sábado, 4 de fevereiro de 2017

SAL E LUZ


https://www.youtube.com/watch?v=b-ue_mfOv7g


A Palavra de Deus deste 5º Domingo do Tempo Comum convida-nos a reflectir sobre o compromisso cristão. Aqueles que foram interpelados pelo desafio do “Reino” não podem remeter-se a uma vida cómoda e instalada, nem refugiar-se numa religião ritual e feita de gestos vazios; mas têm de viver de tal forma comprometidos com a transformação do mundo que se tornem uma luz que brilha na noite do mundo e que aponta no sentido desse mundo de plenitude que Deus prometeu aos homens – o mundo do “Reino”.
No Evangelho, Jesus exorta os seus discípulos a não se instalarem na mediocridade, no comodismo, no “deixa andar”; e pede-lhes que sejam o sal que dá sabor ao mundo e que testemunha a perenidade e a eternidade do projecto salvador de Deus; também os exorta a serem uma luz que aponta no sentido das realidades eternas, que vence a escuridão do sofrimento, do egoísmo, do medo e que conduz ao encontro de um “Reino” de liberdade e de esperança.
A primeira leitura apresenta as condições necessárias para “ser luz”: é uma “luz” que ilumina o mundo, não quem cumpre ritos religiosos estéreis e vazios, mas quem se compromete verdadeiramente com a justiça, com a paz, com a partilha, com a fraternidade. A verdadeira religião não se fundamenta numa relação “platónica” com Deus, mas num compromisso concreto que leva o homem a ser um sinal vivo do amor de Deus no meio dos seus irmãos.
A segunda leitura avisa que ser “luz” não é colocar a sua esperança de salvação em esquemas humanos de sabedoria, mas é identificar-se com Cristo e interiorizar a “loucura da cruz” que é dom da vida. Pode-se esperar uma revelação da salvação no escândalo de um Deus que morre na cruz? Sim. É na fragilidade e na debilidade que Deus Se manifesta: o exemplo de Paulo – um homem frágil e pouco brilhante – demonstra-o.
A questão essencial é esta: como é que podemos ser uma luz que acende a esperança no mundo e aponta no sentido de uma nova terra, mais cheia de paz, de esperança, de felicidade? Esta leitura responde: não é com liturgias solenes ou com ritos litúrgicos espampanantes, muitas vezes estéreis e vazios; mas é com uma vida onde o amor a Deus se traduz no amor ao irmão e se manifesta em gestos de partilha, de fraternidade, de libertação.
Sinto o imperativo de ser uma “luz” que se acende na noite do mundo e que dá testemunho do amor e da misericórdia de Deus? A minha fé e a minha relação com Deus têm tradução na luta pela libertação dos meus irmãos? O meu compromisso de crente leva-me a estar atento à partilha com os pobres, os débeis, os desfavorecidos? A minha vivência religiosa traduz-se no ser profeta do amor e servidor da reconciliação?
“Sal da terra”. As nossas vidas têm gosto? E que gosto? O gosto da partilha, do acolhimento, da misericórdia, da caridade, como nos convida Isaías? Têm o sabor de Cristo ressuscitado? Se sim, as nossas vidas terão gosto para nós mesmos e para os outros… tornar-se-ão “Luz diante dos homens”. Que assim seja em mais uma semana!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Este é um espaço moderado, o que poderá atrasar a publicação dos seus comentários. Obrigado