quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
SALVE NOBRE PADROEIRA E RAINHA
Celebramos, com alegria e esperança, a nossa excelsa Padroeira e Rainha. Somos terra de Santa Maria, a Imaculada Conceição, desde os primórdios da nacionalidade. Em sua honra se ergueram templos, muitas terras a tomaram como padroeira, fiéis se associaram em confrarias ou irmandades sob o seu nome, poetas dedicaram-lhe as Cantigas de Santa Maria, os músicos deixaram-se inspirar pela sua ternura, os nossos reis praticaram o seu culto com arte, zelo e devoção agradecida, D. Nuno Álvares Pereira impulsionou a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, solar da Padroeira, e terá oferecido a imagem que lá se venera, a Confraria foi renovada e hoje dá-se pelo nome de “Régia Confraria de Nossa Senhora da Conceição”. Quando ingressou no Convento do Carmo, em Lisboa, como irmão leigo, São Nuno quis usar o nome de Frei Nuno de Santa Maria. Portugal foi e é conhecido como Terra de Santa Maria e terra que Santa Maria privilegiou fazendo dela o Altar do Mundo, em Fátima. Por provisão de 25 de Março de 1646, D. João IV, estando reunidos, nas Cortes Gerais, os três Estados do reino, proclamou solenemente “tomar por padroeira de nossos Reinos e Senhorios” a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição e confessar e defender que a Mãe de Deus foi concebida sem pecado original. Assim, constituiu e proclamou a Virgem Imaculada como Senhora e Rainha de Portugal, a verdadeira soberana do país. Mandou cunhar moedas, de ouro e de prata. Enviou a todas as Câmaras cópia da inscrição comemorativa do juramento solene feito em 25 de Março de 1646 para realçar a obrigação de se defender “que a Virgem Senhora Nossa foi concebida sem pecado original”. Ordenou que tal inscrição fosse gravada em pedra e colocada nas portas e lugares públicos de cidades e vilas. Doravante, nunca mais os reis portugueses colocaram a coroa na sua cabeça, tal direito ficou reservado apenas a Nossa Senhora, a Padroeira e Rainha. O reitor, lentes, professores, doutores e mestres da Universidade de Coimbra determinaram, em 1654, que a fórmula do juramento de todos os graduados, juramento que se cumpriu até 1910, se iniciasse com a declaração de «defender sempre e em toda a parte que a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, foi concebida sem a mancha do pecado original». O Príncipe Regente D. Pedro, futuro D. Pedro II, aprovou a “Confraria dos Escravos de Nossa Senhora da Conceição”, cujo objetivo era o de promover viva devoção a Nossa Senhora da Conceição. Por carta circular de 12 de Dezembro de 1717, D. João V recomendava à Universidade de Coimbra e a todos os bispos e responsáveis do reino, que todos os anos celebrassem a festa da Imaculada Conceição, recordando o juramento de D. João IV. Por sua vez, D. João VI, por Decreto de 6 de Fevereiro de 1818, fundou, em Vila Viçosa, a “Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição”.
Em 1830, 24 anos antes da proclamação do dogma, Nossa Senhora apareceu a Catarina Labouré pedindo-lhe que fosse cunhada uma medalha para divulgar – a medalha a que hoje chamamos de Medalha Milagrosa -, uma medalha com a imagem da Imaculada Conceição e as palavras: ”Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.
As universidades e academias, os teólogos e espiritualistas, as ordens religiosas e o clero, os fiéis leigos e todo o povo de Deus ajudaram a solidificar esta fé que fez caminho ao longo da história e esteve sempre muito viva no coração do povo de Deus e, de um modo muito especialíssimo, como acabamos de lembrar, no coração do povo português. Finalmente, o Papa Pio IX, traduzindo o sentir de todo o Povo de Deus, definiu, em 1854, o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria.
Cerca de quatro anos depois, nas aparições a Bernadete Soubirous, em Lourdes, em 1858, Nossa Senhora confirmava o dogma: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
A primeira grande Peregrinação Nacional a Vila Viçosa foi em 1935. E em 25 de março de 1946 ao se comemorarem os trezentos anos da proclamação de Nossa Senhora como Padroeira e Rainha de Portugal, fez-se a consagração do país a Santa Maria Mãe de Deus.
O Papa São João Paulo II, em 14 de Maio de 1982, visitou o Santuário de Vila Viçosa. Algum tempo depois, ao saudar o novo embaixador de Portugal junto à Santa Sé, confiou a Deus toda a sociedade portuguesa e invocou “a abundância dos favores celestes por intercessão de Nossa Senhora da Conceição que Portugal, há 350 anos, no Santuário de Vila Viçosa e pela voz da sua máxima Autoridade civil, com explicita adesão dos Representantes da Nação, escolheu servir e honrar como Padroeira e Rainha. Deus abençoe e proteja Portugal!”
Eis um belo soneto dos dominicanos Frei Bassiti e Fr. Pignataro sobre a Maternidade Divina e a Imaculada Conceição:
“Sou verdadeira Mãe de um Deus que é Filho,
E sou Sua Filha, ainda que ao ser-lhe Mãe;
Ele de eterno existe e é meu Filho,
E eu nasci no tempo e sou sua Mãe!
Ele é meu Criador e é meu Filho
E eu sou sua criatura e sua Mãe.
Foi divinal prodígio ser meu Filho
Um Deus eterno e ter a mim por Mãe.
O ser da Mãe é quase o ser do Filho
Visto que o Filho deu o ser à Mãe
E foi a Mãe que deu o ser ao Filho
Se, pois, o Filho teve o ser da Mãe,
Ou há de se dizer manchado o Filho,
Ou se dirá Imaculada a Mãe!”
D. Antonino Dias - Bispo de Portalegre Castelo Branco
08-12-2017
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