quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Silenciar






O seu silêncio dá sinal da sua presença. É muito pouco comum vê-lo naquele estado. Por isso, torna-se revelador da sua existência.

Há qualquer coisa de diferente no seu silêncio e na forma como o vive. Não é um silêncio qualquer. É um silêncio com um olhar preocupado. É um silêncio que reza tudo o que vai dentro de si. É um silêncio com o olhar de quem se deixa simplesmente estar.

Rezam-lhe os problemas. Rezam-lhe as inquietações. Rezam-lhe as imensas questões. Rezam-lhe os não entendimentos. Rezam-lhe as poucas conquistas da sua vida. Reza a sua própria vida. Entregando-a ali: em silêncio e com olhar tão sincero.

O silêncio não lhe torna angelical, mas dá-lhe um ar de profundidade. De quem não sabe muito bem o que fazer, nem o que dizer, mas que está disposto a deixar-se confiar.

No meio de tudo isto, ele bem sabe que, ou arrisca na fé ou se perde no meio de si mesmo.

Sente, verdadeiramente, que está na altura de fazer caminho. É hora de usar o que confirmou para que tudo se confirme em si.

Por isso, deixa-se silenciar e deixa que o seu próprio mundo se silencie para que possa escutar com maior audácia aquilo que lhe vai sendo dito. Silencia-se para dar voz ao Senhor da sua vida. Silencia-se para ouvir os passos d'Aquele que sempre esteve. Silencia-se para que consiga escutar a palavra que lhe traz salv(ação). Silencia-se...

E ali, naquele verdadeiro ato de liberdade, foi capaz de silenciar os seus medos e caminhar perante a certeza de que nunca estará só!


Emanuel António Dias

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