terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Pergunta: Como agiria Jesus neste caso?




Esta semana foi marcada pelos cartazes "antipapa" que apareceram nas ruas de Roma. Pelos dizeres dos mesmos, percebe-se que há uma certa igreja que procura a todo o custo resistir e obstaculizar Francisco. Um certo integrismo ou fundamentalismo católico.


Já abordei nas minhas crónicas, por diversas vezes, este tradicionalismo que vemos nos eclesiásticos. Este Papa veio, de facto, "abanar" com algumas estruturas eclesiais e com o "conforto" em que alguns consagrados a Deus se encontravam. No entanto, pergunto-me: o que é que este Papa alterou na Doutrina ou na praxis eclesial? Numa linguagem mais "civil": Francisco alterou a lei fundamental da Igreja, ou seja, o Direito Canónico? Que eu saiba, não. Corrijam-me os peritos nesta matéria.


As alterações que o Papa fez e que de imediato me recordo, por serem muito positivas, são: a "extensão" aos sacerdotes do poder de absolver o pecado de aborto. Uma iniciativa do Ano Jubilar da Misericórdia e que ele manteve findo este; a atenção e decisão dos pastores locais, digamos assim, para admitirem os recasados ao sacramento da eucaristia. Podem haver outras mudanças...


Se o primeiro parece-me mais do que "normal", porque um sacerdote tem esse "poder" de absolver, em nome de Deus, o pecador arrependido, não me parece normal que haja pecados de "primeira e outros de segunda" além daquela divisão entre venial e mortal. O segundo, creio que é dar "um passo em frente". Se de facto, não há motivo algum para invocar a nulidade do casamento anterior e mesmo assim o casal continua a querer ser um verdadeiro cristão, porquê considerá-lo de "segunda categoria". Quando ouvimos falar dos recasados, temos a leve ou intensa impressão que são aos milhares estes casais. Basta pensar um pouco. Quantos são os que se casam pela Igreja e depois de um divórcio continuam ligados à instituição? A grande maioria nem quer saber de "anular", como se diz na gíria, o casamento inicial para voltar a casar... Portanto, se são cada vez menos os que se casam e muito menos pela Igreja, se há alguns que querem continuar a viver a sua fé, estes são uma minoria. Porque não acolhê-los e convidá-los a viver na "plenitude" a fé?


Pois os integristas ou fundamentalistas estão contra tudo isto. Mais preocupados com a tradição e o ritualismo do que com as pessoas e o próprio Jesus Cristo. Francisco, sem alterar a lei, alterou a forma de abordar as pessoas. Ele coloca a Pessoa no centro da mensagem e atuação da Igreja. O ser humano é o que mais interessa a Jesus Cristo e é com este que a Igreja se deve de preocupar. É com a pessoa que qualquer sacerdote, bispo ou consagrado se deve deter.

Aspiro a um cristianismo mais culto, mais informado. Quando todo e qualquer cristão perceber, na verdade, quem foi Jesus, o que é e como foi a história da Igreja, todos perceberemos que, de facto, a Palavra é Viva e atualiza-se ao longos dos tempos. Temos de repensar o nosso agir; temos que repensar as nossas estruturas. Matéria que "dá pano para outras mangas"!


Antes de julgar deveremos fazer a seguinte pergunta: Como agiria Jesus neste caso?

Paulo Victória (07-02-2017) iMissio

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