelos nascem a pretexto dum pretenso conflito entre fé e progresso. Outros surgem em obediência a ideologias e em reação à família tradicional. Outros serão fruto dos modos de pensar e viver a liberdade, hoje, nesta sociedade líquida, do usa e deita fora. Outros emergem só porque sim, por afirmação light. Na base das leis de alguns países já está subjacente a ideia do alargamento do conceito de família a novas formas ou modelos. Olhando-os com olhos de ver, porém, alguns desses modelos não só contradizem o verdadeiro conceito de família, não só negam a identidade da família, mas até se opõem ao conceito de cultura e de progresso cultural. E fazem-nos valer como inevitável consequência do progresso cultural e social, logo apelidando de retrógrados, conservadores e contra as leis do progresso quem discorda, quem não se conforma nem se cala! O progresso autêntico não se desvincula da sua ligação com a natureza. Tem como objetivo o desenvolvimento dos seus próprios valores. Supera as contradições criadas pela sua dinâmica e desenvolvimento. Não entra por uma conceção relativista e contraditória da natureza, da vida e da pessoa, desumanizando e destruindo a identidade pessoal e social. O Concílio Vaticano II lembra-nos que “É próprio da pessoa humana não ter acesso a uma verdadeira e plena condição humana, senão pela cultura, isto é, cultivando os bens e os valores da natureza. Por isso, sempre que se trata da vida humana, a natureza e a cultura estão intimamente ligadas” (GS53).
A situação de numerosas famílias, ao perto e ao longe, é muito sofrida e quase só sujeita de deveres. Instituições e leis ignoram os seus direitos invioláveis, agridem-na com violência nos seus valores e nas suas exigências fundamentais. Vítima de injustiças, inação, atrasos e lentidão nas intervenções, a família, ‘património da humanidade’, em muitos lugares, geme e grita, mas nem vão (cf. FC46).
Qualquer modelo social que se leve a sério e pretenda servir o bem comum não pode prescindir da centralidade da família e de agir com responsabilidade em prol da mesma. Melhor: poder pode, mas não irá longe nem pelos melhores caminhos. Acho mesmo que temos aqui uma exceção a confirmar a regra: neste caso, nem todos os caminhos levam a Roma!

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 12-05-2023.