quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Silêncio que (não) incomoda

Silêncio que (não) incomoda

Rita Santos (08-10-2016)

Somos sem dúvida seres abençoados e dotados de capacidades extraordinárias. A capacidade de comunicar através da fala é uma delas. Porém, quantas vezes nos deparamos incapacitados de verbalizar algo através daquelas que achamos serem tão vastas, poderosas e infinitas: as palavras? É verdade que estas são o método mais rápido, fácil e acessível de comunicarmos uns com os outros porém, no que toca a "determinados" assuntos, nem elas nos valem!

Que fazemos então quando as palavras não chegam?

Silêncio.

Esta é uma palavra que tantas vezes nos assusta e nos deixa reticentes. O silêncio é estranho, constrangedor e por vezes assustador até. Porque nos interpela, nos desinstala e nos coloca a pensar.

Quando estão em causa as relações com os outros, o silêncio ganha um outro sentido. Ao início somos tomados por dúvidas, questões e inquietações que nos levam a colocar em causa e a procurar um fundamento para tal. De seguida, como que por acaso, sorte, magia, graça ou milagre, ocorrem-nos as certezas e os sentimentos bons. O silêncio torna-se agradável e conforta-nos.

Experimentei o silêncio. Que boa que foi a experiência de passar das dúvidas às certezas; que bom que foi perceber que não temos de estar constantemente a comunicar através de palavras para ter a certeza daquilo que somos, daquilo que temos e daquilo que queremos.

Porém, que difícil é estar sem comunicar verbalmente; que difícil é viver a confiar: sem ver, sem falar, sem escutar... apenas a sentir.

Se pensássemos na limitação das palavras, ousaríamos (mais vezes) fazer silêncio.
Por isso sugiro:

Desliguem as luzes; acomodem-se; é tempo de fazer silêncio.


publicado originalmente em www.imissio.net/

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