terça-feira, 31 de maio de 2022

Descobre-te inteiro



Só quem se sabe imperfeito está mais perto de ver Deus. São os imperfeitos que se sabem em construção. São os imperfeitos que não param de partir em busca. São os imperfeitos que reconhecem não saber tudo.

Só os frágeis estão mais perto de ver Deus. São eles e elas que reconhecem que ainda não estão acabados. Que ainda permanecem em construção sendo oleados pelo seu sopro Divino, pelo seu eterno respirar capaz de dar sempre nova forma. Quem reconhece as suas fragilidades vê a importância de cada pedaço seu. Quem reconhece as suas fragilidades entrega sempre a sua inteireza. Dando verdadeiramente o que tem e o que é.

Só quem se sabe imperfeito e frágil está mais perto de ver Deus. Porque são estes que sabem reconhecer os sinais da simplicidade. São estes que conseguem identificar a beleza de se saberem erguidos e amados. São estes que conseguem receber e dar sem pedir nada em troca.

Todos os que quiseram fazer a experiência de Deus nas suas vidas tiveram a capacidade de se saberem a caminho, de reconhecerem que necessitavam de ser renovados. E é sempre a estes que Deus se dá a revelar, porque vivem sedentos pela novidade e não impedem que a mesma seja revelada aos outros.

Um Deus que quer inteiros. E só há inteireza com toda a nossa história. Com todas as nossas falhas. Com todas as nossas quedas. Deus não nos pede perfeição. Pede, isso sim, um arriscar total com a nossa vida.

Um Deus que ergue frágeis para que se tornem inteiros. Únicos. Um Deus que ergue imperfeitos para que através das suas vidas possam erguer tantos e tantas.

E tu? O que procuras?
Descobre - te inteiro e verás a Deus!

Emanuel António Dias

segunda-feira, 30 de maio de 2022

D. Augusto César apela à fraternidade e evoca vítimas da guerra

Bispo emérito presidiu à peregrinação da Diocese de Portalegre-Castelo Branco



Fátima, 30 mai 2022 (Ecclesia) – D. Augusto César, bispo emérito da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, D. Augusto César, apelou este domingo, em Fátima, ao “espírito fraterno” dos católicos, com atenção aos mais necessitados e “empenhamento para construir a paz”.

“No contexto em que vivemos, da pandemia e da guerra, é preciso ser atento a quem vai ou está ao nosso lado ou precisa da nossa ajuda” referiu o responsável, a celebrar 50 anos de ordenação episcopal, na homilia da Missa a que presidiu no Recinto de Oração da Cova da Iria.

A celebração integrou o programa da peregrinação diocesana de Portalegre-Castelo Branco, este ano com particular atenção às bodas de ouro episcopais do seu antigo bispo.

“Ser membro da Igreja, à conta de uma paróquia ou de uma diocese, equivale a ser irmão de outros irmãos”, indicou D. Augusto César.

A homilia, citada pelo Santuário de Fátima, destacou a importância da oração pelas esperanças e sofrimentos do mundo, pela paz.

“Nós rezamos pelos ucranianos, que tanto sofrem e são tratados como lixo humano; rezamos também pelos adversários, que os tratam com tanto desprezo, para que se convertam”, apontou o responsável.

A Missa dominical na Cova da Iria contou com a participação de 27 grupos de peregrinos, de Portugal e vários países.

“O tempo de hoje necessita deste testemunho, dado com fé e com a vida, pois a moda vai por outro caminho afirmando ‘eu é que sei’, ‘eu é que sou’… E o desejo do lucro reveste-se muitas vezes de presunção, à conta do poder ou do dinheiro. Ora, nem a fé nem a caridade manifestam esse rosto”, referiu D. Augusto César aos presentes.

O responsável concluiu com uma palavra de “amizade e gratidão” ao bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, que lhe confiou a presidência desta peregrinação diocesana, por ocasião do 50.º aniversário de ordenação episcopal.

“Aproveito para agradecer a Deus, mediante Nossa Senhora, o tempo do meu pastoreio no vosso meio”, acrescentou.

A peregrinação diocesana de Portalegre-Castelo Branco prosseguiu, durante a tarde, com uma sessão no Centro Pastoral Paulo VI.

OC













     








Não vale tudo!



Não vale espezinhar os outros, por muito cansado (ou triste) que se esteja.

Não vale fingir que se sente, sem ser verdade. Sentir (seja o que for) é demasiado sério para ser distorcido ou fabricado.

Não vale dizer muito e muito bem e, depois, fazer tudo ao contrário do que se disse.

Não vale prometer sem fazer por cumprir.

Não vale partir para outra sem ter a certeza de que o outro ficou o melhor que podia ficar.

Não vale avançar sem pedir desculpa. Sem baixar a cabeça e o coração à altura da mágoa do outro, se for preciso.

Não vale sorrir e dizer mal nas costas.

Não vale dizer que sim e pensar que não.

Não vale sonhar para outros realizarem. Os sonhos são como a pele: demasiado nossos para ser trocados.

Não vale amar pouco.

Não vale viver mais ou menos.

Não vale fazer barulho para ser visto.

Não vale ser arrogante e pequenino.

Não vale ser mesquinho e olhar por cima do outro.

Não vale dizer que se vai fazer sem ter intenção de fazer coisa alguma.

A vida é tudo. És tudo. Somos tudo. Mas não te esqueças:

Por muito que vivas intensamente… Não vale tudo.


Marta Arrais

domingo, 29 de maio de 2022

Solenidade da Ascensão do Senhor. Comentário do padre Manuel Barbosa, scj

 

Solenidade da Ascensão do Senhor

 



A Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projecto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

O Evangelho apresenta-nos as palavras de despedida de Jesus que definem a missão dos discípulos no mundo. Faz, também, referência à alegria dos discípulos: essa alegria resulta do reconhecimento da presença no mundo do projecto salvador de Deus e resulta do facto de a ascensão de Jesus ter acrescentado à vida dos crentes um novo sentido.

Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projecto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo caminho de Jesus. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante, mas têm de ir para o meio dos homens continuar o projecto de Jesus.

A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que
foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa esperança de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside nesse “corpo”.


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sábado, 28 de maio de 2022

O amor és tu





As pessoas querem viver em paz e ser felizes, mas não estão dispostas a fazer o que é preciso para que isso aconteça. Ou seja, são os outros que devem mudar, não eu.

Somos críticos e pessimistas ao ponto de julgarmos que não conseguimos alterar o mundo sozinhos, mas, depois, nem a nossa ínfima parte fazemos. Porque, afinal, são os outros que estão mal. Afastamo-nos deles, enquanto os culpamos pelo nosso mal-estar e nos julgamos diferentes deles.

Eu não posso mudar o ninguém, exceto a mim mesmo. E renovar-me é cuidar do que está ao meu alcance e é da minha inteira responsabilidade. Sem isso é que não serei nunca feliz.

O primeiro passo é simples: olhar para dentro de mim, encontrar e deitar fora tudo quanto não me faz bem a mim nem a ninguém: egoísmos, orgulhos e a vontade de julgar os outros. A maior maldade que que abrigamos é a de julgar que nos bastamos.

Pode alguém ser feliz sem amor? Não. Claro que não. Só pode ser infeliz. Por mais que tenha e seja.

Ao criticarmos os outros julgamo-nos acima deles. Talvez até o façamos como um exercício para nos sentirmos mais elevados. Mas será que não faço eu o mesmo ou pior que aqueles a quem critico, no seu lugar teria feito melhor? Serei eu assim tão diferente e, portanto, tão mais perfeito?

A realidade é como é, não como nós a vemos. Mas isto é tão difícil de admitir!

Olha para ti, quanto do que fazes é uma decisão que resulta de uma vontade mesmo tua? Quanto do teu dia é governado pelas ideias dos outros? Toma nas tuas mãos a tua vida e cuida dela bem e para o bem.

Quais as necessidades que sentes acima da de ser feliz? Porque te empenhas nas outras em vez dela?

Agradar a alguém não é o mesmo que lhe fazer bem. O amor choca, muitas vezes, com a incompreensão de quem é amado. Esse amor não perde valor nem eficácia, mas se aquele que o recebe tiver a humildade de o aceitar, eis que se dá um milagre.

O amor supõe a coragem de quem quer ser viver e ser feliz com mesma força que os egoístas usam para se protegerem a si mesmos.

O amor sou eu.

És tu. Se o quiseres ser.



NÃO VÁS EM JEITO DE ‘MARIA VAI COM AS OUTRAS’...



Dentro da mobilidade humana, as peregrinações são um fenómeno social que tem sido objeto de estudo em diversos campos do saber. Sobretudo a partir do ano dois mil, ganharam novo impulso, estão na moda. Embora nem sempre segundo os parâmetros convencionais, elas têm enorme interesse e valor. Aqui apenas nos referimos às tradicionais, às peregrinações de fé. Pessoas de todas as latitudes, crenças, raças e culturas dirigem-se como peregrinos em direção a lugares tidos como sagrados. É uma experiência religiosa universal. Pela 39ª vez, também nós vamos em peregrinação diocesana ao Santuário de Fátima, uma peregrinação presidida pelo Sr. Dom Augusto César, nosso Bispo Emérito em Jubileu Episcopal e que as começou em 1983: “Que alegria quando me disseram: Vamos para a casa do Senhor”.
Somos peregrinos, essa é a nossa identidade. Estamos no mundo mas não somos do mundo. Caminhamos em direção aos novos céus e à nova terra. E se peregrinar significa pôr-se a caminho, também significa calcorrear os caminhos do interior de nós mesmos, os caminhos da mente e do coração. Estes são quase sempre os mais difíceis de percorrer, os mais longos e mais longínquos. Têm muitos obstáculos a vencer, desde o egoísmo, o pecado e a autossuficiência, ao orgulho, a indiferença e o deixa correr. Há quem nem tente arriscar, há quem se canse, há quem desista, há quem se engane. Mas também há quem seja resiliente, quem resista, insista e persista nesses caminhos exteriores que fazem contemplar a beleza da criação mas também fazem avançar por aqueles outros caminhos que dão liberdade interior e sentindo à vida...
Foi sempre assim ao longo da história. Pessoas e povos, ora se enganavam e desviavam, ora sentiam a necessidade de se reencontrarem no certo e essencial com forte apelo à comunhão na gratuidade e na misericórdia. Salpicando todo o território deste planeta terra, os santuários descrevem a geografia da fé, são oásis no meio dos desertos da vida a matar a sede de Deus e a reencontrar a alegria e a paz. Ir até eles em peregrinação tem uma dinâmica própria que resumo em cinco etapas.
1 – A PREPARAÇÃO. A decisão de partir e a preparação para a saída têm os seus quês. Tudo deve ser pensado, rezado e programado na escuta do Espírito que atua em cada um. Tudo deve fundamentar e justificar a decisão de partir. Não se deve partir ao jeito de ‘Maria vai com as outras’. Deve haver um objetivo concreto para além da aventura, do turismo e da convivência possível. Por isso, cada um deve interrogar-se: que pretendo eu com esta peregrinação? Quero mudar de vida e regressar a casa como o filho pródigo ou apenas manifestar a minha devoção? Quais são verdadeiramente as minhas motivações? O que vou lá fazer? Quais são os objetivos espirituais que pretendo? O que tenho a fazer antes de partir para atingir o ideal que desejo, penso e programo?
2 – A CAMINHADA A FAZER. Vais iniciar uma peregrinação quer seja de fé e devoção, quer seja uma peregrinação votiva a cumprir uma promessa, quer seja uma peregrinação no intuito de progresso espiritual, quer seja uma peregrinação de conversão e de penitência como expiação de faltas graves, quer seja de ação de graças ou de mera companhia e apoio a quem parte com as suas motivações.
Vais sozinho? Não, nem penses que isso seja possível. Mesmo que tu vás sozinho, quem crê nunca anda sozinho! Jesus faz-se companheiro de viagem e quer muito conversar contigo. A oração não é monólogo, é diálogo. Ele fala-te como amigo e deves escutá-lo até ao fim e falar com verdade para Ele. É da discussão que nasce a luz.
Vais caminhar com outros? Então, não esqueças, o caminho conduz à solidariedade com os irmãos. Ajuda-os nessa caminhada para o encontro com o Senhor. Não sejas motivo de dispersão nem de banalização do sacrifício que o percurso implica. Respeita, ajuda, reza, agradece, suplica, aprecia e contempla a natureza como dom da ternura de Deus também para contigo.
3 - A CHEGADA AO SANTUÁRIO. É a meta, o lugar da alegria e do perdão, da escuta. O santuário é “memória da nossa origem”. Recorda “a iniciativa de Deus e faz com que o peregrino a acolha com o sentido da admiração, da gratidão e do empenho”. É “lugar da presença divina”, ele “testemunha a fidelidade de Deus e a sua ação incessante no meio do seu povo, mediante a Palavra e os Sacramentos”. É profecia, “recorda que nem tudo foi realizado”, “que estamos a caminho”. Mostra “a relatividade de tudo aquilo que é penúltimo em relação à última Pátria”. Faz descobrir Cristo “como templo novo da humanidade reconciliada com Deus”. Jesus é o verdadeiro Santuário, e, ali, reunidos à volta da mesa da Palavra e da Eucaristia experimenta-se a alegria da comunhão com Cristo e com os irmãos na fé.
4 – A FESTA DO ENCONTRO. Festa já vivida de algum modo pelo caminho mas agora também manifestada pela alegria de ter chegado. Foge-se à monotonia do quotidiano, há algo de diferente, de festivo. Celebra-se a alegria do perdão, exprime-se a fraternidade cristã dando espaço a momentos de convivência sadia, de amizade e de paz. É a alegria perfeita de quem, como Zaqueu, se deixou acolher por Jesus e acolheu Jesus em sua casa, uma alegria que ninguém jamais lha poderá tirar, a alegria de um coração fiel que se tornou, ele mesmo, templo vivo do Eterno, santuário da adoração d'Ele em espírito e verdade.
5 – O REGRESSO A CASA por outro caminho, o caminho da alegria e da paz, o caminho duma maior consciência da identidade cristã, de discípulo do Senhor. O caminho da missão no mundo com o testemunho da palavra e da vida, tanto na família, na profissão, na vizinhança, na convivência social e lúdica como na ajuda a dar à comunidade cristã que necessita da participação de todos para ser casa e escola de comunhão.
D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 27-05-2022.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

O que nos salva?





No meio dos dias difíceis e em que nos sentimos tão perdidos, o que nos salva? O que nos abrevia as fraquezas? As faltas de coragem? As tristezas e as dificuldades?

Salvam-nos os nossos. Os amigos de cada dia. As pessoas que dividem connosco as nossas angústias, mágoas, raivas de estimação.

Salvam-nos os nossos. A nossa família-raiz que nos sustenta mesmo quando não sabemos para que colo correr.

Salva-nos a oração. O colocar as mãos juntas e o rezar como quem está disponível para não compreender, não saber, não conseguir mais. O colocar no Céu as escuridões que nos diminuem a alegria.

Salva-nos o vento a bater na cara num dia quente.

Salva-nos o barulho do vinho a escorregar copo abaixo.

Salva-nos a espuma do mar a perseguir os nossos pés ainda demasiado brancos de sol e de verão.

Salva-nos o sorriso de quem nos abre a porta e nos deixa passar. De quem espera por nós. De quem prepara uma refeição a contar connosco.

Salva-nos saber que somos amados. Que somos diferentes de todos os outros e que é nessa diferença que nos encontramos a meio caminho. A meio da ponte.

Salva-nos saber que os dias maus também passam e que o sol brilhará, na mesma, indiferente às nossas amarguras.

Salva-nos a fé. O querermos ser vaso para que a paz se cultive, também, a partir de nós.

Salva-nos vivermos em comunidade. Em conjunto. Mesmo quando nos sentimos mais sozinhas.

Salvam-nos os refúgios em forma de gente. Ou os refúgios lugares. O mar. A serra. O verde. A casa dos nossos. O café do costume. O restaurante de sempre.

Salva-nos ter a certeza de que não vivemos (nem estaremos!) nunca sozinhos. Vamos acompanhados. O que vivemos é vivido (e partilhado) por mais almas. Por mais pessoas. Por mais silêncios.

Nos dias que não são bons, sê bem. Faz o bem. O bem custa menos do que qualquer outra coisa.


Marta Arrais

quinta-feira, 26 de maio de 2022

E a alegria de Páscoa?



E a alegria de Páscoa? Onde é que ela anda? Por onde é que ela paira? Os nossos rostos parecem ainda testemunhar a sexta-feira santa. A nossa postura nas Eucaristias parece refletir a impaciência e a monotonia de um ritual sem significado. Os nossos cânticos parecem entoar hinos de sacrifício e de desesperança. As nossas vozes ao proclamar a leitura parecem muitas vezes sem força.

E a alegria de Páscoa? Onde é que ela anda? Por onde é que ela paira? Falta-nos aquele acreditar arejado. Como podemos testemunhar um Deus vivo se parecemos gente sem vida? Como podemos testemunhar a possibilidade de recomeçarmos em qualquer momento se ateimamos em viver amarrados à tristeza do erro e do julgamento? Como queremos ser Cristãos e Cristãs se não habita em nós a alegria?

E a alegria de Páscoa? Onde é que ela anda? Por onde é que ela paira? Precisamos da alegria para que a Sua beleza habite na nossa inteireza. Necessitamos da alegria para dar a conhecer um Deus que é belo, cuidador e perito em misericórdia. Este Jesus que Se ergueu e que nos faz erguidos só se revela na vivência de uma fé repleta de alegria, porque já lá vai o tempo em que o semblante piedoso, triste e de sacrifício dava a conhecer Deus. O Deus de Jesus revela-se em alegria. Em boa disposição. Em sorrisos e gargalhadas que nos fazem renascer.

E a alegria de Páscoa? Onde é que ela anda? Por onde é que ela paira? E viver em alegria não significa que o sofrimento, a dor e as dificuldades não possam fazer da nossa vida ou não possam habitar a nossa história. Viver na alegria é saber que, independentemente de tudo, há algo que nos faz acreditar que tudo isso não determinará, nem será o nosso fim. Viver em alegria é apostar todas as fichas num Deus que não se cansa de nos erguer, de nos tornar únicos na nossa fragilidade.

E a alegria de Páscoa? Onde é que ela anda? Por onde é que ela paira? O Mundo e a vida das pessoas já transportam imenso peso. O Deus Jesus vem para suportar e para aliviar. E haverá maior bálsamo para as nossas vidas do que a alegria? Haverá maior bálsamo nas nossas do que nos sabermos eternamente e inteiramente amados por Deus? Haverá maior bálsamo nas nossas vidas do que nos sabermos Seus filhos e filhas?

Hoje desafia-te a contemplar Jesus num daqueles banquetes que Ele tanto gostava e imagina que Ele ri e que faz rir os outros e que, com isso, torna toda a Sua vida numa verdadeira entrega aos outros.


Emanuel António Dias

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Hino com lema episcopal de D. Augusto César marcou celebração de 50 anos como bispo

Música da autoria do padre António Cartageno foi interpretada pelo Orfeão Polifónico de Castelo Branco

Foto: Diocese de Portalegre-Castelo Branco



Portalegre Castelo-Branco, 21 mai 2022 (Ecclesia) – A diocese de Portalegre-Castelo Branco celebrou este sábado os 50 anos de ordenação episcopal de D. Augusto César, com hino original do padre compositor António Cartageno.

“E ao Orfeão Polifónico de Castelo Branco também a nossa gratidão por estar connosco nesta hora de graça e ter ensaiado o hino baseado no lema episcopal de D. Augusto César ‘Caritas Urget’, e cuja música, feita de propósito para este dia, é da autoria do conhecido compositor, padre António Júlio Cartageno, sacerdote do presbitério de Beja”, anunciou D. Antonino Dias.

Na sua intervenção o bispo de Portalegre-Castelo Branco evocou esta efeméride marcada por “uma presença, não muito numerosa e simples”, devido ao pequeno espaço e à exigência dos cuidados sanitários a ter”, mas adiantou que o bispo emérito vai presidir à peregrinação diocesana a Fátima.

“No próximo domingo, 29 de maio, D. Augusto César presidirá, no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, à nossa peregrinação diocesana, por ele iniciadas há 39 anos. A Diocese tem assim a oportunidade de estar presente, não só nas cerimónias do Santuário referentes à Peregrinação, mas também à tarde, no Centro Paulo VI, onde, de portas abertas a cerca de duas mil pessoas, teremos a habitual Sessão com a presença do Sr. Dom Augusto César, mas dando à sessão uma tonalidade diferente”, destacou, este sábado, na celebração que decorreu na Concatedral de Castelo Branco.

D. Augusto César indicou que “a Diocese de Portalegre-Castelo Branco continua a ser a sua ‘família espiritual’”, pois “conviveu ali quase 26 anos, saboreando o amor de Deus e a fraternidade entre todos”.

O bispo emérito lembrou ainda a vida de missionário, deixou palavras de alento e “colaboração fraterna e diálogo aos sacerdotes” e lembrou a guerra.

“Todos nós gostaríamos de ver a fraternidade espalhada à nossa volta e alimentada pelo diálogo. Mas o que antes foi acontecendo, muitas vezes, à conta do ciúme ou do orgulho…também agora se repete à conta da guerra. E o panorama é muito triste, pois, além das vidas cruelmente destruídas, segue-se a violência com sabor a uma ameaça alargada e progressiva”, disse.

SN

terça-feira, 24 de maio de 2022

INFORMAÇÃO PAROQUIAL

 

App Kyrios       Portal Kyrios

XXXIX Peregrinação Diocesana a Fátima

29 de Maio


É já no próximo domingo dia 29 de Maio, se ainda não fez a sua inscrição não perca tempo:

O programa será o seguinte:


10:00 Terço na Capelina da Aparições
11:00 Eucaristia no Altar do Recinto de Oração

14:00 Abertura do Paulo VI
14:30 Início da Sessão
17:00 Fim da Sessão


Por iniciativa do nosso Bispo, D. Antonino, e inserido nas comemorações do Cinquentenário de Ordenação Episcopal, a Eucaristia no recinto será presidida por D. Augusto César, bispo Emérito de Portalegre – Castelo Branco, e a sessão da tarde, no Centro Pastoral Paulo VI, será de homenagem e Ação de Graças motivadas por esta efeméride.




Celebrações desta semana :      

Não será celebrada a missa habitual das 18h 30m de terça feira, ( hoje) ;
Na próxima quinta feira será celebrada a missa das 18H 30m;
No próximo Domingo, dia 29, não haverá a missa das 12:00H, devido à Peregrinação Diocesana.


«Laudato Si»: Vídeo do Vaticano assinala 7.º aniversário de encíclica ecológica e social

Iniciativa evoca «um Planeta a ser preservado, um grito ainda a ser ouvido»



Cidade do Vaticano, 24 mai 2022 (Ecclesia) – O Vaticano lançou hoje um vídeo comemorativo do sétimo aniversário da encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’, do Papa Francisco, sobre “um Planeta a ser preservado, um grito ainda a ser ouvido”.

“Desde 2020, apesar da pandemia, os círculos ‘Laudato si’ aumentaram em quase 300 por cento. A encíclica permeou o debate político e científico desde a Conferência de Paris sobre o Clima em 2015 e a de Glasgow em 2021; garantiu que os cuidados da Casa Comum fossem incluídos entre as obras de misericórdia e iniciou a ‘Economia de Francisco’”, refere o portal ‘Vatican News’.

A iniciativa acontece durante a Semana ‘Laudato Si’ (22-29 de maio), que também marca o sétimo aniversário da encíclica, com uma série de celebrações globais e a primeira apresentação pública do trailer oficial de ‘O Convite’, um novo filme com imagens do Papa Francisco e ativistas pela ecologia.

Tomás Insua, diretor-executivo do Movimento Laudato Si’, disse que esta semana “floresceu e tornou-se uma celebração global que inspira os fiéis a fazer ainda mais pela casa comum”.

“No meio do caos e destruição global, todos os dias os católicos tomam medidas urgentes contra a emergência climática e a crise ecológica. A Semana ‘Laudato Si’ servirá como fonte de inspiração e partilha de lições aprendidas para todas as pessoas interessadas em salvar a criação de Deus”, acrescenta, em nota divulgada online.

O tema da semana é “Escutando e caminhando juntos”.

Na ‘Laudato Si’, Francisco pede “um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade” que consigam resistir ao “avanço do paradigma tecnocrático”.

“Uma ecologia integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põem em contacto com a essência do ser humano”, escreve.

O Papa propõe uma mudança de fundo na relação da humanidade com o meio ambiente, alertando para as consequências já visíveis do aquecimento global e das alterações climáticas.

A encíclica defende uma “cidadania ecológica”, para mudar “hábitos nocivos” de consumo e comportamentos “suicidas” da humanidade, rumo a uma “corajosa revolução cultural”.

OC

domingo, 22 de maio de 2022

Morada de Deus

 


Na liturgia deste domingo sobressai a promessa de Jesus de acompanhar de forma permanente a caminhada da sua comunidade em marcha pela história: não estamos sozinhos; Jesus ressuscitado vai sempre ao nosso lado.
No Evangelho, Jesus diz aos discípulos como se hão-de manter em comunhão com Ele e reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o Espírito Santo.
O cristão tem de estar, no entanto, atento à voz do Espírito, sensível aos apelos do Espírito; tem de procurar detectar os novos caminhos que o Espírito propõe; tem de estar na disposição de se deixar questionar e de refazer a sua vida, sempre que o Espírito lhe dá a entender que ela está a afastar-se do “caminho” de Jesus. Estamos sempre atentos aos sinais do Espírito e disponíveis para enfrentar os seus desafios?
A primeira leitura apresenta-nos a Igreja de Jesus a confrontar-se com os desafios dos novos tempos. Animados pelo Espírito, os crentes aprendem a discernir o essencial do acessório e actualizam a proposta central do Evangelho, de forma que a mensagem libertadora de Jesus possa ser acolhida por todos os povos.
É necessário ter presente que o essencial é Cristo e a sua proposta de salvação.
Essa é que é a proposta revolucionária que temos para apresentar ao mundo. O resto são questões cuja importância não nos deve distrair do essencial.
♦ Devemos também ter consciência da presença do Espírito na caminhada da Igreja de Jesus. No entanto, é preciso escutá-l’O, estar atento às interpelações que Ele lança, saber ler as suas indicações nos sinais dos tempos e nas questões que o mundo nos apresenta… Estamos verdadeiramente atentos aos apelos do Espírito?
♦ É preciso aprender com a forma como os Apóstolos responderam aos desafios dos tempos: com audácia, com imaginação, com liberdade, com desprendimento e, acima de tudo, com a escuta do Espírito. É assim que a Igreja de Jesus deve enfrentar hoje os desafios do mundo.

Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, essa cidade nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total.
Ainda que esta realidade de vida plena, de felicidade total, só aconteça na “nova Jerusalém”, ela tem de começar a ser construída desde já nesta terra. Deve ser essa a tarefa que nos motiva, que nos empenha e que nos compromete: a construção de um mundo de justiça, de amor e de paz, que seja cada vez mais um reflexo do mundo futuro que nos espera.


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sábado, 21 de maio de 2022

Demora-te (dentro de um abraço)



O mundo corre mais depressa do que o tempo. O tempo não pára e dizem-nos que não podemos demorar. Ensinaram-nos, e ensinam-nos todos os dias, que não há tempo para parar. Não há tempo para demorar. E vamos passando, apressados, pelos dias, quase sempre sem parar. Sem reparar. Sem sentir, nada mais do que a correria do mundo e do tempo. Quase, até, sem respirar. Sem viver para o que realmente nos faz viver. Para o que nos faz amar.


Mas, hoje, eu quero dizer-te uma coisa: demora-te.

Dentro de um abraço.

Abraça alguém de quem gostas muito. Abraça alguém que precisa de um abraço. Abraça alguém porque tu precisas de um abraço. Abraça porque um abraço é a forma mais bonita de (de)morar. E demora-te.

Demora-te dentro de um abraço que, mesmo antes de abrir os braços, já está a chamar-te. Um abraço que te chama com o olhar, um abraço que te convida a entrar. A ficar. A morar. Demora-te dentro de um abraço que te abraça por inteiro. Um abraço que segura cada pedaço do teu coração. Da tua alma. Demora-te dentro de um abraço que te cura. Um abraço que sossega os medos. Um abraço que acalma as tempestades. Um abraço que te salva. Demora-te dentro de um abraço que te aquece quando o mundo é frio (e quando não é, também). Um abraço que te mostra o mundo mais bonito de todos os mundos. Demora-te dentro de um abraço-casa. Um abraço que te guarda dentro. Um abraço que te abriga do mundo inteiro. Um abraço que é o teu lugar. Demora-te dentro de um abraço que é a forma do amor. Um abraço que enlaça dois corações. Um abraço que te abraça para sempre. Demora-te dentro de um abraço que chega quando mais nada chega.

Demora-te dentro de um abraço. Mesmo que o mundo corra mais depressa do que o tempo. Mesmo que o tempo não pare e que digam que não podemos demorar. Demora-te. Demora-te, porque é dentro de um abraço que o mundo pára. Que o tempo pára. E só quando paramos para nos demorarmos em algo, em alguém, é que vivemos. É que amamos.

E a verdade é esta: Mesmo que o mundo corra mais depressa do que o tempo e mesmo que o tempo não pare, não há correria nenhuma no mundo que compense o amor de um abraço demorado. E o milagre de um coração a sorrir.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

BATER A PORTA NÃO RESOLVE E BANALIZA


A fé partilha-se e vive-se em comunidade, em Igreja, e anuncia-se na missão. Bater a porta à comunidade cristã nada resolve, banaliza, empobrece. Empobrece a comunidade e empobrece quem bate a porta. É certo que nem todas as comunidades cristãs são mar de rosas. É possível que, numa ou noutra, muita gente viva de suposições, de tradições, de fé herdada mas não experienciada, e, por isso, destoe e faça destoar a comunidade. Tornam-se reivindicativas em exceções, não raro muito consumidoras em ‘coisas do Senhor’, mas facilmente manipuláveis e pouco ou nada proativas na construção da mesma. Constituídas por pessoas, as comunidades são muitas vezes espaço de contradições e de tensões, de falta de acolhimento e de escuta, de individualismos e frustrações, de incapacidade para se questionarem sobre o que transmitem, o que celebram, o que fazem, o que defendem e sobre qual a inclusão de quem pensa diferente e muito as poderia ajudar a darem um salto de qualidade. É verdade, nem sempre são “casa e escola de comunhão”.
A Igreja, porém, ‘não é uma massa, mas uma comunidade formada por pessoas identificáveis, que viveram a experiência da intimidade com Jesus’. Quando os compromissos batismais são verdadeiramente assumidos e exercitados na comunidade cristã, sem fanatismos nem superficialidade, eles são sempre novos e sempre desafiantes. Não permitem que nos acomodemos, que nos fechemos em nós próprios, que coloquemos trancas na porta da própria comunidade com medo que alguém saia ou entre, como se ela fosse uma ilha ou um gueto sem sentido nem faísca criativa. Se aquela comunidade onde estamos integrados não corresponde ao que pensamos ou àquilo que deveria ser, importante será arregaçar as mangas e meter mãos à obra para que venha a ser o que pretendemos que ela seja, diferente. Amuar, virar as costas ou tornar-se indiferente é morrinha que nada resolve.
Não podemos esquecer que temos uma dívida para com a comunidade cristã, uma dívida que não se paga desertando. Ela escancarou-nos as portas, nela fomos acolhidos e gerados para a fé, nela nos fomos e vamos tornando mais cristãos, de forma gradual e progressiva, num processo em que se vai conjugando a graça de Deus, o testemunho da própria comunidade e o esforço pessoal de conversão.
Aí, e através das pessoas que lhe deram e dão rosto – pais, avós, famílias, pastores, catequistas e fiéis cristãos – fizemos ‘a descoberta do mistério de Jesus Cristo e da alegria da vocação cristã’. Aí crescemos, formamos, fortalecemos, celebramos e nos confirmamos na fé uns aos outros, sendo todos um só em Cristo Jesus. Aí, através de um constante esforço para uma pastoral descentrada de si própria e alicerçada na escuta da Palavra, na oração conjunta e no amor recíproco se oferecem constantemente espaços de descoberta da fé, se desenvolve e dinamiza a fé, se celebram os sacramentos, se faz catequese, se promove o voluntariado e a ação social em favor da sociedade envolvente, se convive e faz festa, se experimenta um modo de vida inspirado no Evangelho. Ao fomentar o crescimento pessoal, familiar e social dos seus membros, ela possibilita a complementaridade, enriquece, rasga horizontes e caminhos, motiva, estimula, convida à comunhão, à mudança de vida, à vida com sentido.
Os grupos, como espaço de reflecção, de partilha de vida, de sentimentos, de ideias e de ação solidária, fortalecem, ampliam o nível de compreensão acerca do mundo e da Igreja, geram novos recursos interiores para que cada um se mova com mais autonomia e destreza na realidade concreta da sua própria vida. Todas estas experiências comunitárias, com mais ou menos diversidade de culturas ou de origem, promovem uma postura ética como convém, abrem à missão, fazem pôr a render os carismas e os talentos ao serviço da construção de um mundo melhor no respeito pelas realidades terrenas sobre as quais se aprende e se procura fazer uma leitura à luz da Palavra de Deus.
Da comunidade se parte para a missão, para a comunidade se converge da missão. E se a comunidade é essencial para a missão, a missão também é essencial para a comunidade. Onde está um cristão a fazer seus os sentimentos de Cristo, aí está, de alguma forma, a presença da Igreja como fermento, luz e sal: seja na medicina, na economia, na política, na escola, na universidade, na família, nas artes, no desporto, na ciência, na sociedade em que se vive, onde quer que for. Como sabemos, “Há um só corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança, para a qual Deus nos chamou. Há um só Senhor, uma só fé e um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua por meio de todos e está em todos” (Ef 4, 4-6).
Que bom seria se todas as pessoas e famílias cristãs tivessem esta consciência ou brio de pertença à comunidade cristã e agissem como tal, sempre abertos às surpresas do Espírito e dispostos a colaborar. E que bom seria se todas as comunidades conseguissem fomentar a tal pastoral de proposta, de iniciação, de gestação, com padrões de coerência evangélica e de alegria cristã. Só os valores de referência são capazes de orientar opções e de fundamentar compromissos.
Conforme o dom que cada um recebeu, a Igreja exorta-nos a que nos consagremos ao serviço uns dos outros, como bons administradores da multiforme graça de Deus (cf. 1Ped 4, 10). De facto, se cada um fizer a sua parte, tudo será bem diferente!

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 20-05-2022.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Tu não és normal, e isso é bom!



É quase certo que quem não te conhece julgue que tu és uma pessoa normal, igual a tantas outras, sem nada de extraordinário. Pode até acontecer que tu mesmo, ao espelho, vejas alguém que nada tem de especial, pelo que é… normal. No entanto, a verdade é que não é assim, e não o é porque é impossível que assim seja.

Cada um de nós é diferente até do que foi ontem. Nunca somos os mesmos ao longo dos dias, essa é a maior das riquezas da vida: a sua constante mudança. A nossa identidade é dinâmica e não se cristaliza nunca, nem no bem, nem no mal. Somos livres ao ponto de podermos escolher o nosso caminho face ao que nos é dado.
 
Não podemos escolher tudo, mas podemos escolher sempre! Não podemos escolher deixar de ser livres, porque isso implicaria deixarmos de ser… humanos. Cada um de nós é uma esperança clara e concreta de que a humanidade se renove e fortalece, encontrando novas formas de criar mais mundo dentro do mundo. E porque este mundo é parte de um outro que o contém, ao definirmos a nossa vida estamos a construir a eternidade.

Mas somos parecidos uns com os outros? Sim, porém apenas em dois níveis: o das simples aparências e o do íntimo mais profundo.

Há quem tenha medo de ser diferente e escolha repetidas vezes o que os outros escolhem, como se a autenticidade fosse algo de negativo ou feio!

No fundo de todos nós, no âmago da nossa intimidade, há uma pequena chama de fogo que um sopro divino, uma brisa suave, mantém aceso.

Todos nós seremos cinza e pó. Importa pois que, enquanto nos anima a vida, iluminemos o mundo com o fogo do nosso amor mais profundo.



José Luís Nunes Martins

quarta-feira, 18 de maio de 2022

E se soubéssemos escutar?



E se soubéssemos escutar? Deixando que o outro possa entregar a sua história na nossa vida. Escutarmos para que a nossa presença se transforme em acolhimento sem julgamento permitindo que o outro seja. Usar a escuta para dar vida. Para sermos vida.

E se soubéssemos escutar os sinais que o nosso corpo nos vai dando? Sem os ignorarmos com as azáfamas do nosso quotidiano. Escutarmo-nos para habitarmos verdadeiramente nas nossas ansiedades, nos nossos medos, nas nossas inquietações. Darmos espaço e tempo ao que somos para que brote em nós a autenticidade. Darmos espaço e tempo para sermos o que ainda não somos.

E se soubéssemos escutar a natureza? Abrindo os nossos ouvidos e a nossa disponibilidade encontramos nela a beleza e o mistério. É também na escuta que descobrimos a sua diversidade, a sua complexidade e a sua capacidade de se entrelaçar com a nossa humanidade. Escutar a natureza para entrar no mistério da existência, não para o resolver, mas para que se torne caminho.

E se soubéssemos escutar Deus? No silêncio. Na alegria. Na dor. Escutá-Lo como Ele é. Sem O distorcermos a favor das nossas mesquinhices. Sem O distorcermos para que a minha vida se torne superior à dos outros. Escutá-Lo em tudo e em todos. Escutá-Lo na ausência e no silêncio. Escutá-Lo para que Ele seja.

Saber escutar dá-nos a possibilidade de perceber o poder da palavra. É na escuta que a palavra se transforma em vida. É com a escuta que surge a oportunidade para que tantos e tantas se possam erguer. Se possam saber amados. Se possam saber dignos.

Hoje, antes de dispersares a tua atenção, pergunta-te: quantas vezes escutaste verdadeiramente alguém? Quantas vezes escutaste Deus?


Emanuel António Dias

terça-feira, 17 de maio de 2022

Igreja Católica tem dez novos santos

Francisco destaca necessidade de mudar «ideia de santidade», associando-a a gestos de «amor diário»













(Ecclesia) – O Papa proclamou domingo como santos o francês Carlos de Foucauld, dois mártires e sete fundadores e fundadoras de Institutos de Vida Consagrada, numa Missa que marcou o regresso destas celebrações ao Vaticano, após as restrições da pandemia.

Na sua homilia, Francisco destacou que “a santidade não se faz de alguns gestos heroicos, mas de muito amor diário”.

“Às vezes, insistindo muito sobre o nosso esforço para praticar boas obras, criamos um ideal de santidade demasiado fundado em nós mesmos, no heroísmo pessoal, na capacidade de renúncia, nos sacrifícios feitos para se conquistar um prémio
”, advertiu.

Deste modo fizemos da santidade uma meta inacessível, separamo-la da vida de todos os dias, em vez de a procurar e abraçar na existência quotidiana, no pó da estrada, nas aflições da vida concreta e – como dizia Santa Teresa de Ávila às suas irmãs – «entre as panelas da cozinha»”.

O Papa afirmou aos presentes que “ser discípulo de Jesus e caminhar pela via da santidade é, antes de mais nada, deixar-se transfigurar pela força do amor de Deus”.

“Enquanto o mundo quer muitas vezes convencer-nos de que só temos valor se produzirmos resultados, o Evangelho lembra-nos a verdade da vida: somos amados. Este é o nosso valor”, apontou.

Francisco afirmou que a vida cristã é “simples” e passa por “servir e dar a vida”.

“Servir, isto é, não colocar os próprios interesses em primeiro lugar; desintoxicar-se dos venenos da ganância e da preeminência; combater o cancro da indiferença e o caruncho da autorreferencialidade, partilhar os carismas e os dons que Deus nos concedeu”, precisou.

O Papa sublinhou que dar a vida é mais do que “oferecer aos outros qualquer coisa”, afirmando a importância de “olhar e tocar” a pessoa que se ajuda.

A homilia citou a exortação ‘Gaudete et Exsultate’ (Alegrai-vos e exultai), sobre a santidade, para deixar conselhos concretos aos católicos, nas suas várias situações de vida.

“És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos, lutando pela justiça dos teus companheiros, para que não fiquem sem trabalho e tenham sempre o salário justo”, recomendou o pontífice.

Foto: Lusa/EPA


Foto: Lusa/EPA


Foto: Lusa/EPA

Francisco evocou os novos santos, que viveram “com entusiasmo a sua vocação – de sacerdote, de consagrada, de leigo” e se “gastaram pelo Evangelho, descobrindo uma alegria sem par” que fez de todos “reflexos luminosos do Senhor na história”.

“Tentemos fazê-lo também nós, porque cada um de nós é chamado à santidade, a uma santidade única e irrepetível. A santidade é sempre original”, concluiu.

Os novos santos, seis homens e quatro mulheres, são naturais da Itália, França, Índia e Países Baixos; Ana Maria Rubatto, a irmã Maria Francisca de Jesus, que faleceu no Uruguai, é considerada como a primeira santa deste país latino-americano.
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, acompanhado pelos postuladores das sete causas, pediu no início da celebração que os beatos fossem inscritos “no álbum dos santos”.

“Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a nossa, após ter longamente refletido, invocado várias vezes o auxílio divino e escutado o parecer dos nossos irmãos no episcopado, declaramos e definimos como Santos os beatos Tito Brandsma, Lázaro dito ‘Devasahayam’, César de Bus, Luís Maria Palazzolo, Justino Maria Russolillo, Carlos de Foucauld, Maria Rivier, Maria Francisca de Jesus Rubatto, Maria de Jesus Santocanale e Maria Domingas Mantovani; inscrevemo-los no Álbum dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os Santos”, refere a fórmula de canonização, em latim, proferida pelo Papa, sentado, como sinal da sua autoridade pontifícia.

Depois da proclamação de canonização, assinalada pela multidão com uma salva de palmas, o cardeal Semeraro agradeceu ao Papa Francisco, concluindo o rito.

Dezenas de milhares de pessoas, com bandeiras dos países dos novos santos, participam na Missa.

Com esta celebração, o número de santos proclamados no atual pontificado, iniciado em 2013, ultrapassa os 900, incluindo várias figuras ligadas a Portugal: Francisco e Jacinta Marto, pastorinhos de Fátima, canonizados a 13 de maio de 2017 na Cova da Iria; D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), arcebispo de Braga, por canonização equipolente (dispensando o milagre requerido após a beatificação); o sacerdote português Ambrósio Francisco Ferro, morto no Brasil a 3 de outubro de 1645 durante perseguições anticatólicas, por tropas holandesas; o padre José Vaz, nascido em Goa, então território português, a 21 de abril de 1651, que foi declarado santo no Sri Lanka; e José de Anchieta(1534-1597), religioso espanhol que passou por Portugal e se empenhou na evangelização do Brasil.

OC
A canonização é a confirmação, por parte da Igreja Católica, que um fiel católico é digno de culto público universal (os beatos têm culto local) e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

Nos primeiros séculos, o reconhecimento da santidade acontecia em âmbito local, a partir da fama popular, com a aprovação dos bispos.

Ao longo do tempo e sobretudo no Ocidente, começou a ser solicitada a intervenção do Papa a fim de conferir um maior grau de autoridade às canonizações dos santos.

A primeira intervenção papal deste tipo foi de João XV em 993, que declarou santo o bispo Udalrico de Augusta, falecido vinte anos antes.

As canonizações tornaram-se exclusividade do pontífice por decisão de Gregório IX em 1234.


segunda-feira, 16 de maio de 2022

«Sem diálogo não conseguimos fazer grande coisa» – D. Augusto César

Bispo emérito de Portalegre Castelo-Branco celebra 50 anos de ordenação episcopal

Foto: Agência ECCLESIA/MC



Lisboa, 14 mai 2022 (Ecclesia) – D. Augusto César, bispo emérito de Portalegre-Castelo Branco, está a celebrar 50 anos de ordenação episcopal, numa missão que começou em Tete, Moçambique, destacando a importância do “diálogo” neste percurso.

“Com os sacerdotes tem de haver verdadeira amizade, não quer dizer que se agrade a todos, e o mesmo com o povo, hoje é evidente que sem diálogo não conseguimos fazer grande coisa, dialogar em família, em comunidade, com os cristãos e sobretudo com os sacerdotes”, disse à Agência ECCLESIA.

Ordenado bispo a 21 de maio de 1972, na igreja da Casa de S. Vicente de Paulo, pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, D. Augusto César recorda a “fraternidade” que viveu com as irmãs e os padre provinciais da congregação e o sonho de ser missionário.

“Eu sempre desejei ir para as missões e no meu estudo de Teologia pensei muito nisso e nunca disse a ninguém, um dia numas férias recebi uma carta do provincial, que dizia: chegou o dia desejado para ir para missões; eu respondi: obrigado, a minha mala está feita: é da obediência”, contou.

Na entrevista D. Augusto César lembra que a missão sempre o atraiu e o que o motivava era o “sentido de ajudar os que mais precisam e a simplicidade do povo” e lembra que exerceu o ministério de bispo de Tete, em “tempo de guerra”.

“Mesmo nessa altura que o país estava em guerra tive a oportunidade de visitar regularmente a diocese, animar e encorajar os missionários e o povo que estava nas missões”, indica.


Foto: Agência ECCLESIA/MC

D. Augusto César viria a resignar a 9 de julho de 1976, por considerar que a nomeação de um bispo moçambicano para Tete se ajustaria melhor às circunstâncias; em setembro de 1978, o Papa João Paulo I nomeou-o como bispo de Portalegre-Castelo Branco, tendo tomado posse no dia da Solenidade de Cristo-Rei (26.11.1978).

“A experiência missionária ajudou a estimular a diocese no sentido de participar ativamente, comecei a fazer visitas por arciprestado para dialogar com os padres antes do serviço com o povo, depois a segunda parte era já com todos os sacerdotes em cada uma das paróquias e o fim era sempre num dos santuários que existisse naquele arciprestado”, descreve.

Na Diocese de Portalegre Castelo-Branco, D. Augusto César permaneceu 26 anos e sentia que “os sacerdotes precisavam de alguém que trouxesse algo novo para os estimular”; pediu para sair e em 2004 veio a resposta para deixar a diocese, tendo ido residir na casa das Filhas da Caridade, de S. Vicente de Paulo, em Fátima.

Ao celebrar 50 anos de bispo, o entrevistado sente vontade de “guardar silêncio” e pede “orações uns pelos outros”.

“Guardar silêncio em algumas circunstâncias e reparar no que se passa à minha volta seja pandemia, seja a guerra atroz na Ucrânia e com tudo isto fico assim a olhar, dou graças a Deus por ter chegado a esta idade, e ser capaz de observar e faz-me estar em silêncio”, admite.

A entrevista a D. Augusto César, pelos 50 anos de ordenação episcopal é o centro do programa ’70×7′ deste domingo, na RTP 2, pelas 17h30.

HM/SN

Portalegre-Castelo Branco: Diocese vai assinalar 50 anos de ordenação episcopal de D. Augusto César

domingo, 15 de maio de 2022

AMOR MÚTUO

 


O tema fundamental da liturgia deste domingo é o do amor: o que identifica os seguidores de Jesus é a capacidade de amar até ao dom total da vida.
No Evangelho, Jesus despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes em testamento o
“mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho no mundo do amor materno e paterno de Deus.
Falar de amor hoje pode ser equívoco… A palavra “amor” é, tantas vezes, usada para definir comportamentos egoístas, interesseiros, que usam o outro, que fazem mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade… Mas o amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza, que se faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida. É este o amor que vivemos e que partilhamos?
Na primeira leitura apresenta-se a vida dessas comunidades cristãs chamadas a
viver no amor. No meio das vicissitudes e das crises, são comunidades fraternas, onde os irmãos se ajudam, se fortalecem uns aos outros nas dificuldades, se amam e dão testemunho do amor de Deus.
É esse projecto que motiva Paulo e Barnabé e é essa proposta que eles levam, com a generosidade de quem ama, aos confins da Ásia Menor.
Temos consciência de que por detrás do nosso trabalho e do nosso testemunho está Deus? Temos consciência de que o anúncio do Evangelho não é uma obra nossa, na qual expomos as nossas ideias e a nossa ideologia, mas é obra de Deus? Temos consciência de que não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo libertador
A segunda leitura apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, a realização da utopia, o rosto final dessa comunidade de chamados a viver no amor.
É verdade que a instauração plena do “novo céu e da nova terra” só acontecerá quando o mal for vencido em definitivo; mas essa nova realidade pode e deve começar desde já: a ressurreição de Cristo convoca-nos para a renovação das nossas vidas, da nossa comunidade cristã ou religiosa, da sociedade e das suas estruturas, do mundo em que vivemos (e que geme num violento esforço de libertação .

https://www.dehonianos.org/


sábado, 14 de maio de 2022

Arronches homenageou Nª Srª de Fátima


 A população demonstrou a sua fé, homenageando Nossa Senhora de Fátima, com a participação de dezena de pessoas na Procissão das velas que ocorreu no dia 12 de Maio. 

Teve início com a  Eucaristia, celebrada pelo Padre Rui , concelebrada pelos Padres António e Francisco da Paróquia de La Codosera, seguindo se a procissão que percorreu as ruas do casco histórico.

No final, o Padre Rui agradeceu a presença de todos e em especial aos Párocos concelebrantes e  seus paroquianos que participaram com o estandarte de Nª Senhora do Chã da Vila.