terça-feira, 25 de outubro de 2022

TESTEMUNHO DE VIDA É FUNDAMENTAL PARA A TRANSMISSÃO DA FÉ

 



«O testemunho de vida evangélica dos cristãos» é «fundamental» para a transmissão da fé, defende o Papa Francisco na Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2022, que se celebrou dia 23 deste mês.

Baseando-se na frase dos Atos dos Apóstolos «Sereis minhas testemunhas», que serve de tema à Mensagem, o Santo Padre afirma que na evangelização o exemplo de vida cristã e o anúncio de Cristo «caminham juntos»: «são os dois pulmões com que deve respirar cada comunidade para ser missionária». «Este testemunho completo, coerente e jubiloso de Cristo será seguramente a força de atração para o crescimento da Igreja também no terceiro milénio», sustenta Francisco, que exorta todos a retomarem a coragem e ousadia dos primeiros cristãos, «para testemunhar Cristo, com palavras e obras, em todos os ambientes da vida».

O Papa lembra que, «tal como Cristo é o primeiro enviado, ou seja, missionário do Pai», «todo o cristão é chamado a ser missionário e testemunha de Cristo». E frisa que a identidade da Igreja passa precisamente por «evangelizar».

A propósito do envio dos discípulos, Francisco afirma que tal acontece «não só para fazer a missão» e «dar testemunho», mas «também e sobretudo para viver a missão que lhes foi confiada» e «ser testemunhas de Cristo».

Os missionários de Cristo não são enviados para mostrar qualidades, capacidades persuasivas ou dotes de gestão, mas «têm a honra sublime de oferecer Cristo, por palavras e ações», afirma Francisco, acrescentando que o amor recebido de Jesus é «a primeira motivação para evangelizar».

O Papa salienta o caráter «comunitário-eclesial» do chamamento missionário. A missão realiza-se em conjunto e em comunhão com a comunidade eclesial e não individualmente. «Ainda que alguém, numa situação muito particular, leve avante a missão evangelizadora sozinho, realiza-a e deve realizá-la sempre em comunhão com a Igreja que o enviou».

Francisco sustenta que os cristãos não fazem proselitismo e lembra as perseguições dos primeiros cristãos e as que acontecem na atualidade, levando à saída para outros países. «Estamos agradecidos a estes irmãos e irmãs que não se fecham na tribulação, mas testemunham Cristo e o amor de Deus nos países que os acolhem».

Para o Santo Padre, a presença de fiéis de nacionalidades diferentes «enriquece o rosto das paróquias, tornando-as mais universais, mais católicas». Por isso, «o cuidado pastoral dos migrantes é uma atividade missionária que não deve ser descurada» porque pode ajudar «os fiéis locais a redescobrir a alegria da fé cristã que receberam».

Até aos confins do mundo

O Papa utiliza a expressão «até aos confins do mundo» procurando interpelar «os discípulos de Jesus de cada tempo, impelindo-os sempre a ir mais além dos lugares habituais para levar o testemunho d’Ele».

Apesar das facilidades resultantes dos progressos modernos, ainda há locais aos quais «não chegaram os missionários testemunhas de Cristo com a Boa Nova do seu amor». «Por outro lado, não existe qualquer realidade humana que seja alheia à atenção dos discípulos de Cristo, na sua missão», afirma o Papa, lembrando que «a Igreja de Cristo sempre esteve, está e estará “em saída” rumo aos novos horizontes geográficos, sociais, existenciais», dando «testemunho de Cristo e do seu amor a todos».

Lembrando que a Igreja tem sempre de ir «mais além das próprias fronteiras, para testemunhar a todos o amor de Cristo», Francisco recorda os muitos missionários «que gastaram a vida para “ir mais além”, encarnando a caridade de Cristo por tantos irmãos e irmãs que encontraram», e mostra-lhes a sua gratidão.

A Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2022 destaca a importância do Espírito Santo no anúncio de Cristo. Nenhum cristão pode «dar testemunho pleno e genuíno de Cristo Senhor sem a inspiração e a ajuda do Espírito» e «cada discípulo missionário de Cristo é chamado a reconhecer a importância fundamental da ação do Espírito, a viver com Ele no dia a dia e a receber constantemente força e inspiração d’Ele».

Importa, pois, segundo o Papa, que, quando estamos cansados, desmotivados ou perdidos, nos lembremos de «recorrer ao Espírito Santo na oração» (que «tem um papel fundamental na vida missionária»), «para nos deixarmos restaurar e fortalecer por Ele». Francisco sustenta que o Espírito Santo «é o verdadeiro protagonista da missão», uma vez que «dá a palavra certa no momento justo e sob a devida forma».

Exemplos para a vida e missão da Igreja


Francisco aproveita a Mensagem para lembrar algumas efemérides «relevantes para a vida e missão da Igreja»: a fundação, há 400 anos da Congregação de Propaganda Fide (com a designação atual de Congregação para a Evangelização dos Povos) e, há 200 anos, da Associação para a Propagação da Fé, por Pauline Jaricot. A jovem francesa pôs em movimento uma rede de oração e coleta para os missionários, para que «os fiéis pudessem participar ativamente na missão “até aos confins do mundo”». Foi esta ideia que deu origem ao Dia Mundial das Missões, cuja coleta nas comunidades «se destina ao Fundo universal com que o Papa sustenta a atividade missionária».

O Santo Padre recorda ainda o bispo francês Charles de Forbin-Janson, que começou a Obra da Santa Infância «para promover a missão entre as crianças», e Jeanne Bigard, que deu vida à Obra de São Pedro Apóstolo, que apoia os seminaristas e sacerdotes em terras de missão. Há cem anos, estas três Obras foram reconhecidas como Pontifícias.

Na Mensagem, o Papa lembra igualmente a atual Pontifícia União Missionária, fundada pelo beato Paolo Manna, para sensibilizar e animar a missão dos sacerdotes, religiosas, religiosos e todo o povo de Deus, da qual fez parte São Paulo VI.

«Espero que as Igrejas locais possam encontrar nestas Obras um instrumento seguro para alimentar o espírito missionário no Povo de Deus», afirma o Santo Padre.

https://redemundialdeoracaodopapa.pt/

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