sexta-feira, 30 de junho de 2023

Rezar é amar



Nos últimos tempos tenho tido a felicidade de ter acesso a vários pedidos de oração. São muitas as preocupações, as inquietações, os desejos e os pedidos de alívio. E, não querendo romantizar todos estes pedidos, tem sido de uma riqueza muito grande verificar como é que a vida se cruza no mais íntimo de cada um de nós. A oração, de facto, vai muito para além de um ato de fé e com isto não quero dizer que a fé seja um ato menor, mas sim que a forma como cada um se entrega na oração faz com que o seu próprio ato de fé seja engrandecido. Torna-o maior, porque os pedidos de oração alargam-nos a vida. Permite-nos olhar para nós e para o outro. Dá-nos a possibilidade de reconhecermos, dignamente, a nossa finitude. Os pedidos de oração engrandecem o nosso arriscar, a nossa confiança na existência de um Deus que é Pai com entranhas de Mãe, mas, acima de tudo, demonstram que na oração há muito amor a ser desenhado e demonstrado.

Rezar por nós, por alguém ou dar bom nome a alguém a Deus (abençoar) é uma outra forma de amar. E, nestes pedidos de oração, tenho sentido que são mais do que uma partilha íntima, um pedido de socorro ou um desejo profundo. Sinto, em cada palavra, que o pedido de oração nasce do amor e anseia que este se concretize n’Aquele que é amor. São pedidos autênticos. Despidos daquilo que tantas vezes usámos no nosso quotidiano para que não descubram as nossas fragilidades ou inquietações. A oração é uma outra forma de (nos) amarmos, porque ali, onde ninguém vê, entregamos o que somos, sem máscaras, nem capas. É uma entrega radical e sedenta que vive na confiança de que o amor tudo pode alcançar.

Acredito, plenamente, que o segredo da oração está no amor. Só nos entregamos verdadeiramente quando amamos e nos sentimos amados. Só confidenciamos a nossa vida quando estamos enamorados. Só temos verdadeiramente fé quando esta se reveste de amor. Como poderíamos rezar a Deus se não acreditássemos que Ele é amor? Como entregaríamos a nossa vida e a vida dos que amamos a Deus se não acreditássemos que é o Amor que nos salva?

Não existe oração sem amor e arriscaria a dizer que não há amor sem oração. São inseparáveis e precisamos de ambas para descobrirmos que a nossa vida é muito mais do que aquilo que somos e fazemos.

Rezar é amar e amar…é tornar toda a nossa vida numa autêntica oração!


Emanuel António Dias

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