quinta-feira, 18 de outubro de 2018

"A pergunta que não quer calar"... com Padre Rui Rodrigues


A pergunta que não quer calar"... com Padre Rui Rodrigues, Assistente diocesano do Movimento dos Convívios Fraternos (IX)

SDPJV:
O padre Rui Rodrigues acompanha, e sempre acompanhou, jovens nas diferenciadas etapas de descoberta da fé, seja eles crianças, adolescentes e jovens, como actualmente faz, por exemplo, na assistência dos Convívios Fraternos. Na realidade dos Convívios Fraternos, o 4º Dia revela-se de fundamental importância, porque é o envio para o Mundo, para as paróquias, para a integração mais profunda nos dinamismos das paróquias e da diocese. No entanto os jovens sentem sempre algumas dificuldades em permanecer! Será que as paróquias não estão preparadas nem são capazes de acolher estes jovens que fazem um encontro tão forte com Jesus, durante aqueles dias em Convívio Fraterno? Que espectativas tem o Padre Rui acerca deste Sínodo sobre a Juventude? Que mudanças poderá trazer para que os jovens, neste longo 4º Dia, possam viver uma “revolução de fé” que seja continuação da experiência do convívio fraterno?

Padre Rui Rodrigues:
Um convívio fraterno destina-se a jovens entre os 17 e os 25|30 anos, que se sentem confrontados com a sua experiência e caminhada de Fé. Para muitos será o aprofundar, para outros a descoberta e para outros dar continuidade. São três dias de um profundo encontro de um “eu” com um “TU”, Deus.

A designação “quarto dia” será toda a vida até ao fim. Será o compromisso posto em acção! Penso que qualquer jovem que faça a sua caminhada de catequese até ao crisma, ou que faça um Convívio Fraterno, não fica apto para dizer que está perito na Fé, em espiritualidade ou em teologia. Dão-nos as bases para depois podermos caminhar até… . Revelam-nos um pouco do que iremos ter no encontro com Deus ao longo da nossa vida, com todos os momentos alegres ou tristes que a compõem. Ninguém se aguenta de pé, se não tiver uma boa base.

Penso que não podemos culpar sempre as paróquias sobre o percurso de fé dos jovens. Temos paróquias que se esforçam e recorrem a imensos projectos para cativar, motivar e incentivar os seus jovens. Mas eles nem sempre se sentem em sintonia, motivados, ou mesmo, como são poucos ou só um ou dois, acabam por se desmotivar e desistir. Contudo, há que rezar e agradecer pelos persistentes. Mesmo poucos continuam a dar o seu contributo, o seu testemunho de jovens na Igreja. Os Jovens também têm que querer “Crer”. Sabendo que o caminho é difícil, eles têm que saber o que querem pela sua maturidade. O Evangelho propõe-se para eles como caminho e a resposta é a vida.

Estamos em Sínodo com os jovens. Sínodo, quer dizer caminho, caminhada. Penso que é disso mesmo que se trata e nesse sentido que nos revemos. Todos fazemos e estamos a fazer caminho. Com quem? Com que número? Faremos melhor o caminho com muitos ou com poucos? O problema dos jovens nas nossas paróquias é esse. Somos poucos e caminhamos com poucos e desistimos. Por mais que eu saiba que há outros jovens como eu, que pensam, vivem e seguem o mesmo que eu, não fazemos parte da mesma paróquia, dizemos que estamos a fazer o mesmo caminho, mas não os vejo. Somos cada vez menos em número. Pode ir na mesma estrada, posso dizer que vai mais à frente ou que vem mais a trás, mas … parece que por vezes temos um separador central! Quando é que haverá uma saída? Um cruzamento de encontro? Os jovens precisam de se sentirem grupo. De se motivarem juntos, de se desafiarem a fazer o caminho no mesmo dia e à mesma hora, na mesma terra! A dificuldade em permanecer penso que será como na semente da parábola do semeador. A semente que cai à beira do caminho, entre espinhos ou em sítios pedregosos. Uns levam-na, outra começa a nascer, mas como a raiz é fraca ou porque os problemas ou as seduções são contrárias, acaba por secar.

Um convívio fraterno, pode cair aqui. Foi bom, foi único, foi espectacular! Não duvido! O encontro com Cristo de verdade é assim! Mas precisa de ser alimentado, cuidado, desafiado, realizado. Aqui entramos todos nós, novos e velhos. Quem ama cuida! Este é o grande mandamento de Deus dado ao Homem. Ama-Lo sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Nunca nos podemos esquecer de como amamos a Deus. Esta é a nossa força para permanecer e darmo-nos por Deus na nossa igreja. Ter raiz e dar fruto abundante. Este terá que ser o nosso desafio.

As minhas expectativas deste Sínodo para os jovens, para a Igreja, é que nos traga um cruzamento de viragem. Que nos faça caminhar todos juntos e ao mesmo tempo. Que seja desafio para todos os que se sentem Igreja.

SDPJuventude e Vocações de Portalegre Castelo Branco

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