sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

INSISTIR NO QUE É IMPORTANTE


Formar, renovar, inovar, comprometer-se e comprometer, são cinco palavras-chave resultantes dos trabalhos sinodais que a Diocese de Portalegre-Castelo Branco levou a cabo de 2009 a 2015. A publicação dos documentos finais teve lugar em 2016. A implementação das conclusões a que chegamos exige agora que se estabeleçam prioridades. Reclama estudo, criatividade e dedicação em ambiente de muita alegria e de muita esperança. Não pode haver lugar para pessimismos que obstruam a vontade de concretizar o que se apontou como pastoralmente necessário. Ninguém deve angustiar-se quando as coisas não andam tão depressa quanto gostaríamos que andassem. Nem a impaciência, nem o pessimismo, nem a angústia, nem o desânimo são dons do Espírito. A pastoral exige três virtudes muito importantes: primeiro, paciência; segundo, paciência; terceiro, paciência. E quando se perder a paciência não há melhor remédio do que continuar a ter paciência. Francisco - que, pelo menos à distância, parece ser um homem paciente -, diz que “se não cultivarmos a paciência, teremos sempre desculpas para responder com ira, acabando por nos tornarmos pessoas que não sabem conviver, antissociais e incapazes de dominar os impulsos”. E mais diz que quando numa família se perde a paciência, essa família “torna-se um campo de batalha” (AL 92).
No fim da próxima semana, vão decorrer as nossas jornadas Diocesanas da Família, sob o tema geral “A Família e a Fé dão sentido à vida”. De facto, não podemos viver sem sentido. Não podemos ser “canas agitadas pelo vento”, nem, por desnorte, uma espécie de “Maria vai com as outras”. Não podemos desanimar quando tudo parece correr ao contrário do que tínhamos imaginado. Tampouco devemos andar constantemente, quais baratas tontas, à procura de sentido para a vida. De facto, a vida tem de ter sentido, é bonita e vale a pena ser vivida. Com sentido, sem dúvida, com muita serenidade e paz dinâmica. Mas, porque somos muito achacados a desvios e ao faz de conta, faz-nos bem, de quando em vez, avaliar o sentido que estamos a dar à nossa vida, de onde lhe vem tal sentido e como é que a fé entra por essas portas adentro. Se a vida deve ter sentido e se a fé dá sentido à vida, é porque a fé também tem sentido. E se é pelos frutos que se conhecem as árvores, convém parar para ver se os há, que qualidade têm e como é que tudo se conjuga no nosso dia-a-dia quer a nível pessoal e profissional, quer também, e sobretudo, a nível familiar. Sim, a nível familiar, pois tudo quanto possamos fazer pelo bem da família é sempre muito pouco. A família merece tudo para que, cada vez mais e melhor, se aprofunde o seu verdadeiro valor e sentido e, nela, cada um dos seus membros também possa enriquecer e melhorar o sentido da sua própria vida. E tudo com o máximo respeito por cada pessoa e por cada família com as suas circunstâncias. Circunstâncias tantas vezes complicadíssimas, nunca procuradas e muito menos desejadas, embora possam acontecer por desleixo em relação às coisas mais pequeninas no relacionamento do dia-a-dia. Certo é que ninguém lucra com a debilidade da família, muito menos com a sua falência, todos perdemos. Por isso, é importante dar as mãos e persistir no que é importante. A Igreja, em fidelidade a Cristo, anuncia a sua proposta de família, a família constituída pela união entre um homem e uma mulher, união baseada num amor exclusivo e definitivo e aberto aos filhos. E ensina que toda “a vida em comum dos esposos, toda a rede de relações que hão de tecer entre si, com os seus filhos e com o mundo, estará impregnada e robustecida pela graça do sacramento que brota do mistério da Encarnação e da Páscoa, onde Deus exprimiu todo o seu amor pela humanidade e Se uniu intimamente com ela” (AL74).
Como salienta o Papa Francisco, “ninguém pode pensar que o enfraquecimento da família como sociedade natural fundada no matrimónio seja algo que beneficia a sociedade. Antes pelo contrário, prejudica o amadurecimento das pessoas, o cultivo dos valores comunitários e o desenvolvimento ético das cidades e das aldeias. Já não se adverte claramente que só a união exclusiva e indissolúvel entre um homem e uma mulher realiza uma função social plena, por ser um compromisso estável e tornar possível a fecundidade. Devemos reconhecer a grande variedade de situações familiares que podem fornecer uma certa regra de vida, mas as uniões de facto ou entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, não podem ser simplistamente equiparadas ao matrimónio” (AL52).

Antonino Dias Bispo de Portalegre Castelo Branco
20/01/2017

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