sexta-feira, 31 de maio de 2019

E TU ACEITAS ISSO, MEU MISERÁVEL?...

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Em todos os tempos e por muitos lugares, houve cristãos que deram a sua vida em fidelidade a Cristo e ao Seu Evangelho. Foram mártires, tornaram-se semente de cristãos. Hoje, pelas mesmas razões e com a mesma atitude, o martírio continua a acontecer em muitos cantos do planeta. Muitos cristãos são perseguidos e mortos por causa da sua fidelidade a Cristo e ao Evangelho. Não procuram o martírio, não se suicidam por nacionalismos doentios, não se matam matando outros em nome de Deus. O seu martírio acontece devido à sua firmeza na fé. São mortos por serem e se dizerem cristãos. Sem provocar ninguém, sem fazer mal algum, eles preferem a morte à negação da sua fé, da sua fidelidade a Cristo. É verdade que Cristo nos preveniu: “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro Me odiou a Mim (...) Se Me perseguiram a Mim, também vos perseguirão a vós” (Jo 15, 18-19). De entre tantos que deram tão forte testemunho da sua fidelidade a Cristo e à Igreja, recordo um que foi filósofo e nasceu por volta do ano 100, na Samaria. Chamava-se Justino e havia estudado retórica, poesia e história. Fez longo itinerário filosófico em busca da verdade, sobretudo pelo estoicismo e platonismo. Depois de tantos dizeres e saberes que o não satisfaziam, encontrou-se casualmente com um idoso que lhe indicou como encontrar o que desejava, a verdadeira filosofia. Justino, aceita o desafio, desfaz todas as suas ilusões e percebe que, de facto, só no Cristianismo poderia encontrar a única filosofia segura e proveitosa. No seu Diálogo com Trifão, exprime-se assim: «Dito isto e muitas outras coisas que não importa agora referir, foi-se embora o velho, exortando-me a seguir os seus conselhos. Não mais o voltei a ver. Mas logo senti que se acendia um fogo na minha alma e se apoderava de mim o amor dos profetas e daqueles homens que são amigos de Cristo, e, refletindo comigo mesmo sobre as ideias do ancião, achei que esta era a única filosofia segura e proveitosa».
No final deste longo itinerário filosófico, Justino encontrou a verdade, alcançou a fé cristã. Tornou-se no maior apologista dos primeiros séculos da Igreja. Demonstrava que Jesus Cristo é o Logos do qual participa todo o género humano. Defendia e exponha com convicção e em linguagem do tempo, os conteúdos do cristianismo. Fundou uma escola em Roma onde gratuitamente iniciava os alunos nesta verdadeira filosofia de vida, a única onde se poderia encontrar a verdade e a arte de bem viver. Convenceu gente influente, conquistou inimigos. Foi denunciado e decapitado por volta do ano 165, sob o reinado do imperador Marco Aurélio.
Porque celebramos o seu dia litúrgico nestes dias, recordo uma passagem das Atas do martírio dos santos Justino e seus companheiros (séc. II):
“Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma, chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: “Em primeiro lugar, manifesta a tua fé nos deuses e obedece aos imperadores”. Justino respondeu: “Não podemos ser acusados nem presos, só pelo facto de obedecermos aos mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador”.
Rústico indagou: “Que doutrinas professas?” Justino disse: “Na verdade, procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro”. O prefeito Rústico prosseguiu: “E tu aceitas esta doutrina, grande miserável?” Respondeu Justino: “Sim, pois a sigo como verdade absoluta”. O prefeito indagou: “Que verdade é esta?” Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como único criador, desde o princípio, artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis: adoramos também o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram vir para o gênero humano como mensageiro da salvação e mestre da boa doutrina. E eu, um simples homem, considero insignificante tudo o que digo para exprimir a sua divindade infinita, mas reconheço o valor das profecias que previamente anunciaram Aquele que afirmei ser o Filho de Deus. Sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a sua vinda para o meio dos homens”. Rústico perguntou: “Então, tu és cristão?” Justino afirmou: “Sim, sou cristão”. O prefeito disse a Justino: “Ouve, tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao céu?” Disse Justino: “Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes, pois sei que a todos os que viverem santamente lhes está reservada a recompensa de Deus até o fim dos séculos”. O prefeito Rústico perguntou: “Então, tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prémio em retribuição”? Justino disse: “Não suponho, sei-o com toda a certeza”. O prefeito Rústico retorquiu: “Bem, deixemos isso e vamos à questão de que se trata, à qual não podemos fugir e é urgente. Aproximai-vos e todos juntos sacrificai aos deuses”. Justino respondeu-lhe: “Não há ninguém que, sem perder a razão, abandone a piedade para cair na impiedade”. O prefeito Rústico continuou: “Se não fizerdes o que vos é mandado, sereis torturados sem compaixão”. Justino disse: “Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que sofrermos por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento garante-nos a salvação e dá-nos confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que é universal e mais terrível que o teu”. E os outros mártires disseram o mesmo: “Faz o que quiseres; porque nós somos cristãos e não sacrificamos aos ídolos”. O prefeito Rústico pronunciou então a sentença, dizendo: “Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer ordem do imperador, sejam flagelados e conduzidos ao suplício, segundo as leis, para sofrerem a pena capital”. Glorificando a Deus, os santos mártires saíram para o local do costume; e ali foram decapitados e consumaram o seu martírio dando testemunho da fé no Salvador”.

D.Antonino Dias- Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 31-05-2019.




Papa pede que Europa conserve raízes da «identidade cristã»

Francisco rezou pela reconciliação e a comunhão entre católicos e ortodoxos
Foto: Lusa
Bucareste, 31 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa rezou hoje na Roménia por um “caminho de fraternidade” que promova a “reconciliação e a comunhão” entre católicos e ortodoxos, desafiando-os a conservar as raízes cristãs da Europa.

“Suplicamo-Vos também o pão da memória, a graça de reforçar as raízes comuns da nossa identidade cristã, raízes indispensáveis num tempo em que a humanidade, particularmente as gerações jovens, correm o risco de se sentirem desenraizadas no meio de tantas situações líquidas, incapazes de fundamentar a existência”, declarou, num encontro de oração que decorreu na nova catedral ortodoxa da Salvação do Povo.

O templo, conhecido como “catedral nacional” de Bucareste, acolheu a recitação do Pai-Nosso em latim e romeno, pontuada pela execução de hinos de Páscoa católicos e ortodoxos, num simbólico gesto ecuménico.

Numa intervenção em forma de oração, Francisco invocou a “concórdia” para a humanidade.

 "Pedimo-la pela intercessão de tantos irmãos e irmãs na fé que moram juntos no vosso céu, depois de ter acreditado, amado e sofrido muito – mesmo em nossos dias – pelo simples facto de serem cristãos”.



O Papa convidou a rejeitar quaisquer dinâmicas guiadas pelas “lógicas do dinheiro, dos interesses, do poder”.

“Enquanto nos encontramos mergulhados num consumismo cada vez mais desenfreado, que cega com fulgores cintilantes, mas efémeros, ajudai-nos, Pai, a crer naquilo que rezamos: renunciar às seguranças cómodas do poder, às seduções enganadoras da mundanidade, à vazia presunção de nos crermos autossuficientes, à hipocrisia de cuidar das aparências”, acrescentou.


Francisco desejou que a oração comum dê voz ao “grito” dos mais pobres, perante o individualismo e a indiferença.

“Ajudai-nos, Pai, a não ceder ao medo, nem ver um perigo na abertura; a ter a força de nos perdoarmos e prosseguir, a coragem de não nos contentarmos com a vida tranquila, mas de procurar sempre, com transparência e sinceridade, o rosto do irmão”, rezou.

Centenas de pessoas acolheram o líder da Igreja Católica diante da catedral ortodoxa, onde se ouviram gritos de “unidade” e “viva o Papa”.

O patriarca Daniel falou de um edifício “simbólico”, que representa o renascimento espiritual da Roménia, após os anos do regime comunista, no século XX.

Este responsável explicou que a oração com o Papa quis ser uma forma de agradecimento pelos 426 lugares de culto colocados à disposição dos ortodoxos romenos, na Europa ocidental, pela Igreja Católica.

Daniel ofereceu a Francisco um mosaico com a figura de Santo André, padroeiro espiritual da Roménia; este discípulo de Jesus era irmão de São Pedro, o primeiro Papa.

A Igreja Católica e as Igrejas ortodoxas continuam separadas desde o Cisma de 1054, tendo estas últimas desenvolvido um modelo de autoridade próprio, de cariz nacional, pelo que os vários patriarcados são autónomos e o patriarca ecuménico de Constantinopla (atual Turquia) tem apenas um primado de honra, como ‘primus inter pares’.

A primeira visita do Papa Francisco à Roménia, 20 anos depois da viagem de São João Paulo II a Bucareste, iniciou-se esta manhã e decorre até domingo.

OC

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Papa destaca Palavra de Deus que inspira a «superar esquemas, resistências e muros de divisão»



Durante a audiência pública desta quarta-feira na Praça de São Pedro




Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 29 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa destacou hoje no Vaticano a necessidade de uma lógica social mais inspirada na Palavra de Deus, que inspira a “superar esquemas, resistências e muros de divisão”.

“Quando o Espírito visita a palavra humana, ela torna-se dinâmica, como dinamite, capaz de acender os corações”, frisou Francisco, durante a habitual audiência pública de quarta-feira com os peregrinos, na Praça de São Pedro.

A catequese deste dia do Papa argentino foi novamente inspirada no Livro dos Atos dos Apóstolos, livro que mostrou “a maravilhosa ligação entre a Palavra de Deus e o Espírito Santo” e que inaugurou o tempo da evangelização”.

“A Palavra de Deus corre, é dinâmica, irriga todo o terreno onde cai. E qual é a sua força? São Lucas diz-nos que a palavra humana se torna eficaz não pela retórica, que é a arte do belo discurso, mas graças ao Espírito Santo, que é a dinâmica de Deus, a sua força, que tem o poder de purificar a palavra, torná-la portadora de vida”, salientou Francisco.

No seguimento da sua catequese, o Papa reforçou ainda que o dom da salvação de Deus, que se concretiza a partir do Batismo, é aberto a todas as pessoas.

“Cristo ressuscitado cumpre gestos humanos, como o de partilhar a refeição com os seus discípulos, e de os convidar a viver com confiança a espera da realização da promessa do Pai. Qual é a promessa do Pai? Vocês serão batizados com o Espírito Santo”, disse Francisco.

“Não é preciso lutar para ganhar ou merecer o dom de Deus. Tudo é dado gratuitamente e a seu tempo. O Senhor doa tudo gratuitamente. A salvação não se compra, não se paga. É um dom gratuito”, sublinhou ainda.

Durante a sua entrada na Praça de São Pedro, Francisco deu boleia no papamóvel a um grupo de crianças, algumas com a roupa da Primeira Comunhão.

Na sua saudação aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa pediu a proteção de Nossa Senhora para todas as comunidades lusófonas presentes em Roma e espalhadas pelo mundo.

“Que a Virgem Maria proteja o vosso caminho e vos ajude a ser sinal de confiança e instrumento de caridade no meio dos vossos irmãos. Sobre vós e sobre as vossas famílias desça a Bênção de Deus”, completou.

JCP

quarta-feira, 29 de maio de 2019

O cristão nunca se aposenta, vive porque é jovem, quando é cristão verdadeiro»


Papa Francisco disse que «o pecado envelhece»



Cidade do Vaticano, 28 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje que “a tristeza não é um comportamento cristão”, numa homilia na qual explicou que “o pecado envelhece” e o Espírito Santo “torna sempre jovens” as pessoas.

“Peçamos ao Senhor para não perder esta juventude renovada, para não ser cristãos aposentados que perderam a alegria e se deixam conduzir. O cristão nunca se aposenta, o cristão vive, vive porque é jovem, quando é cristão verdadeiro”, disse, na Casa Santa Marta.

A partir da leitura do Evangelho do dia, o Papa explicou que no “discurso de despedida” aos discípulos, “antes de subir ao Céus”, Jesus faz “uma verdadeira catequese sobre o Espírito Santo” e repreende os discípulos que ficaram tristes com a sua partida.

“Não, a tristeza não é um comportamento cristão; contra a tristeza, na oração, pedimos ao Senhor para que guarde em nós a juventude renovada do Espírito”, explicou Francisco, adiantando que o Espírito Santo faz com que exista nos cristãos “essa juventude que renova sempre”.

“Um cristão triste é um triste cristão e isso não é bom. A tristeza não entra no coração do cristão, porque ele é jovem”, acrescentou.

Francisco realçou que o Espírito Santo “é Aquele que sustenta”, isto é o “Paráclito”, palavra que significa “aquilo que está ao meu lado para me apoiar”, para que “não caia, vá em frente” e “conserve essa juventude do Espírito”.

“O cristão é sempre jovem, sempre. Quando o coração do cristão começa a envelhecer, a sua vocação de cristão começa a diminuir: Ou você é jovem de coração e de alma ou não é cristão”, desenvolveu.

Da primeira leitura, do Livro dos Atos dos Apóstolos, o Papa destacou que São Paulo e Silas cantavam hinos a Deus na prisão, uma vez que o Espírito Santo torna capaz de carregar as cruzes.

“Isso é juventude, que faz olhar sempre a esperança. Mas, para ter essa juventude é necessário diálogo quotidiano com o Espírito Santo, que está sempre ao nosso lado, o grande presente que Jesus deixou”, acrescentou.

Francisco salientou que na vida há momentos difíceis e nessas ocasiões sente-se que “o Espírito ajuda a ir em frente (…) e a superar as dificuldades”, até mesmo “o martírio”.

Segundo o Papa mesmo aos pecadores o Espírito Santo ajuda a arrepender, faz olhar para frente, “apoiará, dará novamente a juventude” enquanto o pecado “envelhece a alma, envelhece tudo”.

CB

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Peregrinação Diocesana ao Santuário de Fátima

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“A paz do mundo é baseada na violência, na injustiça, no medo das armas, na subjugação de uns pelos outros”, alertou D. Antonino Dias


D. Antonino Dias, bispo da diocese de Portalegre-Castelo Branco, presidiu à eucaristia dominical, no Recinto de Oração do Santuário de Fátima.

Nos serviços do Santuário fizeram-se anunciar cerca de 30 grupos, oriundos de 8 países. Destaca-se a peregrinação da diocese de Portalegre-Castelo Branco, a Peregrinação nacional dos Pescadores, e um grupo de Bangkok, na Tailândia.

O prelado, na meditação apresentada aos peregrinos presentes, falou do Evangelho do dia, que é apresentado como “vida” de Deus, e que convida cada um a “realizar as mesmas obras de Jesus e do Pai, isto é, tornarmo-nos também nós libertadores do Homem”.

“Comprometer-nos com a transformação da humanidade, é estarmos atentos aos mais frágeis e excluídos, lutarmos pela verdade, pela justiça e pela paz, sermos mais solidários, pacíficos e pacificadores, imparciais e sinceros”, explicou D. Antonino Dias.

O bispo da diocese de Portalegre-Castelo Branco, lembrou que “a Palavra de Deus, sem perder a Sua força, encarna em qualquer cultura e em qualquer lugar” e lembrando a promessa de paz presente no Evangelho, o prelado afirmou que “a paz do mundo, é baseada na violência, na injustiça, no medo das armas, na subjugação de uns pelos outros”.

“A paz de Cristo nasce do serviço e do amor desinteressado aos outros”, disse ainda, acrescentando que nessa atitude pacificadora não está a “ausência da guerra, está sobretudo a presença do amor, a presença de Deus em nós”.

Deste modo, “ser discípulo de Cristo, é também arrastar consigo dificuldades e perseguições”.

“Amados por Deus, caminhamos em direção à verdade plena e à paz, somos peregrinos e peregrinar a este Santuário é peregrinar em Igreja e damos graças por isso”, considera o prelado, enumerando Maria, como membro privilegiado desta Igreja.

Nesta celebração, D. Antonino Dias, convidou ainda os peregrinos a dar graças pelo dom da vida de S. Francisco Marto e a fazer memória “de tantos homens e mulheres que passam pela Capelinha das Aparições, louvando, agradecendo e suplicando”.

( Santuário de Fátima)

domingo, 26 de maio de 2019

Papa Francisco - Oração do Regina Coeli 2019-05-26


https://www.youtube.com/watch?v=D2XSdMat6pg

Jesus caminha connosco


https://www.youtube.com/watch?v=A9kjMBKg4pE

Na liturgia deste domingo sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de forma permanente a caminhada da sua comunidade em marcha pela história: não estamos sozinhos; Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.

No Evangelho, Jesus diz aos discípulos como se hão-de manter em comunhão com Ele e reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o Espírito Santo.

A primeira leitura apresenta-nos a Igreja de Jesus a confrontar-se com os desafios dos novos tempos. Animados pelo Espírito, os crentes aprendem a discernir o essencial do acessório e actualizam a proposta central do Evangelho, de forma que a mensagem libertadora de Jesus possa ser acolhida por todos os povos.

Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total.

Devemos também ter consciência da presença do Espírito na caminhada da Igreja de Jesus. No entanto, é preciso escutá-l’O, estar atento às interpelações que Ele lança, saber ler as suas indicações nos sinais dos tempos e nas questões que o mundo nos apresenta… Estamos verdadeiramente atentos aos apelos do Espírito?
♦ É preciso aprender com a forma como os Apóstolos responderam aos desafios dos tempos: com audácia, com imaginação, com liberdade, com desprendimento e, acima de tudo, com a escuta do Espírito. É assim que a Igreja de Jesus deve enfrentar hoje os desafios do mundo.

extractos de https://www.dehonianos.org/

sábado, 25 de maio de 2019

A maledicência também é de quem a escuta

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São poucas as pessoas capazes de causar a morte ou um ferimento a alguém, nem sequer conseguem injuriar outra pessoa na sua presença. Porém, quase todos são capazes de maledicência! Proferindo-a com especial prazer ou estando dispostos a escutá-la com o maior interesse.

A maior parte de nós é capaz de gestos bondosos e generosos ainda que isso implique suportar sacrifícios, mas parece que é preciso sermos heróis para controlarmos os impulsos de denegrir as reputações alheias.

É tão fácil cair na maledicência… Como se vivêssemos numa espécie de precipício onde ao mínimo desequilíbrio caímos na calúnia.

Ofender e arruinar o outro é sempre mau. Pouco importa se o que se diz é verdade ou mentira. A maledicência mais potente é a que mistura as duas. Nem todas as devem ditas, algumas seria mesmo mais agradável não as saber – até porque não temos o direito de saber tudo.

A maledicência é também de quem a escuta e quer escutar. Por isso se vai infiltrando e passa pelos lugares mais remotos e improváveis, deixando muitas ruínas atrás de si. Não sobrevive senão através da transmissão.

Contra a má-língua de nada valem cautelas, forças nem coragem de nenhum tipo. Nem o mais santo dos homens está livre de ser ofendido. Nem o próprio Deus.

A pobreza de educação e um coração envenenado são os motivos profundos de quem julga que se honra através da desonra que provoca aos outros.

A injúria disfarça-se de serviço de informação relativa aos que julga serem maus, para deles se proteger. Mas quem pode considerar-se juiz competente para decretar tais sentenças? E mesmo que tenha sido feito um mal, quem garante que a esse erro não se segue um enorme bem?

A maledicência fere à distância, pelas costas, escurecendo o que não consegue queimar e roubando o que nunca conseguirá restituir.

A maledicência depende de quem a ouve. Porque se ninguém a escutasse morreria de imediato.

José Luís Nunes Martins

sexta-feira, 24 de maio de 2019

CUIDADO, NÃO SUJE OS SAPATOS!...

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Sim, cuidado com o esterco do diabo, não se deixe sujar nem se escandalize, é palavra de santo!... Mas convenhamos que algum desse esterco até faz jeito. Inclusive faz falta em pé de meia, sobretudo quando sabemos que o diabo anda por aí à solta a gerar corruptos, agiotas, onzenários, avaros e trapaceiros com a conivência de bancos públicos que emprestam milhões aos bens falantes, sem avaliar riscos, e negam uns tostões aos de mãos calejadas, regra geral gente séria e de palavra honrada. Ser radicalmente alérgico a tal esterco é tolice, lá isso é, é não fechar bem a gaveta. Essa coisa tão desconsiderada quão amada e que se dá pelo nome de grana, pataca, massa, pilim, caroço, milho, guita, bago, cacau, papel, prata, pasta, arame, chapa, carcanhol - e mais o leitor acrescentará! -, essa coisa é aquilo com que se compram os melões de Almeirim, os pepinos não sei de onde, a sericaia com ameixa de Elvas, a tigelada da Sertã, a palha de Abrantes, como dantes, as amêndoas de Portalegre, o maranho, o bucho e o borrego estonado de Oleiros, as fraldas para o bebé, a bengala para os mais sabidos... Sem isso, estando nas lonas ou tesos, sem cheta, não se pode abrir, de quando em vez, os cordões à bolsa, nem apaziguar o ser humano, nem alegrar uma família que se olha com fome em tristeza e dor. Pior ainda quando tal flagelo brota da indigência e da miséria. Sim, o andar constantemente de mãos a abanar faz ter a sensação de andar sempre com a corda ao pescoço, humilha, retrai, tira a liberdade, exclui da participação social!
No entanto, uma coisa é ter o necessário para viver com dignidade, outra coisa é a ganância e o lucro à custa da falsa fraternidade entre os homens e os povos, à custa da avidez pelos recursos da natureza, à custa da exploração e da corrupção que não se importa de esmagar, descartar e destruir até mesmo esta nossa casa comum, a criação, a natureza. Mas nada de novo sobre a face da terra. Cristo veio-nos alertar, deu a vida por nós e pediu-nos mudança de coração. No entanto, virando-Lhe as costas e auto elevados, em pés de barro, como os maiores, tornamo-nos petulantes em dureza do coração e continuamos a ser “um povo de cabeça dura” (Ex 32,9). No século IV, Santo Ambrósio de Milão já se insurgia contra os alambazados: “Quantos são sacrificados nos preparos da vossa alegria? Avidez nefasta; nefasta sumptuosidade. Este caiu dum telhado quando erguia celeiros maiores para as vossas colheitas. Aquele tombou do alto duma árvore quando colhia as uvas que dela pendem para produzir vinhos dignos do teu banquete. Outro ainda afogou-se quando no mar procurava o peixe ou as ostras que temias viessem a faltar à tua mesa... Aquele, que por acaso te desagradou, foi vergastado até à morte diante dos teus olhos, salpicando com o sangue derramado os teus festins. Houve até um rico que ordenou que lhe trouxessem à mesa a cabeça dum pobre profeta; não encontrou melhor forma de favorecer uma dançarina do que ordenar a morte de um pobre”.
Vem tudo isto a propósito duma iniciativa que o Papa Francisco, com olhar profético sobre o mundo e a humanidade de hoje, resolveu anunciar no princípio deste mês de maio. É uma iniciativa de se lhe tirar o chapéu, uma iniciativa inédita, na esperança de poder contribuir para a mudança da atual economia e da economia do amanhã. Ele não desiste de bater na mouche. Já na sua viagem apostólica à Bolívia, por exemplo, afirmava: “Hoje, a comunidade científica aceita aquilo que os pobres já há muito denunciam: estão a produzir-se danos talvez irreversíveis no ecossistema. Está-se a castigar a terra, os povos e as pessoas de forma quase selvagem. E por trás de tanto sofrimento, tanta morte e destruição, sente-se o cheiro daquilo que Basílio de Cesareia – um dos primeiros teólogos da Igreja – chamava «o esterco do diabo»: reina a ambição desenfreada de dinheiro. É este o esterco do diabo. O serviço ao bem comum fica em segundo plano. Quando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioecónomico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum, a irmã e mãe terra”.
Consciente de que os jovens “são capazes de escutar com o coração os gritos cada vez mais angustiantes da Terra e dos seus pobres”; com a certeza de que os jovens sabem “sonhar e começar a construir, com a ajuda de Deus, um mundo mais justo e mais belo”; acreditando que "as universidades, empresas e organizações são laboratórios de esperança para novas formas de compreender a economia e o progresso, combater a cultura do desperdício, dar voz a quem não tem nenhuma e propor novos estilos de vida"; convidando para esse encontro "alguns dos melhores especialistas em ciências económicas, assim como empresários que já estão comprometidos a nível mundial com uma economia coerente com este ideal", o Papa Francisco convocou estudantes e jovens economistas, empreendedores e empreendedoras de todo o mundo, jovens que tenham a coragem de ser "protagonistas da mudança", para um encontro a realizar em março de 2020, em Assis, Itália. O seu principal objetivo é dar início a um modelo económico "diferente, que permita às pessoas viver e não matar, incluir e não excluir, humanizar e não desumanizar, cuidar da Criação e não depredar".
A iniciativa terá o nome de "Economia de Francisco", em homenagem a São Francisco de Assis que se despojou “de toda a mundanidade”, se fez “pobre com os pobres” e deu origem a uma visão económica que “pode dar esperança ao nosso futuro, solucionar os problemas estruturais da economia mundial, beneficiar não só os mais pobres, mas toda a humanidade”. De facto, precisam-se “modelos de crescimento capazes de garantir o respeito pelo ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores, os direitos das futuras gerações”. Este apelo da “gravidade dos problemas” desafia a “promover em conjunto”, através de um “pacto comum”, um processo de “mudança global”, concretizado por todos os jovens, independentemente do credo e das nacionalidades, “unidos pelo ideal da fraternidade, atento sobretudo aos pobres e aos excluídos”. Tal apelo reclama incrementar “um novo modelo económico”, que se baseie na “cultura da comunhão”, na “fraternidade e na equidade”. E “todos, mesmo todos” somos chamados a “mudar esquemas mentais e morais” em ordem ao bem comum, afirma Francisco.

D.Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 24-05-2019.

Ainda há quem nos aceite!

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Ainda há quem nos aceite. Há quem, incessantemente, se vá dando ao trabalho de continuar a dar bom nome à nossa existência deixando que tudo seja mudado e renovado. Por entre as encruzilhadas da nossa vida existe quem marque uma cruz maior, para que não nos fechemos em becos sem saída, mas que tenhamos a oportunidade de sair livremente para uma vivência e uma felicidade realizada na eternidade. Existe quem ainda nos receba de braços abertos depois de tantas quedas, de tanto pecado e de tanta teimosia. Recebe-nos, não porque aceita todas as nossas ações, mas porque reconhece que a vida só pode ser restituída se for, primeiramente, acolhida. Recebe-nos, porque tem em si a experiência de que só se é amado, quando se sente verdadeiramente perdoado.
Ainda há quem nos aceite. Há quem se deixe tocar pela nossa tremenda fragilidade para que possa entrar nesse verdadeiro mistério que é dom da humanidade. Dom que nunca se realizará numa tremenda perfeição, mas que se destacará pelas suas perfeitas imperfeições. Continua a existir no caminho das nossas vidas quem ainda entregue todo o seu corpo deixando-se estender até ao outro numa dádiva plena e cheia de amor. Continua a estar entre nós quem prefira arriscar no amor sem deixar ser vencido pelo medo da vulnerabilidade e da incerteza.
Ainda há quem nos aceite. Ainda há quem nos aceite, porque ainda existe quem não fuja de nós. Existe quem ainda saia de si mesmo sem esperar nada em troca. Existem quem ainda se deixe tocar por essa autenticidade, onde muitas vezes é ferida, porque é amada, mas que deixa que a sua humanidade experimente o divino.
Ainda há quem nos aceite num amor que continuará a ser, para muitos e em todo o tempo, loucura, mas que para nós será testemunho verdadeiro de que não caminhamos sós. Para nós será a certeza de que teremos sempre quem corra para perto de nós.
Ainda há quem nos aceite, porque ainda existe, depois de tantos recuos e de tantas fugidas, quem não desista de nós!

http://www.imissio.net/artigos/49/2694/ainda-ha-quem-nos-aceite/

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Ser amigo é amar


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O meu amigo mostra-me quem sou, impulsiona-me à perfeição de mim mesmo, porque vê o mais importante de mim e me ama.

O meu amigo não precisa de saber tudo sobre mim, porque não me quer julgar, precisa apenas de saber como estou… para saber o que pode fazer por mim. O mais importante é ajudarmo-nos, mais do que compreendermo-nos ou corrigirmo-nos.

A humildade que o amor exige é muito difícil porque implica assumir a fragilidade, pedir ajuda e aceitar ser ajudado. Ser amigo é dar sempre o que nos é pedido e… pedir quando é preciso, aceitando a resposta, qualquer que ela seja… por mais dura que possa ser.

Há poucos amigos. A amizade implica uma entrega muito maior do que aquela que é comum neste mundo, onde tantos se julgam e dizem ser amigos sem o ser.

É preciso estar aberto a partilhar com o nosso amigo o que somos e temos de bom e de mau, mas também acolher tudo o que se passa na sua vida… até mesmo a possível mentira que pode ser a sua amizade por nós.

Se a felicidade do nosso amigo não nos enche de alegria, tal como a sua angústia nos entristece, então não somos seus amigos. É mais difícil partilhar a graça do que a desgraça.

É pior desconfiar do que ser enganado, tal como é pior magoar do que ser magoado.

Nos amigos, os espaços e os tempos não são os mesmos, os ventos devem sempre poder dançar entre eles, nunca podem estar demasiado próximos, sob pena de se anularem e de deixarem de ser quem são.

As amizades podem até ter nascido de um instante, mas para se manterem verdadeiras precisam de um trabalho longo e constante, mais de atenção e cuidado do que de muitas produções. Depois, ficam para sempre, aconteça o que acontecer.

Que eu seja capaz de ser um refúgio onde o outro encontre a sua paz.

José Luís Nunes Martins

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Quando ajudar é uma arte


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Somos seres interdependentes. É pensar que desde a fecundação precisamos uns dos outros para a nossa existência e vida. ´
Ainda assim, insistimos tantas vezes em viver separados uns dos outros, mergulhados na autossuficiência e na vaidade de que sozinhos conseguimos tudo.
O norte existe em função do sul e vice-versa. Uma mãe porque há um filho, um neto porque há um avô, um paciente porque há um médico, um aluno porque há um professor.
Em cada dia usufruímos do serviço, generosidade e entrega genuína de tantos. O pão que saboreamos quentinho com manteiga ao pequeno almoço, deu tantas voltas até chegar à nossa mesa. E quantas vezes sem que conheçamos a pessoa que o fez, até ele chegar até nós.
A riqueza da vida é esta interdependência, sem que isso nos torne seres demasiado subordinados e incapazes de assumir responsabilidades e tomar decisões. Porém, esta interdependência torna-nos mais humanos, pois, mais do que para viver em sociedade fomos criados para viver em comunidade e isso traz em si a proposta de colocar tudo em comum: os nossos dons, os nossos bens, a nossa vida.
A linguagem que melhor entendemos é a linguagem de quem se aproxima de nós e nos levanta do chão, nos ajuda a carregar as dores dos nossos inúmeros (re)nascimentos, se alegra com as nossas superações, nos incentiva a caminhar para a frente, nos devolve o encanto pela vida, nos faz acreditar que amar sem cobrar é possível, pois essa é a linguagem do testemunho. É a mais credível.

Ajudar é uma arte. A arte de elevar cada pessoa ao seu expoente máximo, à sua melhor versão, na certeza de que somos mais inteiros e mais felizes quando nos comprometemos uns com os outros.



Cristina Duarte

domingo, 19 de maio de 2019

Ninguém Te Ama Como Eu


https://www.youtube.com/watch?v=G9kKYe_Jm3c


A Lei do Amor


https://www.youtube.com/watch?v=S1BqmyhRtrc


O tema fundamental da liturgia deste domingo é o do amor: o que identifica os seguidores de Jesus é a capacidade de amar até ao dom total da vida.
No Evangelho, Jesus despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes em testamento o
“mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho no mundo do amor materno e paterno de Deus.
Na primeira leitura apresenta-se a vida dessas comunidades cristãs chamadas a
viver no amor. No meio das vicissitudes e das crises, são comunidades fraternas, onde os irmãos se ajudam, se fortalecem uns aos outros nas dificuldades, se amam e dão testemunho do amor de Deus. É esse projecto que motiva Paulo e Barnabé e é essa proposta que eles levam, com a generosidade de quem ama, aos confins da Ásia Menor.
A segunda leitura apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, a realização da utopia, o rosto final dessa comunidade de chamados a viver no amor.
Como é que vivem as nossas comunidades cristãs? Notamos nelas o mesmo empenho missionário dos inícios? Há partilha fraterna e preocupação em ir ao encontro dos mais débeis, em apoiá-los e ajudá-los a superar as crises e as angústias? São comunidades que se fortalecem com uma vida de oração e de diálogo com Deus?
A proposta cristã resume-se no amor. É o amor que nos distingue, que nos identifica; quem não aceita o amor, não pode ter qualquer pretensão de integrar a comunidade de Jesus. O que é que está no centro da nossa experiência cristã? A nossa religião é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos ritos externos? Com que força nos impomos no mundo – a força do amor, ou a força da autoridade prepotente e dos privilégios?
♦ Falar de amor hoje pode ser equívoco… A palavra “amor” é, tantas vezes, usada para definir comportamentos egoístas, interesseiros, que usam o outro, que fazem mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade… Mas o amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza, que se faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida. É este o amor que vivemos e que partilhamos?


https://www.dehonianos.org

sábado, 18 de maio de 2019

Sê o sorriso e o abraço que mudam o mundo


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Uma professora de psicologia ensinou-me que quando somos crianças temos muitos amigos mas à medida que crescemos não só se torna mais difícil fazer amigos como vamos perdendo dos amigos que nos rodeiam. Eu acho que tudo isto nasce da nossa vontade em compreender e ser compreendidos. A compreensão verdadeira é utopia porque seria necessário alguém viver por mim, seria necessário alguém percorrer os meus passos para reconhecer onde me doem os calos e onde habitam as cicatrizes.
Nós, adultos, chegamos a uma fase em que somos exigentes demais nas amizades. Já não chega amar, tem de ter sentido de humor. Não chega o sentido de humor tem de se rir das mesmas coisas que nós e em última instância precisamos que os nossos valores coincidam, que nos oiça e que nos compreenda. Damos por nós com uma lista interminável de exigências quando aquilo que todos queremos é amar e ser amados nas nossas diferenças e particularidades. Então se todos estamos na mesma página porque temos mais dificuldade em amar-nos e ser simplesmente amigos uns dos outros?
Uma vez conheci um senhor que no alto dos seus quarenta e tal anos era a maior criança que conhecia. Tinha alma de criança. Trabalhámos juntos arduamente o dia todo e ainda que cansado o primeira e única imagem que tenho dele é o seu sorriso e o seu abraço. Rimos nesse dia. Sempre que o encontrava seja para trabalhar ou para conversar deixava-me com um sorriso e um abraço.
Precisamos de nos deixar tocar pelo outro mas também precisamos de atrever-nos a tocar o outro. Precisamos de ter a ousadia de levar um sorriso àquele que encontramos, que cruza o nosso caminho ou que trabalha connosco. Precisamos de ousar abraçá-lo e perguntar-lhe como está. Precisamos de cuidar-nos mais uns aos outros sem ter motivo. Precisamos de amar-nos sem razão. Precisamos de querer-nos bem sem sabermos porquê, só porque sim. Precisamos de, tal como o senhor que um dia conheci, ter alma de criança e voltar ao jardim-de-infância onde com um sorriso e um abraço já fazíamos um amigo novo. O que mudou para agora já não chegar? Será que faz mesmo falta algo mais para ser amigo de alguém que um sorriso e um abraço?
Um sorriso e um abraço afinal de contas mudam vidas. Mudaram a minha. Tenho a certeza que o sorriso e o abraço de alguém também já mudaram a tua vida em algum momento. Então talvez ser missionário e querer mudar o mundo seja apenas sorrir e abraçar quem nos rodeia. E talvez assim estejamos a fazer o mais importante: “amar-nos uns aos outros como eu vos amei”. Assim se salva o mundo pessoa a pessoa. Salva alguém hoje. Um dia alguém te salvará a ti.

Paula Ascenção


sexta-feira, 17 de maio de 2019

A PROPÓSITO MESMO QUE A DESPROPÓSITO

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A Igreja é constituída por quem ainda peregrina neste mundo em direção à Pátria definitiva; por quem, após passar por esta vida, já contempla no Céu Deus uno e trino; e por quem, tendo morrido na graça e na amizade de Deus, embora seguro da sua salvação, ainda se purifica para entrar na alegria da bem-aventurança eterna (cf. CIgC954/1023/1031). Entre os que ainda peregrinamos e os que já adormeceram na paz de Cristo, existe uma verdadeira comunhão, uma comunhão reforçada pela comunicação dos bens espirituais, uma comunhão que reclama o exercício da verdadeira e mútua caridade fraterna. Os que estão no Céu são para nós um exemplo e um estímulo, intercedem por nós, são um auxílio. Pelos que ainda se purificam, nós rezamos, é um dever de caridade e de justiça. A esta purificação final dos que estão salvos a Igreja chama Purgatório. Acreditando nesta comunicação de todos os membros do Corpo Místico de Cristo, a Igreja que ainda peregrina por este mundo, de facto, sempre cultivou a memória dos defuntos. Sempre ofereceu sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico, recomendando também, como sufrágio, a indulgência, a esmola e as obras de penitência. Judas Macabeu, no início do século I antes de Cristo, dizia que é coisa santa e salutar rezar pelos mortos e mandou oferecer um sacrifício pelos pecados dos que tinham morrido, para que fossem libertados do pecado (cf. 2Mac 12,46). O Concilio Vaticano II tornou presente esta nossa união vital com os irmãos que já estão na glória celeste ou que, após a morte, sofrem a purificação. E não se inibiu de voltar a propor a doutrina do II Concílio de Niceia, do de Florença e do de Trento. (cf. LG50-51). Como não sabemos nem temos o direito de julgar, é claro que rezamos por todos os que morrem, sabendo embora que a oração só é sufrágio pelos fiéis defuntos, pelos defuntos que foram fiéis, pelos que estão salvos, mas que ainda se purificam.
E aqui está a minha questão. Sabemos que há quem reze muito pelos seus familiares e amigos depois de eles terem morrido. Sabemos que há quem tenha muita devoção e reze pelas benditas almas do Purgatório. E bem, é bom! No entanto, também acontece que há quem, apesar de rezar muito pelos mortos, se esquece de rezar pelos vivos e, não raro, até lhes faz a vida cara: “rezam pelos mortos e andam aos pontapés aos vivos”. Não estou a dizer que não se deve rezar pelos mortos, deve, sim, rezar pelos mortos é um dever de caridade e de justiça. Só estou a querer questionar as nossas atitudes e a colocar “em dúvida académica” os possíveis frutos dessa oração, para nós e para aqueles por quem rezamos. É que, como já dissemos, essa oração é pelos fiéis defuntos, pelos defuntos que foram fiéis, pelos defuntos que estão salvos. Na verdade, há muita gente com grande dedicação aos outros, cuidando que nada lhes falte: companhia, cuidados de higiene, medicação, alimentação, médico à cabeceira. Muito bem, é bom que assim seja. Menos bom, porém, se permanecêssemos sossegados perante alguém que sempre viveu, vive e se prevê venha a falecer, pelo menos aparentemente, sem arrependimento, alimentando ódios e sentimentos de vingança, autoexcluindo-se, definitivamente, da comunhão com os outros, com Deus rico em misericórdia e com os bem-aventurados. Embora acreditemos que sempre possa haver, na hora da morte, um momento de reconsideração e de conversão; embora saibamos que Deus é rico em misericórdia e tem os Seus desígnios de amor; embora saibamos que Ele veio para nos salvar e não quer que alguém se condene; embora acreditemos nisso, a possibilidade de autoexclusão desta comunhão eterna existe: é aquilo que designamos por “Inferno”.
A propósito, a Mensagem de Fátima, que também engloba dimensões escatológicas, dimensões que estão para além desta vida, usa formas de catequese muito vivas e concretas sobre tal temática. E pede conversão individual, e pede oração e penitência pela conversão dos pecadores, tal como Jesus, que morreu para nos salvar, pediu. Na quarta Aparição, Nossa Senhora dizia aos Pastorinhos que há muita gente que não se salva porque não há quem se sacrifique e reze por ela. Na Carta Encíclica Mystici Corporis, Pio XII escrevia: “Tremendo mistério, e nunca assaz meditado: Que a salvação de muitos depende das orações e dos sacrifícios voluntários, feitos com esta intenção, pelos membros do corpo místico de Jesus Cristo, e da colaboração que pastores e féis, sobretudo os pais e mães de família, devem prestar ao divino Salvador” (MC43). E tantos são os cristãos que, por preconceitos, respeito humano ou indiferença de quem os rodeia, morrem sem apoio espiritual na hora da agonia, sem a celebração dos sacramentos e sem o acompanhamento orante que purifique, reconforte e dê esperança!... Não será melhor que, em vez de esperar que eles morram para depois lhes rezar pela alma, não será melhor rezar por eles enquanto vivos e tudo fazer para que morram em paz e na graça de Deus, em comunhão consigo próprios, com os outros e com Deus, para depois, como defuntos que foram fiéis, usufruírem da oração da Igreja? Claro que sim, é um dever de todos nós: “Saiba que aquele que reconduz um pecador desencaminhado salvará a sua alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados” (Tiago 5, 20).
Santa Rita de Cássia, teve um marido que não era flor que se cheirasse. Era-lhe infiel no matrimónio, bebia demais, causava sofrimento em casa, fomentava violência e rixas na cidade. Embora sofrendo, sempre ela se preocupava e rezava pela conversão do marido que acabou por se converter, mudou de vida. Um dia, porém, saindo para trabalhar, seu marido não voltou a casa. O seu passado ainda pesava, fora assassinado por quem, tal como hoje, não acreditava na sua conversão, por preconceitos, medos ou vinganças. Os dois filhos, que já eram jovens, juraram vingar a morte do pai. Rita, porém, se tinha feito tudo para converter o seu marido, pede agora ao Senhor que os filhos não cometam tal crime, se convertam ao amor de Deus e ao perdão. E a graça aconteceu, perdoaram ao assassino do pai. Acometidos de peste, ambos morreram em paz. Santa Rita de Cássia é invocada como advogada das causas perdidas e dos impossíveis, ela acreditava na força da oração e sempre teve a consciência do seu papel de esposa, de mãe, de viúva e, depois, como religiosa agostiniana.
Santa Mónica, ainda jovem, casou-se com Patrício, homem violento e pagão. Seu filho mais velho, jovem inteligente e brilhante professor, levava vida leviana. Mónica vivia preocupada com a conversão da sua família, não desistia de rezar e de fazer tudo quanto estava ao seu alcance para ver a conversão de seu marido e filho. Nunca se deixou abater pelas dificuldades sentidas. Seu marido converteu-se, morreu santamente. Seu filho, igualmente, converteu-se já depois do pai ter falecido, é Santo Agostinho, foi Bispo, é doutor da Igreja. Um dia, Mónica disse a Agostinho: “... já nada espero deste mundo. Havia só uma razão pela qual desejava prolongar um pouco mais esta vida: ver-te cristão católico, antes de morrer. Deus concedeu-me esta graça de modo superabundante ...”.


D.Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 17-05-2019.

Uma Senhora vestida de Sol


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É difícil escrever sobre Nossa Senhora. Sobre o que me faz acreditar nela sem ter razões específicas ou claras para o fazer. Não sei como se explica ou como se diz aquilo que trazemos aceso dentro do coração. Sei que acredito numa Senhora que se quer, ainda hoje, vestir de Sol e de Paz para lembrar a todos que não vale a pena ambicionar senão a simplicidade das coisas pequenas e insignificantes. Sei que acredito numa Senhora que não desiste daqueles que lhe prometem tudo e daqueles que nunca lhe prometeram nada. Sei que acredito numa Senhora que conhece as bolhas dos pés que caminharam até à sua Capelinha e que sabe de cor cada prece que arde dentro da voz de cada um. Sei que acredito numa Senhora de sorriso ténue, pouco visível e pouco aberto que é imaginado pelo Pai para se rasgar em forma de raio de Sol dentro do coração de cada um de nós.

É difícil escrever sobre Nossa Senhora. Sobre o silêncio que nos devolve quando lhe pedimos tudo. Sobre a falta que nos faz esse silêncio quando o mundo fala demasiado alto. É difícil perceber o tamanho do coração de Nossa Senhora. Sou capaz de o imaginar como uma árvore grande de onde partem e chegam pássaros brancos. Sempre. A toda a hora e momento. A árvore é Ela e os pássaros somos nós. Nem sempre lhe reconhecemos o abrigo e o colo. Distraímo-nos com o mundo e as nossas coisas. Nossa Senhora compreende sempre tudo. Espera por nós com os ramos da sua árvore sempre abertos.

São sempre bonitos os seus braços.

É sempre bonita a sua Luz.

Marta Arrais


quinta-feira, 16 de maio de 2019

Semana da Vida 2019 desafia famílias a acreditar no futuro

«Valor da vida não se questiona» – Comissão Episcopal do Laicado e Família



Lisboa, 13 mai 2019 (Ecclesia) – A Igreja Católica em Portugal está a celebrar até domingo a Semana da Vida 2019, iniciativa que quer destacar a “importância decisiva da Família na defesa da Vida”, afirmando que este é um valor inquestionável.

“À sombra de uma família, todos cabem, todos crescem, todos vivem. À sombra de uma família, há passado e presente e futuro”, lê-se na mensagem da Comissão Episcopal do Laicado e Família, enviada à Agência ECCLESIA.

O guião orientador da iniciativa sustenta que o valor da vida “não se questiona”, “não se adjetiva” e “não se circunscreve no tempo”.

Os bispos portugueses, através do seu Departamento Nacional da Pastoral Familiar, salientam que “até mesmo nos momentos mais violentos e mais dramáticos, esteve sempre em causa a defesa da Vida de um alguém, isolado ou coletivo”.

“Não há palavras que descrevam o valor da vida de cada um”, por isso, a vida é um valor que “ultrapassa todos os excessos verbais” e “escapa até mesmo à imensa criatividade do homem”.

A Comissão Episcopal do Laicado e Família recorda que cada vida tem um passado, “repleto de vidas que a trouxeram ao presente, “que geram outras vidas que projetam o futuro”.

“Na vida de cada um, há o mistério de um passado e o mistério de um futuro, que se constrói na verdade do presente”, sublinham na mensagem ‘Vida, futuro no presente’.

A Igreja Católica em Portugal afirma que é preciso “voltar à beleza” do que rodeia, para entender a Vida, para a “defender com toda a alma” e existir empenho “na construção do mundo que Deus entregou”.

“Capazes de tanto que somos, seremos também capazes de entender que a defesa da Vida passa claramente, pela defesa da Família e, de um modo tão atual e pertinente, pela atenção aos mais novos?”, questiona a referida comissão.

Neste contexto, a mensagem lembra que o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude 2019 no Panamá afirmou que os jovens são o presente e não o futuro e o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Joaquim Mendes no Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens que só uma ‘Igreja-família’ “é capaz de dar resposta aos anseios dos jovens”, pelo “sentimento de orfandade”.

A Semana da Vida 2019, que começou este domingo, vai ser celebrada no contexto do Ano Missionário especial que a Igreja Católica em Portugal está a viver até outubro.

A comissão episcopal assinala que “o sentido grande e divino e inquestionável da vida, de toda a vida”, é “seguramente” um dos campos urgentes da missão e a isso se destinam as propostas apresentadas no guião como a oração, “com a meditação dos mistérios do Rosário”, a formação, por exemplo a partir dos documentos do papa Francisco, e o testemunho, onde cada paróquia e comunidade “fará o que for possível”.

Para esta semana são propostas também intenções para a Oração Universal, disponíveis no guião no sítio online leigos.pt/.

A Semana da Vida decorre, habitualmente, é celebrada em Portugal desde 1994, Ano Internacional da Família, quando os bispos portugueses a instituíram na terceira semana de maio, pelo Dia Internacional da Família (15 de maio), em resposta à proposta do Papa São João Paulo II no encerramento do Sínodo da Europa, em 1991, referido na nota Pastoral ‘A Família e a Vida’ (1 de maio de 1994).

CB/OC

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Papa recorda atentado contra São João Paulo II e «proteção materna» de Fátima

Francisco recordou mensagem das aparições de 1917, apelando à recitação do terço



Cidade do Vaticano, 15 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco recordou hoje no Vaticano o atentado contra São João Paulo II, a 13 de maio de 1981, ligando a sobrevivência do santo polaco à “proteção materna” de Nossa Senhora de Fátima

“O 13 de maio é o dia que recorda a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, coincidindo com o dia do atentado contra a vida de São João Paulo II. Recordamos a sua afirmação: em tudo o que aconteceu vi uma particular proteção materna de Maria”, referiu o pontífice, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal.

Francisco repetiu passagens da mensagem deixada aos videntes, na Cova da Iria, durante as aparições: “Vim para advertir a humanidade, para que mude de vida e não entristeça Deus com graves pecados. Que os homens rezem o terço e façam penitência pelos seus pecados”.
Ouçamos esta recomendação, pedindo a Maria a sua proteção materna, o dom da conversão, o espírito de penitência e a paz para o mundo inteiro. Coração Imaculado de Maria, rogai por nós”.

O Papa voltou ao tema ao saudar os peregrinos de língua portuguesa, recordando que maio é considerado pelos católicos como o “mês de Maria”, convidando a “multiplicar os gestos diários de veneração e imitação da Mãe de Deus”.

“Procuremos rezar o terço todos os dias, dedicando a Deus aquele mínimo de tempo que Lhe devemos. Assim aproximaremos dos homens o Céu. Sede para todos a bênção de Deus”, apelou.

O atentado contra a vida de João Paulo II, atingido a tiro na Praça de São Pedro, a 13 de maio de 1981, mudou a relação deste Papa com Fátima, onde viria a realizar três visitas, em 18 anos.

Um ano após os disparos do turco Ali Agca, João Paulo II veio à Cova da Iria reconhecer publicamente a sua convicção de que houve uma intercessão de Nossa Senhora de Fátima na sua recuperação.

Logo na primeira audiência após o atentado, a 7 de outubro de 1981 – memória litúrgica de Nossa Senhora do Rosário – o santo polaco manifestou esta sua certeza interior: “Poderia esquecer que o acontecimento na Praça de São Pedro se realizou no dia e na hora, em que, há mais de 60 anos, se recorda em Fátima, em Portugal, a primeira aparição da Mãe de Cristo aos pobres e pequenos camponeses? Porque, em tudo aquilo que sucedeu exatamente nesse dia, notei aquela extraordinária proteção maternal e solicitude, que se mostrou mais forte do que o projétil mortífero”.

Em maio de 1982, no aniversário desse primeiro atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla (1920-2005) chegava a Fátima.

Antes de partir, em Roma, João Paulo II explicava que queria ir à Cova da Iria, “lugar abençoado, também para escutar novamente, em nome de toda a Igreja, a Mensagem que ressoou há 65 anos nos lábios da Mãe comum, preocupada com a sorte dos seus filhos”.
Em Fátima, o Papa falou para “agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular” (homilia do 13 de maio) e, na Capelinha das Aparições, agradeceu a “especial proteção materna de Nossa Senhora”.

“Pela coincidência – e não há meras coincidências nos desígnios da Providência divina – vi também um apelo e, quiçá, uma chamada à atenção para a mensagem que daqui partiu, há sessenta e cinco anos, por intermédio de três crianças, filhas de gente humilde do campo, os pastorinhos de Fátima, como são conhecidos universalmente”, acrescentou então.

Na Cova de Iria, viria a ser vítima de um novo ataque contra a sua vida, perpetrado pelo espanhol Juan Fernández Krohn, padre tradicionalista que usava um punhal.

Já depois da morte de João Paulo II (2 de abril de 2005), o cardeal Stanislaw Dziwisz, que foi seu secretário particular, assegurava que este tinha sido ferido, embora de forma ligeira.


Foto: Santuário de Fátima

A 25 de março de 1984, o Papa presidiu à consagração do mundo ao coração de Maria, no Vaticano; a mesma imagem que, em 2000, colocou entre os bispos de todo o mundo, consagrando-lhe o terceiro milénio.

Ainda a 25 de março de 1984, o Papa oferece ao bispo de Leiria-Fátima a bala do atentado que, mais tarde, seria colocada na coroa preciosa da imagem de Nossa Senhora venerada na Capelinha das Aparições.

Em 2000, o agora Papa emérito Bento XVI era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (cardeal Joseph Ratzinger) e assinou o “comentário teológico” à terceira parte do segredo, no qual se fala de um “Bispo vestido de branco” que caminha no meio de ruínas e cadáveres, imagem associada ao atentado sofrido por João Paulo II.

O texto relativo ao Segredo de Fátima (uma mensagem anunciada por Nossa Senhora aos Pastorinhos em julho de 1917 e escrita por Lúcia na década de 40 do século XX) pode ser consultado no sítio do Vaticano.

OC

terça-feira, 14 de maio de 2019

Ainda está para vir o dia!

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Ainda está para vir o dia. O dia em que nos demoraremos mais um pouco numa atenção desmedida e cuidada para com o outro. Está para chegar a manhã das nossas vidas como sinal de uma nova era, onde as nossas escuridões não terão comando sobre o leme da nossa existência. Está para chegar a tarde onde nos sentaremos, de novo, frente a frente e nos deixaremos inundar pela beleza de uma criação que se transforma e se revela num silêncio magistral e digno de contemplação.

Ainda está para vir o dia. O dia em que valorizaremos o nada do nosso tudo. Está para vir essa aurora dos novos tempos, onde o sofrimento e o mal serão silenciados, não para encobrir e fingir que nada acontece, mas para serem tratados e removidos da nossa humanidade. Há-de chegar esse tempo onde nos focaremos verdadeiramente na pessoa, nessa dignidade que a todos nos assiste e que reclama por uma vivência despedida de moralidades, de ódios, de poderes e ganâncias.

Ainda está para vir o dia. O dia em que nos preocupemos em viver plenamente. Está para chegar o momento em que nos dedicaremos a uma vivência autêntica e largaremos essa mania de vivermos numa liberdade mascarada e moldada, isso sim, por quem se entrega a uma mera sobrevivência. Virá, para todos e todas, o resplendor da verdade que nos iluminará por completo e nos deixará cegos para mundo, mas de olhos abertos para as coisas do Alto. Há-de chegar a clareza que nos apanhará num só lado, mas que nos revelará por inteiro desbravando em nós todos os cantos e recantos perdidos de luz.

Ainda está para vir o dia. O dia em que passaremos a noite em busca do instante luminoso e cheio de vida. Está para vir o dia em que as nossas dúvidas deixarão de definir os passos do nosso caminhar. Há-de chegar a vitória da nossa história, onde não se conquistarão novos poderes, nem novos territórios, mas teremos em nós a maior de todas as riquezas. Chegará o dia em que o Amor será tudo em nós e nós seremos reflexo total dessa chama que arde e vivifica o nosso ser.

Ainda está para vir o dia em que se faça dia nos nossos dias!


Emanuel António Dias

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Papa associa-se a celebração do 13 de Maio em Fátima

Foto: Santuário de Fátima

Cidade do Vaticano, 12 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco associou-se hoje, no Vaticano, à celebração do 13 de maio, em Fátima, que recorda a primeira aparição da Virgem Maria na Cova da Iria, em 1917.

“Os nossos pensamentos vão para a nossa mãe celestial, que celebraremos amanhã, 13 de maio, com o nome de Nossa Senhora de Fátima. Confiamo-nos a ela, para continuar a nossa jornada com alegria e generosidade”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração pascal do ‘Regina Coeli’, perante milhares de peregrinos.

O Papa esteve em Fátima nos dias 12 e 13 de maio de 2017, por ocasião do Centenário das Aparições, tendo presidido à canonização dos santos Francisco e Jacinta Marto, dois dos videntes da Cova da Iria.

Foto: Santuário de Fátima

A peregrinação internacional aniversária de maio é presidida, em 2019, pelo arcebispo de Manila, D. Luís Antonio Tagle, o qual está em Portugal desde quinta-feira, com uma agenda centrada em Fátima e nas questões sociais.

A presença do cardeal filipino, também presidente da confederação internacional da Cáritas, é apresentada pelo Santuário de Fátima como “um sinal de atenção à Ásia, cujo número de peregrinos não para de surpreender”.

A referência do Papa a Fátima surgiu no contexto de uma saudação de Francisco por ocasião do ‘Dia da Mãe’ em vários países, incluindo o Brasil, por exemplo.

“Gostaria de enviar uma calorosa saudação a todas as mães, agradecendo-lhes a sua preciosa ação no crescimento dos filhos e na defesa do valor da família. Recordemos também as mães que olham para nós do céu e continuam a vigiar sobre nós, com a oração”, declarou.

Foto: Lusa

O encontro com os peregrinos aconteceu após a celebração da Missa no chamado Domingo do “Bom Pastor”, Dia Mundial de Oração pelas Vocações na Igreja Católica.

“Em todas as comunidades, rezamos de maneira especial pelas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada”; sublinhou Francisco.

O Papa falou da “alegria” de ter ordenado 19 novos padres na Basílica de São Pedro, esta manhã.

“Ao saudar afetuosamente esses novos presbíteros, juntamente com os seus familiares e amigos, convido-vos a lembrar quantos o Senhor continua a chamar pelo seu nome, como fez um dia com os apóstolos às margens do lago da Galileia, para que se tornassem pescadores de homens”, referiu.

Dois dos novos sacerdotes acompanharam o Papa, à janela, para abençoar a multidão.

OC