quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Efatá

«Efatá»

Paulo Victória (08-09-2015)

O Evangelho do último domingo é excelente para o início de um "novo ano" de atividades, sejam elas, de uma forma geral, escolares, pastorais ou de trabalho, depois de umas merecidas férias. No meu caso, de todas elas acrescida desta vontade de escrever e de partilhar o que vou pensando acerca do tempo e do espaço que vamos ocupando neste local de passagem, a que chamamos "Terra".


Perante um surdo que lhe é apresentado, Jesus disse. «Efatá», que quer dizer «Abre-te», e segundo o texto de Marcos, «Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar corretamente.» (Mc 7, 35)


Eis aqui a "provocação" que o Senhor faz a todos os cristãos nesta reentrada! Abramos os nossos corações; abramos as nossas mentes; abramos os nossos ouvidos; abramos as nossas bocas e proclamemos que Jesus é o Senhor de todo o criado. Este Reino dos Céus, constatar-se-á na medida que ouvimos e pomos em práticas a Sua Palavra. Depois das férias e do respetivo repouso, vemos e ouvimos o drama dos que sofrem na pobreza? Ouvimos os clamores do que fogem à guerra? Os gemidos dos que sofrem no corpo, a doença?


O Santo Padre pediu aos nossos bispos, na visita ad limina, que acolhêssemos os refugiados da guerra do Médio Oriente e do Norte de África. Não é esta uma forma de abertura ao outro?

Há quem se revolte sobre esta ajuda... E porquê? «Porque existem tantos sem casa, entre nós!»; «Existem tantos "perseguidos" pela violência familiar; pelo Bullying; pelos assassinos, etc...»; «Tanto português que não tem emprego ou passa fome!»... Enfim, "paletes" de razões. Claro que estas pessoas terão razão se a nossa solidariedade for de fachada. Porque "receberemos fundos" do Estado ou da União Europeia. Porque é "IN" receber um refugiado. Voltemos ao Evangelho.

Ao apresentar o surdo, pediram para que Jesus lhe impusesse as mãos. Na mentalidade hebraica o contato físico é essencial para que haja eficácia no gesto. Jesus afastou-se da multidão com o homem. Esta atitude mostra-nos, no imediato, que a cura da doença e a fé que a torna possível, é sempre fruto do encontro com Jesus.


Deve ser esta a nossa atitude no acolhimento do outro. Ao receber uma família que foge do seu país por causa da guerra; ao visitar um doente; ao dar trabalho a quem não pode "ganhar o pão com o suor do seu rosto"... Façamos "afastados da multidão"! Porque acima de tudo, trata-se de o fazer a Jesus Cristo!


Um bom reinício de atividades!

Publicado originalmente em http://www.imissio.net/

Paulo Victória
Cronista
Licenciado em Teologia. Professor de EMRC.

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