quinta-feira, 19 de maio de 2016

Pentecostes e as nossas línguas


[Foto: @ P. Lemaítre - Vigília Pascal na Catedral de Notre-Dame, Paris.]


A solenidade de Pentecostes encerra o Tempo Pascal. Já os judeus celebravam esta festa, cinquenta dias após a Páscoa. De facto, "Pentecostes", significa quinquagésimo dia. Inicialmente, era a festa da primícias, celebrada sete semanas depois do inicio das colheitas. Pouco a pouco, transformou-se na comemoração da aliança, na qual se celebrava a oferta da Torá, a Lei de Deus. Neste dia, muita gente se deslocava a Jerusalém.

É neste contexto que acontece a efusão do Espírito Santo no Cenáculo. Para São Lucas, se Nazaré foi o local onde Jesus deu inicio à sua pregação, Jerusalém é o inicio da pregação dos apóstolos à gente que lá se encontrava.

Na descrição de Lucas percebe-se que os apóstolos estavam todos reunidos, quando se faz ouvir um rumor semelhante a uma "forte rajada de vento" e apareceram uma espécie de "línguas de fogo" que se iam dividindo e pousando sobre cada um deles. Três símbolos importantes: vento, fogo e línguas. Os três podem ser bons ou maus. E não só na natureza, mas também nas relações humanas. Se o vento e o fogo, descontrolados, podem destruir, a nossa língua também pode fazer o mesmo.

Neste Ano Jubilar da Misericórdia, mais do que associar as línguas à Torre de Babel e à confusão daí surgida pela incompreensão da linguagem, refleti sobre a força da nossa comunicação e o seu poder, tantas vezes destruidor. Este Espírito que no torna filhos adotivos de Deus e, assim, irmãos uns dos outros, quer que usemos a "nossa língua" como "fonte" de união e perdão.

O Espirito Santo é o "outro Paráclito", como nos deixou escrito São João. E por assim o ser, Ele é a atualização constante da palavra de Jesus. Portanto, mais do que falar nas várias línguas (inglês, francês, alemão, etc), o mais importante é falar na "língua" de Jesus. Isto é, a linguagem do amor e do perdão.

Que a pregação iniciada em Jerusalém pelos apóstolos, continue connosco, habitada pelo Espírito que dá a vida e a união, e não pela maledicência que tantas vezes nos isola e mata.

Paulo Victória (17-05-2016) -iMissio

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