segunda-feira, 31 de março de 2025

Procissão dos Passos em Arronches


A Paróquia de Arronches celebrou neste domingo dia 30 de março a procissão dos Passos, com missa Solene às 16h00, seguida de Procissão, acompanhada pela Banda Musical 1º de Dezembro, de Campo Maior.

Após a Eucaristia, a procissão do Senhor dos Passos com saída da Igreja Matriz percorreu as ruas da vila até ao Largo Serpa Serpa Pinto. onde se encontrou com a procissão de Srª das Dores que saiu da Igreja de N^Srª da Luz
O Padre Fernando Farinha fez o Sermão do Encontro.

Finalizada a cerimónia do Sermão, as duas imagens seguiram em procissão pela Rua 5 de Outubro para terminar na Igreja Matriz, na Praça da República.





























domingo, 30 de março de 2025

Caminho para a vida

 



Na quarta etapa do “caminho da Quaresma”, a liturgia fala-nos de vida nova. Diz-nos como chegar lá. Convida-nos a experimentá-la.

A primeira leitura mostra-nos o Povo de Deus a começar uma nova vida na terra de Canaã. Para trás ficaram a escravidão do Egito e a desolação do deserto. Agora, na Terra Prometida, Israel pode começar a viver de uma forma nova, construindo um futuro de liberdade e de felicidade. É essa experiência – de passagem da escravidão à liberdade, da vida velha à vida nova – que somos convidados a fazer neste tempo de Quaresma.O batismo marcou, para nós, o momento em que nos comprometemos com Deus e passamos a fazer parte da família de Deus. Nesse dia, dissemos não à escravidão do egoísmo e do pecado e comprometemo-nos a viver a vida nova de Deus. Fomos ungidos com o óleo dos catecúmenos e recebemos a força de Deus para dizer “não” ao mal; fomos também ungidos com o óleo do crisma, que nos constituiu sacerdotes, profetas e reis, à imagem de Jesus, membros do povo da nova Aliança; fomos envolvidos numa veste branca e foi-nos pedido que nos mantivéssemos assim, vestidos de Deus, ao longo de todo o nosso caminho; recebemos a luz de Cristo e fomos convidados a nunca deixar apagar essa luz nas nossas vidas… Temos vivido na fidelidade a essa vida nova? A Quaresma não será um tempo favorável para renovarmos o nosso compromisso batismal e para regressarmos a essa fonte de vida nova onde mergulhamos no dia em que fomos batizados?

No Evangelho, através da parábola do “pai misericordioso”, Jesus garante-nos que Deus nunca nos fechará as portas: estará sempre à nossa espera de braços abertos, pronto para nos acolher e para nos reintegrar na sua família. “Voltar para Deus” é a opção certa para quem quiser dar sentido pleno à sua existência.A parábola do pai misericordioso deixa no ar algumas questões: se Deus é assim, se Deus está sempre de braços abertos para acolher os filhos que fizeram escolhas erradas, vale a pena ser bom? Não será mais lógico “gozar a vida” o mais possível, sem problemas de consciência, uma vez que Deus tudo perdoa? Na verdade, a parábola é clara: a opção pela futilidade e pelos valores efémeros não é uma boa opção. O filho mais novo da parábola constatou isso mesmo: as suas escolhas erradas levaram-no para um beco sem saída e deixaram-lhe feridas quase fatais. Foi por ter percebido que aquele tempo longe do pai tinha sido um tempo perdido, que ele voltou para casa. Podemos, nós também escolher a autossuficiência e afastar-nos de Deus… Será uma boa opção? Isso não será perder tempo? Podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar a nossa breve vida em caminhos que não nos levam a lado nenhum?

Na segunda leitura
Paulo de Tarso, recorrendo ao conceito de “reconciliação”, lembra-nos que Cristo veio derrotar o egoísmo e o pecado e sanar a separação que havia entre Deus e os homens. Aqueles que aceitam ligar-se a Cristo e caminhar atrás d’Ele, estão reconciliados com Deus. Vivem uma vida nova, a vida dos filhos queridos e amados de Deus.
Paulo fala, neste texto, da “reconciliação” com Deus. Não fala explicitamente da “reconciliação” com os irmãos. Mas, quando escreve as palavras que lemos, ele está angustiado pelo conflito que o distancia dos seus queridos filhos de Corinto. Ora, Paulo sabe que só será possível a reconciliação entre os irmãos desavindos se, antes, esses irmãos descobriram o amor de Deus e aceitaram viver no dinamismo do amor. Quem descobre o amor de Deus e vive reconciliado com Deus, percebe que deve viver reconciliado com os seus irmãos. Nós, os que fomos tocados pelo amor de Deus, procuramos viver reconciliados com todos os nossos irmãos? Testemunhamos o amor de Deus vivendo em paz e harmonia uns com os outros?

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sábado, 29 de março de 2025

Sim, às vezes a vida...



Sim, às vezes a vida...

É como um segredo ao ouvido, que é contado com um jeitinho de amor.
Onde o toque suave do essencial, resplandesce cheio de cor.

Sim, às vezes a vida é como um carrossel, onde a coragem de pedir a Deus que conte uma história, torna cada momento mais simples e eterno.

É assim um ouvir com o coração.
É um olhar para o que se vê e para o que não se vê, também.
É estar perto e não ver nada ao longe.
É estar longe e sentir tudo de perto.

Sim, às vezes a vida é roda certeira,
Gira e avança, sem tréguas ou fim.
É a manhã de luz perfeita.
É a noite, onde Deus nos diz...sim!

Boa semana!


Carla Correia


sexta-feira, 28 de março de 2025

OS PASSOS DA PROCISSÃO DO SENHOR DOS PASSOS



Na liturgia da vida, os gestos e as atitudes são de grande importância. Se a língua dos povos é diferente e nem sempre é fácil de entender, os gestos, regra geral, são uma linguagem comum, por todos entendida, uma forma espontânea de comunicar. Da liturgia do culto e da oração também fazem parte atitudes corporais, gestos, palavras, sons, o corpo e a alma, o divino e o humano, o interior e o exterior. Tantas vezes o que nos vai na alma se expressa de forma externa e o que acontece exteriormente ecoa no mais profundo de nós mesmos. Pode haver quem viva num mundo fantasioso e tente fazer crer que só a inteligência e a razão têm valor, desdenhando esta linguagem natural que, na liturgia da vida e do culto, tantas vezes brota do próprio coração. Valoriza-se muito e forma-se a inteligência, a liberdade, a vontade, e bem. Mas esquece-se a formação e a valorização do coração, o princípio unificador de toda a natureza humana, como afirma Francisco.
Ora, o povo cristão desde sempre manifestou a sua religiosidade e fé em variadas formas de piedade que rodeiam a vida sacramental da Igreja, tais como as procissões. Elas têm sabor evangélico, sabedoria humana, enriquecem a vida cristã. Embora não a substituam, pois é-lhe muito superior, estas manifestações são um prolongamento da vida litúrgica da Igreja. Têm em conta os seus tempos litúrgicos, harmonizam-se com a liturgia, dimanam dela e nela introduzem o povo para o fazer progredir no conhecimento do mistério de Cristo (cf. CIgC1674-1676).
Na própria celebração da Eucaristia, há procissões significativas: a de Entrada, a do Evangelho, a do Ofertório, a da Comunhão, a que se faz, depois da celebração da Palavra, para o Batistério, para o Batismo, a de Quinta-Feira Santa, levando solenemente o Santíssimo para o lugar da Reserva, a de Sexta-Feira Santa para adorar a cruz, a da Vigília Pascal, seguindo o Círio, símbolo de Cristo Luz do mundo. Estas são no interior da igreja. Mas também há procissões que, quando é possível e prudente, se fazem pelos caminhos ou estradas das povoações. Estas procissões, que a comunidade cristã organiza e nas quais caminha, devota e festivamente, tem uma organização disciplinada e muito própria, partindo sempre do reconhecimento dos dons recebidos e da necessidade de dar graças por isso, adorando e glorificando a Deus. Ao longo do ano, são significativas as procissões da Candelária, a do Domingo de Ramos, a do Corpo de Deus, que é a mais solene de todas as procissões, as da Quaresma e Semana Santa. Outras há, fruto da religiosidade popular, como as procissões das velas, as peregrinações a santuários marianos ou em honra dos próprios santos, com imagens ou relíquias. Os santos não se adoram, adora-se e agradece-se a Deus pelas graças que lhes concedeu para que se tornassem santos e pede-se a Deus que conceda, também a nós, as graças para que possamos, como eles, alcançar a santidade e a plenitude da vida. A centralidade é sempre Cristo Jesus, cuja cruz, instrumento da nossa Redenção, faz sempre parte de qualquer procissão. Nada impede, porém, que peçamos à Virgem e aos santos que intercedam por nós junto do Senhor. Por impossibilidade de vária ordem, nas exéquias, já é rara a procissão da casa do falecido para a Igreja. Se não há cremação, maior ou menor, de carro ou a pé, ainda se vai mantendo a da igreja para o cemitério. Também é da tradição cristã haver outras procissões, como, por exemplo, a pedir chuva, a pedir colheitas abundantes, ou por motivos de fome, pestes, calamidades, penitência...
Uma procissão, se é um rito externo, visível e público, é também um sinal de uma realidade mais profunda. É uma realidade espiritual, uma expressão de fé, de piedade, de devoção, de amor, de confiança, de esperança. Embora sejam ambas sinal da nossa condição de peregrinos, uma procissão não é a mesma coisa que uma peregrinação, embora possamos apontar vários elementos comuns. A procissão encerra um grande valor simbólico, é comunitária, está associada a dinâmicas festivas e populares, tem muitos intervenientes, muitos participantes, alguns espectadores. Quando bem preparadas, têm beleza e arte, silêncio e recolhimento, andamento e porte respeitoso, é expressão de fé. A peregrinação, na maior parte dos casos, se também tem cariz espiritual, individual ou em grupo, é mais livre e mais despojada, facilita a partilha de experiências com os outros peregrinos, convivem, enfrentam as condições climáticas, abrem-se a outros mundos e a outros elementos apreciáveis, como o das tradições locais, da arte e da cultura, da beleza dos espaços geográficos, das paisagens e monumentos, e a outros aspetos que sempre se exploram.
Neste caminhar para a Páscoa, em muitos locais, as comunidades cristãs organizam, participam e vivem religiosamente a Procissão do Senhor dos Passos, unindo a oração e os seus passos nos caminhos da conversão, com os olhos postos no mistério da Paixão e Morte de Cristo Jesus, o único mediador entre Deus e os homens. Nesse andamento processional a caminho do Calvário, são significativos o gesto simbólico e a Palavra evangélica no momento do encontro de Jesus com sua Mãe. Unindo-se, de certo modo, a cada homem, Jesus tomou sobre si os pecados dos homens, serviu, sofreu e deu a sua vida como resgate por todos e a cada um convida a tomar a sua cruz de cada dia e a seguir os seus passos: “Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 28-03-2025.


A dor da impotência perante a dor dos outros



Passamos muito tempo a tentar ignorar, relativizar e desvalorizar as coisas que nos magoam. É um trabalho árduo mas que nos protege de pesos que nos tornam a mente cinzenta.

Mas quem nos protege do mal que fazem aos outros que são nossos?

O que fazemos à raiva, à ansiedade e ao medo de fazerem algo de mal aos nossos?

O que fazemos quando assistimos a injustiças, corações partidos, orgulhos feridos e tristezas daqueles que são nossos?

Vivemos uma cultura um pouco estranha, por um lado a uns é ensinado a “dar a oura face”, a tentar não responder nem agredir. A outros incute-se-lhes a lei da sobrevivência, do mais forte do “salve-se quem puder”.

E quem medeia isto? Quem prevalece?

Quantas vezes nos apetece levantar e ir ao encontro do outro para tirar satisfações e por tudo em pratos limpos? Mas depois temos medos das represálias, do que pensam de nós e dos rótulos que nos afetam e em especial afetam os outros que são nossos.

Quem tem filhos sabe bem do que falo. Sabe da dor que é ver filhos desmotivados com o ambiente da escola, com a falta de empatia de alguns professores, com os resultados e com uma tristeza que rapidamente se transforma num buraco. E confortamos com: “deixa lá, amanhã vai ser melhor”, mas na verdade é como uma lança que atravessa o nosso coração. Mesmo quando são mais velhos, não estamos imunes ao sofrimento que vivemos com a instabilidade que os nossos filhos vivem no trabalho, ora com chefes intragáveis, colegas de trabalho complicados e vida social precária. E sorrimos a disfarçar a angústia que vai cá dentro. Arrisco-me a dizer que sofremos mais com a dor dos nossos do que com a nossa maior dor. Sentimo-nos impotentes e incapazes de solucionar o que quer que seja.

Talvez tenha mesmo de ser assim, cada um no seu caminho, cada um com a sua dor, mas a verdade é que acho que nunca deixamos de ser Cireneus nem Verónicas e sofremos sempre ao ver a dor dos outros e essa dor…por mais que a mascaremos de palavras motivacionais abre chagas cá dentro.

E tu amiga, que dores carregas tu?



Raquel Rodrigues

quinta-feira, 27 de março de 2025

A oração que sustenta: entre a fome e a paz



A obra-prima “Angelus”, de Jean-François Millet, retrata dois camponeses curvados em oração ao final da tarde, após mais um dia de trabalho. Como se fossem convocados pelo toque dos sinos de uma igreja ao fundo, o gesto dos camponeses compõe um mistério magnífico.

A tristeza, que parece estar em primeiro plano, contrasta com a calma e a paz de tudo o que está mais distante.

Depois de pedidos insistentes de Salvador Dalí, que viveu muito tempo obcecado por este quadro, o Museu do Louvre fez radiografias da pintura… e tal como Dalí havia suspeitado, a cesta de batatas entre as duas figuras humanas foi pintada por Millet por cima do que, num primeiro momento, era um caixão de bebé.

A oração é algo tão sobrenatural que serve tanto para agradecer o fruto do trabalho diário quanto para suplicar por um filho que partiu deste mundo… para o sempre.

Rezamos pelo pão de cada dia e pela hora de nossa morte.

Quem reza agradece e pede. Pode até agradecer e pedir por aquilo que acabou de perder.

O que sentem uma mãe e um pai ao verem os filhos jantarem, apesar de não haver nada para eles? Será alegria? Que estranha, mas tão verdadeira, forma de alívio e alegria.

Devemos agradecer essas batatas, que chegam para alimentar a vida da nossa vida, mas não chegam para nós? O que sente a barriga vazia de uma alma em paz por saber que seus filhos tiveram o pão nosso de cada dia, apesar de ela continuar sem nada?

O que deveria cada um de nós rezar ao amanhecer? A meio do dia? E ao anoitecer?

O que procuramos? Quais são os nossos horizontes?

Agradeçamos cada batata. Agradeçamos cada dia dos nossos filhos e cada um dos nossos dias. Porque se reconhecermos o verdadeiro valor da nossa existência, só podemos agradecer a quem no-la deu: aos nossos pais e ao pai nosso.

Nenhum de nós é deste mundo. Estamos todos aqui de passagem


José Luís Nunes Martins

quarta-feira, 26 de março de 2025

Ainda há gente (muito) boa!



Não sei como vamos conseguindo trazer o coração e a alma à tona dos dias, quando nos obrigam a chafurdar, numa base diária, em notícias horrorosas. Vamos passando os olhos por um pouco de tudo: ou a guerra, ou os abusos, ou os maus-tratos, violência em todas as formas e feitios. Obrigam-nos a enterrar a alegria na “força do ódio”, do abanar de cabeça de espanto permanente.
Enquanto os dias se desfiam, esperamos pouco. Esperamos que as pessoas sejam mesquinhas, traiçoeiras, que nos queiram enganar ou passar a perna pelo simples gozo de nos ver de nariz a beijar o chão.

É precisamente neste cenário de pouca bondade e justiça que, por vezes, a vida nos permite encontrar pessoas boas. Pessoas que ainda valem a pena. Pessoas que ajudam os outros porque é essa a cor do sangue que lhes corre nas veias do peito e da alma. Ali, num salão de cabeleireiro de bairro, mora e trabalha uma D. Fernanda que prefere que nem se dê por ela. Mais vale ouvir do que falar, diz ela. E é isso que faz. Dá espaço aos “velhos” da sua rua e do seu bairro e deixa-lhes a porta aberta. Deixa que entrem como quem entra na sua casa. Sabe-lhes de cor as manias, as conversas, os hábitos e as dores já habituadas. Conhece-lhes o sentido de humor. Ou a falta dele. Abre-lhes os braços e o coração só com o simples facto de existir. Poisam à sua beira como pássaros que sabem onde é o ninho e que sabem onde é seguro aterrar. É ali. Numa rua que ninguém conhece, e que não faz as notícias e os telejornais, que mora uma alma boa. Que cuida dos outros como quem nasceu para o fazer. Que não sente já as próprias dores por serem muitas. Mas que nunca parece cansar-se de aliviar as alheias.

Há pessoas que fazem muito, com tão pouco.

Há pessoas que ainda são boas só por ser. Ninguém sabe delas, e muito menos quem são. Só a conhecem os que precisam de a conhecer. Basta-lhe isso e a certeza de que a vida é curta. Que enquanto cá andarmos, só vale a pena viver para dar.

Ainda há gente muito boa por aí. E por todas as vezes em que tanta gente se pode esquecer de lhe(s) agradecer, hoje agradeço eu.


Marta Arrais

terça-feira, 25 de março de 2025

Domingo de Passos em Arronches, 30 de Março



Domingo de Passos em Arronches, 30 de Março


Missa Solene às 16:00H seguida de Procissão, acompanhada pela Banda Musical 1º de Dezembro.

Itinerário:
Senhor dos Passos - Igreja Matriz: Praça da República, R. de Olivença, Passeio 1º de Maio, Largo Serpa Serpa Pinto.

Nª Srª das Dores - Igreja de Nª Srª da Luz até ao Largo Serpa Pinto.

Sermão do Encontro.

Seguirão depois as duas imagens pela R. 5 de Outubro e Praça da República até à Igreja Matriz.


A beleza do mundo...



Ainda admiras a beleza do mundo? Ou passas por ela como se não fizesse parte de ti?

Aprecias e vives a natureza? Ou passas por ela apenas como um visitante?

Quantas vezes olhas o céu?
Quantas vezes olhas o mar?

Nem sempre damos conta da riqueza que nos rodeia. Passamos pela vida a desviarmos a nossa atenção do que realmente tem valor e preenche a essência de que somos feitos.

Vamos procurando "coisas"que substituam vazios, quando na verdade temos tudo o que precisamos para equilibrar o lugar da nossa existência.
Deus que habita cada um de nós.

Deus que é presença e lugar no mundo através de toda a beleza, doçura, bondade e amor. Através de tudo e de todos.

O mundo é a nossa casa. A felicidade está na própria casa e naquilo que ela (nos) representa.

Quando coloco as lentes certas espanto-me com a beleza de cada lugar, de cada emoção, de cada pessoa que me faz sorrir.

E tu, o que vês quando olhas o mundo?

Permite-te espantar ...

Boa semana!


Carla Correia

segunda-feira, 24 de março de 2025

«Senhor, Tu és Aquele que És»



Senhor que me escutas, sempre,

faz com que no meu peito a semente do Batismo

arda sem se consumir e seja fruto abundante e saboroso.


Hoje, ao fixar o meu reflexo no espelho,

as lágrimas do arrependimento sentido, caem…

Sou árvore seca, sem folhagem nem fruto.

Com mágoas que me afastam da Tua Igreja.

Com mentiras que me protegem no conforto das ações que ficam por fazer.

Com desejos que não edificam o Teu projeto de Amor.

Com palavras vazias e frias que não regam nem alimentam.

Então, em silêncio, quero encontrar a Tua VOZ e peço-Te…


Chama por mim, Senhor…

Envia-me a mim a levar a Boa Nova à Humanidade.

Quero ser Peregrino de Esperança e

Galileu capaz de levar Jesus a Todos e Todos a Jesus.


A cada segundo do meu desprovido viver,

que eu grite ao mundo inteiro: «Aqui estou!»


Arrependida do bem que deixei de fazer e do mal de que fui molde,

hoje, de joelhos no chão uno a minha voz a todos os que são Teus,

e rezamos-Te, Senhor:


Ao vislumbrar a Sarça-ardente,

que tenhamos coragem de tirar as sandálias.


Senhor, Tu és Aquele que És


Ao sentir a Misericórdia Divina,

que todo o nosso Ser bendiga o Teu nome Santo.


Senhor, Tu és Aquele que És


Ao cair nos pecados que secam a vida,

que a lembrança do Rochedo Espiritual nos fortaleça.


Senhor, Tu és Aquele que És


Ao deixar de dar fruto,

que o arrependimento fortaleça a árvore do nosso coração.


Senhor, Tu és Aquele que És



 Liliana Dinis

domingo, 23 de março de 2025

Vaticano: Papa surge à janela, na despedida do Gemelli, para dizer «obrigado a todos»


Texto do Ângelus evoca «longo período de recuperação» e critica reinício dos bombardeamentos em Gaza









Roma, 23 mar 2025 (Ecclesia) – O Papa veio hoje à janela, no Hospital Gemelli, para uma breve saudação e para abençoar a multidão que se reuniu junto ao edifício, em Roma, no final do seu internamento de 38 dias.

“Obrigado a todos. E vejo aquela senhora, com as flores amarelas: é corajosa”, disse, nas breves palavras que dirigiu à multidão.

Francisco surgiu em cadeira de rodas, com aparente boa disposição, tendo-se mantido sentado e a respirar autonomamente, com alguma dificuldade.

“Neste longo período de recuperação, tive a oportunidade de experimentar a paciência do Senhor, que vejo também refletida na dedicação incansável dos médicos e dos profissionais da saúde, assim como nos cuidados e nas esperanças dos familiares dos doentes”, escreveu, na reflexão para a oração dominical do ângelus, divulgada pelo Vaticano.

“Essa paciência confiante, ancorada no amor de Deus que nunca falha, é verdadeiramente necessária à nossa vida, especialmente para enfrentar as situações mais difíceis e dolorosas”, acrescenta o documento.

 



Francisco estava internado no Gemelli desde 14 de fevereiro, tendo sido diagnosticado com uma infeção polimicrobiana das vias respiratórias, que se agravou para uma pneumonia bilateral.

Nesse período, o pontífice não tinha feito qualquer aparição pública: gravou uma pequena em mensagem em áudio, a 6 de março, e foi divulgada uma foto, no último dia 16.Foto: Lusa/EPA

Numa varanda do quinto andar do Gemelli, preparada para esta saudação do Papa, Francisco surgiu cansado, mas sorridente, quando se dirigiu à multidão, agradecendo e fazendo o gesto do polegar para cima.

A praça em frente tinha centenas de pessoas, algumas com desenhos, outras com flores, incluindo alguns doentes do mesmo Hospital, também em cadeira de rodas.

Pelo sexto domingo consecutivo, o texto do ângelus foi divulgado por escrito, às 11h00 de Lisboa.

O Papa lamenta o reinício dos “pesados bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, com tantas mortes e feridos”.

“Peço que as armas se calem imediatamente e que se tenha a coragem de retomar o diálogo, para que todos os reféns sejam libertos e se alcance um cessar-fogo definitivo. Na Faixa de Gaza, a situação humanitária é novamente gravíssima e exige o compromisso urgente das partes beligerantes e da comunidade internacional”, apela.

Francisco saúda, por outro lado, que a Arménia e o Azerbaijão tenham acordado o “texto definitivo do Acordo de Paz”.

“Espero que seja assinado o quanto antes e possa, assim, contribuir para estabelecer uma paz duradoura no sul do Cáucaso”, deseja.

“Com tanta paciência e perseverança, vocês continuam a rezar por mim: agradeço-lhes muito! Eu também rezo por vocês. E juntos imploramos pelo fim das guerras e pela paz, especialmente na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, em Mianmar, no Sudão e na República Democrática do Congo”, conclui.


A equipa médica que acompanha o Papa anunciou este sábado que Francisco iria receber alta e regressar à Casa de Santa Marta, após esta saudação.

O Vaticano informou, em comunicado enviado aos jornalistas, que antes de aparecer na varanda do quinto andar do hospital universitário, o Papa Francisco “saudou brevemente o pessoal e a direção da Universidade Católica e do Policlínico Gemelli”.

OC

“Convertei-vos!”

 



Na terceira etapa da caminhada da Quaresma, a liturgia convida-nos, uma vez mais, a tomar consciência do projeto que Deus tem para nós. Decidido a conduzir-nos em direção à vida verdadeira, Deus caminha ao nosso lado, aponta-nos caminhos de liberdade e de vida nova, convida-nos a derrubar tudo aquilo que nos escraviza, nos limita e nos encerra em fronteiras fechadas de egoísmo, de sofrimento e de morte.

Na primeira leitura Deus apresenta-se a Moisés e aos hebreus que vivem como escravos no Egito. Ele não olha com indiferença para o sofrimento dos seus filhos escravizados e maltratados; mas está ao lado deles, ajuda-os a libertarem-se das cadeias de morte que os prendem, condu-los em direção à liberdade e à vida plena. A libertação dos escravos hebreus do Egito oferece-nos o modelo que o Deus salvador vai usar, em todas as épocas da história, para salvar o seu povo.

O Evangelho apresenta-nos um apelo veemente de Jesus à conversão, à transformação radical da existência, a uma mudança de mentalidade, a um recentrar a vida de forma que Deus e os seus valores passem a ser a nossa prioridade fundamental. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida terá sido uma perda de tempo, um projeto falhado.Jesus rejeita categoricamente qualquer relação entre as desgraças que atingem algumas pessoas e um eventual castigo de Deus pelo pecado. Na verdade, considerar que Deus é uma espécie de comerciante, com a contabilidade organizada, que conhece os seus devedores e os castiga pelas suas dívidas, é dar azo a uma grave deformação da imagem e da realidade de Deus. Temos de evitar associar Deus aos males que acontecem no mundo e na vida dos homens. O mal não vem de Deus, mas sim da nossa debilidade, do nosso pecado, da finitude e dos limites deste mundo que está, a cada instante, a construir-se. O que Deus faz é estar ao nosso lado a cada momento, a cuidar das nossas feridas, a apontar-nos o caminho que devemos percorrer para chegar à vida. Como vemos Deus? Consideramo-lo responsável pelas coisas que estragam a nossa vida e desfeiam o mundo?

A segunda leitura avisa-nos que uma experiência religiosa que se traduz em meros rituais externos e vazios não nos assegura a vida e a salvação; o que é importante é a adesão verdadeira a Deus, a vontade de aceitar a sua proposta de salvação, o seguimento radical de Jesus.
A ideia de que a vivência religiosa se traduz no cumprimento de certos gestos externos, na observância de determinadas regras, ou na participação nos serviços litúrgicos previstos no calendário religioso, pode facilmente fazer-nos cair no autoconvencimento. Uma vez que cumprimos o que está estipulado pela lei e pela tradição, sentimo-nos em regra com Deus; Ele não tem nada a apontar-nos e, portanto, “deve-nos” a salvação. Esquecemos que a salvação não é uma conquista nossa, mas um dom absoluto do amor de Deus. Por outro lado, esse autoconvencimento pode tornar-nos arrogantes com os nossos irmãos. Convictos da nossa autoridade moral, facilmente caímos na tentação de julgar e de condenar as pessoas que não cumprem as regras ou que têm comportamentos e atitudes consideradas religiosamente incorretas. Paulo lembra-nos a nossa fragilidade e convida-nos a tomar um banho de humildade: “quem julga estar de pé, tome cuidado para não cair”. Como é que entendemos a nossa relação com Deus: é como uma troca comercial, na qual cumprimos determinados serviços para obter a paga correspondente? Estamos conscientes de que a salvação é um dom de Deus, fruto exclusivo do seu amor? Reconhecemos a nossa fragilidade e abstemo-nos de julgar e condenar os outros?


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sábado, 22 de março de 2025

Cuidar: uma das formas mais bonitas de amar



A verdade é que tudo passa demasiado depressa. O tempo, a vida, nós.

Vamo-nos atropelando, na correria dos dias, e, quando paramos para recordar o que, de verdade, importa, às vezes, tantas vezes, o tempo já passou.

Talvez, enquanto o tempo ainda é tempo, devêssemos cuidar mais uns dos outros. Cuidar mais dos nossos. Cuidar dos que sempre cuidaram de nós. E dar mais sentido ao tempo.


Ser o abraço que acolhe, como quem chega a casa no fim do dia.

Ser a mão que ampara e que resgata toda a força que possa faltar.

Ser o sorriso que conforta e que traz a paz que o coração precisa.

Ser o olhar atento, o que vê tudo, o que olha sempre mais além.

Ser o beijo que tem sempre ternura, que parece ter magia que cura.

Ser o colo onde há sempre espaço, que é sempre refúgio, que é sempre aconchego.

Ser a palavra que fala sempre com amor, que fala como quem abraça.

Ser o silêncio que escuta e que compreende, o silêncio que ensina sempre tanto sobre o amor.

Ser a companhia que alivia o peso de tudo, que torna tudo melhor só por estar ali, a companhia que fica (para) sempre.

Ser quem nunca se esquece, ser quem se importa.

Ser o gesto que fala de amor da forma mais bonita de todas: sem ser preciso falar.

Só por ser cuidado, só por ser amor.

Como quem sabe que cuidar é uma das formas mais bonitas de amar.


É que a verdade é que tudo passa demasiado depressa. O tempo, a vida, nós.

E talvez, um dia, nós saibamos recordar (como quem traz de volta ao coração) o que, de verdade, importa.

Que esse dia não tarde a chegar. Que venha para ficar. E que esse dia chegue, antes do tempo passar.


Daniela Barreira

sexta-feira, 21 de março de 2025

DIA INTERNACIONAL DA CONSCIÊNCIA



Inspirado pela coragem de Aristides de Sousa Mendes, desde 2004 que o ‘Dia da Consciência’, é celebrado em 17 de junho, dia em que ele, perante a deportação dos judeus para os campos de extermínio, tudo fez e a tudo se sujeitou para que fugissem de França. Desde 2011, o Brasil celebra, a 10 de novembro, o “Dia da Consciência Negra”, para lembrar e combater o racismo. As Nações Unidas, porém, em 2019, designaram o dia 5 de abril como o seu “Dia Internacional da Consciência”. Presentemente, entre nós, há quem manifeste o desejo de que haja uma só celebração. Seja como for no futuro, nesse dia 5 de abril, teremos como referência Aristides de Sousa Mendes, o “homem perito em humanidade, justo entre as nações”, como afirmou o Papa Francisco. Motivado pelos seus valores cristãos e humanistas, com coragem, esperança e solidariedade fraterna, seguiu a voz da sua consciência, tendo salvado milhares de judeus, perseguidos e refugiados. O “Comité do Dia da Consciência”, devido à grave situação de milhões de refugiados em todo o mundo, achou que se deveria dedicar toda essa semana de abril, à problemática dos refugiados, tendo também em atenção a carta que Francisco enviou, em 10 de fevereiro, aos bispos dos Estados Unidos, país que enfrenta um programa de deportação em massa com a repatriação de milhões de imigrantes e refugiados. Um Estado de direito respeita as suas leis e deveres, trata dignamente todas as pessoas, sobretudo as mais pobres e marginalizadas. Francisco exorta os católicos a que “não cedam às narrativas que discriminam e fazem sofrer desnecessariamente os nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados”, pois, “somos todos chamados a viver na solidariedade e na fraternidade, a construir pontes que nos aproximem cada vez mais, a evitar os muros da ignomínia e a aprender a dar a nossa vida como Jesus Cristo a ofereceu, para a salvação de todos.”
Nessa carta, ele expressa proximidade aos bispos nestes “momentos delicados” e afirma que aquilo “que se constrói sobre a força, e não sobre a verdade da igual dignidade de todo ser humano, começa mal e terminará mal”. Este ato de “deportar pessoas que, em muitos casos, deixaram a própria terra por razões de extrema pobreza, insegurança, exploração, perseguição ou grave deterioração do meio ambiente, fere a dignidade de tantos homens e mulheres, de famílias inteiras, e coloca-os num estado de particular vulnerabilidade”. E mais diz que uma “consciência corretamente formada não pode deixar de expressar um julgamento crítico e discordar de qualquer medida que identifique, tácita ou explicitamente, a condição ilegal de alguns migrantes com a criminalidade”. E se é legítimo o direito de uma nação “se defender e de manter as próprias comunidades a salvo daqueles que cometeram crimes violentos ou graves enquanto estavam no país ou antes de chegar nele”, o ato da deportação, porém, é sempre uma ferida na dignidade humana. Jesus, Maria e José que tiveram de emigrar “para o Egito e lá se refugiaram para escapar da ira de um rei ímpio, são o modelo, o exemplo e a consolação dos emigrantes e dos peregrinos de todas as épocas e de todos os países, de todos os refugiados de qualquer condição que, assaltados pela perseguição ou pela necessidade, são obrigados a deixar a pátria, a sua querida família e os seus queridos amigos para ir para uma terra estrangeira.”
Estamos chamados “a viver na solidariedade e na fraternidade, a construir pontes que nos aproximem cada vez mais, a evitar os muros da ignomínia e a aprender a dar a nossa vida como Jesus Cristo a ofereceu, para a salvação de todos”. Deus quis deixar o homem entregue à sua própria liberdade e decisão, para que procedesse “segundo a própria consciência e por livre adesão, ou seja, movido e induzido pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por mera coação externa” (cf. GS17). É no fundo da própria consciência que ele “descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faz isto, evita aquilo”. Há no coração do homem “uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado. A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser”. É pela fidelidade à voz da consciência, que estamos “unidos aos demais homens, no dever de buscar a verdade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida individual e social” (GS16).
A formação da consciência acontece desde criança, a qual implica uma educação prudente na descoberta dessa lei interior que ninguém impôs a si mesmo mas à qual deve obedecer. A Quaresma é um tempo propício para afinar as sons da consciência e harmonizar a polifonia da vida sob a batuta da verdade e da beleza, do bem.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 21-03-2025.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Linha de produção



Porque razão andamos sempre a correr de um lado para o outro, sempre sempre numa luta contra o tempo, esse inimigo feroz?!

É de casa para o trabalho. É no trabalho. É na volta para casa. É nos afazeres de casa. É nos dias de folga. É nos nossos hobbies. É nos dias de festa. E por aí vai!

Mas quem é que inventou o tempo? Quem o tornou dono e senhor dos nossos dias? Quem nos obrigada a viver em constante linha de produção?

O "antes feito que perfeito" ganha força e pelo caminho perdemos o brio, o gosto, a vontade, a empatia, a esperança...

E vamos seguindo um caminho que tantas vezes não queremos mas, tal como "os outros", seguimos o rasto.

O mundo precisava de menos "linha" e mais "curva", menos "produção" e mais Coração.


Lucília Miranda


quarta-feira, 19 de março de 2025

COMUNICADO SOBRE A IGREJA DE SANTO ANTÓNIO DOS ASSENTOS PORTALEGRE



Tendo a Comunicação Social noticiado que se encontra em leilão de insolvência a igreja de Santo António dos Assentos, em Portalegre, vimos reiterar o que o anterior e o atual Pároco já esclareceram.
O Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu, da Paróquia de São Lourenço, cidade de Portalegre, é proprietário legítimo, desde 18 de abril de 2005, do direito de superfície de parte do edifício que inclui a Igreja de Santo António dos Assentos, prédio situado na Rua Padre Diogo Pereira Sotto Mayor, no Bairro dos Assentos, cuja propriedade é da Paróquia da Sé, Portalegre. Deste protocolo entre a Paróquia da Sé e o Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu, que é da Paróquia de São Lourenço, foi lavrada, na data acima indicada, a respetiva escritura na Conservatória do Registo Predial de Portalegre, tendo as respetivas instalações estado sempre ao serviço do Centro Social.
Dada a insolvência, em 2020, do Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu, esse direito de superfície ficou integrado na massa insolvente, isto é, no património do devedor à data da declaração de insolvência, sendo o seu produto afeto ao pagamento dos credores.
Resumindo: todo o complexo é propriedade da Paróquia da Sé, mas esta, em 2005, com autorização do Bispo da altura, cedeu o direito de superfície, de parte do edifício, ao Centro Social e Comunitário de São Bartolomeu. Deste direito de superfície, porém, não faz parte a igreja de Santo António integrada no mesmo prédio, havendo até cadernetas prediais urbanas com números diferentes. E mesmo o que está à venda não é o prédio, é o direito de superfície daquela parte.
Portalegre, 19 de março de 2025.
D. Antonino Dias
Bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco

É hoje que deves ser feliz, não amanhã



O prazo para sermos felizes é muito curto. Devemos organizar as nossas prioridades e agir de acordo com elas. Muitas desgraças podem acontecer a qualquer momento, retirando-nos mesmo aquilo que julgamos ser impossível de perder.

É bom fazer planos e mudá-los muitas vezes, porque, sem ambição, andaremos mais perdidos do que orientados. No entanto, se passarmos o presente a sonhar com o futuro, nada faremos para que aconteça.

É bem possível que grande parte dos que se consideram longe de ser felizes tenha já mais do que é necessário para o serem neste momento. Se soubessem valorizar aquilo que, na verdade, importa e desprezassem as insignificâncias a que costumam dar tanta importância.

A vida é muito criativa e aquilo que parece estar à nossa espera é quase sempre bem diferente do que conseguimos prever. Assim, se é bom pensar no amanhã, é uma perda de tempo dedicar-se a imaginar o que se passará daqui a vários anos.

Haverá sempre um tempo para semear e outro tempo para colher, mas importa que estejamos conscientes de que não vamos ficar neste mundo para sempre, nem que planear é o mais importante.

É inútil sonhar sem acordar cedo e sem a disposição de sacrificar o que for preciso, para que se faça real o que se deseja.

O tempo desta vida é escasso e revela-se sempre ainda mais escasso quando… acabou.

Muitos dos que morreram ontem tinham planos para hoje.

Concentra-te em todos os bens que estão em ti e à tua volta, apenas neles. Será que eles não merecem pelo menos um sorriso teu?

Procura ser feliz hoje e em todos os teus dias! Dia a dia. Como se fosse o primeiro, o último, o único. É que, na mais pura verdade, é mesmo assim!


José Luís Nunes Martins


terça-feira, 18 de março de 2025

Estar presente!



Parece uma verdade tão simples e pouco profunda. Estar lá é só… estar. Mas, será que isso chega?

Atravessamos tempos de transformação profunda. Sentimos no ar que a nossa sociedade global nos tem trazido desafios que nos vão impactar, intensamente, em todas as áreas da nossa vida. Temos assistido à ascensão de ditadores disfarçados. À humilhação gratuita de dirigentes políticos ou chefes de estado. Temos visto que as regras de boa educação, que tentamos ensinar às crianças, são todos os dias desrespeitadas pelos adultos que as educam. Mais ou menos diretamente. Sentamo-nos no sofá e assistimos, incrédulos, às notícias que desfilam perante o nosso olhar mais ou menos atento. Entre uma tarefa e outra vamos parando e interrompendo a nossa rotina para nos interrogar: “como foi que chegámos aqui?”

Sentimos uma impotência feroz. Contagiosa. Que em vez de nos fazer agir, nos faz congelar e parar.

Obviamente que não está ao nosso alcance decidir o curso da história da humanidade. Não temos voto nas matérias bélicas, no caos político (pelo menos, não para já), nos vários “pequenos” sismos sentidos um pouco por todo o mundo, que nos ferem a estabilidade e a suposta segurança em que vivemos.

Mas há, de certeza, uma área em que podemos interferir. No nosso convívio com os outros. Na nossa forma de aparecer perante um desafio que nos surge. Na forma de responder a alguém quando nos apetece fingir que não vemos ou percebemos.

Temos, atualmente, ao nosso alcance uma forma de nos curar e de curar os outros. É simples. É profunda. E é importante. Essa forma de cura é a presença. É querer estar lá para os outros e, mais difícil ainda, conseguir estar lá para nós quando sentimos que precisamos. Dar colo, sim. Mas saber dar-nos colo quando nos sentimos perdidos do mundo ou do entendimento alheio.

Parece pouco, não é?

Mas, então, o que me é pedido é que, simplesmente, esteja?

Sim.

Mas mais ainda.

Mais do que estar lá, não te esqueças de ser.



Marta Arrais

segunda-feira, 17 de março de 2025

«Mestre, como é bom estarmos aqui!»



A dúvida avassala o coração.

A escuridão afasta a alegria.

As coisas terrenas aniquilam a Fé.

A montanha é perdição e medo.

E se…

Na dúvida, a Fé fortalecer a descendência.

Na escuridão, a estrela brilhar com mais intensidade.

Das coisas terrenas brotar a Caridade fecunda.

Na montanha, o silêncio e a oração forem encontro.


Uma nova meta.

Uma luz que encandeia.

Uma nova pátria.

Um novo desafio.

A vida inteira a Transfigurar!


Hoje, é dia de revelar a Alma que habita o corpo.

Está na hora de acreditar no Deus Pai que nos ama e nos orienta.

Temos todos os minutos para levar Jesus a Todos e Todos a Jesus…

e cada segundo para Ser Peregrino de Esperança.


Deixa-te inquietar pela voz da nuvem:

«Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O».


Jesus é a face que procuras…

É Palavra que dá Vida e faz estremecer a tua vida.

Sem medo… confia!

e… reza-Lhe baixinho:


«Mestre, como é bom estarmos aqui!»


Liliana Dinis

domingo, 16 de março de 2025

CONFIAR NO SENHOR

 



As leituras deste domingo têm como tema principal a fé. Em tempo de Quaresma somos convidados a revitalizar a nossa fé, a confiar de olhos fechados em Deus e nas suas propostas. Pode ser que, à luz da lógica humana, os caminhos que Deus nos aponta pareçam estranhos e ilógicos; mas eles conduzem, indubitavelmente, à vida verdadeira e eterna.

A primeira leitura apresenta-nos Abraão, o modelo do crente. Ele confiou plenamente em Deus, mesmo quando as promessas de Deus pareciam inverosímeis; e não saiu defraudado. Com Abraão, somos convidados a “acreditar”, isto é, a viver numa atitude de confiança total, de aceitação radical, de entrega plena aos desígnios desse Deus que não falha e é sempre fiel às suas promessas.A catequese de Israel apresenta sempre Abraão como um homem em permanente diálogo com Deus. Abraão partilha com Deus os seus sonhos e esperanças, as suas dificuldades na luta diária da existência; mas também escuta Deus, acolhe as suas indicações, vive ao ritmo das propostas de Deus. Talvez esta descrição que os catequistas de Israel fazem do seu patriarca seja um tanto idealizada; mas mostra aos crentes israelitas – e a nós também – que a vida deve ser vivida em permanente diálogo com Deus. Em tempo de quaresma – de conversão, de regresso a Deus – talvez seja uma sugestão que podemos considerar. Estamos dispostos, neste tempo de quaresma, a dar mais espaço ao diálogo com Deus, à escuta de Deus?

No Evangelho Jesus pede aos discípulos que confiem n’Ele e que ousem segui-l’O no caminho de Jerusalém. Esse caminho, embora passe pela cruz, conduz à ressurreição, à vida nova e eterna. Aos discípulos, relutantes e assustados, Deus confirma a verdade da proposta de Jesus: “Este é o meu Filho, o meu Eleito. Escutai-O”. É uma proposta que também nós somos convidados a abraçar.Neste segundo domingo da Quaresma façamos, também nós, a experiência de subir com Jesus ao monte… Enquanto subimos, podemos conversar com Ele e, com toda a sinceridade, dizer-Lhe as nossas dúvidas e inquietações. Podemos dizer-Lhe que, por vezes, nos sentimos perdidos e desanimados diante da forma como o nosso mundo se constrói; podemos dizer-lhe que o caminho que Ele aponta é duro e exigente e que não sabemos se teremos a coragem de o percorrer até ao fim; podemos até dizer-lhe, talvez com alguma vergonha, que às vezes duvidamos dele e corremos atrás de outras apostas, mais cómodas, mais atraentes e menos arriscadas… E, depois de lhe dizermos isso tudo, deixemos que Jesus nos fale, nos explique o seu projeto, nos renove o seu desafio… E vamos, também, prestar atenção à voz de Deus que nos garante: “olhem que esse Jesus que Eu enviei ao vosso encontro é o meu Filho, o meu eleito, aquele a quem Eu entreguei o projeto de um mundo mais humano e mais fraterno… Confirmo a verdade do caminho que Ele vos propõe. Escutai-O, ide com Ele, acolhei as suas propostas e indicações, mesmo que tenhais de remar contra a maré. O caminho que Ele vos aponta pode passar pela cruz, mas conduz à Vida verdadeira, à ressurreição”. É com estas atitudes que somos seguidores de Jesus Cristo?

Na segunda leitura
Paulo de Tarso pede aos cristãos da cidade de Filipos que não se limitem a uma vivência religiosa feita de práticas externas e de gestos vazios. Os crentes verdadeiros são aqueles que vivem de olhos postos no Senhor Jesus, aquele que “transformará o nosso corpo miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso”. Os filipenses e os cristãos de todas as épocas e lugares, devem caminhar para Ele sem hesitação, firmes na fé e guiados pela Boa Nova da salvação.Paulo considera a vida uma corrida de fundo em direção a uma meta que é o encontro com Cristo Jesus. Ele está consciente de que, enquanto caminhar na terra, a corrida não estará terminada: tem de continuar a esforçar-se para atingir a meta final. Paulo tem razão: não podemos, a dado momento, determo-nos a gozar as nossas conquistas, convencidos de que já está tudo feito e consolidado. Em cada passo da nossa vida temos de renovar a nossa opção por Deus e continuar os nossos esforços em direção à vida nova e eterna. Somos gente acomodada, convencida de que já “correu” o suficiente e que agora pode viver de rendimentos, ou somos gente que dia a dia, passo a passo, procura acolher os desafios sempre novos de Deus e corresponder àquilo que Deus espera de nós?


ww.dehonianos.org



sábado, 15 de março de 2025

A força maior da vida...



A força maior da vida...
É o amor.

Neste tempo que atravessamos, onde abrimos as portas à esperança, compreendemos que quem nos salva é a abertura do nosso coração ao amor.

Não há força maior na vida, que a força do amor.

A vida em plenitude vem de dentro.
Não nos podemos abandonar a nós mesmos, e o que somos na essência mais pura; esse sentimento que faz salvar o mundo e que na busca pelo poder, pela ausência de generosidade e incompreensão de quem nos rodeia, nos afasta da virtude que é amar.

Perder o coração é perder a nossa bússola. É perder o sentido e permanecer no vazio.

Que neste caminho, os corações se sintonizem e encontrem espaço para dar lugar à força maior da vida.

O amor.

Boa semana!


Carla Correia

sexta-feira, 14 de março de 2025

CASTING P’RÁ GOVERNANÇA URBI ET ORBI


O casting é um procedimento aconselhável para triar artistas, modelos, cantores, perfis ideais para projetos ou funções específicas. Ajuda a selecionar aqueles e aquelas que, desejando participar, mais se destacam pelas suas habilidades, dons, caraterísticas naturais, capacidades e confiança em ordem ao fim em vista.
No âmbito do exercício da governança, o casting é que está mesmo difícil. Faz lembrar o rei da Frígia e o nó com que o senhor Górdio, para memória do seu humilde passado e glória do seu presente endinheirado, grato e feliz, atou firme, com um nó impossível de desatar, a sua carroça à coluna do templo de Zeus. Só Alexandre, o Grande, muitos séculos depois, é que conseguiu desatar aquele nó e conquistar o mundo. Presumo que teremos uns bons séculos pela frente até que alguém desfaça este nó górdio da governança urbi et orbi, isto é, da governança destinada à cidade e ao mundo, ao perto e ao longe, desde o vértice à base. E não só. Há muita espécie de poder com grande complexidade de atribuições e exigência, reclamando que se conquiste quem deve ser conquistado para usar tal poder e servir a sociedade. Acredito que não é só pelo traquejo por partidos e gabinetes acima que os concorrentes ao casting são apurados. Nem será somente pela sua capacidade de chefia, de apresentação, de verborreia fácil ou de presença constante. Tem havido gente bem treinada, com capacidade de liderança, competência e habilidade para a função de servir, com humildade, amando a causa. Outra terá havido a não corresponder aos requisitos exigidos, colecionando até, em si mesma, tudo o que é preciso para ser mais que antipática. Paciência! Somos humanos, somos diferentes, temos diversas maneiras de ser, estar e agir. Acredito que, dada a complexidade do ser humano, o casting tenha dificuldade em detetar as debilidades de quem se propõe, pois, toda a gente, naquele momento, se aperaltará. Também é possível que a linhagem e as cunhas ainda funcionem, ao ponto de se deixar passar quem não deveria. Entretanto, a sabedoria do povo continua a receitar os seus comprimidos profiláticos: “se queres ver o vilão, mete-lhe a vara na mão”. A maneira como a pessoa se faz valer para determinado cargo de poder, nem sempre insinua que, uma vez lá, empinará o nariz como dono e senhor de tudo e de todos, sacrificando quem lá o colocou e dando aso à sua ambição e protagonismo estrambalhado, gerando infelicidade e incerteza. Se passar no crivo, pode, de facto, se alguma vez o admitiu, pode esquecer a fonte do seu poder e o fundamento do seu agir, não assumindo, como obrigação, promover o bem comum, a estabilidade e a paz, a alegria da fraternidade e do amor entre todos. Pode não reconhecer nem respeitar a história, apenas respeitar e reconhecer os seus influenciadores e apaniguados, ainda que não passem de cegos a guiar outro cego. Sem qualquer espécie de autoridade, estas pessoas, a par do poder que detêm e dos seus objetivos pouco claros, são habilidosas em cativar os aplausos do povo, para, mesmo contra a corrente, levarem a água ao seu moinho, ainda que seja com os populismos do bota-abaixo só porque sim, para eles, sem provas dadas, entenderem que são os melhores e se arribarem acima. A psicologia das multidões é complexa. Dá-nos conta de como as pessoas funcionam em grupos ferrenhos ou em sociedades sem grande arcaboiço moral e baixas competências cognitivas, pautadas que estão por ideologias e interesses da liderança. As multidões são estúpidas, disse não sei quem, talvez Gustave Le Bon, já no século XIX. Atuam de forma cega sob a batuta de extremistas, modas, ditadores e propaganda livre e conscientemente orientada. Os meios de comunicação social, por sua vez, não só pela sua função e gosto de informar, mas também na luta pela sua sobrevivência, ampliam e mediatizam o que se diz e faz, mas logo esquecem o noticiado para surgirem com novas opiniões mediáticas, se não opostas, pelos menos diferentes, sem darem tempo ao discernimento social. Como abelhas de flor em flor, contribuem assim, não para que haja uma sociedade doce, com sabor a mel, mas para uma sociedade de maus fígados, de fel, avinagrada. Porque pensar é uma trabalheira dos diabos, as pessoas enfileiram-se sob essas opiniões matraqueadas ao excesso, mas efémeras, sem passado que estrondeasse, sem presente a elogiar, sem futuro à vista, transitórias.
O mundo precisa mesmo é de quem saiba e puxe por outra gramática, a dos profetas. Os profetas são as buzinas, os megafones, os amplificadores do grito dos oprimidos, dos pobres, dos que sofrem, das vítimas da guerra e da perseguição. Contestam as prepotências dos d’ouvidos surdos, olhar vesgo e coração de pedra. É verdade que não são muitos os verdadeiros profetas, sim, é verdade. Mas os sofridos continuam a gritar por alguém que os veja com os olhos do coração, que lhes acuda e os ajude a gritar bem alto pelas suas causas. Pois, como afirmava Francisco no passado Domingo, “O mundo está nas mãos de forças malignas, que esmagam os povos com a arrogância dos seus planos e a violência da guerra”.
Paulo VI, em maio de 1967, referia, em Fátima, que “o mundo não é feliz nem está tranquilo. A primeira causa desta sua inquietação é a dificuldade que encontra em estabelecer a concórdia, em conseguir a paz”. Se possui armas tanto quanto baste, “o progresso moral não iguala o progresso científico e técnico”. E esta paz de que o mundo precisa, embora seja um dom de Deus, “nem sempre é dom miraculoso; é dom que opera os seus prodígios no segredo dos corações dos homens; dom que, por isso, tem necessidade da livre aceitação”. Por isso, ele se dirigia aos homens de todo o mundo, apelando com veemência: “Homens, sede homens ... sede cordatos, abri-vos à consideração do bem total do mundo ... procurai ver o vosso prestígio e o vosso interesse não como contrários ao prestígio e ao interesse dos outros, mas como solidários com eles ... não penseis em projetos de destruição e de morte, de revolução e de violência; pensai em projetos de conforto comum e de colaboração solidária ... pensai na gravidade e na grandeza desta hora, que pode ser decisiva para a história da geração presente e futura ... aproximai-vos uns dos outros com intenções de construir um mundo de homens verdadeiros ... escutai ... o eco vigoroso da Palavra de Cristo: “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra, bem aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus”.

D.Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 14-03-2025.

Não escolhemos o ponto de partida



Cada um de nós tem na sua vida vários problemas, mas serão sempre uma combinação única, como nós. Alguns passam os seus anos com poucas dificuldades, outros vivem a navegar tempestades, grande parte do tempo como náufragos a tentar apenas sobreviver.

Todos merecemos amar e ser amados a 100%. Todos. Apesar disso, uns estão perto de o alcançarem, outros bem longe. Alguns já o têm, outros estarão tão perdidos e que nem esperança têm de chegar a viver da forma para a qual foram criados.

Ninguém escolhe as suas circunstâncias. Nem aquelas em que teve de viver, nem as atuais, nem tão-pouco as que terá de enfrentar. Mas se nunca podemos escolher o local onde estamos e de onde deve começar a nossa próxima etapa em buca da felicidade, a verdade é que nos cabe uma decisão muito mais importante: pormo-nos a caminho. Dar o primeiro passo. Ir.

Ainda que tudo à minha volta esteja de forma muito injusta a dificultar-me a existência, devo seguir adiante, rumo àquela terra e àquele tempo que a minha esperança promete e que me dá a provar em sonhos. É uma arma poderosa, esta fé que é certeza.

Estranho é que tantas vezes é quando estamos quase a chegar que as dificuldades se multiplicam para nos frustrar as expectativas.

Na verdade, nenhum caminho é fácil, porque implica deixar para trás muitas coisas boas.

Somos do tamanho dos obstáculos que superamos por amor. É diante das adversidades que nos revelamos, ao mundo, aos outros e a nós mesmos.

O segredo talvez seja não ir sozinho. Podemos estar mais longe que todos, mas se tivermos com quem ir, isso dá-nos uma força e uma paz que nos permite experimentar, a cada passo, o céu para o qual nos dirigimos e ao qual, mais tarde ou mais cedo, havemos de chegar!



José Luís Nunes Martins