O mundo não se muda. Foi-nos dado para estar quietinho e sossegado enquanto recebe todas as nossas loucuras e disparates. O mundo não se muda só porque tu queres. Só porque eu quero. Já ouvimos (e lemos) esta frase algumas vezes: “por muito que faças, não vais conseguir mudar o mundo” ou uma variante: “o mundo não muda só por tua causa”. Tenho pena. Tenho pena porque temos sido convencidos a acreditar nesta espécie de veredito em forma de beco sem saída. Sinto muito que estejamos empenhados em cortar as vontades e esperanças alheias com base numa teoria de ninguém. O conforto de não fazer nada pode ser tentador. Pode aquecer-nos a pele de dentro durante algum tempo. Depois, o conforto transforma-se em pedras que se atiram a quem decidiu não estar ainda confortável. Temos tendência a criticar aqueles que ousam ir mais longe. Aqueles que se atrevem. Aqueles que colocam o Medo numa mochila e o levam às costas.
O mundo não se muda. Não se mexe. Não te mexas. Não faças para não estragar. Não sonhes. Não te entregues. Não cries coisas novas. Rende-te. Deixa-te ficar à beirinha de tudo o que podia ter acontecido e não faças absolutamente nada. O mundo não há-de mudar.
Respiramos uma fraqueza triste (e diária) de quem não quer “chatices”. Nem problemas. Nem ter trabalho. Respiramos um desânimo que paira à volta de cada gesto, de cada atitude, de cada decisão. Desculpem a sinceridade mas… não me parece que estejamos a respirar. Não me parece que estejamos a viver! Permitam-me a provocação:
O mundo é para se mudar. Para melhor. Mexe-te. Sai do lugar. Abre a porta. Rema. Voa. Atravessa. Espera. Pensa. Vai a pé. Abre os braços. Faz. Sonha em voz alta. Entrega-te. Faz coisas que nunca ninguém fez. Faz de novo. Desenha novidades e pinta-as com cores vivas. Cores que façam viver. Acorda! Sai dessa beirinha. Fecha os olhos. Agarra-te bem. O mundo muda se tu quiseres. Quando tu quiseres e SE tu quiseres.
Faz por ti. Por quem está perto. Por quem está doente. Por quem está triste. Por quem desistiu. Por quem anoiteceu. Por quem perdeu a calma. Por quem te deixou. Por quem te agarrou.
Faz por ti. Com as tuas mãos. Sem esperar que aconteça seja o que for. É no silêncio sossegado das ações pequeninas que os milagres acontecem. Quando menos esperares, nada voltará a ser igual.
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