quinta-feira, 12 de junho de 2014

Papa Francisco recupera saúde

Papa Francisco recupera saúde, diz que «Temor de Deus» não faz cristãos «submissos», e adverte corruptos, oportunistas e fabricantes de armas

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O papa Francisco retomou ontem a agenda, que suspendeu parcialmente nos últimos dois dias devido a uma «leve indisposição», com a audiência geral na Praça de S. Pedro, no Vaticano, dedicada ao «Temor de Deus», o último dos sete dons do Espírito Santo.

«O Temor de Deus não faz de nós cristãos tímidos», mas gera «coragem e força», vincou o papa, que criticou quem vive apenas para o dinheiro e para a vaidade, bem como os corruptos, traficantes de pessoas, exploradores de trabalho escravo e fabricantes de armas, refere a Rádio Vaticano.

Não é o pavor que deve dominar a vida cristã, porque todas as pessoas são «infinitamente amadas»: «Sabemos bem que Deus é Pai e nos ama e quer a nossa salvação, e perdoa sempre, sempre».

Por isso, prosseguiu, o Temor de Deus cria «cristãos convictos, entusiastas, que não permanecem submissos ao Senhor por medo», mas «são sensibilizados e conquistados pelo seu amor».

Ao mesmo tempo, este dom é «um alarme» contra o pecado: «Quando uma pessoa vive no mal, quando blasfema contra Deus, quando explora os outros, quando os tiraniza, quando vive só para o dinheiro, para a vaidade ou o poder ou o orgulho, então o santo Temor de Deus coloca-nos em alerta».

«Ninguém pode levar consigo para o outro lado nem o dinheiro, nem o poder, nem a vaidade, nem o orgulho. Nada. Apenas podemos levar o amor que Deus Pai nos dá, as carícias de Deus aceites e recebidas com amor. E podemos levar aquilo que fizemos pelos outros», vincou.

A seguir, Francisco lembrou «as pessoas que têm responsabilidade sobre os outros e se deixam corromper»: «Pensais que uma pessoa corrupta será feliz no outro lado? Não. Mas todo o fruto da sua corrupção corroeu o seu coração, e será difícil caminhar para o Senhor».

«Penso naqueles que vivem do tráfico de pessoas e do trabalho escravo: pensais que têm no seu coração o amor de Deus, alguém que trafica pessoas, alguém que explora as pessoas com o trabalho escravo? Não. Não têm temor de Deus. E não são felizes; não o são», frisou.

Os fabricantes de armas, que «fabricam a morte, são mercadores da morte» e não «ouvem a Palavra de Deus», também estiveram na mira do papa: «Que o Temor de Deus lhes faça compreender que um dia tudo acaba e que deverão prestar contas a Deus».

É o mesmo dom que define a pessoa em relação ao seu Criador: «Recorda-nos o quanto somos pequenos diante de Deus e do seu amor, e que o nosso bem está em nos abandonarmos com humildade, respeito e confiança nas suas mãos».

«O Temor de Deus infunde-nos consolação e paz e leva-nos a sentirmo-nos tal como somos, isto é, pequenos, com aquela atitude de quem deposita todas as suas preocupações e expetativas em Deus e se sente envolvido e apoiado pelo seu calor e pela sua proteção, precisamente como uma criança com o seu papá», realçou.

Esta atitude conduz o crente a seguir Cristo «com humildade, docilidade e obediência», não com uma atitude «resignada e passiva, mas com a «admiração e a alegria de um filho que se reconhece servido e amado pelo Pai».

Francisco sublinhou que os acontecimentos do quotidiano sinalizam que «muitas vezes» ser humano é incapaz de assegurar por si próprio «a felicidade e a vida eterna».

«É precisamente na experiência dos nossos limites e da nossa pobreza, todavia, que o Espírito nos conforta e nos faz perceber que a única coisa importante é deixarmo-nos conduzir por Jesus para os braços do Pai», afirmou.

O dom do «Temor de Deus» contribui para que a pessoa «tome consciência de que tudo vem da graça», pelo que «a verdadeira força» do ser humano consiste «unicamente» em seguir Cristo, deixando ao mesmo tempo que Deus derrame sobre ele «a sua bondade e a sua misericórdia».

No fim da audiência, o papa apelou ao fim do trabalho infantil, na véspera do Dia Mundial dedicado à erradicação dessa prática: «Espero que a comunidade internacional possa oferecer proteção social aos menores para eliminar esta praga».

«Renovemos o nosso compromisso, especialmente nas famílias, para assegurar a protecção da dignidade de cada rapaz e de cada rapariga e a oportunidade de crescerem saudavelmente», pediu.

Rádio Vaticano

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