No 5º domingo da Páscoa, a liturgia recorda-nos que a comunidade nascida de Jesus tem como tarefa fundamental, no mundo e na história, ser sinal vivo do amor de Deus por todos os seus filhos. Foi essa a tarefa que Jesus, ao despedir-se, deixou aos seus discípulos.
O Evangelho, leva-nos à sala onde Jesus, pouco antes de ser preso e condenado à morte, celebrou uma ceia de despedida com os discípulos. Convida-nos a escutar e a tomar nota do “testamento” de Jesus: “dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros”. Este “mandamento” resume toda a vida, todos os ensinamentos, todas as palavras e gestos, todas as propostas de Jesus.Para Jesus, é o amor que identifica os seus discípulos: “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. As nossas comunidades cristãs têm de ser oásis de amor, de comunhão, de fraternidade, no meio de um mundo onde a violência, a agressividade, a indiferença e a prepotência procuram impor-se. O amor, o serviço, o acolhimento e a misericórdia têm de ser a marca que nos identifica. Na realidade, é isso que acontece? Nos nossos comportamentos e atitudes uns para com os outros, os homens descobrem a presença do amor de Deus no mundo? Amamos mais do que os outros e interessamo-nos mais do que eles pelos pobres e pelos que sofrem? Aqueles que a sociedade discrimina e deixa abandonados nas margens dos caminhos do mundo são acolhidos, integrados, defendidos, nas nossas comunidades cristãs? Os “diferentes” são tratados por nós como irmãos quando se aproximam da comunidade cristã? Os espaços onde nos reunimos para rezar e para programar a vida das nossas comunidades são casas de comunhão, ou lugares de intriga e de conflito?
A primeira leitura fala-nos de algumas das comunidades cristãs da Ásia Menor nascidas do labor missionário de Paulo e Barnabé. São comunidades que acolheram a Boa nova de Jesus e que aceitaram o desafio de viverem e de testemunharem o “mandamento novo”. Enquanto comunidades fraternas, animadas pelo dinamismo do Reino, elas são sal que dá sabor e luz que ilumina o mundo.No seu labor missionário, Paulo e Barnabé nunca se subtraíram a esforços. Deram tudo, trabalharam dia e noite, afrontaram todos os perigos e canseiras, a fim de que Jesus pudesse chegar ao coração das gentes. Movia-os a paixão pelo Evangelho, mas também a solicitude pelos homens e mulheres que aguardavam a salvação de Deus. É dessa forma que procedem hoje aqueles a quem Deus confiou o cuidado pastoral das nossas comunidades cristãs? Aqueles que procuram Jesus encontram, nos animadores das nossas comunidades cristãs, um acolhimento solícito e fraterno?
A segunda leitura apresenta-nos a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra, “a morada de Deus com os homens”, a casa definitiva dos que foram chamados a viver no amor, a cidade nova onde os filhos amados de Deus encontrarão vida em abundância.
Para onde caminha a comunidade nascida de Jesus e que, por Jesus, enfrenta a incompreensão e a perseguição do mundo? Onde está o seu horizonte último, a sua meta final? João, o autor do livro do Apocalipse, deixa-nos uma bela perspetiva do futuro que nos espera: depois de concluído o nosso caminho nesta terra, estamos destinados a encontrar-nos com Deus numa “cidade” renovada, de onde a sofrimento, a debilidade, o luto, a lamentação e a morte estarão definitivamente banidos. Deus residirá connosco. Seremos uma humanidade recriada, conheceremos a vida em plenitude. Os maus, os violentos, os injustos, os opressores, os que todos os dias derramam o sangue de tantas vítimas inocentes, não terão a última palavra sobre o nosso destino; a nossa peregrinação pela terra não terminará no fracasso e no sem sentido; aqueles que desfeiam o mundo com o seu egoísmo não sairão vencedores. Sabemos para onde caminhamos e estamos convictos de que, no final do caminho, nos espera a vida verdadeira? Essa “revelação” fortalece a nossa esperança e dá-nos a força para vencer os obstáculos que encontramos todos os dias?
/www.dehonianos.org
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