Haverá um dia em que as perguntas se tornarão nas nossas respostas. Não terá sido tudo resolvido, mas teremos passado por tudo. Faremos da nossa existência a solução para as nossas inquietações. Resolver-nos-emos sem palavras tornando-nos filhos de cada situação, de cada busca, de cada olhar.
Haverá um dia em que tudo fará sentido mesmo que não se cumpra toda a revelação. O silêncio será capaz de pronunciar o que nunca conseguimos dizer e, por isso, será desvendado o significado de toda uma vida, mas, por agora, ainda se mantém submerso. Escondido pelo pavor do desconhecido. Recalcado pelas lágrimas que ninguém foi capaz de apanhar.
Haverá um dia onde entenderemos os passos do trilho que nunca fomos capazes de contemplar. Veremos desenhadas nas nossas vidas, as marcas de uma viagem sedenta de sentido. Estará tudo exposto. Estaremos despojados daquilo que o mundo nos vai iludindo, mas permaneceremos vivos pela certeza de nada possuirmos. Permaneceremos vivos por finalmente nos vermos sem as máscaras do medo.
Haverá um dia. Um dia em que o tempo não nos será descontado. Um dia em que não precisaremos de virar a cabeça ao contrário para finalmente nos darmos de caras com a vida. Um dia em que não precisaremos de escrever para que a nossa história seja contada. Haverá um dia em que saberemos quem somos.
Haverá um dia em que entenderemos a pergunta que somos!
Emanuel António Dias
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