Conversão. Uma palavra muito ouvida, sobretudo no tempo da Quaresma, em que estamos. Conversão é também uma palavra um pouco gasta, com sabor a coisa antiga, com mofo… e, no entanto, é sempre actual e necessária!
Muitas vezes a conversão é vista de modo simplista e redutor: associamo-la ao facto de alguém que, não sendo crente, a certo passo da sua vida passa a acreditar em Deus. Mas conversão é uma palavra com uma longa tradição nas espiritualidades judaica e na cristã. Ou seja, faz parte da vida dos crentes!
Temos uma tendência inata para pensar sobre as coisas e sobre o mundo à nossa maneira, do nosso ponto de vista e do ponto de vista do nosso interesse.
Em hebraico, a palavra shuv (שוב), muitas vezes traduzida por conversão, tem um significado muito prático, que tem a ver com o caminho: entre outras coisas, significa «mudar de rota, voltar, voltar atrás, reverter». É uma palavra frequente quando Deus fala ao seu povo e o chama, para que volte a Si. Sendo uma palavra muito prática, mostra-nos o lado prático da nossa conversão: não basta acreditar em Deus, é preciso também que a fé tenha consequências e faça mudar algo na nossa maneira de viver.
Por outro lado, em grego, é a palavra metanóia (μετανοια) que traduzimos frequentemente por conversão e significa basicamente «mudança de atitude ou mudança de mentalidade». Temos uma tendência inata para pensar sobre as coisas e sobre o mundo à nossa maneira, do nosso ponto de vista e do ponto de vista do nosso interesse. Neste aspecto, a conversão é uma mudança no modo de pensar, é procurar ver o mundo do ponto de vista de Deus e do ponto de vista do que é o bem de quem vive no mundo à nossa volta
Mudar o modo de pensar e mudar o modo de agir, eis um trabalho que nunca fica concluído. Que a Quaresma deste ano seja mais um passo em frente no caminho que cada um de nós vai percorrendo!
P. Frederico Lemos, sj ( ponto SJ)
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