sábado, 29 de outubro de 2022

Idealizações, expectativas e realidade



As três palavras fazem parte da nossa vida. Nenhuma delas será pouco saudável quando olhada com conta, peso e medida. O problema mora no facto de não sabermos, sempre, equilibrar todas e distingui-las umas das outras.

As idealizações permitem-nos ter sonhos, imaginar uma casa, uma vida que gostaríamos de ter. As expectativas permitem-nos ter esperança, semeiam cá dentro uma espécie de querer que quase rima com conseguir. E a realidade é o que temos a cada dia e o que nos vai sendo dado (ou permitido) viver.

O problema é quando idealizamos o que não depende de nós. Idealizamos o comportamento de uma pessoa, as suas atitudes, aquilo que gostávamos que nos desse… e adequamos, erradamente, as expectativas correspondentes. O perigo é muito claro: quando idealizamos o que não está no nosso controlo corremos o risco de criar uma realidade que nunca será viável, ou possível. Quando criamos expectativas que só existem na nossa cabeça e não rimam com nenhuma ponta da realidade, estamos a desenhar uma alternativa que pode nunca se concretizar.

Então, o que nos sobra? Viver em tons de cinzento uma realidade, tantas vezes, difícil?

Sim. Mas ninguém nos obrigada a aceitar o cinzento. Podemos escolher um azul ou um vermelho. Ou ser audazes e arriscar um branco quase contrário ao que todos querem e esperam. A realidade não tem de ser olhada de forma conformada, tristonha e pouco esperançosa. O que não podemos é viver enganados.

Com esperança, mas com os pés no chão.
Com ânimo, mas sem positividade tóxica.
Com tristeza, quando for para a sentir.
Com coragem, mas sem acreditar que podemos tudo, sempre.
Com alegria, mas sem deixar de sentir comoção pelas misérias alheias.
Com cabeça, mas a dar espaço para a alma.
De braços abertos e com os pés a caminho.
Um dia de cada vez.


Marta Arrais

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