quarta-feira, 11 de maio de 2016

Papa desafia jovens insatisfeitos com «consumismo» a deixar tudo e a «queimar» a vida


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O papa enalteceu ontem, no Vaticano, as «raparigas e rapazes que deixaram a pátria e a família e foram para longe, noutros continentes», para serem missionários», tendo desafiado os jovens a seguirem os seus passos.

«Queria dizer aos rapazes e às raparigas de hoje que não se sentem bem – “não sou muito feliz com esta cultura do consumismo, do narcisismo”: Olhai o horizonte. Olhai para lá, olhai para estes nossos missionários», apelou Francisco, citado pela Rádio Vaticano, na missa a que presidiu.

A homilia baseou-se na primeira leitura bíblica proclamada na eucaristia de terça-feira (Atos dos Apóstolos 20, 17-27), em que o apóstolo Paulo se despede da comunidade de Mileto, na certeza de que não a voltaria a ver.

«Creio que este trecho nos evoca a vida dos nossos missionários», apontou o papa, acrescentando: «Andavam compelidos pelo Espírito Santo: uma vocação. E quando, nesses lugares, passamos pelos cemitérios, vemos as suas lápides: muitos morreram jovens, com menos de 40 anos».

«Deram a vida jovens: queimaram a vida. Penso que eles, naquele último momento, longe da sua pátria, da sua família, das suas pessoas queridas, terão dito: “Valeu a pena aquilo que fiz”», prosseguiu o papa.

Francisco, que pertenceu aos Jesuítas, congregação religiosa que continua a enviar os seus membros para regiões e países afastados da origem, lembrou que o missionário, «glória» da Igreja, parte «sem saber o que o espera».

A homilia continuou com a evocação do missionário jesuíta S. Francisco Xavier (1506-1552), narrada pelo escritor e poeta espanhol José María Pemàn (1897-1981), num excerto que recorda as palavras de S. Paulo: «Sei apenas que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me atesta que me esperam cadeias e tribulações».

«Os nossos missionários, estes heróis da evangelização dos nossos tempos. A Europa que encheu de missionários outros continentes. E eles iam sem voltar. Creio que é justo agradecer a Deus pelo seu testemunho. É justo que nós nos alegramos por ter estes missionários, que são verdadeiras testemunhas. Penso como terá sido o último momento deles; como poderia ter sido a despedida? Como Xavier: “Deixei tudo, mas valeu a pena”», assinalou.

A terminar, Francisco pediu a Deus para que a «insatisfação» que captura os «jovens de hoje» dê lugar à escuta do Espírito Santo, de maneira que Ele encoraje a juventude a «queimar a vida pelas causas nobres».

«[“Queimar”] é uma palavra um pouco dura, mas a vida vale a pena vivê-la. Mas para a viver bem, é preciso queimá-la no serviço, no anúncio, e ir em frente. E esta é a alegria do anúncio do Evangelho», concluiu.Rui Jorge Martins (www.snpcultura.org)

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