segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Papa Francisco viajou ao Cáucaso como peregrino da paz


Pope Francis (C) releases a dove as a symbol of peace during a meeting with Chaldean community at the Catholic Church of St Simon Bar Sabbae in Tbilisi, on September 30, 2016.
Pope Francis set off on September 30 for Georgia and Azerbaijan on what Vatican officials billed as a mission to promote peace in a troubled part of the world, three months after he visited neighbouring Armenia. / AFP PHOTO / VINCENZO PINTO

O papa escolheu como lema de sua viagem "Pax vobis" (A paz esteja convosco), como um chamado à pacificação do mundo


O papa Francisco fez nesta sexta-feira um chamado à “coexistência” entre os povos de Cáucaso e rezou pelo Iraque e Síria em Tbilisi, capital da Geórgia, na primeira etapa de uma breve viagem à região, que prosseguiu no domingo até o Azerbaijão.

Trata-se da segunda viagem de Francisco a Cáucaso, depois de uma visita à Armênia em junho.

Em sua chegada a Tblisi, à tarde, o presidente Guiorgui Margvelachvili recebeu o pontífice argentino recordando-o que chegava a um país “vítima de uma agressão militar por parte de outro Estado” e que “20% do território do país continua ‘ocupado'”, fazendo uma clara alusão à Rússia.

Em seu discurso, Jorge Bergoglio, não fez nenhuma referência direta à guerra que opôs Rússia e Geórgia em agosto de 2008, mas lembrou que a “coexistência entre todos os povos e os Estados da região” era a “condição primária indispensável” para conseguir a paz e a estabilidade.

A nova peregrinação do papa argentino para essa região entre a Europa e a Ásia “é claramente uma viagem de paz, para levar uma mensagem de reconciliação para toda a região”, explicou o porta-voz do Vaticano, o jornalista americano Greg Burke, à imprensa.

O papa escolheu como lema de sua viagem “Pax vobis” (A paz esteja convosco), como um chamado à pacificação do mundo e em particular dessa região.

Nesses dois países há poucos católicos, mas enquanto na Geórgia a maioria da população é cristã, com 54% de ortodoxos, no Azerbaijão a maioria é muçulmana, com 63% xiitas e 33% sunitas, segundo números do Vaticano.

Na Geórgia, um dos países cristãos mais antigos do mundo, o tema do ecumenismo, da união entre eles – e que é tão importante para Francisco – é o ponto-chave desta viagem.

Durante o encontro com o patriarca ortodoxo da Geórgia, Elias II, de 83 anos, este saudou a “visita histórica” do papa Francisco e considerou que “reforçaria as relações entre as duas igrejas”.

Sobre as tensões existentes entre a Igreja Católica e a Ortodoxa, o papa desejou que as “dificuldades não sejam obstáculos, mas estímulos para nos conhecermos melhor”.

Oração pela Síria e Iraque

Outro momento importante da viagem foi o encontro nesta sexta-feira à noite do papa com a comunidade assíria-caldéia, uma das três comunidades católicas presentes na Geórgia, junto com as comunidades latina e armênia.

Esta igreja está implantada no Oriente Médio (Iraque, Síria, Líbano) e peregrinos sírios e iraquianos viajaram até Tbilisi para a ocasião.

Recebido com orações em aramaico, o pontífice rezou pela Síria e Iraque. “Senhor Jesus, faça com que os povos consumidos pelas bombas gozem de tua ressurreição: cesse a devastação no Iraque e na Síria”, afirmou diante desta pequena comunidade.

No sábado, o papa celebrou uma missa antes de ir para a catedral ortodoxa da capital da Geórgia.

No domingo, depois da cerimónia de despedida no aeroporto internacional de Tbilisi, o papa Francisco foi para Baku, capital do Azerbaijão.

Lá, almoçou com a comunidade salesiana e se reuniu no palácio presidencial com o mandatário Ilham Aliyev.

O pontífice visitou a pequena comunidade católica do Azerbaijão, de 570 pessoas, com sete sacerdotes, em uma população de nove milhões.

Logo depois reuniu- se em particular numa mesquita com o líder dos muçulmanos de Cáucaso, o sheik Hadji Allahchukur Pachazadeh.

Também encontrou o bispo ortodoxo de Baku e o presidente da comunidade judaica.

A história de Cáucaso é marcada por divisões, reivindicações e confrontos entre potências.

O recente ressurgimento do conflito entre a Arménia – país que Francisco visitou há três meses – e Azerbaijão por Nagorno-Karabakh preocupa a comunidade internacional, apesar de em maio terem se comprometido a respeitar o cessar-fogo após os confrontos de abril.

Nagorno-Karabakh é povoado por uma maioria de arménios cristãos.

Trata-se dos piores confrontos desde o primeiro cessar-fogo concluído em 1994, depois de uma guerra que deixou 30.000 mortos e milhares de refugiados, principalmente azeris.

O pontífice fez dez discursos e foi acompanhado, entre outros, pelo secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin, e pelo cardeal argentino Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais.

(Com AFP)

http://pt.aleteia.org/ ( adaptado)

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