terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Tempo de ficar calado




Todas as experiências de Deus nos arrebatam, interpelam e desinstalam. Umas são mais previsíveis e agradáveis, outras mais imprevistas e que mexem diretamente com o nosso íntimo. Estas últimas, inesperadas como um relâmpago e com a força capaz de abalar qualquer estrutura, levam-nos a questionar "onde está Deus quando preciso dele?".

Ao aderir a uma proposta de felicidade e de vida eterna, é para mim impensável pensar em dor e sofrimento, em tormenta e provação. "Sim Senhor, eu creio em Ti, mas isto, a mim, não!"

Como é boa uma experiência alegre deste Deus próximo que me convida ao seu amor... mas quão dura é a experiência de participar na Cruz de Cristo.

Desinstalaste-me e quiseste que confiasse em Ti... mas não fui capaz. Ou não quis. Recusei a tua paz e quis viver num grito interior que invadia o meu ser e ameaçava ecoar na vida dos outros. Então deparei-me com a experiência da morte. A morte que chegou sem avisar, sem eu a ter previsto, sem ter tempo de me preparar. A morte que me fez gritar ainda mais alto e questionar a necessidade de Te ter na minha vida.

Mas no meio de tanta dúvida, de tanto ruído e de tanta incredulidade, parei. Parei porque me fizeste parar. Calei-me porque me quiseste em silêncio. Escutei-te porque percebi que assim tinha de ser.

Fiquei calada pois, na verdade, deixei de ter o que quer que fosse para dizer. Fiquei calada pois, na verdade, o que precisava era de Te escutar. Fiquei calada pois, na verdade, não sabia o que fazer.

Procurava-Te fora sem saber que estavas em mim. Recusava-me a sofrer por não perceber que sofrias comigo.

E quando me calei, Tu falaste. Quando me calei, Tu me guiaste. Deixei a minha dúvida e mergulhei na Tua certeza. Porque foi no silêncio que Te revelaste.

Rita Santos (09-02-2017) iMissio.net


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