quarta-feira, 29 de junho de 2022

Pensa menos e vive mais!



Às vezes sinto que pensamos demasiado. Percorremos cenários não-idílicos na nossa cabeça, vivemos neles, fazemos mil e um filmes e, quando acabamos, percebemos que nada disso aconteceu ou aconteceria.

A escola ensinou-nos (e ensina-nos) a usar a cabeça, a mente, os pensamentos. Ensinou-nos a trabalhar muito (às vezes mais do que bem) e a sentir pouco. Os problemas ficavam do lado de fora das portas e, lá dentro, era como se só existissem folhas em branco para encher de coisas que não interessavam nem ao Menino Jesus.

Fomos aprendendo a pensar muito, mas não aprendemos a pensar bem. Viciamo-nos em pensamentos tal como nos viciámos no trabalho, no ritmo, na aceleração dos dias, no colocar o pé no acelerador ou no travão sem sequer ter noção consciente disso. Vivemos em piloto automático e só acordamos quando alguém nos morre, nos adoece, nos deixa ou nos grita que já chega de viver assim.

Já chega.

Já chega de pensar no que pode acontecer. No que devia ser e não é. No que gostávamos que fosse. Já chega de imaginar possibilidades, de arquitetar futuros pouco verosímeis e razoáveis. Pouco saudáveis e equilibrados. Sim, porque os nossos pensamentos voam para as possibilidades de fortunas rápidas, dos aplausos que não se acabam e da prosperidade que também não… e o espaço para olhar para o que sente? Para o que se sente quando se pensa no que se pensa?

Já chega de pensar tanto. Pensa menos. Vive mais. Sente mais. Se queres pensar nalguma coisa, pensa em maneiras de seres mais feliz e de fazeres mais felizes os outros. Não imagines mundos e fundos de impossíveis que quase nunca condizem com a realidade de ninguém. A vida é curta. E passa como uma flecha. A escolha é tua: ou deixas que a flecha te atravesse e andas por aí a sangrar sem te aperceber ou cura essa ferida e atira a flecha para outro dia qualquer.

Pensa menos. Vive mais. Mas não vivas mais depressa.

Sempre mais devagar.

Tudo mais devagar.

Quem tem pressa chega sempre mais tarde ao que importa realmente.


Marta Arrais

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