sábado, 11 de junho de 2016

Afirmar «ou isto ou nada» é «herético», diz papa sobre o «realismo» cristão aplicado ao ensinamento da Igreja


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O papa afirmou, no Vaticano, que as alternativas de ação que se colocam aos católicos têm de abrir a possibilidade a escolhas que, embora não se atenham rigorosamente aos ensinamentos da Igreja, dele se aproximem, tendo em conta a realidade de cada pessoa.

«A Igreja católica nunca ensina “ou isto ou isto”. Isso não é católico. A Igreja diz: “isto e isto”. “Faz o que é perfeito: reconcilia-te com o teu irmão. Não o insultes. Ama-o. Mas se há algum problema, pelo menos coloca-te de acordo, para que não exploda a guerra”», apontou Francisco, citado pela Rádio Vaticano.

Na homilia da missa a que presidiu, o papa realçou a importância do «saudável realismo do catolicismo»: «Não é católico dizer “ou isto ou nada”; isso não é católico. Isso é herético».

«Jesus sabe sempre caminhar connosco, dá-nos o ideal, acompanha-nos para o ideal, liberta-nos deste enjaulamento da rigidez da lei e diz-nos: “Faz até ao ponto que podes fazer”», acrescentou Francisco.

Deus liberta «de todas» as «misérias», incluindo «a daquele idealismo que não é católico»: «Peçamos ao Senhor que nos ensine, antes, a sair de toda a rigidez», assinalou o papa, que evocou a «pequenina santidade da negociação» para alcançar a reconciliação «até ao ponto» que seja possível.

Francisco convidou os fiéis a uma leitura dos preceitos cristãos que liberte «da rigidez da lei e também dos idealismos que não (…) fazem bem»: «Muitas vezes não se pode chegar à perfeição, mas pelo menos fazei aquilo que puderdes».

O apelo de Francisco na homilia inspirou-se nas palavras que Jesus dirigiu aos seus discípulos, segundo o Evangelho proclamado nas missas desta quinta-feira: «A vossa justiça deve superar a dos escribas e dos fariseus».

«Quantas vezes nós, na Igreja, ouvimos estas coisas, quantas vezes: “Aquele padre, aquele homem, aquela mulher da Ação Católica, aquele bispo, aquele papa, que dizem ‘deveis fazer assim’, e ele faz o contrário”. Esse é o escândalo que fere o povo e não deixa que o povo de Deus cresça, que vá em frente. Não liberta», declarou.

Foi também o povo, prosseguiu o papa, referindo-se ao Evangelho, que «viu a rigidez desses escribas e fariseus e mesmo quando chegava um profeta que lhe dava um pouco de alegria, perseguiam-no e até o ameaçavam: não havia lugar para os profetas. E Jesus diz-lhes, aos fariseus: “Matastes os profetas perseguistes os profetas, esses que traziam o ar novo».


Rui Jorge Martins        
http://www.snpcultura.org/

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