domingo, 27 de abril de 2025

CRER , MESMO SEM VER

 



A liturgia deste domingo continua a celebrar a Boa notícia da vitória de Jesus sobre a morte. Convida-nos especialmente a olhar para a comunidade nascida de Jesus. Garante-nos que Jesus está no meio dela, caminha com ela, dá-lhe a força para vencer as crises e os desafios que lhe dificultam a caminhada. É a partir da comunidade cristã que Jesus continua a oferecer ao mundo e aos homens, em cada passo da história, a sua proposta salvadora e libertadora.

O Evangelho apresenta a comunidade da Nova Aliança, nascida da atividade criadora e vivificadora de Jesus. É uma comunidade que se reúne à volta de Jesus ressuscitado, que recebe d’Ele Vida, que é animada pelo Seu Espírito e que dá testemunho no mundo da Vida nova de Deus. Quem quiser “ver” e “tocar” Jesus ressuscitado, deve procurá-l’O no meio dessa comunidade que d’Ele nasceu e que d’Ele vive.É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo; é com gestos de bondade, de misericórdia, de compaixão, de perdão que testemunhamos diante do mundo a Vida nova do Ressuscitado. Quem procura Cristo ressuscitado, encontra-O em nós? O amor de Jesus – amor total, universal e sem medida – transparece nos nossos gestos e na nossa vida?

A primeira leitura mostra-nos como a comunidade cristã de Jerusalém vivia e testemunhava a sua fé. A união, o amor fraterno, o estilo de vida daqueles homens e mulheres, suscitavam admiração, provocavam simpatia e levavam à adesão. A vida nova recebida de Jesus aparecia especialmente em gestos concretos de cura e de cuidado com os doentes e frágeis. Dessa forma, a comunidade continuava a obra libertadora de Jesus.Lucas sublinha especialmente os “milagres” e “prodígios” que os apóstolos de Jesus faziam entre o povo. Os milagres não são, necessariamente, acontecimentos espantosos que subvertem as leis da natureza; mas são sinais – por vezes simples e banais – que mostram a presença libertadora e salvadora de Deus e que anunciam essa vida plena que Deus quer dar a todos os seus filhos. Naqueles gestos de bondade, de partilha, de serviço, de misericórdia, de cuidado para com os doentes, que os seguidores de Jesus faziam, os outros habitantes de Jerusalém viam acontecer a intervenção salvadora de Deus. Hoje, como ontem, os discípulos de Jesus têm como missão fazer “milagres”, quer dizer, fazer acontecer a salvação de Deus no mundo. Temos consciência disto e procuramos, com gestos concretos, anunciar que Jesus ressuscitou e continua a querer salvar os homens? Os nossos gestos são “sinais” de Deus e tornam palpável no mundo a salvação de Deus?

Na segunda leitura João, o profeta de Patmos, apresenta aos cristãos perseguidos a visão do “filho do homem”. Trata-se de Jesus ressuscitado, o princípio e o fim de todas as coisas, aquele que derrotou a morte e tudo o que a ela está ligado. Ele está com a sua Igreja e caminha com ela pelos caminhos da história. É n’Ele que a comunidade encontra a força para caminhar e para vencer as forças que se opõem à vida nova de Deus.Há um elemento que, frequentemente, nos impede de fazer as opções mais corretas: o medo. Cedemos ao opressor e ao injusto porque temos medo de ser maltratados, de sofrer ou de morrer; aceitamos os valores que nos são impostos porque temos medo de ser ridicularizados ou condenados; remetemo-nos ao silêncio e deixamos que o mundo se construa de uma forma que não aprovamos porque temos medo de enfrentar aqueles que se julgam donos do mundo… O medo paralisa-nos, impede-nos de ter voz ativa na construção da história, impede-nos de viver de forma acertada e construtiva, limita os nossos horizontes, faz-nos desistir dos nossos sonhos mais belos… Temos consciência de que nada temos a temer porque Cristo, o Senhor da história, o primeiro e o último, aquele que esteve morto mas venceu a morte, caminha connosco?


https://www.dehonianos.org/


Sem comentários:

Enviar um comentário

Este é um espaço moderado, o que poderá atrasar a publicação dos seus comentários. Obrigado