sábado, 29 de abril de 2017

A GRANDEZA DOS PEQUENINOS


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Francisco e Jacinta Marto vão ser canonizados no dia 13 de maio, pelo Papa Francisco, em Fátima, na celebração do centenário da primeira Aparição da Senhora. Francisco nasceu no dia 11 de junho de 1908, e Jacinta em 5 de março de 1910, em Aljustrel, freguesia de Fátima. Depois de terem dedicado os seus dias ao amor a Deus, ao Imaculado Coração de Maria, ao Santo Padre e à oração pela conversão dos pecadores, pela paz e pelas intenções de quem lhes suplicava que pedissem, Francisco faleceu no dia 4 de abril de 1919 e Jacinta no dia 20 de fevereiro de 1920. Em toda a história da Igreja, são as primeiras crianças, não martirizadas, a serem declaradas modelo de santidade. Receberam a fé e o amor à verdade no seio da família.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou, a propósito, no passado dia 27, uma Nota Pastoral que aconselho a ler, onde manifesta a sua alegria e afirma que os Pastorinhos, envolvidos “pela carinhosa e materna luz de Maria” experimentaram “a ternura e a força do braço amoroso de Deus” fazendo “resplandecer no testemunho da sua curta existência a elevada e perene glória da santidade”. Todos nos damos conta, dizem os Bispos, “de como o Espírito Santo suscitou, salvaguardou e potenciou o coração infantil, encantado e simples com que cada um deles contemplou, assimilou e refletiu a imagem de Cristo. Fruto desta abertura ao Espírito, reconhecemos na experiência espiritual de Jacinta uma imitação generosa de Cristo, servo sofredor e abandonado na cruz e, na de Francisco, uma imitação contemplativa de Cristo «escondido» e silencioso”.
De facto, a partir dessa experiência, as duas crianças passaram “a estar completamente centradas em Deus: convidados a adorar o Mistério da Trindade, vivem focados no rosto de misericórdia do Pai; convidados a oferecer a vida pelo bem dos irmãos, não mais deixam de ter no seu horizonte o cuidado pelos que mais necessitam, os pecadores; convidados a orar continuamente, passarão a rezar todos os dias o Rosário pela paz no mundo; convidados a consagrar-se a Deus, ao jeito do Coração Imaculado de Maria, viverão as suas breves vidas com a intensidade do Magnificat.”
A vida de Francisco carateriza-se pela constante contemplação de Cristo «escondido»: “Sempre que podia, refugiava-se num lugar isolado para rezar sozinho, passando longas horas no silêncio da igreja paroquial, junto ao sacrário, para fazer companhia a «Jesus escondido». Na sua intimidade, Francisco entrevê um Deus entristecido face aos sofrimentos do mundo, sofre com Ele e deseja consolá-lo. Salienta assim que a vida de oração se alimenta pela escuta atenta do silêncio em que Deus fala”. Por sua vez, a vida de fé de Jacinta é caraterizada “pela singela generosidade da fé. Nas pequenas coisas da sua vida simples de menina, Jacinta tudo entrega em dom agradecido ao coração de Deus, em favor da humanidade. Expressava frequentemente o desejo de partilhar o amor ardente que sentia pelos corações de Jesus e de Maria e que a fazia crescer no cuidado pelos pecadores. Todos os pequenos detalhes do seu dia, inclusive as contrariedades da sua doença, eram motivo de oferta a Deus pela conversão dos pecadores e pelo Santo Padre. Nas suas memórias, a prima Lúcia diz dela que rezar e sofrer por amor «era o seu ideal, era no que falava».
Captaram de tal modo a mensagem da Senhora que ficaram com uma consciência “profunda da gravidade do pecado e das suas consequências” e assumiram o “compromisso simples e generoso em favor da reconciliação dos pecadores e da paz no mundo”.
Fascinados pela beleza do amor de Deus, manifestavam “um desejo profundo do Céu” e “um ardente desejo de estar com Jesus vivo e com a Mãe do Céu”. Tanto assim que “a vontade de estar para sempre com o Senhor levava o Francisco a procurar frequentemente a oração pessoal, feita de joelhos, muitas vezes por detrás de um muro ou de uma cerca. Também na Jacinta este desejo é evidente. O que ela imediatamente contou aos seus pais, depois da primeira aparição de Nossa Senhora, foi a promessa de que iria levá-la para o Céu, com o Francisco”. E quando sofriam e estavam doentes, ou mesmo na própria agonia, era o desejo deste encontro definitivo com Nosso Senhor e Nossa Senhora que os amparava e animava.
“Apesar da sua tenra idade, quando são instados a negar as aparições ou a revelar o que lhes fora confiado como segredo, permanecem fiéis à verdade, assumindo o sofrimento que a opção lhes causava. O seu exemplo evidencia que se pode testemunhar a fé em Cristo em qualquer condição de vida: de criança, de adulto ou de ancião; seja-se extrovertido ou tímido; no areópago da culta Atenas do primeiro século, no lugar de Aljustrel do início do século passado, ou hoje, no mundo global”.

D. Antonino Dias Bispo de Portalegre Castelo Branco
28-04-2017

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