domingo, 20 de abril de 2025

Páscoa 2025



A liturgia deste domingo celebra a ressurreição de Jesus. Proclama a vitória da Vida sobre a morte, do Amor sobre o ódio, do Bem sobre o mal, da Verdade sobre a mentira, da Luz sobre as trevas. Garante-nos que a morte não pode prender quem aceita fazer da própria vida um dom de amor. É do amor que nasce a Vida plena, a Vida em abundância, a Vida verdadeira e eterna.

Na primeira leitura Pedro, em nome da comunidade, apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, fez da sua vida um dom total a Deus e aos homens. Por isso, Deus ressuscitou-O: o caminho que Jesus percorreu e propôs conduz à Vida. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.A ressurreição de Jesus é a consequência de uma vida gasta a “fazer o bem e a libertar os oprimidos”. Isso significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se esforça por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e por fazer triunfar o amor, está a ressuscitar; significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se dá aos outros e manifesta, em gestos concretos, a sua entrega aos irmãos, está a construir vida nova e plena. Estamos a ressuscitar, porque caminhamos pelo mundo fazendo o bem e libertando os oprimidos, ou a nossa vida é um repisar os velhos esquemas do egoísmo, do orgulho, do comodismo?
A ressurreição de Jesus significa também que o medo, a morte, o sofrimento e a injustiça deixam de ter poder sobre a pessoa que ama, que se dá, que partilha a vida. Ela tem assegurada a Vida plena – essa Vida que os poderes do mundo não podem destruir, atingir ou restringir. Ela pode, assim, enfrentar o mundo com a serenidade que lhe vem da fé. Estamos conscientes disto, ou deixamo-nos dominar pelo medo, sempre que temos de agir para combater aquilo que rouba a vida e a dignidade, a nós e a cada um dos nossos irmãos?
Aos discípulos pede-se que sejam as testemunhas da ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, a experiência do Senhor ressuscitado, que está vivo e caminha ao nosso lado nos caminhos da história. A nossa missão é testemunhar essa realidade; no entanto, o nosso testemunho será oco e vazio se não for comprovado pelo amor e pela doação, as marcas da vida nova de Jesus. O nosso testemunho da ressurreição é coerente e credível e traduz-se em gestos concretos de amor, de partilha, de serviço?

O Evangelho convida-nos a olhar para o túmulo vazio de Jesus e a “acreditar”: o verdadeiro discípulo de Jesus, aquele que o conhece bem, que entende a sua proposta e está disposto a segui-l’O sabe que a forma como Ele viveu e amou não podia terminar no túmulo, no fracasso, no nada. Por isso, está sempre preparado para acolher a Boa notícia da ressurreição.A ressurreição de Jesus é a vitória da Vida sobre a morte, da verdade sobre a mentira, da esperança sobre o desespero, da justiça sobre a injustiça, da alegria sobre a tristeza, da luz sobre as trevas. Abre-nos perspetivas completamente novas e garante-nos o triunfo de Deus sobre as forças que querem destruir o mundo e os homens. Nós, que acreditamos e celebramos a ressurreição de Jesus, somos testemunhas da vitória da Vida junto dos nossos irmãos paralisados pelo medo e pelo pessimismo? A mensagem que levamos ao mundo é uma mensagem de alegria e de esperança que tem as cores da manhã de Páscoa?

A segunda leitura ensina que os cristãos, unidos a Cristo ressuscitado pelo batismo, morreram para o pecado e nasceram para a Vida nova. Ao longo da sua caminhada pelo mundo, devem dar testemunho dessa Vida nova nos seus gestos, no seu amor, no seu serviço a Deus e aos homens.O Batismo introduz-nos numa dinâmica de comunhão com Cristo ressuscitado. A partir do Batismo, Cristo passa a ser o centro e a referência fundamental à volta da qual se constrói toda a vida do crente. Qual o lugar que Cristo ocupa na nossa vida? Temos consciência de que o nosso Batismo significou um compromisso com Cristo e uma identificação com Cristo?
A identificação com Cristo implica o assumir uma dinâmica de Vida nova, despojada do pecado e feita doação a Deus e aos irmãos. O cristão torna-se então, verdadeiramente, alguém que “aspira às coisas do alto” – quer dizer, alguém que, embora vivendo nesta terra e desfrutando das realidades deste mundo, tem como referência última os valores de Deus. Não se pede ao crente que seja um alienado, alguém que viva a olhar para o céu e que se demita do compromisso com o mundo e com os irmãos; mas pede-se-lhe que não faça dos valores do mundo a sua prioridade, a sua referência última. A nossa vida tem sido uma caminhada coerente com essa dinâmica de Vida nova que começou no dia em que fomos batizados? Esforçamo-nos, realmente, por nos despojarmos do “homem velho” e por nos revestirmos do “Homem Novo”, do homem que se identifica com Cristo e que vive no amor, no serviço, na doação aos irmãos?

www.dehonianos.org

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