sexta-feira, 2 de junho de 2017

UMA ARMA DE EFICÁCIA COMPROVADA

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Há muitas espécies de armas. Umas muito sofisticadas, outras menos; umas mais leves, outras mais pesadas; umas verdadeiras, outras a fingir; umas de carregar pela boca, outras de ficar de boca aberta; umas, para matar, outras, para intimidar.
É verdade que há também quem goste de se armar com outras armas, isto é, há quem se arme ao pingarelho, aos cágados, aos cucos, em menino bonito, querendo, com tais armas, impor-se pelas aparências …
Hoje, porém, quero falar duma arma simples, leve e inofensiva, verdadeiramente revolucionária e de efeitos devastadores. Tenho pena que o armadilhado senhor Kim Jong-un não conheça esta arma, pois, com a alegria de a ter encontrado, logo mandaria às malvas os seus instintos bélicos e até deixaria de cortar o cabelo à fangio, à chonmage, à hi-top fade, à mohawk, à buzz ou seja lá à moda de quem quer que seja… É que esta arma fomenta o senso comum, afasta os inimigos, desfaz inimizades, constrói a paz, gera a comunhão, soluciona problemas, educa para o bem, salva quem a usa, ensina a viver e a conviver, destrói as forças desagregadoras no seio das famílias, cimenta o movimento ecuménico… Enfim, ao longo dos tempos, a história desta arma tem sido épica e digna de registo, e nunca estará completa a lista dos seus efeitos extraordinários. Depois de ter sido “inventada” aí pelo ano 800 com um objetivo muito bonito, foi sempre proposta e valorizada como “um verdadeiro tesouro a descobrir”. Nossa Senhora, em Fátima, em todas as Aparições, insistiu a que a usássemos todos os dias e ensinou como é que se deve usar e para quê: “Rezem o Terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”.
Mas porquê esta insistência na oração do Terço todos os dias? ... A Irmã Lúcia responde assim a esta questão: “trata-se de uma pergunta que me tem sido feita muitas vezes, e à qual gostava de dar resposta agora. Certeza absoluta do porquê não a tenho, porque Nossa Senhora não o explicou e a mim também não me ocorreu de Lho perguntar. Digo, por isso, simplesmente o que me parece e me é dado compreender a este respeito (…) penso que Deus é Pai; e como Pai acomoda-se às necessidades e possibilidades dos Seus filhos. Ora, se Deus, por meio de Nossa Senhora, nos tivesse pedido para irmos todos os dias participar e comungar na Santa Missa, por certo haveria muitos a dizerem, com justo motivo, que não lhes era possível. Uns por causa da distância que os separa da igreja mais próxima onde se celebra a Eucaristia; outros, porque não lho permitem as suas ocupações, os seus deveres de estado, o emprego, o seu estado de saúde, etc. Ao contrário, a oração do Terço é acessível a todos, pobres e ricos, sábios e ignorantes, grande se pequenos.
Todas as pessoas de boa vontade podem e devem, diariamente, rezar o seu Terço. E para quê? Para nos pormos em contacto com Deus, agradecer os Seus benefícios e pedir-lhe as graças de que temos necessidade. É a oração que nos leva ao encontro familiar com Deus, como o filho que vai ter com o seu pai para lhe agradecer os benefícios recebidos, tratar com ele os seus assuntos particulares, receber a sua orientação, a sua ajuda, o seu apoio e a sua bênção.
Dado que todos temos necessidade de orar, Deus pede-nos, digamos como medida diária, uma oração que está ao nosso alcance: a oração do Terço, que tanto se pode fazer em comum como em particular, tanto na igreja diante do Santíssimo como no lar em família ou a sós, tanto pelo caminho quando de viagem como num tranquilo passeio pelos campos. A mãe de família pode rezar enquanto embala o berço do filho pequenino ou trata do arranjo da casa. O nosso dia tem vinte e quatro horas… não será muito se reservarmos um quarto de hora para a vida espiritual, para o nosso trato íntimo e familiar com Deus.
Por outro lado, eu creio que, depois da oração litúrgica do Santo Sacrifício da Missa, a oração do santo Rosário ou Terço, pela origem e sublimidade das orações que o compõem e pelos mistérios da Redenção que recordamos e meditamos em cada dezena, é a oração mais agradável que podemos oferecer a Deus e de maior proveito para as nossas almas. Se assim não fosse, Nossa Senhora não o teria recomendado com tanta insistência”. (Ir. Lúcia (2000) pp. 121-123).
Noutra ocasião, Lúcia, àqueles “que dizem que o Terço é uma oração antiquada e monótona” respondeu: ”Quando os namorados se encontram, passam horas seguidas a dizer a mesma coisa: “Amo-te”. O que falta aos que acham a oração do Terço monótona é o Amor; e tudo o que não é feito por amor não tem valor” (Ir. Lúcia, 2000, p. 276).
Os Papas não se têm cansado de falar sobre a importância da oração do Terço. Francisco, no dia 12 do mês de maio passado, em Fátima, disse que “sempre que rezamos o Terço, neste lugar bendito como em qualquer outro lugar, o Evangelho retoma o seu caminho na vida de cada um, das famílias, dos povos e do mundo”.

D. Antonino Dias - Bispo de Portalegre Castelo Branco

02-06-2017

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