Porque continuamos a celebrar o Natal? Foi a questão que me surgiu durante esta semana. Encontro à minha volta, tantos e tantas, iludidos com as músicas e os reclames da época. Apercebo-me que há quem festeje o Natal por uma magia que não lhes toca, mas que lhes adormece o seu interior. Usam as cores e os imensos jantares para disfarçar um confronto e uma inquietação de olhar para a vida de um outro jeito e encanto.
Porque continuamos a celebrar o Natal? Continuo a olhar para o lado e as correrias continuam a ser imensas. Não há tempo para estar, mas há tempo para visitar mais e mais. Há tempo para mais fotos e mais vídeos. Há tempo para se trabalhar e produzir, mas perdeu-se o tempo para estar. Perdeu-se o tempo para contemplar a simplicidade do Natal que acontece em cada criança. Perdeu-se o tempo para nos olharmos verdadeiramente e sentirmos que nasce efetivamente algo de novo em nós.
Porque continuamos a celebrar o Natal? A caminhada da minha questão vai ainda mais além e depara-se com os homens e mulheres de fé que não escutam os sinais dos novos tempos e continuam ainda a esperar por estrelas e anúncios de anjos desejando a vinda do Messias em esplendor e glória. E tudo isto acontece, porque nos esquecemos da simplicidade com que o Natal se fez. Esquecemo-nos que este menino, desejado e prometido, não virá à grande, mas na simplicidade. Virá no pequeno, no mais pequeno daquilo que somos e fazemos. É aqui que acontece Natal. É aqui que nos tornamos Natal quando permitimos que a pequenez nos engrandeça.
Porque continuamos a celebrar o Natal? Somente para reunir a família? Então porque não o fazemos mais vezes durante o ano?
Porque continuamos a celebrar o Natal? Apenas para iluminarmos as nossas ruas e cidades? Então porque não as alegramos em mais noites e dias da nossa vida?
Porque continuamos a celebrar o Natal? Apenas o comemoramos para disfarçadamente nos lembrarmos daqueles que esquecemos durante todo o ano? Então porque não os marcamos no nosso quotidiano?
Se queremos continuar a celebrar o Natal teremos de nos reunir mais vezes ao longo do ano e sentir que vivemos em verdadeira comunhão. Se queremos continuar a celebrar o Natal teremos de permitir que o nosso interior seja iluminado pela Sua Luz que nos purga e nos leva a um verdadeiro caminho. Se queremos continuar a celebrar o Natal teremos de, na simplicidade e no silêncio das nossas vidas, fazer a diferença na vida de tantos e tantas que anseiam por alguém que os olhe, que os escute e os que abrace. Se queremos que aconteça Natal deixemos que os “adventos” da nossa vida nos torne cada vez mais humanos e assim possamos tocar mais de perto no divino!
Questiona-te, sem medo: porque celebras, ainda hoje, o Natal?
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