É sem dúvida colocar as nossas capacidades ao serviço do amor. Do conhecimento, da escuta, da entrega ao próximo.
O amor é uma ressonância fiel ao que vem do nosso interior. Sabermo-nos amados, provoca em nós um desejo de corresponder, mesmo com limitações, de forma ativa, livre e generosa.
Jesus pede-nos amor em resposta ao seu amor. E, essa concretização acontece na vida de todos os dias, especialmente no amor ao outro; onde Jesus também se encontra e se manifesta a cada momento.
Esse amor vem de um coração transformado. Um coração aberto, disponível a aceitar e reconhecer no próximo a presença do amor de Deus.
Boa semana!
(ecos de uma reflexão ao Capítulo V da Carta Encíclica Dilexit nos)
O Dia Mundial das Comunicações Sociais nasceu do decreto ‘Inter Mirifica’ do Concílio Vaticano II, em 1963. A primeira celebração mundial teve lugar há 59 anos, em 7 de maio de 1967, Domingo da Ascensão, no Pontificado de São Paulo VI. Tem como objetivo refletir sobre a importância dos meios de comunicação social, o seu impacto na sociedade, o seu papel na promoção da paz e da justiça, não esquecendo a sua importância na evangelização e as consequências negativas que poderão advir do seu mau uso. Este ano, este Dia Mundial ainda é vivido sob a Mensagem do Papa Francisco, publicada em 24 de janeiro. Aí, Francisco pede a jornalistas e comunicadores que sejam corajosos “em colocar no centro da comunicação a responsabilidade pessoal e coletiva para com o próximo”, pois vivemos um tempo “marcado pela desinformação e pela polarização, no qual alguns centros de poder controlam uma grande massa de dados e de informações sem precedentes”. Outro fenómeno preocupante, diz o Papa, é a “dispersão programada da atenção” através de sistemas digitais que, ao traçarem o nosso perfil de acordo com as lógicas do mercado, alteram a nossa perceção da realidade”. É uma espécie de “atomização dos interesses, o que acaba por minar os fundamentos do nosso ser comunidade, a capacidade de trabalhar em conjunto por um bem comum, de nos ouvirmos uns aos outros, de compreendermos as razões do outro”. Não é saudável nem útil que alguém, para se afirmar a si próprio como jornalista ou comunicador, sinta necessidade de “identificar inimigos para atacar verbalmente e denegrir a sua pessoa e dignidade”, deixando de parte a “necessidade de uma comunicação atenta, amável, refletida, capaz de indicar caminhos de diálogo", de encontrar as centelhas de bem que permitam ter esperança e tecer a comunhão, caminhando juntos, ajudando “o mundo a ser um pouco menos surdo ao grito dos últimos, um pouco menos indiferente, um pouco menos fechado”. Francisco denuncia que, “com demasiada frequência, a comunicação não gera esperança, mas sim medo e desespero, preconceitos e rancores, fanatismo e até ódio. Muitas vezes, simplifica a realidade para suscitar reações instintivas; usa a palavra como uma espada; recorre mesmo a informações falsas ou habilmente distorcidas para enviar mensagens destinadas a exaltar os ânimos, a provocar e a ferir". Por isso, há necessidade de “desarmar a comunicação, de a purificar da agressividade. Nunca dá bom resultado reduzir a realidade a slogans. Desde os talk shows televisivos até às guerras verbais nas redes sociais, todos constatamos o risco de prevalecer o paradigma da competição, da contraposição, da vontade de dominar e possuir, da manipulação da opinião pública”. Com ternura e esperança, ao seu estilo, Francisco deixa um forte apelo aos agentes da comunicação social: “Sede mansos e nunca esqueçais o rosto do outro; falai ao coração das mulheres e dos homens ao serviço de quem desempenhais o vosso trabalho. Não permitais que as reações instintivas guiem a vossa comunicação. Semeai sempre esperança, mesmo quando é difícil, quando custa, quando parece não dar frutos. Procurai praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da nossa humanidade. Dai espaço à confiança do coração que, como uma flor frágil mas resistente, não sucumbe no meio das intempéries da vida, mas brota e cresce nos lugares mais inesperados: na esperança das mães que rezam todos os dias para rever os seus filhos regressar das trincheiras de um conflito; na esperança dos pais que emigram, entre inúmeros riscos e peripécias, à procura de um futuro melhor; na esperança das crianças que, mesmo no meio dos escombros das guerras e nas ruas pobres das favelas, conseguem brincar, sorrir e acreditar na vida. Sede testemunhas e promotores de uma comunicação não hostil, que difunda uma cultura do cuidado, construa pontes e atravesse os muros visíveis e invisíveis do nosso tempo. Contai histórias imbuídas de esperança, tomando a peito o nosso destino comum e escrevendo juntos a história do nosso futuro”. A esperança cristã tem como rosto o rosto do Senhor ressuscitado, refere a Mensagem. Por isso, cada comunicador deve dar razões da sua esperança, com mansidão e respeito, reacendendo a esperança, fomentando atitudes de abertura e amizade, gerando empenho, empatia e interesse pelos outros, de forma que, quem o ouve, lê ou vê, se torne também participante, esteja próximo, possa reerguer-se, encontrar o melhor de si e tornar-se verdadeiro peregrino da esperança. D. Antonino Dias- Bispo Diocesano Portalegre-Castelo Branco, 30-05-2025.
E subitamente somos acometidos por momentos de raiva, tristeza ou de injustiça que nos roem por dentro e nos toldam os pensamentos. Se falamos, podemos ser mal interpretados. Se não falamos, acumulamos mágoas. Ora bolas! A verdade é que aquilo que, no momento, te marca como sendo ”eterno” e “inesquecível” pode desvanecer como uma brisa suave. Esse é um dos grandes méritos da passagem do tempo: relativiza emoções.
Não estou a desvalorizar sentimentos, até porque os tenho à flor da pele, mas aprendi que “tudo passa” e o que hoje é intenso, amanhã tende a suavizar-se, isto, claro se não teimares em manteres guardado os piores sentimentos que as relações humanas potenciam.
Jesus, na sua parábola do Trigo do joio, reconhece como ninguém a coexistência do bem e do mal. Ao se aperceberem que no meio do trigo havia o joio, foi proposto que se arrancasse mas Jesus disse: “Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.”
Não nos precipitemos em atitudes irrefletidas, deixa estar…dá-lhe tempo, no final o bem servirá o seu propósito.
O Papa Francisco, numa das suas catequeses, fala desta luta “lembremo-nos de que estamos sempre divididos entre extremos opostos: a soberba desafia a humildade; o ódio opõe-se à caridade; a tristeza impede a verdadeira alegria do Espírito; o empedernimento do coração rejeita a misericórdia. Os cristãos caminham constantemente sobre estes cumes.”
Isto consola-me, mas impele-me a uma grande reflexão sobre que semente quero cultivar, se o trigo ou o joio, e sobre que cume quero estar. Uma coisa é certa, essa luta é minha e o tempo continua a ser um bom remédio para relativizar as minhas falhas e derrotas.
Uma tentação que muitas vezes nos vence é a de pedirmos a outros algo que poderíamos fazer sozinhos. Pior é quando o fazemos àqueles que amamos, porque estamos a sobrecarregar quem devíamos aliviar.
A vida é dura e não deixará de o ser, porque implica uma luta constante contra adversidades grandes e pequenas. Sou eu quem deve carregar a minha cruz, enquanto os meus ombros tiverem força para isso. Mas passá-la a alguém, sem haver necessidade efetiva disso, é um gesto de egoísmo capaz de ferir em profundidade o amor mais verdadeiro.
Em alguns momentos da nossa vida, sentimo-nos mais carentes e inseguros, por vezes somos tentados a confirmar o amor dos que nos amam… não será um grande erro, desde que esse vazio que sentimos seja autêntico.
Há, no entanto, uma tentação muitíssimo mais perversa – porque corrompe o bem na sua essência – que é a de não pedirmos ajuda a quem amamos quando dela precisamos.
Se amamos alguém, então a lealdade implica que lhes revelemos as nossas mais profundas necessidades. Se está tudo bem connosco, devemos poupá-los ao máximo, mas se não estamos, então aqueles que nos amam devem sabê-lo sem demora nem reservas.
O amor exige que eu abdique de mim e me concentre no outro, no seu bem e nas suas necessidades, colocando ao seu dispor as minhas forças e talentos.
Devemos sempre poupar quem amamos das dificuldades que conseguimos superar sozinhos, mas nunca o devemos fazer quando as adversidades estiverem a vencer-nos.
Nem tudo está perdido quando sabemos de que lado temos o coração. Quando sabemos as regras que nos regem a alma e o(s) sentido(s) internos. Quando temos certezas sobre os nossos princípios, valores e sobre as coerências que nos habitam, sabemos para que lado estamos a remar e não nos compadecemos do tumulto exterior que, não raras vezes, quer invadir-nos e contaminar a nossa pacificação interna.
Mas, sendo assim, vivemos então como que alheados do que se passa e não permeáveis às ondas externas?
Seria bom, talvez. Ou de vez em quando. Contudo, não é assim que a vida se processa. Não podemos isolar-nos de sentir o que a realidade lá fora nos mostra.
Há, em nós, uma tendência natural para a empatia que, muitas vezes, desconsideramos ou calamos para nos proteger ou para nos obrigar a andar para a frente. E obviamente que nos é pedido que sintamos. Que façamos parte do que acontece à nossa volta.
Ainda assim, é importante não perder a nossa bússola interna.
Levantar as bandeiras da paz e do bem e agitá-las acima da cabeça (e na direção do céu) quando vemos que começam a ser hasteadas bandeiras de discórdia, de discriminação ou de inflamação crónica de egos.
Não podemos fazer muito, mas, na nossa pequena bolha e no nosso pequeno círculo, podemos sempre fazer tudo. O tudo que for possível. O tudo que nos compete.
Se cada um de nós fizesse tudo o que pode, teríamos um mundo ligeiramente diferente.
Se cada um honrasse os seus princípios e fosse coerente com aquilo que apregoa, teríamos menos tensão nos diálogos, nas tentativas de mostrar superioridade ou esperteza, na forma de estar em comunidade.
Se cada um de nós buscasse fazer simplesmente aquilo que está ao seu alcance e o pouco que lhe é permitido fazer, teríamos (certamente) um mundo a rimar com uma maior inteireza e bondade.
Mas preferimos ir atrás dos que falam alto, vestem bem, apregoam bons costumes mas trazem ao peito as máscaras dengosas que nos farão cair a todos.
Preferimos dar prioridade às aparências, às ilusões, aos discursos vazios, ainda que bem articulados. Preferimos dizer que não somos. Nem fazemos. Nem fizemos. E negar a nossa própria raiz se daí nos chegar algum tipo de benefício.
Era tão fácil, e tão simples, se cada um fizesse (apenas e só!) o que lhe compete.
E é por isso que, enquanto escolhermos o caminho do que somos, estaremos sempre salvos. E nada estará perdido.
Celebramos hoje, a Festa da Ave-Maria, contemplando com Maria a Vida de Cristo. Nesta eucaristia, pedimos a Maria, que guardava no coração tudo o que dizia respeito a Jesus, para que proteja e acompanhe estes meninos e meninas, enquanto eles crescem, “em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.” (Lc. 2, 52).”. Depois da Festa do Acolhimento, os meninos do 1.º Ano de Catequese, celebraram hoje à Festa da Avé Maria.
Como é já tradicional nas nossas Paróquias, consistiu na celebração da Eucaristia, em que as crianças rezaram, pela primeira vez em comunidade e na igreja, a oração da Avé Maria e foi presidida pelo Padre Rui Lourenço.
Valorizamos o mês de Maria, envolvendo os meninos da catequese, seus pais e comunidade, nas leituras e ofertório.
A celebração continuou com a Oração Universal lida pela catequista, com a oração da Avé Maria rezada pelas crianças e em comunidade e terminou com a entrega dos diplomas, para que as crianças possam lembrar este dia e rezar com as suas famílias.
Na liturgia do sexto domingo do tempo pascal sobressai a promessa de Jesus de acompanhar e de orientar os seus discípulos ao longo de todo o caminho histórico que eles vão percorrer. Alimentados pela Palavra de Jesus, conduzidos pelo Espírito, os discípulos caminham ao encontro da cidade perfeita, onde os espera o abraço eterno de Deus.
No Evangelho Jesus, na véspera da sua morte, despede-se dos discípulos. Diz-lhes que vai para o Pai, mas que estará sempre em comunhão com eles. O Espírito Santo que vão receber ensinará aos discípulos “todas as coisas”, recordar-lhes-á tudo o que Jesus lhes disse enquanto andou com eles, fará com que eles se mantenham em comunhão com Jesus. Dessa forma os discípulos poderão continuar no mundo o projeto de Jesus, até ao reencontro final com Ele.A comunhão do crente com o Pai e com Jesus – fonte de vida e de esperança – não resulta de empatias rebuscadas, de construções intelectuais, de especiais práticas de piedade, da execução de determinados ritos no decorrer dos quais a vida de Deus inunda inesperadamente o coração do crente; mas resulta do “guardar a Palavra” de Jesus e do percorrer com Jesus o caminho do amor e da entrega, numa doação total a Deus e aos irmãos. Como é que cultivamos a nossa comunhão com Jesus e com o Pai? Procuramos todos os dias, neste tempo que nos tocou viver e com as condições que marcam o nosso caminho diário, escutar Jesus, entender e acolher as suas propostas, ir atrás d’Ele, viver ao seu estilo?
A primeira leitura mostra-nos a comunidade dos discípulos de Jesus a caminhar pela história e a ser confrontada com novos desafios e com novas realidades. Cumpre-se o que Jesus tinha dito: o Espírito Santo, dom de Deus, ajuda os discípulos a discernir o caminho certo, a separar o essencial do acessório, a desenhar caminhos por onde o Evangelho chegue a todos os povos da terra.Os cristãos dos primeiros tempos estavam conscientes de que era o Espírito quem conduzia a Igreja de Jesus no seu caminho pela história. Sentiram isso, de uma forma especial, no momento em que tiveram de decidir sobre o núcleo fundamental da proposta cristã. Ao comunicar ao mundo, após o “concílio de Jerusalém”, o resultado do discernimento aí feito sobre o essencial da fé, disseram: “o Espírito Santo e nós decidimos…”. É bela esta imagem de uma comunidade que marcha pela história conduzida e animada pelo Espírito de Deus, que procura escutar a voz do Espírito e discernir, com a ajuda do Espírito, os caminhos a percorrer. Sentimos que a Igreja é, também nos nossos dias, conduzida e animada pelo Espírito? Procuramos estar atentos aos apelos e indicações que o Espírito nos deixa? Temos consciência que, muitas vezes, o Espírito nos interpela através dos “sinais dos tempos” e dos desafios que estão constantemente a surgir?
Na segunda leitura, apresenta-se mais uma vez a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém messiânica”, a cidade da luz e da paz, o Templo perfeito onde os discípulos do “Cordeiro” (Jesus) viverão em comunhão plena com Deus.A Igreja que peregrina na história não é, ainda, essa comunidade messiânica da vida plena, bela como uma “noiva adornada para o seu esposo”, de que fala a visão do “profeta” de Patmos. O caminho que ela vai fazendo todos os dias está marcado pela debilidade, pela fragilidade e pelo pecado dos seus membros. Mesmo assim, ela tem de ser já, aqui e agora, um anúncio e uma prefiguração da comunidade escatológica da salvação, uma comunidade viva que dá testemunho da utopia e que acende no mundo a luz de Deus. A humanidade necessita desse testemunho. A Igreja de Jesus que caminha na história, entre cansaços e esperanças, fracassos e vitórias, sombras e luzes, constitui, para os homens e mulheres do séc. XXI, um anúncio do mundo que há de vir? O que podemos fazer, nós que somos membros desta Igreja, para tornar mais vivo, mais atraente, mais efetivo, esse anúncio e esse testemunho?
.PALAVRA PARA O CAMINHO.
Que fazemos da Palavra? Em cada domingo a Palavra é-nos oferecida. Que fazemos dela? Ela é o “fio condutor” da nossa semana? Ou esquecemo-la mal a escutamos? Nesta semana, procuremos recordar a Palavra evangélica e deixemo-nos transformar por ela. O Espírito Santo ensinar-nos-á, far-nos-á compreender, diz-nos Jesus. Basta estarmos abertos à sua ação!
O Papa Leão XIV fez a primeira nomeação de uma mulher na Cúria. Trata-se da Ir. Tiziana Merletti, que será secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Este departamento do Vaticano que cuida dos religiosos em todo o mundo foi o primeiro na Cúria a ser chefiado por uma mulher. De fato, Francisco nomeou a Ir. Simona Brambilla em janeiro deste ano, substituindo o cardeal brasileiro João Braz de Aviz. Assim, com a nomeação deste 22 de maio, o Dicastério tem seja a prefeita, seja a secretária mulheres. Ir. Tiziana Merletti pertence às Irmãs Franciscanas dos Pobres. Ela nasceu em 30 de setembro de 1959 em Pineto, na região dos Abruços, centro da Itália. Em 1986, emitiu a primeira profissão religiosa no Instituto das Irmãs Franciscana dos Pobres. Formou-se em Direito em 1984 e em 1992 fez o Doutorado em Direito Canônico na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma. De 2004 a 2013 foi Superiora-Geral do seu Instituto religioso. Atualmente, é Docente na Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Antonianum em Roma e colabora na qualidade de canonista com a União Internacional das Superioras Gerais.
Há cerca de mil e novecentos anos atrás, mais minuto menos minuto, um cristão anónimo escreveu um texto que é considerado uma “joia da antiguidade cristã”, uma “pérola da apologética”. É um texto atual, que nunca nos cansamos de o ler, sobretudo nestes tempos que são os nossos e em que tantas culturas se cruzam. Foi escrito para esclarecer quem, atento ao que se passava, procurava conhecer melhor a essência do cristianismo, uma ‘religião’ nascente que revolucionava os valores da época, tocava o coração de uns e assanhava o de outros, o daqueles que viviam fechados às surpresas de Deus. Todos os anos, na quarta-feira da V semana da Páscoa, este texto nos aparece na Liturgia das Horas. Penso que já o transcrevi aqui uma vez. Pelo sim ou pelo não, aqui o deixo, até porque a melhor figura de retórica é a repetição, dizem que era Napoleão quem dizia isso. Como, porém, ele não está aqui para lhe perguntar, demos-lhe isso de barato e aproveitemos a dica. Eis o texto: “Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem pela pátria, nem pela língua, nem por um género de vida especial. Efetivamente, eles não têm cidades próprias, não usam uma linguagem peculiar, e a sua vida nada tem de excêntrico. A sua doutrina não procede da imaginação fantasista de espíritos exaltados, nem se apoiam, como outros, em qualquer teoria simplesmente humana. Vivem em cidades gregas ou bárbaras, segundo as circunstâncias de cada um, e seguem os costumes da terra, quer no modo de vestir, quer nos alimentos que tomam, quer em outros usos; mas a sua maneira de viver é sempre admirável e passa aos olhos de todos por um prodígio. Cada qual habita a sua pátria, mas vivem todos como de passagem; em tudo participam como os outros cidadãos, mas tudo suportam como se não tivessem pátria. Toda a terra estrangeira é sua pátria e toda a pátria lhes é estrangeira. Casam-se como toda gente e criam os seus filhos, mas não se desfazem dos recém-gerados. Participam da mesma mesa, mas não do mesmo leito. São de carne, mas não vivem segundo a carne. habitam na terra, mas a sua cidade é o Céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas, pelo seu modo de vida superam as leis. Amam toda a gente e toda a gente os persegue. Condenam-nos sem os conhecerem; conduzem-nos à morte, mas o número dos cristãos cresce continuamente. São pobres e enriquecem os outros; tudo lhes falta e tudo lhes sobra. São desprezados, mas no desprezo encontram a sua glória; são caluniados, mas transparece o testemunho da sua justiça. Amaldiçoam-nos e eles abençoam. Sofrem afrontas e pagam com honras. Praticam o bem e são castigados como malfeitores; e, ao serem executados, alegram-se como se lhes dessem a vida. Os judeus combatem-nos como a estrangeiros e os pagãos movem-lhes perseguições; mas nenhum daqueles que os odeiam sabe dizer a causa do seu ódio. Numa palavra: os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo. A alma encontra-se em todos os membros do corpo; os cristãos estão em todas as cidades do mundo. A alma habita no corpo, mas não provém do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas não são do mundo. A alma invisível é guardada num corpo visível; os cristãos vivem visivelmente no mundo, mas a sua piedade permanece invisível. A carne, sem ser provocada, odeia e combate a alma, só porque lhe impede o gozo dos prazeres; o mundo, sem ter razão para isso, odeia os cristãos precisamente porque se opõem aos seus prazeres. A alma ama o corpo e os seus membros, mas o corpo odeia a alma; e os cristãos amam aqueles que os odeiam. A alma está encerrada no corpo, mas contém o corpo; os cristãos encontram-se detidos no mundo como num cárcere, mas são eles que contém o mundo. A alma imortal habita numa tenda mortal; os cristãos vivem como peregrinos em moradas corruptíveis, esperando a incorruptibilidade dos céus. A alma aperfeiçoa-se com a mortificação na comida e na bebida; os cristãos, constantemente entregues à morte, multiplicam-se cada vez mais. Tão nobre é o posto que Deus lhes assinalou, que não lhes é possível”. ....... D. Antonino Dias - Bispo Diocesano Portalegre-Castelo Branco, 23-05-2025.
Detesto eu e muita gente, ou melhor, preferia não ser chamada à atenção. Não digo isto com desdém mas lido mal com isso, sou uma refilona: tenho dito!
Agora a sério, não é fácil quando somos chamados à atenção por algum comportamento mais reprovável, ou nos mandam calar, ou nos interrompem no meio de uma argumentação. Ficamos amuados e perdemos capacidades de retórica. Uso o plural pois gosto de acreditar que não sou a única! E não sou, pois volta e meia sou eu que tenho de chamar a atenção, interromper, ou ”revirar os olhos” e sei que o outro nem sempre interpreta o que eu digo com a calma que deveria.
A verdade é que todos já estivemos em ambos os lados, e não acredito que alguém tenha gostado. Quando chamamos a atenção, ou somos forçados a discordar da multidão, podemos andar a convencer que estamos bem, mas no interior há sempre uma mágoa por não estarmos de acordo com a maioria. Ser a minoria num processo de decisão, ou ter uma opinião contrária é muito comum, a dificuldade é teres a coragem para a expressar sem ferir suscetibilidades.
Por outro lado, nem sempre encaramos bem as minorias, aqueles que parece que se lembram do que os outros não pensaram. Vêm monstros em tudo, perigos e dificuldades em qualquer aventura. Não é fácil rebater oposições contrárias sem que haja choque, amuos e chatices. E sabem acho que isso magoa ambas as partes, porque na verdade, mesmo que parece que alguém ganha a causa, por vezes perdem-se amigos.
Em tempos tão extremados acho que vale a pena refletir sobre isto.
Talvez o segredo seja a humildade, mas nunca a subserviência.
E tu amiga, como reages quando te chamam a atenção?
A fé coloca-nos a salvo, aconteça o que acontecer. Ainda que o corpo seja flagelado, a fé protege a alma e permite que ela permaneça intacta.
A fé transforma a dor em alegria, a angústia em promessa de luz, a aflição em gratidão e a tristeza em confiança.
A fé faz com que sejamos capazes de fazer tudo, sem nada esperar, até porque esperaríamos em vão. Não há maior recompensa para um gesto bom do que fazê-lo. O maior dom da existência é o da vida, já o recebemos e jamais o conseguiremos retribuir senão por um amor que supere os limites da razão!
De que vale uma vida vivida na solidão? Nada. Ninguém pode ser sozinho.
Ou eu sou nós ou nada sou.
Na solidão, sou alguém a quem falta tudo. Com fé, nada me falta, porque sinto Deus em cada sopro da minha respiração, em cada batida do meu coração, em cada um dos mais pequenos pedaços de mim. Deus está comigo, porque, se Ele não estivesse comigo, eu valeria menos do que uma pedra perdida à beira de um caminho sem importância.
Cada um de nós é um milagre. Acredite nisso ou não.
Deus está comigo, a meu lado e dentro de mim.
Com fé, nenhuma miséria me aterroriza, nem nenhuma alegria me consola em absoluto. Mas a fé dói, porque não é uma firme certeza, antes, uma esperança que exige combates uns atrás dos outros, sem que haja um dia de paz. A fé é um fogo que precisa de ser alimentado todos os dias, para que as sombras nunca se façam trevas.
A fé faz com que possamos ver o que está por detrás e na raiz de tudo aquilo que os outros veem.
Sem fé, estamos mortos. Só vive quem sabe acreditar no que outros julgam impossível.
É a fé que nos conduz ao que esperamos e ao que nem sonhamos.
Não se faça a minha vontade, mas a tua (cf. Lc 22, 42)
Ilumina, Senhor, as minhas trevas, marcas de uma cruz pesada que nem sempre consigo carregar, compreender ou aceitar. Trevas de um passado que me rouba a tua paz e me escraviza, impedindo-me, tantas vezes, de viver o presente como dádiva que ofereces a cada dia.
Liberta-me destas amarras e sê a bússola que guia os meus passos quando do teu caminho me desvio. Sei que apenas a tua graça me permite a constância e fidelidade que me pedes.
Cura, Senhor, os meus sentidos entorpecidos: a cegueira que me impede de ver-te naqueles que pões no meu caminho e a surdez que me faz desconhecer a tua vontade. A cegueira que me torna, por vezes, indiferente e a surdez que pouco a pouco endurece o meu coração.
Infunde em mim o teu Espírito de amor, capaz de dilatar o meu coração e todos os seus frutos para que com alegria saiba tomar a minha cruz e seguir-te para onde me quiseres levar. Que eu diminua para que tu aumentes, Senhor.
Como disseste no Horto das Oliveiras, não se faça a minha vontade, mas a tua (cf. Lc 22, 42). Tu que me amaste e te sacrificaste por mim. (cf. Gal 2, 20). A humanidade que na cruz entregaste, permite-nos hoje e em todos os tempos de tocar a divindade pelo Espírito que derramaste em nós. Tornaste-nos em ti, filhos muito amados do Pai e teus irmãos e deste-nos ainda uma mãe, a tua, para que por nós interceda e nos conduza ao bendito fruto do seu ventre.
Senhor, tu que me amas tal como sou, na minha imperfeição e fragilidade, dá-me a graça de ver-me através dos teus olhos e não através do meu olhar farisaico e impiedoso, que marginaliza e retira a dignidade de ser humana, pois resisto em aceitar-me como sou.
A ti me entrego para que a tua graça me ilumine, conduza e cure para que também possas dizer de mim “Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe” (Mc 3, 35).
A partir do momento em que te encontras e dás sentido à tua vida, a transformação é inevitável.
A transformação é feita, tantas vezes, das coisas mais banais. Do redescobrir as pequenas alegrias da vida. Reconhecer o essencial.
Bem sei, que hoje em dia, no meio de tanto ruído, reconhecer o essencial pode ser um desafio. Mas, o nosso coração sabe sempre.
Sabe sempre o que nos faz sorrir. Sabe sempre o que nos traz leveza, Sabe sempre o que nos dá paz. E... como a paz é tão importante nesta vida.
É a paz que nos permite pensar e sentir com clareza. É a paz que nos permite ver. Ver que vivemos numa ilusão e nos distanciamos do caminho menos percorrido.
O caminho do encontro. O encontro contigo mesmo. O encontro com a vida. Nas coisas mais banais, que são tantas vezes, as que mais nos salvam. É aí, que cada um de nós se encontra e (re)conhece Deus.
Até porque, "tudo nasce para florir numa eterna primavera. No final, diremos apenas: não recordo nada em que Tu não estejas." Franciscus.
A Semana da Vida 2025, que decorreu entre 11 e 18 de maio, lança-nos o tema “Amor e Esperança – o que geram na tua vida?”. O mote para esta semana tem por base a esperança, amor e vida, neste Ano Jubilar, convidando-nos a uma “peregrinação solidária”, em família ou individual, ao longo da Semana da Vida 2025, no sentido da procura efectiva do outro ou dos outros que precisam de nós.
Em ano Jubilar, como “peregrinos da esperança” celebrar a semana da vida é “darmos um sentido especial, que nos deve conduzir a um dinamismo de proximidade, onde a ternura de Deus se manifesta como caminho de amor, superando todos os egoísmos, e dando sentido à vida”,
Num mundo cheio de fragilidades em que vivemos, somos muitas vezes contagiados por elas, onde o desânimo se instala, o desalento domina o nosso coração e o medo nos invade. Perde-se a alegria da vida, a esperança desabita o nosso cotidiano, caminhamos sem horizontes. Onde está o verdadeiro sentido da vida?”
No 5º domingo da Páscoa, a liturgia recorda-nos que a comunidade nascida de Jesus tem como tarefa fundamental, no mundo e na história, ser sinal vivo do amor de Deus por todos os seus filhos. Foi essa a tarefa que Jesus, ao despedir-se, deixou aos seus discípulos.
O Evangelho, leva-nos à sala onde Jesus, pouco antes de ser preso e condenado à morte, celebrou uma ceia de despedida com os discípulos. Convida-nos a escutar e a tomar nota do “testamento” de Jesus: “dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros”. Este “mandamento” resume toda a vida, todos os ensinamentos, todas as palavras e gestos, todas as propostas de Jesus.Para Jesus, é o amor que identifica os seus discípulos: “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. As nossas comunidades cristãs têm de ser oásis de amor, de comunhão, de fraternidade, no meio de um mundo onde a violência, a agressividade, a indiferença e a prepotência procuram impor-se. O amor, o serviço, o acolhimento e a misericórdia têm de ser a marca que nos identifica. Na realidade, é isso que acontece? Nos nossos comportamentos e atitudes uns para com os outros, os homens descobrem a presença do amor de Deus no mundo? Amamos mais do que os outros e interessamo-nos mais do que eles pelos pobres e pelos que sofrem? Aqueles que a sociedade discrimina e deixa abandonados nas margens dos caminhos do mundo são acolhidos, integrados, defendidos, nas nossas comunidades cristãs? Os “diferentes” são tratados por nós como irmãos quando se aproximam da comunidade cristã? Os espaços onde nos reunimos para rezar e para programar a vida das nossas comunidades são casas de comunhão, ou lugares de intriga e de conflito?
A primeira leitura fala-nos de algumas das comunidades cristãs da Ásia Menor nascidas do labor missionário de Paulo e Barnabé. São comunidades que acolheram a Boa nova de Jesus e que aceitaram o desafio de viverem e de testemunharem o “mandamento novo”. Enquanto comunidades fraternas, animadas pelo dinamismo do Reino, elas são sal que dá sabor e luz que ilumina o mundo.No seu labor missionário, Paulo e Barnabé nunca se subtraíram a esforços. Deram tudo, trabalharam dia e noite, afrontaram todos os perigos e canseiras, a fim de que Jesus pudesse chegar ao coração das gentes. Movia-os a paixão pelo Evangelho, mas também a solicitude pelos homens e mulheres que aguardavam a salvação de Deus. É dessa forma que procedem hoje aqueles a quem Deus confiou o cuidado pastoral das nossas comunidades cristãs? Aqueles que procuram Jesus encontram, nos animadores das nossas comunidades cristãs, um acolhimento solícito e fraterno?
A segunda leitura apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, “a morada de Deus com os homens”, a casa definitiva dos que foram chamados a viver no amor, a cidade nova onde os filhos amados de Deus encontrarão vida em abundância. Para onde caminha a comunidade nascida de Jesus e que, por Jesus, enfrenta a incompreensão e a perseguição do mundo? Onde está o seu horizonte último, a sua meta final? João, o autor do livro do Apocalipse, deixa-nos uma bela perspetiva do futuro que nos espera: depois de concluído o nosso caminho nesta terra, estamos destinados a encontrar-nos com Deus numa “cidade” renovada, de onde a sofrimento, a debilidade, o luto, a lamentação e a morte estarão definitivamente banidos. Deus residirá connosco. Seremos uma humanidade recriada, conheceremos a vida em plenitude. Os maus, os violentos, os injustos, os opressores, os que todos os dias derramam o sangue de tantas vítimas inocentes, não terão a última palavra sobre o nosso destino; a nossa peregrinação pela terra não terminará no fracasso e no sem sentido; aqueles que desfeiam o mundo com o seu egoísmo não sairão vencedores. Sabemos para onde caminhamos e estamos convictos de que, no final do caminho, nos espera a vida verdadeira? Essa “revelação” fortalece a nossa esperança e dá-nos a força para vencer os obstáculos que encontramos todos os dias?
Precisamos de pastores que nos inspirem com exemplo e testemunho. Que nos guiem e motivem. Capazes somos nós- as ovelhas! Somos capazes de tanto, apenas precisamos que às vezes, nos digam que acreditam em nós nas nossas competências e capacidades. Ora, aí não há Lobo que nos impeça.
Precisamos de pastores que nos olhem e nos conheçam, que nos perguntem mais vezes: " como estás " e menos vezes" devias estar, devias fazer". Que valorizem o sacrifício pessoal que fazemos e nos perdoem as fragilidades.
Precisamos que nos curem a alma e não tanto que nos corrijam, virgulas, expressões e nos apontem os erros de sintaxe sem agradecer e reconhecer, genuinamente, o tanto que as ovelhas dão à substância da Igreja.
Precisamos de pastores carinhosos e atentos não apenas aos nossos erros, mas acima de tudo ao que fazemos e ao tanto que ainda podemos fazer.
Mas também precisamos de ovelhas mais humildes e atentas à voz do pastor capazes de olhar com carinho para um pastor que apesar de frágil e cansado, oferece o que de melhor tem.
Sou grata a todos os pastores do rebanho a que pertenço e peço ao Senhor que os ajude na sua missão de amor.
Enquanto isso Todos somos chamados a ser melhores na nossa missão... seja ela qual for.
O vento que apaga a vela é o mesmo que multiplica o fogo. Face a uma desgraça, a alma pequena sucumbe enquanto a maior se fortalece.
Devemos compreender que as adversidades nos podem fazer mais fortes, desde que saibamos usá-las a nosso favor. Importa que nos concentremos na nossa capacidade de as combater.
A vida é um dom divino. O sentido da vida começa por ser vivê-la. Aceitar a vida tal como ela é leva-nos à paz de onde nasce a felicidade.
A dor é um estranho sinal de vida. É um aviso claro e preciso do lugar para onde nos devemos dirigir a fim de enfrentar a próxima batalha nesta guerra que é a conquista da felicidade. Quem cai e se magoa, deve levantar-se e ficar feliz pela força que há em si e que lhe permite erguer-se, apesar de tudo.
Quem seríamos nós se nunca tivéssemos caído? Se não trouxéssemos connosco as marcas das desgraças a que fomos sujeitos?
Só uma mãe ou um pai sabe que os joelhos cheios de marcas dos seus filhos são, de facto, sinais de alegria, lições de vida e sementes de felicidade.
E quanto mais alto quisermos ir, mais expostos estaremos à força dos ventos que nos testam as convicções; maiores as quedas, maiores as cicatrizes – maiores as nossas almas.
Há quem julgue que as derrotas apenas nos destroem. Outros compreendem que, passado algum tempo, qualquer tragédia pode ser a base de um aperfeiçoamento que não poderia realizar-se de outra forma.
Ninguém conhece melhor um caminho do que aquele que o percorre com os pés descalços.
Talvez seja bom voltarmos a ser como éramos na nossa infância, antes de sabermos muitas palavras e de nos preocuparmos com o amanhã. Quando éramos mais puros, mais amorosos, mais alegres e mais felizes… Quando ainda não sabíamos viver como agora: desta forma tão prudente, controlada – e tão infeliz, por ser tão contida.
Renascer, permite-nos passar a percecionar a vida com todas as suas variações. Os contrastes que fazem de nós perfeitamente humanos.
É importante não ficarmos presos nas velhas histórias, que se tecem à nossa volta. Viver as emoções quando têm de ser vividas. Voltar a ligar o interruptor. Aceitar a nossa experiência e ouvir o som da nossa voz.
Cantar a vida é sabe-la por inteiro. É regressar todos os dias para aqueles que lhe dão cor. É tantas vezes dançar numa corda bamba, e ao mesmo tempo, abraçar o mundo e construir um jardim dentro de nós.
Abre-te à magia, que cada dia tem para te dar. Despertar é uma viagem diária, de verdade contigo mesmo. Aceita-te na totalidade. Estamos aqui para expressar o que nos torna únicos.
"Eu, que simbolicamente morro várias vezes só para experimentar a ressurreição." Clarice Lispector
Anualmente, desde 1994, a 15 de maio e por iniciativa da Assembleia Geral da ONU, celebra-se o Dia Internacional da Família. Entre outros, tem como objetivo, dizem eles, ‘destacar a importância da família na estrutura do núcleo familiar e o seu relevo na base da educação infantil; reforçar a mensagem de união, amor, respeito e compreensão necessárias para o bom relacionamento de todos os elementos que compõem a família; chamar a atenção da população para a importância da família como núcleo vital da sociedade e para seus direitos e responsabilidades; sensibilizar e promover o conhecimento relacionado com as questões sociais, económicas e demográficas que afetam a família’. Todos tiramos o chapéu a tanta gente, crente e não crente, que luta em defesa da vida, não fazendo mais porque, de facto, não pode. Outros, por dever do ofício, se, no princípio, mexem e remexem com entusiasmo, não insistem nem resistem, desistem, ficam-se pelas palavras que o vento leva com pressa de furacão. Porque o respeitinho é muito bonito, não o vou fazer, mas, acreditem, apetece-me mesmo escrever que bem prega frei Tomás, o qual diz mas não faz! Não vou escrevinhar isso, não, pois, mesmo que não se vá muito para além das afirmações, a preocupação, os propósitos e os discursos, de facto, soam bem à orelha, têm harmonia e ritmo de fazer bater o pé, podem ser acompanhados à guitarra se houver por perto unhas com mestria! A vida vai-nos ensinando muita coisa. Até nos faz constatar que há muita gente preocupada com muita coisa, mas que nunca se ocupa com coisa alguma, quer porque não quer, quer porque pensa que não vale a pena, quer porque não pode, quer porque não sabe, quer porque não a deixam, quer porque não lhe ligam patavina, quer...quer!... Aparentar, para inglês e português ver, que se está nos trinques e na moda, e fazer o contrário do que se diz e aparenta, esquecendo, conscientemente, a verdade que dignifica, promove, liberta e salva, também vai sendo, para outros, a melhor forma de levar a água ao moinho daquela ribeira onde se pretendem espraiar! Infelizmente, há muitas famílias cristãs que afinam por esse diapasão! Falta-lhes garra e entusiasmo sadio, falta-lhes o testemunho de vida, pessoal e familiar, um testemunho convincente que passe pela atenção constante, pela palavra certa em momento oportuno, pela alegria e coerência de vida, pelo compromisso e dinâmica em favor do bem comum. Não para que estejam contra o mundo, a abjurá-lo continuamente de cara avinagrada e musgo no coração, mas para que tenham a humildade e a força de viver contracorrente neste belo e multifacetado mundo em que nos é dado saber ser, saber estar, saber fazer, viver e conviver. Partilho do que diz a ‘Amoris Laetitia’ sobre a família, uma tarefa artesanal e quotidiana, na qual, não raro, o desleixo em cuidar pode fazer com que a realidade se torne mesmo muito superior à ideia e descambe em ruína e sofrimento, para ela, para ele, sobretudo para os filhos. Também me parece que há um desequilíbrio muito grande entre a promoção dos direitos a exigir e a dos deveres a cumprir, duvidando até se haverá mesmo direitos a reivindicar sem correlação com os deveres a adotar. Produz-se, partilha-se e aplica-se conhecimento em favor do desenvolvimento e do progresso (o que será isso?!...). Ensina-se e aprende-se muita coisa, tem-se um apurado sentido da liberdade, e bem. Mas burila-se pouco ou nada o coração humano, o ‘princípio unificador da pessoa’ (cf. Dn, 17...). Aquele princípio capaz de nos fornecer a sensatez necessária e o verdadeiro equilíbrio lá no bem alto da corda banda do circo da vida. O conhecimento adquire-se de fora para dentro, a educação, embora também seja influenciada a partir do exterior, só acontece tirando de dentro para fora, pois é no interior do homem, na sua consciência, que se dá a direção à vida, com sentido e valores. “É de dentro do coração da pessoa que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, crimes, adultérios, ambições sem limite, maldades, malícia, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo” (Mc 7, 21-22). Essas coisas, porém, são contas de outro rosário. Por isso, não vamos agora passá-las por entre os dedos, pois, como se diz e faz em Ponte de Lima, lá nas barbas do nado em Talarinho, Espanha, mui reverenciado e apaparicado como viandante, há que 'voltar à vaca das cordas', sem perder a memória e o tino. Assim, recordo que, em Portugal, a nível eclesial, usamos a semana que engloba o dia 15 de maio, para se falar, refletir e promover o respeito pela vida humana, pois o bem comum da família e da sociedade “pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis orientados para o seu desenvolvimento integral” (L si’, 157). Porque são preocupantes as diversas formas de violação da vida humana, todas e cada uma das comunidades cristãs estão convidadas a aplicar o método do discernimento sinodal para que possam identificar as suas prioridades pastorais neste campo, com especial atenção à formação dos leigos e das famílias. Hoje, no âmbito dos valores, embora se abrace essa tentação, nada se pode pressupor como adquirido. Como denuncia a Declaração sobre a Dignidade Humana, as gravíssimas formas de violação da dignidade e da vida do ser humano – como o aborto, a eutanásia e o suicídio assistido, a inseminação artificial, a maternidade por substituição e todas as formas de violência e abuso, a guerra, as crianças e adolescentes-soldado, o terrorismo, a violência digital e a ideologia de género, o abandono dos pobres e migrantes, a rejeição de migrantes, a falta de segurança no local de trabalho, o descarte de idosos, a fome – são um “sinal eloquente de uma perigosíssima crise do senso moral, que se torna sempre mais incapaz de distinguir entre o bem e o mal (...). Diante de uma tão grave situação, é preciso mais que nunca ter a coragem de encarar a verdade e de chamar as coisas pelo seu nome, sem ceder a compromissos de comodidade ou à tentação do autoengano.” (cf. Dignitas infinita, 47). Por isso, a Igreja, através do seu Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, no seguimento do sínodo último, fala-nos da urgência que há em iniciar processos de estruturação da pastoral sobre os múltiplos temas que hoje colocam em jogo o respeito pela dignidade da pessoa e da vida humana. São Paulo VI afirmava que “Nenhuma antropologia se iguala àquela da Igreja sobre a pessoa humana [...] acerca da sua dignidade, do seu caráter intocável, da sua sacralidade, da sua educabilidade”. E o Papa Francisco por várias vezes renovou o convite para que, com a valentia da palavra e das ações, se anunciasse que “cada vida humana, única e irrepetível, vale por si mesma, constitui um valor inestimável”, não é um “acontecimento imprevisto do qual nos devemos defender, mas um mistério que esconde o segredo da verdadeira alegria”
Festival Terras sem Sombra em Arronches – no mês de Maria, um concerto em torno de Nossa Senhora e a música espiritual.
Festival Terras sem Sombra ruma ao concelho de Arronches, a 17 de Maio, 21h30, com o concerto «Sob o Teu Manto: Aspectos da Vida de Nossa Senhora na Música (Séculos XI-XXI)». Igreja matriz de Nossa Senhora da Assunção acolhe, em iniciativa pioneira, a Schola Cantorvm.
Visita de Património sob o tema «Territórios Rituais: A Arte Rupestre na Freguesia de Esperança», com o arqueólogo e professor universitário Manuel Calado.
Após uma estreia auspiciosa em Arronches em 2024, o ‘Festival Terras sem Sombra’ regressa a 17 de Maio a este território do Alto Alentejo com um programa que alia a grande música de inspiração mariana aos traços patrimoniais da região. O concerto da noite de sábado propõe a itinerância por um repertório musical atento às múltiplas dimensões da vida de Nossa Senhora: a jovem mãe, a rainha celeste, a intercessora compassiva, a mulher glorificada. Vai actuar um dos mais interessantes coros litúrgicos da actualidade, a Schola Cantorvm Colegiada de Cedofeita, do Porto, sob a direcção musical de Nuno Miguel de Almeida. Já a componente patrimonial convida-nos a recuar cinco milénios, na visita a um dos mais notáveis conjuntos de arte rupestre em Portugal, tendo como orientador o arqueólogo e professor universitário Manuel Calado.
Nesta apresentação em Arronches, o TSS conta com a parceria do município local. De salientar também o regresso, em 2025-2026, ao apoio sustentado da Direcção-Geral das Artes, obtido mediante concurso público.
Não tenho dúvidas que estarás sentado a direita de Deus, de coração cheio de luz e paz como só podia estar alguém que se doou de corpo e alma ao mundo inteiro.
Que inspiração e que privilégio ter vivido num tempo que me permitiu conhecer alguém assim.
Vi-te, algures no tempo, naquela janelinha na praça de São Pedro e emocionei-me e penso no que sentiria se tivesse estado mais perto?
Um ser humano tão tocado pelo divino que as palavras não farão jus.
Guardo muitas das tuas reflexões, mas nos últimos dias tenho recordado o teu pedido para que nunca nos falte " la sonriza"- o sorriso gratuito e fresco e também o sentido de humor que pedia a São Tomás Moro, "coisas" que nos ajudam tanto a seguir pela vida de forma mais leve e bonita.
E termino com outra frase icónica proferida durante as ultimas JMJ em Portugal" somos amados como somos, sem maquilhagem!"
Que o espírito santo de Deus ilumine muito este novo trilho na caminhada de todos nós.
Hoje na Paróquia de Arronches realizou se a Procissão das velas em honra de NªSenhora de Fátima.
Pelas 20H30 foi celebrada a missa, seguindo- se a procissão pelas ruas da zona central da vila.
A mensagem da Virgem, mais atual e relevante do que nunca, atraiu dezenas de devotos para agradecer as graças obtidas e orar pela paz.
Estas celebrações e momentos de oração destacam a importância do terço como símbolo de devoção e conectam os fiéis com o legado das aparições e reforça a mensagem universal de paz e esperança.
“AMAR a DEUS sobre todas as coisas e AMAR o próximo como a nós mesmos“
Hoje as jovens do 9ºano de catequese da nossa paroquia celebraram de livre e responsável opção o compromisso de seguir Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Ao longo desta caminhada de catequese foram conhecendo o sentido da Eucaristia. Obrigado Senhor por este sacramento onde Tu te tornas presente. Ajuda-os a viver a Tua verdade. Comprometendo -se com e em Cristo, na Eucaristia.
Baseado neste sentido de compromisso, o 9ºano de catequese celebrou a sua festa assim intitulada, festa do compromisso.
Muitas vezes, perdemos o sentido da nossa identidade do ser cristão. Por isso celebrar a festa do compromisso requer uma atitude de serviço diante de DEUS e para com o próximo. Não se trata de uma etapa final, mas o início de um maior sentido cristão a ser vivido em comunidade. O Evangelho revelava o caminho para o verdadeiro cristão, ao mencionar os maiores e mais importantes mandamentos, Amarás o Senhor teu DEUS com todo o teu coração e o teu próximo como a ti mesmo.
Estas jovens do 9ºano da nossa paroquia, comprometeram-se perante a comunidade com 3 temas essenciais para a vida de um cristão: Caminho, Verdade e Vida.
Esta presença de todos e participação louvável nesta Eucaristia, cimenta e fideliza um futuro interveniente jovem, renovador, motivador e voluntário para a nossa paroquia.
“Ficai connosco e ajudai-nos a viver com os outros em amizade sincera, pura e verdadeira”.
O quarto Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos, neste domingo, somos convidados a escutar um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe, hoje, à nossa reflexão.
O Evangelho apresenta Cristo como o Pastor bom e verdadeiro, que ama as suas ovelhas e que conhece cada uma delas. Aqueles e aquelas que querem fazer parte do rebanho de Jesus, devem escutar as suas indicações, acolher as suas propostas, dispor-se a segui-l’O. Jesus conduzi-las-á onde há vida verdadeira e nunca permitirá que as suas ovelhas – essas ovelhas a quem Ele tanto quer – lhe sejam roubadas.Nas nossas comunidades cristãs, temos pessoas que presidem e que animam, pessoas a quem foi confiado o serviço da autoridade. Podemos aceitar, sem problemas, que elas receberam essa missão de Jesus e da Igreja, apesar dos seus limites e imperfeições. Mas convém igualmente ter presente que o único “Pastor verdadeiro”, aquele que nunca falha, aquele que somos convidados a escutar e a seguir sem condições, é Jesus. Procuremos escutar e acolher, com humildade, mas também com consciência crítica, as indicações que nos são dadas pelos líderes das nossas comunidades; mas não nos esqueçamos de as confrontar, para aquilatar da sua validade, com as indicações que nos foram deixadas por Jesus, o Bom Pastor, o nosso único Pastor. Como nos posicionamos diante daqueles a quem foi confiado, na comunidade cristã, o serviço da autoridade?
A primeira leitura fala-nos de pessoas que assumem atitudes diferentes diante da proposta que o Pastor (Cristo) apresenta. De um lado estão “ovelhas” comodamente instaladas nas suas certezas, no seu orgulho, nas suas velhas seguranças, na sua autossuficiência, que recusam pertencer ao rebanho de Jesus; de outro, estão ovelhas interessadas em escutar a voz de Jesus e dispostas a segui-l’O até às pastagens da vida abundante. É esta última atitude que nos é proposta.Os “pagãos” de que se fala nesta leitura estão totalmente disponíveis para acolher a salvação. São pessoas sedentas de Deus, que buscam uma vida mais autêntica e que aceitam o desafio de caminhar atrás de Jesus. De alguma forma representam todos aqueles que se sentem profundamente gratos pelo amor e pela misericórdia de Deus, os que estão dispostos a abraçar com todas as suas forças os desafios que Deus lhes apresenta. Também representam aqueles que, mesmo tendo uma história pessoal complicada e uma caminhada de fé nem sempre exemplar, estão abertos à novidade de Deus e se deixam questionar por Ele. Representam ainda os que não têm medo de se desinstalar, de arriscar partir para uma vida nova, de percorrer caminhos exigentes, de seguir Jesus no seu percurso de amor e de entrega, mesmo que isso implique a cruz e o dom da vida. Sentimo-nos disponíveis para abraçar a eterna novidade de Deus que nos espreita em cada curva da estrada da vida? Aceitamos viver numa dinâmica de conversão nunca terminada? Estamos dispostos a deixar que em cada “hoje” Deus reprograme a nossa vida conforme o seu projeto?
A segunda leitura mostra-nos o reencontro final de Jesus com as suas ovelhas. Aquelas ovelhas que escutaram a voz de Jesus e O seguiram, venceram a injustiça, a violência e a morte. No final do seu caminho na terra, reencontraram Jesus, o Bom Pastor; com Ele acederão eternamente às fontes da água viva.Muitos homens e mulheres passam pela vida perante a indiferença de toda a gente. Ignorados e desprezados, vivem humildemente e os seus nomes não ficam registados nos livros que contam a história dos povos. As suas vidas terão feito sentido, ou terão fracassado? Deus conhece os seus nomes, os seus padecimentos, os seus sonhos, as suas obras, os seus corações? João, o profeta de Patmos, fala-nos de um “livro” onde Deus tem registada a história do mundo. Nesse livro estão os nomes, os rostos de todos os homens e mulheres, mesmo aqueles que, aparentemente, passaram ao lado da vida. As suas vidas não foram perdidas, pois Deus conhece-os e tomou nota de tudo aquilo que passaram. Quando, depois das suas vidas sofridas, se apresentarem diante de Deus, Deus “enxugar-lhes-á todas as lágrimas” e oferecer-lhes-á vida em abundância. Todos os filhos e filhas de Deus estão registados no livro da vida, mesmo os mais humildes, os mais pobres, os que nunca têm voz, aqueles que não entram na contabilidade da história que os homens escrevem, aqueles que o mundo despreza e deixa abandonados na berma da estrada da vida. Sabemos que constamos do livro de Deus, mesmo que os homens com quem nos cruzamos não nos conheçam, não reparem em nós, nos tratem com desprezo, apaguem qualquer sinal da nossa passagem pelo mundo?