domingo, 9 de outubro de 2022

Obrigado Senhor.

 




A liturgia deste domingo mostra-nos, com exemplos concretos, como Deus tem um projecto de salvação para oferecer a todos os homens, sem excepção; reconhecer o dom de Deus, acolhê-lo com amor e gratidão, é a condição para vencer a alienação, o sofrimento, o afastamento de Deus e dos irmãos e chegar à vida plena.

A primeira leitura apresenta-nos a história de um leproso (o sírio Naamã). O episódio revela que só Jahwéh oferece ao homem a vida e a salvação, sem limites nem excepções; ao homem resta acolher o dom de Deus, reconhecê-l'O como o único salvador e manifestar-Lhe gratidão.

A leitura convida-nos, antes de mais, a tomar consciência de que é de Deus - desse Deus que tem um projecto de salvação para o homem - que recebemos a vida plena. A constatação desse facto atinge uma importância primordial, numa época em que somos diariamente convidados a colocar a nossa esperança e a nossa segurança em ídolos de pés de barro (para alguns, podem ser o "poderoso médium" ou a "vidente/taróloga/espírita" que garantem a solução para o mau olhado, a inveja, os males de amor, o insucesso nos negócios, etc.; para a maioria, são o dinheiro, o poder, a moda, o comodismo, o êxito, a casa com piscina, o Ferrari ou o último programa de televisão que faz ganhar vinte mil contos e abrir a janela da fama...). É em Deus que eu coloco a minha esperança de vida plena, ou há outros deuses que me seduzem, que dirigem a minha vida e que são a minha esperança de realização e de felicidade?

O Evangelho apresenta-nos um grupo de leprosos que se encontram com Jesus e que através de Jesus descobrem a misericórdia e o amor de Deus. Eles representam toda a humanidade, envolvida pela miséria e pelo sofrimento, sobre quem Deus derrama a sua bondade, o seu amor, a sua salvação. Também aqui se chama a atenção para a resposta do homem ao dom de Deus: todos os que experimentam a salvação que Deus oferece devem reconhecer o dom, acolhê-lo e manifestar a Deus a sua gratidão.

É preciso ter uma resposta de gratidão e de adesão à proposta de salvação que Deus faz. Atenção: muitas vezes são aqueles que parecem mais fora da órbita de Deus que primeiro reconhecem o seu dom, que o acolhem e que aderem à proposta de vida nova que lhes é feita. Às vezes, aqueles que lidam diariamente com o mundo do sagrado estão demasiado cheios de auto-suficiência e de orgulho para acolherem com humildade e simplicidade os dons de Deus, para manifestarem gratidão e para aceitarem ser transformados pela graça... Convém pensar na atitude que, dia a dia, eu assumo diante de Deus: se é uma atitude de auto-suficiência, ou se é uma atitude de adesão humilde e de gratidão.

A segunda leitura define a existência cristã como identificação com Cristo. Quem acolhe o dom de Deus torna-se discípulo: identifica-se com Cristo, vive no amor e na entrega aos irmãos e chega à vida nova da ressurreição.

A opinião pública do nosso tempo está convencida de que uma vida gasta no serviço simples e humilde em favor dos irmãos é uma vida fracassada; mas o autor da Segunda Carta a Timóteo garante que uma vida de amor e de serviço é uma vida plenamente realizada, pois no final da caminhada espera-nos a ressurreição, a vida plena (são os efeitos da nossa identificação com Cristo). O que é que, para mim, faz mais sentido? No meu dia a dia domina o egoísmo e a auto-suficiência, ou o amor, a partilha, o dom da vida?

https://www.dehonianos.org/

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