segunda-feira, 27 de junho de 2016

RESSENTIMENTO E PERDÃO


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Hoje vamos falar do ressentimento e do perdão no hino da caridade...



Diz-nos S. Paulo que o amor não guarda ressentimento.
Primeiro, o que é o ressentimento?

O ressentimento é a «mágoa sentida por uma ofensa». Não me parece que seja possível impedir o ressentimento. Todos nós ficamos ressentidos se nos ofendem, se nos magoam. Ora, esta mágoa depende muito do tipo de ofensa que nos fazem. A ofensa vai de uma brincadeira que nos magoa até um ato de uma crueldade inaudita. Reparemos que S. Paulo não nos diz que o amor não fica ressentido. Diz que não guarda ressentimento. Aqui, eu gostava de acrescentar uma coisa: a pessoa cristã, magoada, pode não guardar ressentimento para sempre, mas guarda ressentimento durante algum tempo. Senão não era uma pessoa normal. E se fomos muito magoados, o ressentimento dura muito tempo. E, ainda, se somos magoados constantemente, o ressentimento também é constante; não acaba enquanto a dor se mantiver.

Diz-nos S. Paulo que o amor não guarda ressentimento.

Primeiro, o que é o ressentimento? O ressentimento é a «mágoa sentida por uma ofensa». Não me parece que seja possível impedir o ressentimento. Todos nós ficamos ressentidos se nos ofendem, se nos magoam. Ora, esta mágoa depende muito do tipo de ofensa que nos fazem. A ofensa vai de uma brincadeira que nos magoa até um ato de uma crueldade inaudita. Reparemos que S. Paulo não nos diz que o amor não fica ressentido. Diz que não guarda ressentimento. Aqui, eu gostava de acrescentar uma coisa: a pessoa cristã, magoada, pode não guardar ressentimento para sempre, mas guarda ressentimento durante algum tempo. Senão não era uma pessoa normal. E se fomos muito magoados, o ressentimento dura muito tempo. E, ainda, se somos magoados constantemente, o ressentimento também é constante; não acaba enquanto a dor se mantiver.

O ressentimento é, pois, proporcional à dor da ferida e à nossa sensibilidade. O ressentimento há de passar, mas se fomos muito magoados, não passa durante muito tempo. E se formos constantemente magoados, nunca passa. Há, assim, duas causas que podem fazer o nosso ressentimento durar muito tempo:

– ou um ato que nos magoou muito,

– ou uma série de atos que não param.

Vou dar dois exemplos:

Uma vez tive que fazer o enterro de uma senhora que tinha sido assaltada, violada, assassinada e depois os criminosos ainda deitaram fogo à casa. A família dessa senhora vai guardar ressentimento durante muito tempo porque é uma ferida horrorosa. Provavelmente vai, mesmo, guardar ressentimento toda a vida, se bem que possa ir diminuindo.

Outro caso, que pode acontecer, é nós sermos magoados de forma continuada. Neste caso, há alguém que não para de nos magoar, que nos está sempre a magoar. Assim o ressentimento não acaba porque aquilo que nos magoa também não acaba.

Às vezes achamos que não estamos em posição de sacudir essa pessoa das nossas vidas. Na minha vida de padre já me deparei com pessoas que eram muito humilhadas no emprego, mas que não conseguiam arranjar outro. E também me deparei com pessoas achincalhadas pelos pais, não tendo forças para cortar com eles porque achavam que não se podiam desligar dos pais. Já para não falar dos casos de violência doméstica, em que a pessoa atacada não luta para se libertar daquela situação.

S. Paulo também nos diz: «a caridade tudo desculpa». Sim, o amor desculpa tudo mas às vezes demora muito tempo.

E o que é desculpar? Desculpar é deixarmos de querer mal à pessoa que nos fez mal. Desculpar é ainda rezar por essa pessoa. E é ser capaz de querer bem. Desculpar não é convidar a pessoa para minha casa, desculpar não é convidar para casa quem me fez mal ou fazer-me amigo dessa pessoa. Também não é esquecer.

Este ponto é muito importante porque há muitas pessoas que confundem as duas coisas. Podemos já ter perdoado e continuar a lembrar o mal que nos fizeram. Continuar, mesmo, a sentir dor, incómodo, revolta (etc.) de cada vez que pensamos na pessoa que nos magoou não quer dizer que não tenhamos perdoado. São sensações que têm mais a ver com a Psicologia do que com a Moral. São sensações de quem não esqueceu e não de quem não perdoou. Não tem a ver com o perdão, tem a ver com aquilo que nos marca. Positiva ou negativamente. Tanto não esquecemos o dia da Primeira Comunhão como aquela terrível ida ao dentista. Daí que se a ofensa foi muito grande, como nos marcou muito, nunca mais vá ser esquecida. Mas atenção que enquanto a ofensa não parar, não é possível perdoar. Se uma pessoa nos achincalha ou maltrata com regularidade, a ferida (psicológica) que nos provoca está permanentemente a ser aberta, logo é muito difícil, senão de todo impossível, perdoar.

Concluindo:

O ressentimento é a dor que sentimos.

Esta dor demora tanto mais tempo a passar quarto maior foi a ofensa.

Perdoar é não querer mal e ser capaz de rezar por. Nem implica ser amigo nem implica esquecer.

No próximo artigo vamos ver o seguinte:

Se perdoar não implica ficar amigo, como é que podemos amar os inimigos?

Texto: Gonçalo Miller Guerra, s.j.

Imagem: Ilda David'

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