sexta-feira, 1 de abril de 2016

Quando me afasto



Quantas e quantas pessoas no nosso dia a dia opinam acerca da nossa vida, sem ter sequer a obrigação de o fazer?

Quantos são os familiares que, mesmo sem pedirmos qualquer conselho, nos dizem para seguirmos este ou aquele caminho pois é "o melhor para nós"?

Quantos são os amigos que, mesmo quando não queremos, nos dizem verdades que doem e abrem em nós feridas que custam a sarar?

Deparamo-nos vezes sem conta com situações destas, que acontecem, que nos abanam, que nos magoam, que nos deixam a pensar, mas que nos passam. Não porque não importam. Não porque as pessoas não têm valor. Não porque eu prefiro não dar importância para não sofrer mais. Nada disso. Passam porque só assim faz sentido. Passam porque há necessidade de que passem. Passam porque eu quero as pessoas na minha vida. Passam porque há amor. Passam.

Mas é estranho que passem. Pois nem com todos passam.

Todos têm o direito de ser exigentes comigo, exceto um. Todos podem pedir-me coisas inimagináveis, exceto um. Todos podem dizer-me todas e quaisquer verdades, exceto um. Todos podem pedir-me o que quiserem da minha vida, exceto um.

Errado!

E que tal "Só um tem o direito de ser exigente comigo. Só um pode pedir-me coisas inimagináveis. Só um pode dizer-me todas e quaisquer verdades. Só um pode pedir-me o que quiser da minha vida."?

Que bom seria... O problema é que quando esse "um" pede, exige, desafia, provoca, questiona e faz sofrer, eu viro-lhe as costas sem sequer pensar em dar-lhe (e dar-me) uma segunda oportunidade.

Viro-lhe as costas como se essa fosse a atitude mais fácil... A verdade é que, quando eu lhe viro as costas, é uma "carga de trabalhos".

Mas, se todos podem dizer-me e exigir de mim tudo o que querem, porque é que esse "um" não pode fazer o mesmo? Ainda para mais quando ele tem mais direito que todos os outros?!

Dá que pensar... Dá que refletir... Dá que sofrer. Mas "não há caminho cristão sem Cruz". Cruz essa que me dá a certeza de que, mesmo quando eu Lhe viro as costas, Deus não desiste de mim. Mesmo quando eu me recuso a caminhar, Deus pega em mim e (re)começa o caminho comigo... Devagar... Devagarinho... De modo a que eu perceba novamente que com Ele sou eu e que sem Ele não é possível eu ser.

E assim Lhe dou tréguas... Tentando suportar as exigências que Ele me coloca e tentando não fugir ao que Ele tem para me dizer.

Porque custa, é certo, mas compensa.

Rita Santos  em iMissio

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