"Quão vivo é o poder desta luz e quão forte é o brilho desta fonte luminosa" (Papa Alexandre IV)
Clara fala de Cristo
"Amando-o, sereis casta, tocando-o, sereis mais pura, deixando-vos possuir por Ele, sereis virgem. O seu poder é mais forte, a sua generosidade mais elevada, o seu aspecto mais belo, o amor mais suave e toda a graça mais fina. Agora estais apertada pelo abraço dele, que tendes adornado o vosso peito por pedras preciosas (…) e tendes vos coroado com uma coroa de ouro gravada com o sinal da santidade" (Primeira carta: FF, 2862).
A espiritualidade de Santa Clara
A síntese da sua proposta de santidade é recolhida na quarta carta a Santa Inês de Praga. Santa Clara usa uma imagem muito difundida na Idade Média, de influência patrística, o espelho. E convida a sua amiga de Praga a reflectir-se naquele espelho de perfeição de toda a virtude que é o Senhor mesmo. Ela escreve: "Feliz certamente aquele a quem é dado gosta desta sagrada união, para aderir com as profundezas do coração [a Cristo], aquele cuja beleza admiram incessantemente todas as abençoadas hostes do céu, cujo afecto apaixona, cuja contemplação restaura, cuja bondade sacia, cuja suavidade preenche, cuja memória resplandece suavemente, a cujo cheiro os mortos voltam à vida e a cuja visão gloriosa tornará abençoados todos os cidadãos da Jerusalém celeste. E porque ele é o esplendor da glória, candor da luz eterna e espelho sem mancha, olha todo dia para este espelho, ó rainha esposa de Jesus Cristo, e nele escruta continuamente o teu rosto, para que tu possas assim adornar-te toda no interior e no exterior (…) Neste espelho refulgem a abençoada pobreza, a santa humildade e a inefável caridade" (Lettera quarta: FF, 2901-2903).
Sua canonização
Foi o Papa Alexandre IV que a canonizou apenas dois anos após sua morte, em 1255, traçando um elogio na Bula de canonização, em que lemos: "Quão vivo é o poder desta luz e quão forte é o brilho desta fonte luminosa. Na verdade, essa luz tinha-se enclausurado no escondimento da vida monástica e irradiava luzes cintilantes; recolhia-se em um mosteiro estreito, e expandia-se ao longo da vastidão do mundo. Mantinha-se dentro e difundia-se fora. Clara, de fato, escondia-se; mas a sua vida foi revelada a todos. Clara ficou em silêncio, mas sua fama gritava" (FF, 3284).
João Paulo II em visita às irmãs Clarissas de Assis
“Convido-as a rezar e é meu desejo que repitam em nossa época o milagre de São Francisco e de Santa Clara. Porque a moça, a jovem, a mulher contemporânea deve se encontrar neste esplêndido carisma; certamente escondido, realmente privado de exterioridades aparentes, mas quão profundo, quão feminino! Uma verdadeira esposa! Capaz de amor pleno e irrevogável para com um esposo invisível. É verdade que é invisível, mas, como é visível! Entre todos os esposos possíveis do mundo, é certo que Cristo é o Esposo mais visível de todos os visíveis; é sempre visível, mas permanece invisível e visível na alma consagrada a Deus. Não sabeis vós, escondidas, desconhecidas, quanto sois importantes para a vida da Igreja: quantos problemas, quantas coisas dependem de vós. É necessário a redescoberta daquele carisma, daquela vocação. Faz-se mister a redescoberta da legenda divina de Francisco e Clara”, João Paulo II em visita as Clarissas do Protomonastero de Santa Clara, quando ainda era pontífice.
Bento XVI, catequese sobre Santa Clara
“também nos séculos da Idade Média, o papel das mulheres não era secundário, mas significativo. A esse respeito, deve-se salientar que Clara foi a primeira mulher na história da Igreja a compor uma Regra escrita, sujeita à aprovação do Papa, para que o carisma de Francisco de Assis fosse preservado em todas as comunidades femininas que se iam estabelecendo já nos seus tempos e que desejavam inspirar-se no exemplo de Francisco e Clara. (…) são os santos aqueles que alteram o mundo para melhor, transformam-no de modo duradouro, incorporando as energias que somente o amor inspirado pelo Evangelho pode suscitar. Os santos são os grandes benfeitores da humanidade!”, disse Bento XVI, 15 de Setembro de 2010.
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